A Loba e o Dragão escrita por Neko


Capítulo 8
Marca de Batom


Notas iniciais do capítulo

Outro gigante haha É a empolgação aqui.



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Ainda na noite passada...

Assim que chegamos mandei Lucy tomar banho.

Erza ia dormir na minha cama e com Lucy já que estava meio tarde pra ela voltar pra casa.

–Quer me dizer? – perguntei

–Acho que amo o Natsu.

Bebidas e suas verdades...

Quem inventou a licor de verdade misturado a bebida merece os parabéns e ao mesmo tempo um murro na cara.

–Acha é?

–Eu sinto muito ciúmes dele não é normal... – ela falava naquele tom bêbado.

Eu seria muito filha da mãe se gravasse tudo aquilo. Mas estava doida pra fazê-lo.

–Só ciúmes?

–Acho que gosto dele desde quando éramos crianças... – ela ignorou minha pergunta. Agora estava falando demais. – Sério eu só não queria admitir... é né,deve ser. Mas eu amo...eu sei...

–Porque acha isso?

–Tinha medo de perder ele, por isso não fiquei com ele antes... Mas agora eu perdi do mesmo jeito não é Levy, como vou olhar pra ele depois de tudo... E Loke... e Lisanna... – ela estava chorando

–Olha acho melhor a gente parar por aqui. Tome seu banho e a gente conversa quando você estiver sóbria ok?

–Eu estou sóbria Levy...

–Tá ta. – passei a mão na cabeça dela

Deixei uma toalha perto da banheira e um agasalho pra ela. Só depois vi que era do Natsu. Eu arranquei minha roupa e deitei sem me vestir,ela saiu minutos depois só de calcinha vestindo o moletom e deitando do meu lado.

–Tem cheiro de Natsu... – ela estava toda sonolenta

–É porque é dele Lucy.

–É? É quentinho...

Eu sorri e a cobri com o cobertor.

Não fazia idéia do que ia dar aqueles dois.

Narradora Lucy Hearthfilia

Acordei com o celular tocando na cômoda. Tateei até pegá-lo. Minha cabeça latejava tanto que apertei o mudo antes de atender. Estava morrendo de sede também.

–Alô...?

–Lucy? – a voz doce da Mirajane me fez despertar – Você não vai vir hoje?

Droga. Droga.

Que horas eram?

Tirei o celular do ouvido e olhei eram 14h30min.

Que merda.

Tirei o cobertor e me sentei na cama. Olhei pro lado, Levy dormia profundamente... Do meu lado?Ela dormira comigo?Estava de calcinha e sutiã.

Socorro.

–Só um minuto Mira... – coloquei a ligação no mudo.

Deixei o celular na cômoda e tentei organizar toda a situação.

Porque Levy dormira comigo? Olhei pelo quarto. Erza estava na outra cama. Ah sim era isso... Menos mal.

–Mira desculpe... - tirei do mudo

–Você foi à mesma festa que a Lisanna não é?

Ah não, ela sabia da festa.

–Me desculpe Mira, eu... Devia ter acordado.

–Bem... – ela suspirou – Pode chegar aqui 15h30min?

–Posso claro.

Desliguei o celular e comecei a acordar Levy. Ela iria tomar uma bela bronca do chefe dela. Não era um simples café como eu que ela trabalhava. Ela era secretária de Macao o dono da maior franquia de escola de línguas, das boas mesmo.

–Levy... – chamei. Nada. Me deitei em cima dela – Levy...

–Hm... – ela se remexeu e se virou pra cima as mãos no rosto

–Você precisa ir trabalhar.

Ela coçou os olhos e me olhou pousando a mão no meu rosto.

–O que?

–Trabalhar Levy.

Ela arregalou e me empurrou pro lado. Se enrolou no lençol e começou a procurar o celular. Discou alguma coisa, e eu pude ouvir um grito do outro lado.

–Desculpa... – ela se sentou ali mesmo no chão. Alguém falando alto – Você não vai achar ninguém melhor que eu Macao.

Eu ri.

Levy dizia que Macao era um bom homem só queria o bem da empresa, mas soltava as frangas de vez em quando. E adorava Levy. O que é normal... Dizia que nunca trocaria de secretária...

Ela riu no telefone.

