Kaori, depois de um trabalho passado pelo sensei, passou há ficar bastante tempo com Midorima e Takao. O sensei escolheu os grupos e mesmo ela não gostando de fazer o trabalho com garotos, precisou fazer já que valia metade da nota. Como os dois iam quase todos os dias para a casa de Kagami e ela era irmã dele, então o trabalho era feito lá de toda forma.

Numa dessas vezes, os três estavam na sala em volta da mesa de centro, fazendo o trabalho.

– Hum... – Takao suspirou e levantou – Vou ao banheiro.

Ele entrou no corredor. Kaori e Midorima continuavam a escrever, em lados opostos da mesa.

– Ne. – Midorima disse, pensando – Kagami é mais velho que você?

– Hai. – Ela disse ainda escrevendo.

– Como você é do primeiro ano? – Ele não compreendia.

– Ele é um ano mais velho que eu e eu vou fazer 16 no final do ano, então... – Ela deu de ombros.

– Soka. Começaram a estudar no mesmo ano?

– Hai.

Kaori continuava a escrever. Midorima escreveu mais algumas palavras, mas parou com a caneta próxima ao papel e levantou o olhar em direção a ela. Kaori era inteligente e esforçada, e ele percebeu isso nos últimos dias que os três ficaram juntos. O interesse dele aumentava cada vez mais quando ele descobria algo novo sobre ela. Takao voltou e se sentou, despertando Midorima, que voltou a escrever rapidamente.

Dias depois, na saída, Kaori ia embora. Futaba e Mai correram até ela e a agarraram.

– Foi pega! – Elas disseram em coro, rindo.

– Hum... – Kaori resmungou – Não vou ver o treino. Da última vez perdi o ônibus.

Elas riram.

– Não é isso, boba. – Mai disse.

– A gente veio te chamar pra ir ao festival amanhã. – Futaba disse animada.

– Hum. – Kaori pensou – Meu irmão vai nesse festival.

Kagami tinha comentado com ela dias antes sobre um festival que iria ter na praça central, no sábado. Haveria jogos, comida e tinha uma quadra de basquete próxima dali. Entre a comida e o basquete, com certeza ele iria.

– Então você vai? – Mai perguntou animada com as mãos juntas.

– Hum, não sei.

– Ahhh, pára! – Futaba exclamou – Você vai sim!

Kaori riu e suspirou em seguida.

– Vou pensar.

– Que pensar o que?! – Futaba exclamou – Amanhã à tarde a gente te busca em casa.

– Hum? Vocês nem sabem onde é. – Ela riu.

– Eu sei. – Futaba sorriu vitoriosa – Minha tia trabalha na administração do colégio. – Ela disse dando língua pra Kaori, que fez cara de tédio.

– Hai, hai. – Ela concordou suspirando – Eu vou.

As duas comemoraram e se despediram. Iriam com certeza ver o treino. Kaori riu, elas eram doidas.

...

Como Kaori sabia que as duas não desistiriam, ela se arrumou minutos antes do horário que marcaram. Pôs um short jeans com um cinto rosa e uma blusa com mangas curtas de babados. Quando terminava de calçar o tênis, a campainha tocou.

Ela olhou na direção do barulho e foi para a porta.

– Kao-chan! – As duas exclamaram sorrindo.

Ela sorriu gentilmente, fechou a porta e foram. Ao chegarem à praça, viram como estava colorida. Barracas, enfeites, balões e muitas pessoas. Elas chegaram e logo sorriram ao verem tantas crianças correndo. As duas agarraram nos braços de Kaori e correram em direção às barracas de jogos. Ela não entendeu por que, iria jogar de qualquer jeito! Brincaram por um tempo, compraram algo para comer e jogaram mais. Mai não conseguia mais segurar seus prêmios e Futaba precisou ajudá-la.

– Nee, Kaori. – Futaba perguntou.

– Hai.

– Quem é seu irmão? Ele estuda com a gente?

– Não. Mas ele deve estar por aqui. – Kaori olhava ao redor.

Na quadra perto dali havia um pequeno aglomerado e alguns garotos jogando. Kaori apertou os olhos e o enxergou.

– Ele está ali. – Apontou.

– Ele joga basquete? – Mai perguntou.

– Hai.

– Sugoii! – Futaba exclamou.

Elas foram até lá, Taiga jogava. Kaori bebia um milk-shake e analisava o lugar. Todos da geração dos milagres estavam ali e mais algumas pessoas. Aomine fez uma cesta e bateu na mão de Kagami, que viu Kaori. Correu até ela.

