Era final de tarde, e a neve caía em flocos sobre a minha cabeça. O clima tinha um cheiro contagioso de preguiça, que fazia eu não querer sair do lugar. Eu estava em cima de uma árvore, balançando meus pés tamanho 34, e com medo de cair, sinceramente não faço ideia de como consegui subir. Escutei barulho de passos vindo de algumas árvores atrás de mim e não fiquei surpresa por já saber quem era. Meus amigos me ajudaram a descer da árvore e me convenceram a sair de casa.
(Pausa na narração para falar um pouco sobre mim)
-É meio que uma lei eu não sair de casa em dias frios, é quase como se eles fossem criados para nos deixar ainda mais confortáveis nas nossas camas.
(Voltando a narração)
Fomos para uma livraria-café que ficava próxima a minha casa, onde o proprietário certamente já nos conhecia já que íamos lá toda semana.
(Pausa na narração)
Eu ainda não te conhecia, e sim, eu era feliz sem você, e se você leu essa frase e pensou que era uma vingança por eu ter te encontrado conversando muito perto daquela va*** da sua prima, você está certo. E não, eu não sou vingativa.
...
Tá. Eu posso ser um pouco vingativa
(Voltando a história)
Eu pedi um chocolate-quente, café muito pouco me agrada, já sou animada o suficiente, não preciso de cafeína. Dos outros grande maioria pediu café. Fui até a estante de ficção.
(Pausa na narração)
Sim, ficção. Sou uma sonhadora. O universo é das pessoas, o infinito é de quem tem criatividade. Que a minha imaginação acabe onde a minha criatividade começa. É uma linha sem fim, são pensamentos perdidos, mas você já sabia disso.
Ps.: Se você estiver lendo e não gostar das minhas pausas, pare de ler, é simples e prático, não precisa reclamar.
(Voltando a narração)
Onde estávamos? Sim, na estante de ficção. Bem, tão logo estava chegando a estante, avistei entrando pela porta alguém de quem desgostava. Agachei-me entre as estantes e fingi ler o primeiro livro que encontrei enquanto me concentrava na conversa de meus amigos e daquela pessoa. Quando o som da voz dela cessou, me apressei a se levantar e subitamente esbarrei em alguém, e esse ser não tardou a protestar, xinguei mentalmente as gerações de pessoas desastradas da minha família.
- Me perdoa, me perdoa, me perdoa, não foi a intenção, eu estava aqui, aí eu levantei, sério foi mal. Eu não tenho um vocabulário tão extenso quando as palavras saem da minha boca assim ao acaso.
Aparentemente, eu não só amassei seu nariz, como derramei seu cappuccino na sua roupa.
-Não foi nada. - E aquilo foi tudo menos nada.
Eu escutei a sua voz, e meu primeiro instinto foi procurar desesperadamente seus olhos.
Quando eu levantei e olhei dentro daqueles olhos verdes tão cristalinos como água, eu ainda não sabia o tamanho da desgraça que eu tinha feito.