Why Try? escrita por Mims


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/629599/chapter/1

Acordei com os gritinhos da Mabel e as músicas derivadas de boy bands adolescentes que a mesma ouve. De uns tempos para cá, isso vem se tornando cada vez mais comum, acordar desse jeito.

-Mabel! Poderia por favor abaixar essa droga de som? Ou ao menos ter a decência de ouvi-lo quando eu sair do quarto e tipo assim... Não estiver domindo? –Reclamei com a garota qu dançava loucamente sob o piso de madeira.

-Bom dia bro bro! Parece que alguém acordou com o pé esquerdo hoje, hein? –A garota falou sorridente. Mabel era assim mesmo. No auge de seus 15 anos, ela não deixou de ser a mesma menina sorridente e dócil de anos atrás. Bem diferente de mim, devo ressaltar. Mesmo assim ela era uma das únicas e poucas pessoas em quem eu confiava aqui na pequena cidade de Gravity Falls.

Era pra ser apenas um verão, e de repente todos os anos, em todas as férias, nós voltávamos para esse lugar, de um jeito ou de outro. Parece que essa cidade acabou virando rotina. Levantei-me tapando os ouvidos, pegando meu diário número 3 e saindo daquele quarto que, no momento, estava entregue a voz de garotos famosos. Bem, poderia ser pior. Mabel poderia ter chamado as amigas dela para tudo isso.

Me explicando antes que perguntem: Não, esse não é um diário em que vocês escrevem sobre suas vidas e seus garotos e amizades e blá, blá, blá. Pra começar, esse diário sequer é meu. Não, eu também não sei de quem é, mas apenas sei que é do maior gênio que já habitou Gravity Falls nesse mundo. Dentro deles, temos os maiores segredos dessa cidade estranha. E mesmo depois de três anos sequer mais da metade dele foi desvendada por mim. Estou andando em círculos, devo dizer. Mas agora não importa muito.

Desci as escadas com o objetivo de ir até a loja de conveniências que o Tio-vô Stan montou em sua casa. Uma armadilha de turistas. Não sei por que as pessoas acreditam tanto nesse monte de tralha falsa que o Stan monta e vende. Eles simplesmente não conseguem enxergar as coisas macabras que esta cidade esconde. E nem esconde tão bem assim! Durante todo o tempo que já estive aqui, me deparei com uma séria de coisas sobrenaturais, desde gnomos e zumbis até demônios derivados de outras dimensões e dinossauros vivos.

-Olha quem acordou. Preparado para mais um dia cheio de vendas, Diper? –Tio-vô Stan me perguntou com um sorriso no rosto. Pode parecer simplesmente paranóia, mas de uns tempos para cá ele vem até sido um pouco mais legal comigo. Ou seja, ele tem sorrido mais vezes para mim e falado mais comigo. O que não era nem um pouco comum tempos atrás.

-Já estou ansioso. –falei com uma ironia perceptível presente na voz.

-Que bom, agora vai lá na floresta penduras essas placas para atrairmos mais e mais turistas! –ele falou voltando ao seu tom autoritário. Alegrias duram pouco.

-Mas eu não fiz isso outro dia? –protestei. Era sempre eu que tinha que colocar essas drogas de placas naquela floresta. Que eu saiba, eu tinha colocado elas aos montes ano passado.

-Faz de novo, oras! E vai logo que nós não temos o dia inteiro. Só volte para cá quando não sobrar mais nenhuma dessas placas! –Stan resmungou algo e encheu meus braços com madeira.

-As florestas ainda vão ser destruídas por sua causa. –murmurei alto o suficiente para que ele ouvisse e saí porta afora.

Caminhei e caminhei dentre as árvores, a luz atravessando dentre os pinheiros. Comecei a pendurar as placas, uma atrás da outra. Percorri a floresta, cada vez mais e mais. As horas deveriam estar se passando aos montes e aquelas placas pareciam não ter fim. Vez ou outra, algum gnomo passava correndo e sombras com aspectos assustadores aparecia no chão, sem um dono aparente.

Tudo estava começando a ficar mais escuro, mais estranho. E, por mais incrível que pareça, eu estava começando a ficar com medo. Não sei de que, admito. Mas estava com um daqueles pressentimentos estranhos, como se algo viesse pular das sombras e te atacar. E o que eu tinha para me defender, caso isso viesse acontecer? Placas de madeira. E talvez o diário, afinal, ele até pode ser útil em momentos como este.

-Dipper! –escutei uma voz nada conhecida gritar meu nome, logo se juntando a outras e mais outras. Elas pareciam vir de um canto ainda mais escuro da floresta. Poderia parecer bobagem, mas eu realmente estava cogitando a possibilidade de seguir as vozes, mesmo que isso fosse suicídio completo.

Sim, eu tinha a completa e extrema noção de que aquilo era uma armadilha causada pelos mistérios de Gravity Falls, mas algo dentro de mim dizia que eu deveria ir até lá e encarar tudo aquilo de frente. Então, eu simplesmente fui. Caminhei um pouco mais, abandonando todas as placas no meio do caminho. Os gritos e vozes se afastavam ao mesmo tempo em que ficavam mais próximas. Comecei a correr, tudo ficava muito mais escuro e úmido. O sol quase não era visto, essa parte da floresta havia caído na escuridão.

Então eu tropecei. As vozes, os gritos ou o raio a quatro pararam e uma risada baixa e rouca foi ouvida. Olhei ao redor me deparando com uma coisa consideravelmente inesperada pela minha pessoa. Um garoto, que julgo ter lá seus 17 ou 18 anos estava sentado em um galho de pinheiro. Seus cabelos eram loiros, seu sorriso, nocivo. Apesar das roupas amarelas e formais, o que mais chamava atenção na criatura a poucos metros de mim, eram os olhos. Ou melhor, o olho, já que o outro estava coberto com um tapa-olho, mas o olho que lhe restava era preto com uma auréola amarela ao redor. Como se a criança estivesse possuída. E, talvez, estivesse.

-Olá, Pine Tree. –O loiro falou e eu reconheci aquele apelido na mesma hora. Claro, fui tão burro, como não liguei os fatos antes?

-Bill... –foi a única coisa que consegui falar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!