– Pensei que não vinha. – Ele disse pegando o copo da mão dela e bebendo.

– Ah, claro! Pode pegar. – Ela sorriu debochadamente – Mai e Futaba me buscaram.

Kagami bebia o milk-shake dela.

– Yo. – Aomine disse.

Kaori olhou pra ele e fez cara de tédio, virando o rosto.

– Baaaaka. – Ela resmungou.

Mai e Futaba riram. Kaori era estranha e elas não se cansavam de achar graça nisso. Taiga parou de beber e segurava o copo, olhando sério para Aomine. Ele chegou bem perto de Kaori.

– Ne, quer ir na barraca dos jogos?

Kaori estava com cara de tédio, pegou uma pelúcia de Mai e pôs contra o rosto de Aomine.

– Já fomos lá.

Ele riu e se afastou.

– Kaoricchi!

“Ah, outro”, ela pensou emburrada. Kagami fez cara de tédio.

– Quer comer alguma coisa? – Kise disse animado.

– Ahhh, eu já tenho aqui. Ne, Kaochin, quer? – Murasakibara disse, oferecendo um saco de batatinhas pra ela.

Kaori esfregou o rosto e Kagami estava indignado. Pegou seu copo da mão dele e bebeu, mas não havia mais nada. Ela o fuzilou.

– Oe. – Rangeu os dentes.

– Gomen, gomen. – Kagami riu.

– Pode indo comprar outro.

– É ruim hein.

– Anda! – Ela o empurrou, ele não saiu do lugar.

Kaori franziu a testa e se preparou pra jogar o copo nele. Kagami correu rindo, mas ela conseguiu acertá-lo. Aomine riu. Akashi, Kuroko e Midorima se aproximaram.

– Você é boa de mira. – Aomine disse.

Ela cruzou o braço com raiva.

– Se você ganhar eu pago outro! – Kagami exclamou de longe.

Kaori deu um meio sorriso malicioso.

– Hum? Você sabe jogar? – Mai perguntou.

Ela se inclinou pra frente com as mãos para trás.

– Sou irmão dele, ne. – Deu um sorriso largo.

Todos ficaram surpresos, ela sorria e deixava à mostra seus caninos. Kaori era realmente muito parecida com Kagami! Midorima a olhava levemente admirado.

– Eu vou querer um sanduiche também! – Ela exclamou correndo até ele.

Eles assistiam ao jogo e aos poucos outras pessoas também começaram a assistir. Kagami começou com a bola e ria vitoriosamente ao fazer o primeiro ponto. Mas viu o olhar desafiador da irmã ao quicar a bola. Kaori a quicou e a pegou, olhando para a cesta. Ele engasgou com as palavras e correu em direção a ela, que desviou rápido girando o corpo e dobrando levemente os pés, dando um pequeno salto e lançando a bola. Fez o ponto. Kagami não teve reação, da última vez que a viu ela não sabia fazer aquilo!

– Hum, sugoii ne. – Momoi disse, chegando – Quem é ela?

– Irmã do Kagami. – Aomine disse.

– Não sabia que ele tinha irmã.

– Ninguém sabia. – Ele deixou escapar uma risada.

– Nee, Midorin! Ela jogou igual a você! – Momoi exclamou sorrindo.

Midorima nem a ouviu direito, apenas observava Kaori jogar. Ela não jogava apenas como ele. Ao ficar desviando de Kagami, ela foi tão rápida quando Aomine e conseguiu enterrar a bola como o próprio irmão.

Os dois tentavam recuperar o fôlego.

– Desiste? – Ele perguntou.

– Eu quero meu milk-shake. – Ela sorriu.

Eles continuaram, mas no final Kagami ganhou dela. Voltaram junto aos outros, com Kaori emburrada e Kagami rindo.

– Da próxima vez você ganha. – Ele ria pondo o braço em volta do pescoço dela.

– Você sempre diz isso. – Ela disse com cara de tédio.

De repente Mai e Futaba correram em direção a ela, pegando-a no colo. Mas a derrubaram no chão, caindo junto com ela.

– Ah! Baka! – Kaori exclamou no chão – Se perguntem da próxima vez se me aguentam!

Elas riam. Kaori levantou e Momoi se aproximou dela.

– Nee, Kaori-chan?

– Hum? – Ela tentava reconhecê-la

– Ah! – Momoi riu – Momoi Satsuki.

– Kagami Kaori.

– Nee, onde aprendeu aquilo?

