Psicopata escrita por PudimBê


Capítulo 2
''Biscoitinho do azar''




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1977

            Eu conseguia ouvi-la gritar meu nome, ela devia estar a uns 10 metros de distância, naquele momento me arrependi de ter escolhido uma árvore como esconderijo, mas agora era tarde de mais, restava-me apenas ficar bem quieto e rezar para que ela não me visse; nesse momento senti algo subindo em minhas costas, virei-me devagar e me deparei com uma aranha, me sacudi para tentar tira-la de mim mas acabei fazendo barulho, foi quando percebi que Amy havia me visto e estava olhando para mim, ela estava vindo em minha direção bem lentamente arrastando algo que parecia ser um machado, suas roupas estavam cobertas de sangue e ela estava com um sorriso cruel em seu rosto, tentei sair do lugar e correr mas não conseguia mexer nenhuma parte do meu corpo, eu estava ali, parado enquanto uma psicopata vinha em minha direção, ela começou a gritar meu nome:
            —Eric! Eric! Eric!
            Fechei meus olhos, não queria ver o que iria acontecer comigo, mas não resisti e abri, porém eu não estava mais naquela floresta com Amy, e sim em meu quarto, minha tia estava do meu lado e parecia preocupada, fiquei aliviado... Foi apenas mais um sonho.
            —Eric? Você está bem? Estava se revirando na cama, teve outro sonho?
            —Sim...
            — Oque o doutor falou sobre esses sonhos que você está tendo?
            —Que é normal devido aos traumas do passado e blá, blá, blá. E que uma hora iriam parar, me receitou um remédio para dormir, mas eu me nego a me entupir de remédios por causa de sonhos idiotas.                                                                                          —Esses sonhos me preocupam, você nunca mais havia sonhado com o incidente.
            —Eu sei.
            —Bem, você precisa ir para a escola,  já está quase na hora da sua aula, é melhor se apressar.
            Ela se levantou e saiu do quarto, eu ainda estava assustado por causa do sonho, mas tentei apenas ignorá-lo, como tenho feito nos últimos dias. Vesti-me rapidamente com o uniforme, uma calça jeans e camiseta cinza com o nome da escola, bem sem graça; escovei os dentes, peguei minha mochila e desci as escadas, meus tios estavam comendo panquecas, pareciam deliciosas, mas eu já estava atrasado e precisava correr, me despedi e saí, chegando perto da parada percebi que o ônibus acabara de sair, comecei a correr, por sorte o motorista me viu, subi para o ônibus ofegante.
            —Bom dia senhor Peterson.  — O motorista me encarou por um momento.
            —Atrasado de novo Eric? Já é a terceira vez só essa semana, da próxima não irei parar!
            —Me desculpe, não irá se repetir...
            Paguei a passagem e me sentei no lugar de sempre, a escola era longe, iria levar mais uns 30 minutos para chegar, aproveitei para tirar um cochilo. Acabei tendo outro sonho, era noite e eu estava em um parque de diversões bem movimentado, me deparei com a roda gigante toda iluminada e fiquei apreciando-a, quando abaixei a cabeça, todas as pessoas do parque estavam mortas, e a uns 15 metros havia uma figura atrás das sombras, ela jogou algo perto de mim, quando olhei, era a cabeça da minha mãe, gritei e dei um passo para trás, senti que tinha encostado em algo, virei-me rapidamente e vi a tal criatura que estava nas sombras, era a Amy novamente, ela sussurrou ''você é o próximo Eric, e não pode escapar!''
            Acordei assustado, já havíamos chegado na escola e os alunos estavam descendo, naquele momento comecei a pensar seriamente em tomar energéticos para não dormir.  Peguei minha mochila e desci, o sinal bateu poucos minutos depois, a aula já ia começar.
            Só fazia 15 minutos que o professor de história estava falando, mas eu já estava entediado, acabei me debruçando sobre a classe, foi quando ouvi algumas colegas minhas comentando sobre o noticiário, não tinha como não prestar atenção.
            —Você viu o noticiário de hoje? Uma família foi torturada e morta nessa madrugada.
            —Eles já sabem quem foi o assassino?
            —Não, ele conseguiu fugir, mas havia uma câmera na casa que captou a imagem de uma pessoa com porte feminino e cabelos compridos, não conseguiram identificar o rosto ainda, mas estão trabalhando nisso.
            —Eu espero que encontrem o culpado logo, essas coisas me dão medo!
            —Eu também espero.
            Senti um arrepio ao ouvir aquilo... Será que seria... Não! Eu preciso parar de pensar nisso! Ela desapareceu á nove anos, e provavelmente está morta, tenho que tirar esses pensamentos da minha cabeça, isso está acabando comigo!
            Meu amigo vendo o meu estado, se aproximou e falou comigo:
            —Nossa. Eric você está bem? —perguntou Tiago preocupado.
            —Ah, não muito, estou tendo uns sonhos estranhos e isso não está me fazendo muito bem.
            —Já sei. Depois da aula eu irei te levar em um restaurante japonês que abriu recentemente, a comida de lá é deliciosa, você vai adorar, aposto que se sentirá bem melhor!
            —Comida japonesa? É você sabe como me animar.

     Quando a aula acabou, nós fomos para o tal restaurante, ele ficava em uma esquina, era grande e muito bonito, cheio de luzes e algumas folhagens, era meio dia e estava lotado, por sorte conseguimos uma mesa vazia, não demorou muito para a garçonete vir nos atender, trazendo consigo o cardápio e dois biscoitinhos da sorte.
            —Que legal, sempre quis um, o que será que está escrito? —Tiago parecia bem empolgado com o biscoitinho. —Aqui esta dizendo que ganharei uma herança valiosa!!!
            —Ah, não se iluda, essa história de biscoito da sorte é besteira, não acredite nessas coisas.
            —Para de reclamar, você está é com inveja. Anda, diz aí o que fala no seu.
            —Aqui diz... "alguém do passado retornará"...
            —Não entendi você se separou de algum amigo ou coisa parecida?
            Fiquei imóvel, será que aquela mensagem tem algo haver com...
            —Eric? Você me ouviu?
            —Oque? An? Ah... Não, eu já disse que isso é palhaçada, não faz nenhum sentido. Olha, eu acabei de me lembrar de que tenho que chegar cedo em casa, me desculpe, amanhã a gente se fala.
            —Mas... Mas... E a comida?
            —Deixa para outro dia, até mais.
            Saí do restaurante e deixei Tiago lá sozinho, eu não queria deixa-lo, mas não estava com cabeça para conversar, achei que a comida iria me fazer melhor, mas... Aí aparece aquele bilhete... Bom, vou tentar pensar que é só mais um papel bobo... Preciso ir para casa.
            Quando cheguei estava passando um filme de faroeste na televisão, meus tios amavam esse tipo de filme, sentei no sofá para ver o filme e relaxar um pouco, mas já estava acabando, então meu tio mudou para o canal de notícias, estava passando sobre o assassinato.
            —Olha parece que conseguiram o rosto do culpado! —minha tia parecia animada.
            Quando a imagem apareceu eu fiquei em estado de choque, era uma mulher com cabelos compridos e castanhos, que iam até as coxas, muitas garotas usavam cabelos cumpridos, mas... Ela tinha uma cicatriz no rosto, que ia do início da testa até um pouco abaixo do olho esquerdo, eu só me lembro de uma pessoa com uma cicatriz daquele jeito... 


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