–Viu, eu sabia que não... Me dê uma hora e eu chego. Ok, vou estar ai. Tenho quarenta minutos. – ela suspirou e começou a pegar as roupas no armário.

Fiquei deitada por uns dez minutos esperando minha cabeça parar de girar e me levantei também olhando no espelho.

Espera.

Aquele não era meu moletom de gatinho... Era um agasalho preto grande demais pra mim... Cheirei dentro dele tinha cheiro do meu perfume e de mais alguém... Eu reconhecia de longe, era do Natsu.

–Levy... – ela se virou enrolada na toalha entrando no banheiro – Isso é do Natsu? – quis confirmar

–É.

Abri o zíper na frente do espelho, mas fechei vendo que eu não tinha me vestido... Ué,calma.

Cheguei mais perto do espelho.

Um minúsculo ponto roxo acima do meu seio me chamou atenção. Não, não... Tá de Brin-ca-dei-ra!

–Levy diz que você me pegou ontem. – pedi

–Hmm não fui eu não. – ela riu – Acho que foi o Na-

–Não fala!! – tapei os ouvidos.

Acho que tive um colapso de memória naquela hora.

Ressaca... Bebida... Tequila... Natsu...

Natsu!!!

–Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah! – gritei

– O que o que? – Erza caiu da cama de susto – O que foi?

–Porque vocês estão gritando? – Cana surgiu de shortinho e top na porta do quarto sonolenta

–Cana??! – Levy gritou do banheiro

–Oi gente...

Peguei o travesseiro e gritei de novo.

O que estava acontecendo?!!!

Cana aqui em casa, mas como ela veio para aqui?

Natsu... Ele me deixara aquilo ninguém me deixara um aquilo antes! E como aquilo veio parar em mim?!!!

–Jesus... – disse pro travesseiro – Alguém me diz o que está acontecendooooo?!

–Calma. – senti as mãos de Erza do lado da minha cabeça – Cana está aqui porque ela perdeu a chave de casa ontem de madrugada e ligou na portaria porque o Gildarts tem um sono pesado, pronto.

–Tá. – olhei pra Levy, ela virou o rosto na hora. Ela sabia de algo. – Me conta o que você sabe!

–Não sei de nada...

–A não?! – gritei entrando no banheiro enchendo a saboneteira de água gelada e abri o boxe

–Nãão! Por favor – ela ria – Está frio não faz isso.

–Você está rindo!! – joguei a água nela que deu um gritinho – Me conta!

–Você se pegou com o Natsu ontem!

Travei.

Ouvi Cana segurar um riso. E Erza abriu a boca de surpresa.

Minhas pernas deviam ter esquecido como era andar porque cai no chão vendo tudo preto.

Não sei quanto tempo se passou. Mas quando abri os olhos ainda estava no chão do banheiro. Levy enrolada num roupão azul olhando pra mim, Cana do meu lado esquerdo segurando uma risada, e Erza com a minha cabeça no seu colo.

–Lucy? – ela chamou – Você desmaiou.

–Eu... Eu... Desmaiei... Peguei... Como?

–Calma você não fez nada de terrível – ouvi Levy dizer – Não foi pra cama com ele pelo menos.

–Foi pra mesa. –Cana gargalhou

–O que!!! – gritei me sentando bruscamente

–Olha pra ter deixado isso nela ele é literalmente um dragão hein... – Ela falou de novo com um tom bastante malicioso na voz.

–O que!!!!

–Cana!! – Erza e Levy a repreenderam – Calma, calma – Levy pediu – Não foi nada disso só foi uns beijos..porém não na boca...mas porém não foi tãão poluído assim... Já sei. Shot de tequila te lembra algo?

Eu travei de novo.

Lembrava. E como lembrava algo...

Todo um flashback começou a passar pela minha cabeça. Tudo o que eu fizera e tudo o que eu dissera... Eu dissera que éramos amigos... Tudo que ele dissera... Que não tinha sido nada.

–Lucy? – Levy chamou – Eu preciso ir trabalhar...

–Tudo bem...

–Eu queria ficar com você, mas-

–Pode ir... Preciso trabalhar também – então eu me sentei. Ela se levantou e correu pra terminar de trocar. Erza me ajudou a se levantar. Cana saiu do quarto pra falar com o pai dela que por sinal estava super preocupado com ela.

