O clima escaldante reinava sobre ali, os raios de sol entravam pela janela da sala por onde acabara de ocorrer uma reunião entre países. O som da cigarra ao longe era o que reinava sobre aquele lugar, onde havia uma única nação. Sim, Luciano era o único que permanecia ali, por mais que já estivesse literalmente em sua casa, até mesmo um ato simples como andar pelas ruas lhe parecia um incômodo.

Bebia sem qualquer pressa o seu café forte, seu tão adorado companheiro. Fitava o teto enquanto se perdia em devaneios, sentado sobre a mesa com a gravata e o paletó ao seu lado --Luciano realmente detestava roupas formais.

Mas, por quanto tempo ele tem permanecido assim? Nem o próprio sabia, a quantidade de problemas internos estava simplesmente o matando por dentro, apesar dele fingir estar tudo bem aos outros, Ele já percebeu isso.

O ruído da porta se abrindo ecoou pela sala, seguidamente pelos passos do sapato do russo, indo em direção ao brasileiro que o fitava um tanto surpreso. Exclamou seu nome ao vê-lo, perguntando-o o porquê dele ter voltado.

— Estava te procurando. - Ivan disse com sua típica voz e seu sorriso, tão infantil como uma criança. — A reunião de hoje foi bem produtiva, Da? — Continuou ele. Luciano no fundo sabia que o amigo não havia voltado apenas para conversar sobre os acordos que tinham feito naquele dia, ele queria muito mais do que aquilo.

Muito mais.

O brasileiro logo abriu seu sorriso tão amado por todos, enquanto fazia um gesto para que Ivan se sentasse ao seu lado, esse o fez, ainda esperando uma resposta.

— Estamos cada vez mais perto de prosperarmos, Ivan. — Ele pausou para tomar mais um gole do café. — Mas ainda sinto que não é o suficiente para mim. — Luciano abriu um sorriso melancólico, enquanto fitava o chão. Se lembrava de seus amigos, países fortes e de influencia poderosa, economia progredindo cada vez mais. Um sonho que para o moreno parecia tão distante.

A verdade é que todo esse complexo estava tomando conta da mente de nosso querido país, que a um tempo já estava se esquecendo de coisas que constantemente fazia, como dar atenção ao amante, por exemplo.

Ivan suspirou, já tinha conhecimento sobre seus problemas, apesar de não concordar com o seu pessimismo. Achava o Brasil um país incrível, o único que não tremia ou saía correndo em sua presença, e que se forçava a sorrir mesmo diante de tantas coisas ruins -- algo que o russo já havia fazendo a um tempo, mas o do brasileiro era diferente, algo contagiante, vicioso, tão diferente do olhar frio e sorriso apavorante do russo.

— Mas não é algo para você se preocupar, sério. — O moreno tratou logo de mudar a postura, alterando o tom de voz para algo mais animada, como de costume. — Nós vamos dar a volta por cima, cara. Seremos os melhores! — E depois de falar, tomou um último gole do café, colocando o copinho descartável sobre a mesa, numa boa distancia deles.

Os olhos violetas do russo se encontraram com os escuros de Luciano, sabia que ele estava mentindo para si mesmo, um hábito que definitivamente não aprovara.

Ele sabia que o brasileiro tinha potencia suficiente para se tornar o melhor — Na verdade, para Ivan ele já era o melhor. Ele só precisava mostrar isso de alguma forma, mostrar que ele não estava sozinho.

E Ivan sabia muito bem como fazer isso.

Apesar de seus superiores banalizarem esse tipo de coisa, Ivan não se importava, se descobrissem seria um caos, mas contanto que isso permaneça como um segredo entre os dois, tudo estava bem.

Com Ivan, todos os problemas pareciam sumir, tudo estava bem quando os dois trocavam beijos e carícias. Era tudo o que ele precisava para ficar bem.

— Está tudo bem, Da? — Sussurrava a frase num português meio errôneo, já se encontrando sobre o brasileiro, que abriu um leve sorriso com o rosto um pouco corado.

Sim, estava tudo bem.