O renascimento de Jon Snow escrita por Ana Carol Machado


Capítulo 34
Era para tudo ter sido diferente...


Notas iniciais do capítulo

Oiii. Espero que gostem do capítulo de hoje. Boa leitura. Abraços e nos vemos nos comentários.



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Melisandre

Melisandre havia entendido bem o recado que o inimigo de seu deus. Entendeu que ele estava muito próximo e que Jon não teria tempo de voltar a Winterfell antes da batalha. Por isso sabia que tinha que ir até ele.

Mas falar era uma coisa e fazer era outra. O que a preocupava não era somente a estrada perigosa, mas sua filha. O feitiço que ela fez com objetivo de fazer Bassie ficar parecida com Lyanna não deu muito certo. Não chegou a durar nem um minuto, apesar de seus esforços. Ela teria que recorrer a tintura de cabelo. Isso se Lee conseguisse arrumar alguma, o que ela achava difícil.

“Era para tudo ter sido diferente. Era para tudo ter sido mais fácil.”- pensou a mulher irritada por nada está dando certo e o tempo está acabando – “Se o Jon tivesse feito o que eu disse desde o começo e se a Lyanna não tivesse nascido...”

Um súbito arrependimento a atingiu. Se arrependeu profundamente de ter desejado que sua filha não tivesse nascido. Pensou isso em um momento de raiva, mas não era o que queria. Ela amava a filha. Havia aprendido a amar. Se não amasse não estaria tão preocupada com ela.

Uns momentos depois de ter tido o pensamento ela se pegou pensando em sua outra filha que morreu. A pequena menina que recebeu o mesmo nome que ela tinha em um passado a muito distante. Ela sempre sentiria falta da sua outra bebê e não iria permitir que Lyanna também fosse tirada dela.

–Melony..- sussurrou o nome para si mesma e se lembrou de todo o seu passado que ela preferia esquecer. Lembrou da pessoa que ela era quando tinha esse nome e de como toda inocência lhe foi tirada. Esse nome representava o melhor dela que morreu. Por isso ela chamou sua filhinha que morreu por ele.

Uma lágrima escorreu de seu rosto e depois outras. Quando Lee entrou no quarto com Lyanna nos braços a encontrou chorando.

–A senhora está chorando porque? Ocorreu algo? – perguntou Lee preocupada.

–Não ocorreu nada... Apenas estou chorando por minha outra filha. Sempre chorarei pelo que ocorreu com a Melony... - falou a mulher se referindo tanto a filha como ao seu passa do de sofrimento.

Lee colocou Lyanna no berço e a abraçou de forma surpreendente. Aquele gesto a fez se sentir incrivelmente melhor e mexeu ainda mais com seus sentimentos. Sem saber porque acabou dizendo:

–Você tem que me ajudar a salvar a Lyanna. Não posso perder ela também.

–Como, senhora? Quem está ameaçando a vida dela?- perguntou Lee a encarando com um semblante assustado.

Melisandre se arrependeu de ter dito isso tão rápido quanto se arrependeu de ter desejado que a filha não tivesse nascido. Mas palavras depois de ditas não podem ser recolhidas novamente, por isso resolveu contar uma parte de seus medos para Lee. O silêncio seria ainda pior.

–Tenho medo que algo ocorra com ela. Sinto que ela não está segura. Não sei exatamente qual é a ameaça, mas sinto que existe alguma.

–Se acalme, senhora. A senhora pode se sentir assim por causa do sonho que o rei teve. O pesadelo foi realmente terrível, mas a Lyanna está segura... Além disso a...

Melisandre não conseguiu terminar de ouvir o que Lee falava. Sua vista começou a escurecer, pensou que fosse por causa do feitiço e que logo fosse passar, mas isso não ocorreu. Ela caiu desacordada no chão, para desespero de Lee que gritou.

Meistre Xhitos

O meistre estava cuidando de umas cartas quando ouviu os gritos da ama de leite das crianças. Ele foi correndo ver o que era. Tinha um terrível clima de tensão no ar e qualquer grito podia ser sinal de tragédia.