– Ano... Estados Unidos e Taiga.

– Soka! – Momoi sorriu – Por que a gente nunca te conheceu?

Kaori fez uma expressão espantada. Ela acabara de conhecê-la e já fazia várias perguntas!

– Porque ela era estudante de intercâmbio. – Alguém disse.

Kaori se virou e viu uma garota loira.

– Hum? Lisa-san?

Ao lado dela havia um garoto que abriu um sorriso pra ela.

– Kaori! – Ele levantou a mão num aceno.

– Hum! Mark-san?! O que... O que fazem aqui?! – Ela exclamou.

– Ganhei uma passagem de aniversário pra cá. Meus pais acharam que eu queria ver você. – Lisa disse com desgosto.

Ninguém entendia o porquê de ela estar falando aquilo. Era uma estranha! Mas Kaori sabia e abaixou levemente o olhar.

– Pára Lisa. – Mark pediu.

– Fica quieto. Só porque é apaixonadinho por ela não quer dizer que eu tenha que ter pena. – Ela disse.

Kagami franziu a testa, conhecia aquela garota. Kaori suspirou e virou, saindo andando.

– Vai virar as costas pra mim? – Lisa exclamou.

– Me deixa em paz. – Kaori murmurou.

– Tsc. Só porque voltou pro irmãozinho, acha que vai esquecer tudo? Isso nunca vai te deixar esquecer, sua órfã imbecil! – Lisa gritou.

Kaori passava por Midorima naquele momento, parou de repente. Ele viu a expressão dela, estava cabisbaixa e os olhos começavam a marejar.

– Kaori...

– Daijoubu. – Ela disse virando o rosto.

Ele arregalou um pouco os olhos. Ela saiu andando e eles a viram sumir de vista. Kagami franziu a testa com raiva.

– Qual o seu problema? – Perguntou a Lisa – Ela ia voltar quando entrasse no ensino médio. Por que você não aceita isso?!

Lisa resmungou algo e foi embora com Mark, que estava com o olhar baixo.

– Tsc. – Kagami estalou a língua com raiva.

– O que foi isso? – Aomine perguntou.

– Kaori morava na casa dela e criaram uma amizade, mas quando ela voltou essa maluca cismou que Kaori a abandonou. Agora fica com essa raiva imbecil.

– Kaoki-chan vai ficar legal? – Kuroko perguntou.

– Hum, ela vai dizer que está, mas não está não. – Kagami abaixou o olhar.

Midorima ajeitou os óculos, um pouco angustiado.

...

Alguns procuraram por Kaori, mas não a achavam. Kagami suspirava, preocupado. Ela mandou mensagem para as meninas dizendo que estava tudo bem e que ela apenas queria ficar sozinha. Isso preocupou menos Kagami, mas ele ainda a procurava. Por fim, todos foram embora. Midorima andava por um parque próximo, estava quase anoitecendo. Ele não esquecia a expressão de Kaori. Queria saber como ela estava, perguntar se ela estava bem de verdade.

Ele parou ao chegar numa área para crianças, viu Kaori. Ela estava sentada num balanço. Midorima sorriu aliviado e ia em direção a ela, mas parou ao ver um garoto chegando. Era o tal de Mark que estava com aquela garota.

– Kaori.

Ela virou a cabeça.

– Você está bem?

– Você sabe que não. – Ela disse cabisbaixa – Por que ela me odeia?

– Lisa não te odeia. Ela apenas ficou triste por você ter ido embora.

– Mas eu mandei e-mails pra ela. Queria manter contato.

– Ela achou que nunca mais ia ver você. – Mark disse agachando à frente dela.

– Não era que eu não queria ficar, mas minha casa é aqui. Eu queria voltar a morar com meu irmão. Isso que ela faz é coisa de maluco. – Kaori disse chateada.

Mark a olhava, ela estava visivelmente triste. Ele pôs a mão gentilmente na bochecha dela e a fez olhar para ele.

– A gente vai voltar em dois dias. Não quer ficar comigo? – Ele perguntou.

Ela sorriu gentilmente.

– A gente já conversou sobre isso. Você é meu amigo, tá?

Ele a olhava com admiração.

– Mas eu sempre gostei de você.

– E você sempre disse isso pra mim. – Ela sorriu.

– Please, Kaori. – Ele pediu – Consegui te reencontrar, fica comigo.

– O que? – Ela deixou escapar uma risada – Não... Não posso.

– Please, I love you. – Ele falava em sua língua, apertou os olhos voltando ao idioma dela – Por favor.

