Batman: Origens de Arkham - A Novelização escrita por OhanaMeansFamily


Capítulo 1
Capítulo 1




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O teto da caverna estava repleto de morcegos, todos grandes e peludos. Um deles, entretanto, era maior que os outros, e, enquanto seus colegas estavam no mais profundo sono, enrolados em suas asas, ele estava mais que acordado, seus olhos vermelhos brilhando na escuridão do local. Ele começou a rastejar pela superfície árida, aparentemente procurando outro lugar para dormir. Mas sua atividade foi bruscamente interrompida por um som de estourar os tímpanos.
Era uma grade se abrindo. A grade de um elevador, com alguém dentro. O morcego, junto com todos os outros, guincharam e gritaram, como se reclamassem. A pessoa saiu do elevador e começou a andar, seus passos abafados pelo som de dezenas de asas batendo contra o vento quando os roedores alados voaram em direção a outra parte da caverna mais sossegada para continuar seu sono.
A pessoa era um homem, e caminhou por um curto túnel até chegar ao centro do local subterrâneo. Se alguém entrasse lá e visse tudo que havia ali, provavelmente acharia que descobriu uma base de operações do FBI ou o Setor 9. A caverna era repleta de objetos tecnológicos e construções variadas: um computador com doze monitores(dez pequenos e dois grandes), três escadas que levavam a uma espécie de oficina, onde aparelhos estranhos, de aparência militar ou espiã, estavam espalhados em uma escrivaninha; uma enfermaria, onde havia uma maca, um monitor conectado a um cabo que transmitia dados de saúde de qualquer um que precisasse ser tratado, e uma estante com gavetas que guardavam muitos objetos relacionados à medicina; e uma plataforma de pouso onde nela estava posto um avião negro que, se visto de cima, tinha a forma de um morcego. Aquele lugar tinha um nome, e era "A Batcaverna". Quanto ao homem...Bruce Wayne.
Ele era um homem bonito, mas sério, com cabelos pretos, olhos azuis e corpo bem trabalhado. Usava uma camisa apertada cinza, com a calça e os sapatos seguindo o mesmo estilo.
O Sr. Wayne caminhou apressado até o computador. O dera o nome de "Batcomputador". Devido à sua capacidade como supercomputador, o Batcomputador podia fazer muitas coisas, ao mesmo tempo, em altíssima velocidade. Bruce dirigiu-se a ele e ligou um monitor grande, o décimo primeiro, que estava conectado à Rede de TV de Gotham City(a cidade onde tudo aquilo estava localizado). Um jornal que falava exclusivamente do clima estava em reprodução, e o relógio no canto direito superior do programa informava que eram 22:00 em ponto. A apresentadora falou:
"A polícia e os serviços de emergência pedem que os moradores de Gotham fiquem fora das ruas esta noite por causa do alerta da tempestade de inverno."
"Nada importante", pensou Bruce, e mudou de canal. Era o canal de notícias gerais. Uma matéria estava no ar e o seu assunto era, nada mais, nada menos, que Wayne em pessoa. Ele já estava acostumado com isso, afinal era o herdeiro da bilionária "Empresas Wayne" e atraía muita atenção, devido às pouquíssimas vezes que saía da sua mansão, apesar de ser o presidente da empresa. A legenda na parte inferior do monitor dizia que a notícia era: "Os Mistérios de Bruce Wayne".
"Ridículo" era o pensamento de Bruce naquele momento. Aqueles intrometidos não tinham o direito de ficar invadindo a privacidade dele para descobrirem a razão do seu desaparecimento. A verdade simples e clara era que ele permaneceu um ano no Himalaia aprendendo Artes Marciais e outras técnicas de luta e fuga avançadas. Retornou dois anos atrás para encontrar um bando de determinados fotógrafos e jornalistas querendo descobrir tudo sobre sua estadia fora de Gotham. Wayne espantou esses pensamentos de sua cabeça e começou a, de fato, prestar atenção na matéria. O que viu foi ele mesmo usando terno e Vicky Vale, uma bonita repórter investigativa loira, conversando em frente às Empresas Wayne, rodeados de câmeras e gravadores. Antes do verdadeiro Bruce ligar esse canal, o Bruce da TV deve ter dito algo, pois Vicky Vale respondeu:
"Nenhum homem é uma ilha,Bruce. Você voltou faz quase dois anos agora...você não espera que eu acredite que o solteiro mais cobiçado de Gotham vai passar outro Natal sozinho."