Quando ele chegou no quarto vários guardas já estavam lá, assim como os irmãos do rei. Quando o meistre entrou no quarto descobriu o motivo dos gritos. A rainha estava desmaiada no chão e o outro meistre que veio do vale estava ao lado dela.

Meistre Xhitos sentia que Melisandre não estava bem há algum tempo. Estava mais estranha que o normal. Na noite anterior ela havia gritado alto apenas por causa de um vento e na manhã alguns servos comentavam que ela estava trabalhando em um tipo de feitiço. Estava trancada no quarto mexendo em um baú com umas substancias coloridas e outras coisas estranhas. Havia algo de errado com ela.

Quando o meistre se aproximou e tocou na testa dela sentiu que a pele da mulher estava fria. Isso não era um bom sinal. Ele ficou nervoso e ficou com medo dela morrer.

Ele não gostava dela. O meistre achava que o rei Jon poderia ter escolhido alguém melhor. No começo ele até pensou em se livrar dela, como da vez em que deixou ela ir atrás de Jon enquanto ele estava lutando batalhas, mas depois parou com isso. Um dos principais motivos foi o fato do rei ter tido uma conversa séria com ele e dito, só que com outras palavras, que se algo ocorresse com Melisandre ele seria o principal suspeito, pois ele sabia que havia sido o meistre que armou para a mulher ir atrás dele.

Ao lembrar disso o desespero aumentou. Se quando o rei voltasse descobrisse que Melisandre havia morrido durante a sua ausência com toda certeza iria o culpar. Achar que ele não fez o suficiente para a salvar ou que a deixou morrer. E para piorar a situação era capaz da morte dela aumentar ainda mais o clima de medo que estava no local. Não iria a deixar morrer.

Depois de a carregarem para a cama e de a examinar constatou que aparentemente nada estava errado com ela. A não ser é claro a pele dela que estava muito gelada. Não havia causa aparente para o desmaio. Isso foi ainda mais preocupante. O meistre logo suspeitou de envenenamento e foi buscar vários tipos de antídotos. Ele estava tão centrado na sua tarefa que nem percebeu que o fato de buscar o antídoto deixaria todos ainda mais nervosos.

Quando ele voltou o alvoroço estava maior. Ele ainda pensou que era por causa do nervosismo, mas não era. Quando ele entrou no quarto viu que Melisandre estava tremendo e que um pouco de sangue escorria de seu nariz. Ele não iria a deixar morrer, não importa o que fosse preciso fazer.

–Jon?- a mulher mesmo desmaiada chamou pelo rei. Com um tom esperançoso que fez com que o meistre tivesse mais vontade de a salvar.

Tyrion

Daenerys havia deixado os dragões sob os cuidados de Tyrion. Em uma área própria para eles. Em um local em que não pudessem machucar ninguém. Do quarto Tyrion ouvia os dragões fazendo barulho, um tipo de canto, isso de alguma forma o acalmou.

As coisas com Tysha não estavam sendo como ele imaginou. Não estavam sendo como eram antes. Naquele tempo em que ambos eram adolescentes ainda e se conheceram. Tyrion pensava que era para tudo ter sido diferente. Era para ele e Tysha terem sido felizes. Se o pai de Tyrion não tivesse se metido e estragado tudo.Naquela época os dois eram jovens e não tinham feridas profundas na alma e no coração. Se nada tivesse atrapalhado os dois poderiam ter sido muito felizes e o presente poderia ter sido diferente.

Tysha parecia ficar mais distante dele a cada dia. Nesse dia pela manhã ela estava pior que nos outros. Estava estranhamente quieta e parecia o evitar. Ele sabia que tudo isso era por causa das coisas que ocorreram enquanto eles estavam separados. Tysha sofreu muito. A coisa que Tyrion mais desejava na vida era poder voltar no tempo e mudar tudo. Fazer com que nunca ele e Tysha se separassem.

Tyrion balançou a cabeça tentando afastar esses pensamentos. Não adianta se lamentar pelo passado. O jeito era viver o presente e construir o futuro.