– Não posso. Você não me ama Mark, você criou isso...

Ele segurou o rosto dela e a beijou. Kaori exclamou, empurrando-o e levantando.

– Não faça isso! Você é só meu amigo. Nunca vai passar disso! – Ela exclamou e saiu andando.

Mark levantou e correu até ela, segurando em seu pulso. Pôs ela contra o ferro do balanço e a segurou.

– Me solta, é sério! – Kaori exclamou.

– Por favor, eu quero você. – Ele pedia – Eu quero ter você pelo uma vez.

– Não. Você está maluco!

Ele ainda a segurava e começou a beijar o pescoço dela, apertando sua cintura e subindo sua blusa.

– Pára! – Ela exclamou ao ponto de gritar.

Naquele momento alguém chegou rápido e deu um soco em Mark, fazendo-o parar longe. Kaori respirava ofegante, assustada enquanto a pessoa levantava. Olhou para ele.

– Midorima?

Ele a olhou, ofegante. Com o soco e Mark subindo a blusa dela, ele acabou rasgando-a. Quando ela percebeu, tampou o sutiã com os braços. Midorima tirou o casaco e deu a ela. Mark levantou e tentou bater nele, mas ele desviou rápido e deu outro soco, desmaiando-o.

Kaori viu aquilo apertando o casaco de Midorima contra o peito.

– Ne, põe o casaco logo. – Ele disse levando-a para longe.

– Hum, hai... – Ela disse nervosa.

Os dois foram para o ponto de ônibus e pegaram qualquer um. Se sentaram no banco.

– Ele sabe onde é sua casa?

Ela balançou a cabeça, negando.

– Tá... – Ele pensava.

Eles desceram num ponto distante e começaram a andar. O casaco de Midorima ficava grande nela e Kaori apertava-o, fechando-o para se cobrir. Ela não acreditava que Mark tentou fazer aquilo com ela e muito menos que Midorima a defendeu.

Meia hora depois os dois chegaram à casa de Kaori. Quando entraram o telefone estava tocando. Ela correu e atendeu.

– Hai. Hum... Hai, eu estou bem. Ja ne. – Ela desligou e suspirou.

Se virou, Midorima estava sentado no sofá.

– Kagami?

– Hai. Como sabe? – Ela perguntou.

– Ele estava preocupado com você. Kuroko e Momoi o levaram pra comer alguma coisa.

– Hum, hai... – Ela apertou o casaco.

Se aproximou e sentou na mesa de centro de frente para ele.

– Arigatou.

– Hum. – Ele balançou a cabeça, pensando – Pensei que vocês fossem amigos.

– Somos, mas... Ele sempre dizia que gostava de mim. Só não achei que ele tentaria fazer aquilo. – Ela disse, cabisbaixa – Hum.

Kaori ainda usava o casaco dele. Foi para o quarto e trocou a blusa, voltando vestida com um cardigã e parando em frente a ele. Esticou os braços para dar o casaco.

– Arigatou. – Ela disse.

– Hum. – Ele pegou o casaco.

Ao pegar o casaco, Kaori viu a mão dele machucada.

– Sua mão...

– Hum? – Ele viu – Tudo bem. Não é a mão que eu uso pra jogar. – Ele deixou uma risada escapar.

Ela abaixou o olhar. Midorima a olhou um pouco surpreso.

– Kaori.

Ela o olhou.

– Não foi culpa sua. – Ele disse.

Ela o olhava surpresa, sorriu gentilmente. Foi até a cozinha e abriu a geladeira. Voltou e se sentou ao lado dele com uma bolsa de gelo na mão. Kaori pegou a mão dele e a segurou, pondo a bolsa em cima. Ele a olhava admirado.

– Nee... – Ela disse – Não fala pro Taiga o que o Mark tentou fazer, tá?

– Nande?

– Taiga vai querer matar ele. E eles vão embora daqui a dois dias mesmo, então...

Ele pensou.

– Ne, me empresta seu celular?

– Hum, hai. – Ela pegou de dentro do bolso e deu a ele.

Midorima digitou e devolveu a ela. Kaori o olhava sem entender.

– Quando precisar de mim, me liga. Tá?

Ela o olhou surpresa. Nunca pensou que alguém tão sério como ele poderia ser assim. Na verdade nunca pensou que algum garoto fosse assim! Kaori abriu um sorriso levemente admirado. Abaixou o olhar, pondo uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

– Hai.

Midorima sorriu pra ela.