Ele sabia que Vicky tinha quase certeza que ele passou seu ano fora de Gotham no Havaí, onde conheceu alguém e trouxe ela para sua cidade. Odiava essa teoria doida de Vale. Além de não fazer sentido nenhum, ele não era do tipo paquerador. Por isso, ficou orgulhoso de ver a si mesmo falando grosseiramente para a repórter:
"O seu tempo acabou". Vicky Vale simplesmente ficou parada onde estava,vendo ele se retirar, não acreditando no tamanho de sua audácia.
Bruce mudou de canal novamente, e se deparou com um que era relacionado apenas a notícias da polícia de Gotham City. Ele viu um comissário da polícia, numa espécie de palestra entre a mesma e a imprensa, dizer o restante de uma frase:
"...sabendo que esta noite, nós daremos um fim a um dos piores assassinos de Gotham: Julian Gregory Day."
Bruce sabia quem era esse homem, embora nunca o tenha visto pessoalmente. Um bandido louco, completamente obcecado por feriados e datas festivas, que matava um grande número de pessoas nesses dias, por nenhuma razão em particular, e que se autodenominava "O Homem-Calendário". Mas o que o comissário quis dizer com "daremos um fim"? Ele poderia ser apenas transferido para outra cidade, mas isso era pouco provável. A não ser que...Day tenha recebido uma sentença de morte!
"Comissário Loeb, tem algum comentário sobre os rumores de que não foi a polícia que capturou o Sr. Day?", perguntou uma repórter.
Loeb ia responder a essa pergunta mas um homem ruivo de bigode e óculos retangulares, vestindo um casaco da polícia, afastou-o e disse, em tom autoritário, para os repórteres, enquanto sacudia o dedo indicador para eles:
"Não existe nenhum 'Batman'."
Capitão James Gordon. Responsável pela investigação, reconhecimento e, se necessária, captura de vigilantes. Odiava o vigilante noturno "Batman", um homem que andava por Gotham à noite, combatendo crimes que a polícia não conseguia resolver. Bruce Wayne sentia-se, no fundo, triste ao ver o rosto do Capitão Gordon, pois sabia que era odiado por ele. Batman e o presidente das Empresas Wayne eram a mesma pessoa.
Desde que retornou à sua terra natal, Bruce, sob a identidade de "Batman", lutava arduamente pela proteção de todos nela. A justificativa para seus atos heroicos pode ser encontrada em sua infância. Certa noite, ele e seus pais foram assistir uma apresentação teatral no Teatro de Gotham. Ela tinha como tema os animais, e, no ato dos noturnos, o jovem e inocente Wayne se apavorou. Tinha uma profunda fobia de morcegos, os protagonistas do ato.
Ele implorou ao pai e à mãe para irem embora dali, porém, eles convenceram o garoto a apenas esperar fora do teatro até a cena acabar. Bruce concordou, em meio às suas lágrimas, e os três se retiraram para uma porta que dava num beco atrás do estabelecimento. Entretanto, poucos minutos depois, foram surpreendidos por um marginal. Ele queria todo o dinheiro que a família carregava no momento. O pai do menino tentou negociar com o ladrão, mas o dedo do último estava balançando nervosamente no revólver...
De qualquer modo, o assassino teve piedade do pequeno Bruce, e poupou sua vida. Motivado pela profunda raiva que sentia dele, o herdeiro das Empresas Wayne, depois de se tornar adulto e treinar no Himalaia, decidiu fazer justiça. Decidiu virar "O Cavaleiro das Trevas". Todas as noites, ele sai de sua segura vida e se atira na escuridão e no perigo de Gotham City.
O Capitão Gordon parecia estar impaciente, e com razão. Fez menção de se retirar da palestra e voltar a seu trabalho, mas não estava fácil. Os repórteres tentavam chamar sua atenção de todo jeito. Alguns gritavam repetidamente "Capitão Gordon, Capitão Gordon", outros pulavam e balançavam os braços feito loucos. Todavia, ele já estava ligando uma viatura e dirigindo para bem longe daquele lugar.
O Comissário Loeb também estava com a paciência por um fio, ao declarar:
"Sem mais perguntas. Sem mais perguntas."Com isso, também encaminhou-se a uma viatura e repetiu a ação de seu parceiro.
Cansado de assistir TV, Bruce ligou o rádio portátil que carregava no seu cinto. Diferentemente da maioria dos rádios normais, ele captava frequências variadas, sendo a principal a do Departamento de Polícia de Gotham City. Muito útil para encontrar crimes.
"Todas as unidades, código dez na Prisão Blackgate. Sem comunicação. Possível 2-11.", comunicou uma voz feminina.
"Pelo que parece, é uma fuga em massa.", concluiu Bruce, mentalmente.
"Delta 6-4, a caminho", respondeu uma voz masculina.