Para afastar os pensamentos desse assunto ele começou a pensar em Daenerys e Jon. Ficou se perguntando se eles teriam chegado a um acordo ou o que decidiram. Nenhuma carta havia sido enviada por Dany, mas ele sabia que tudo estava certo.

–Porque eles estão fazendo esse barulho?- perguntou Tysha o tirando de seus pensamentos. A mulher se referia ao barulho feito pelos dragões

–Não sei. Talvez porque eles sentem falta da mãe e do irmão que foi com ela.- respondeu Tyrion e depois continuou- Apesar desse barulho não parecer de tristeza...

Tysha nada disse. Ele não agüentava mais esses momentos de silêncio da mulher. Por isso disse que ela podia dizer o que estava incomodando ela, por pior que fosse. Ele queria a verdade por trás do silencio dela.

–Estou grávida e o filho não é seu... – falou Tysha de cabeça baixa e muito triste – Esse filho é da época em que...

Ela não conseguiu terminar a frase e nem precisou. Tyrion sabia o que ela queria dizer. Ele sabia que ela havia trabalhado de prostituta depois que eles foram separados. Depois do que o pai dele fez com ele não lhe restou muitas escolhas. Tyrion não a culpava por ter se deitado com outros homens. Ele planejava esquecer isso e deixar o passado para trás. Mas esse filho de outro homem veio para atrapalhar seus planos de enterrar o passado.

–Eu ia tomar o chá de lua, mas não tem todos os ingredientes no castelo. Não me odeie... – falou ela triste e chorando

–Eu não te odeio. Eu te amo. –falou Tyrion a abraçando e pensando no que eles fariam. Enquanto pensando, no silêncio que se formou no quarto, ele ouvia o barulhos dos dragões e dessa vez o som deles pareceu com o som de um triste choro. O mesmo som do choro de Tysha.

Melisandre

Quando Melisandre abriu os olhos pensou que estava de volta nos seus aposentos, porém quando seus olhos se acostumaram com a escuridão do local reparou que estava em um local bem diferente do seu quarto. O local estava completamente frio também. Sentia que estava congelando e tremia muito. Isso não era normal. Ela não era de sentir frio.

A mulher se levantou meio zonza e olhou ao redor. Quando fez isso reparou que estava na Muralha. Onde Jon e a rainha Daenerys estavam. Melisandre ficou pensando se aquilo era apenas um sonho ou se seu deus havia achado alguma forma sobrenatural de a levar até Jon. Com esses pensamentos em mente continuou a andar até o castelo principal.

Mas enquanto andava percebia que algo estava errado. Estava tudo muito quieto. O silêncio estava tão denso que parecia ser possível tocá-lo. Além disso, ela andava e andava e parecia que nunca chegava a lugar nenhum e a neve parecia cada vez mais acumulada no chão a medida que andava. Até que em um momento a neve sumiu, mas o frio continuou.

Sem que soubesse como ela chegou a um lugar que parecia uma caverna. Quando chegou a esse lugar parou de andar e ficou um tempo em silêncio. Ela se sentia estranha e não sentia o seu deus dentro dela. Era por isso que sentia frio e tremia.

A mulher começou a se questionar se aquilo era um tipo de castigo do seu deus, por ela não ter cumprido direito a sua missão. Por ela não ter orientado Jon direito ou até por ela ter se casado com ele. Enquanto pensava em tudo isso a mulher reparou que um pouco de sangue escorria de seu nariz. Isso ocorria tanto por causa do frio como pelo lugar em que estava.

–Melisandre?- uma voz a chamou a tirando de seus pensamentos. A mulher pensou que poderia ser seu deus. De alguma forma a respondendo, mas logo tirou essa idéia. Ele nunca havia falado dessa forma com ela. Além disso, a voz parecia meio fria e estranha.

–Jon?- chamou ela esperançosa de que de alguma forma fosse Jon.

–Não.- a voz se limitou a responder. Quando fez isso a mulher percebeu um pouco de tristeza na estranha voz.


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Notas finais do capítulo

Agradeço a todos que leram até aqui. Abraços e não se esqueçam de comentar e me dizer o que acham. Os comentários são muito importantes para mim. Eles sempre me ajudam muito. Até o próximo capítulo e beijos.