Um pequeno barulho de algo metálico sendo colocado numa superfície foi ouvido à esquerda de Wayne. Ele sabia que era Alfred, seu mordomo, pondo um prato em que estava uma deliciosa refeição na mesa onde estava localizado o Batcomputador.
Alfred Pennyworth foi o guardião legal do único filho dos Wayne quando ele se viu órfão. Era um homem de uns 70 anos, com cabelos grisalhos curtos cortados num estilo social, e quase sempre usava um terno. Sua maior característica era sua imensa lealdade à Bruce, nunca o abandonando e sempre estando ao seu lado. O empresário também nutria uma grande afeição pelo mordomo.
A frequência do rádio informou que mais um policial entrou na conversa:
"Central, 5-9. Confirme código 10. É uma fuga?"
"Suspeito identificado como Máscara Negra. Repito: o suspeito do código 10 é o Máscara Negra.",complementou a mulher."Todas as unidades da Blackgate. Código 6. Código 6. O Comissário Loeb é mantido como refém."
Bruce tinha uma noção de quem era o Máscara Negra. Os poucos dados que tinha a respeito dele o informava que ele era um grande marginal, bem mais organizado do que os inexperientes ladrõesinhos de Gotham. Era facilmente reconhecido pelo uso quase constante de uma máscara com a aparência de uma caveira pintada de preto. Poucas pessoas tinham acesso a informações pessoais dele, e Bruce era uma. O Batcomputador já o informara, uma vez, que o nome verdadeiro do Máscara Negra era Roman Sionis.
O nome "Sionis" era relativamente bem conhecido na cidade. Ele era dono de muitas empresas, sendo as principais o Gotham Merchants Bank, a Janus Cosmetics e a agora desativada Sionis Steel Works. Apesar de ser exposto publicamente o fato de Roman ser responsável por assassinato, extorsão, tráfico de drogas e outros crimes, ele nunca foi preso. Aprecia a utilização de tortura e intimidação para fazer alguém confessar algo. Quando nenhum dos dois funciona, ele simplesmente elimina o alvo, permanentemente.
Bruce Wayne ouviu justamente o que precisava. Não havia escolha: ele tinha que ir à Prisão Blackgate, parar a fuga em massa, salvar o Comissário Loeb e deter o Máscara Negra. Caminhou até ficar próximo à plataforma de pouso do Batwing, seu jato particular, e esperou um pouco. A poucos centímetros à frente do homem, uma pequena fissura retangular surgiu no chão. De lá, saiu uma cápsula, também retangular, que continha a roupa mais importante da vida de Bruce: o Bat-Traje.
Ele era, na verdade, uma armadura velha. Wayne apenas o "personalizou", para dizer o mínimo. Do fim do pescoço até os pés, ele era cinza e feito de um material semelhante a ferro ou metal. Não havia nada importante nesta sessão do uniforme, a não ser o modesto símbolo de um morcego(também cinza) inserido no tórax. O espaço da cabeça era preenchido por uma máscara da mesma cor do resto do traje, em que, no seu topo, haviam duas agudas elevações finas, como se fossem orelhas. O acessório era interligado com uma longa capa preta que ia até os pés de quem a usava. Perto dos pulsos, em ambos os braços, haviam três lâminas afiadas cobertas por couro, mas que ainda podiam machucar. Um cinto repleto de orifícios de várias formas também acompanhava a roupa, e era nele que Batman colocava seus apetrechos. Um morcego foi o animal eleito por ele para ser sua representação porque queria que os criminosos sentissem tanto medo deles, quanto ele sentiu na infância, pois já superara a fobia.
Depois de se vestir, o Cavaleiro das Trevas caminhou firmemente até o Batwing e, enquanto entrava no pequeno avião e se sentava na cadeira do piloto, ouviu a voz de Alfred, que andava até o jato, perguntar:
"Percebeu que é véspera de Natal, senhor?"
"Pobre Alfred.", pensou Bruce."Tenho que ajudar as pessoas sempre. Não posso parar só para comer um peru ou para tentar ver o Papai Noel." Preferiu guardar esses pensamentos para si, com medo de magoar seu nobre amigo.
O interior do Batwing era normal à primeira vista, mas o simples fato de seu dono pôr os pés nele acionava o motor e uma série de hologramas azuis à frente da cadeira do piloto, sendo o principal deles uma representação em escala média do mapa de Gotham City, com um localizador de crimes e outros elementos importantes.
Existia uma saída da Batcaverna escondida atrás de uma larga cachoeira subterrânea, e foi para lá que Batman se dirigiu, pilotando o avião pelos céus estrelados. Destino: Prisão Blackgate.


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