–Lucy...

–Vou, vou tomar banho Erza... – disse entrando no boxe e tirando o agasalho e abrindo o chuveiro.

Deixei toda a água escorrer por mim por uns quinze minutos antes de começar a me ensaboar.

Precisava saber o que eu ia fazer agora.

Primeiro me arrumar até ficar apresentável e trabalhar. Depois tomar coragem pra ir à casa do Natsu resolver esse mal entendido e entregar o agasalho dele.

Depois de falar com Levy, eu tinha absoluta de não ter feito nada com ele além de beijos, mesmo assim com que cara eu olharia pra ele depois de tudo aquilo. Sem contar que me sentia como se houvesse traído o Loke. Era outra pessoa beijando meu corpo e não ele, ninguém nunca chegara perto de mim daquele jeito a não ser Loke. Eu só tinha feito isso com o Loke a vida toda!!

E o pior, é que eu tinha gostado...

Lembrar das coisas da noite passada me causava até calor. Natsu e calor eram duas coisas que combinavam...

Fiquei de boa no trabalho.

Uma pena que recebo a menos no fim do mês, mas foi merecido. Eu devia ter acordado. Só foi ruim além de receber menos ficar vendo a Lisanna o dia todo. Apesar de que... Ela estava diferente. Me deu oi ficou pra ajudar no café – o que é raro - ,e parecia estar triste por alguma coisa. Passou à tarde de cara amuada e olhando no celular. Eu queria... Queria mesmo perguntar se ela estava bem, mas eu não ia ser boazinha não. Já tinha problemas demais.

Minha vontade de perguntar só ficou maior porque depois vi ela olhando pro nada e quando Mirajane a chamou ela limpava uma lágrima. Deixei quieto e continuei o trabalho até dar a hora de fechar.

Ficamos até tarde então não passei no Natsu pra devolver a blusa porque não queria voltar sozinha de lá tarde da noite. Fui direto pra casa. Erza já tinha ido porque no outro dia ia trabalhar, Cana devia ter ido com ela.

Me joguei na cama e fiquei encarando o teto. Meu celular vibrou.

Oi Lucy rs é a Cana dá pra dizer ao meu pai que eu estava ai a noite toda?

Hm, ok. Ele quer ligar aqui?

Não, não só caso ele pergunte quando nos vemos... Com certeza ele vai.

Ok ;)

Narradora Cana Alberona

Madrugada passada.

–Eu estou... numa festa, na casa da Juvia. – falei ao telefone

–Não dá pra você ir sei lá,pra outro lugar e eu me encontro com você?

–Porque não quer vir aqui...?

–Não acho uma boa.

–Ok... Vou ficar na esquina.

Fui caminhando meia desnorteada até me encostar num poste. Meu pai ia surtar se eu dormisse fora... Ele teria de me trazer depois... Espera ,onde estavam as minhas chaves mesmo...

Eu não queria ir com ele... Mas se eu não podia ter o Fried agora, eu nem ligava mais pra nada.

Um carro parou ao meu lado e eu sorri.

–Vem cá. – ele ajeitou os óculos e eu entrei sorridente.

Depois que sai no motel. Eu nem sabia com que cara ia chegar em casa em plena 4 horas da manhã. Eu perdera a chave, meu celular acabara a bateria...

–Onde eu te deixo?

–Naquele prédio azul...

–Na-naquele por-porque?

–Ta gaguejando... é só me deixar... – ele parou e eu abri a porta e sai sem me despedir. – Marakovizinho... Chama a Lucy por favor...

Narradora Lucy Heartfilia

Depois ganhei coragem pra ir fazer janta pra eu e Levy.

Depois que ela chegou morta de cansaço de ter ficado até tarde, ela me pegou pra conversar da noite passada.

–Como está se sentindo?

–Uma vagabunda... – disse rude dando uma garfada na panqueca

–Não seja tão dura Lucy, você bebeu e-

– E eu gostei. – confessei

–O que? De ter bebido?

–Do Natsu ter... Me deixado daquele jeito. – eu soltei uma lufada de ar não terminando a frase.

Olha o calor de volta ai...

–Acho que é normal...

–Não quando se nem seu namorado a deixa assim.

–Tecnicamente, naquela noite você estava sem namorado... - nós ficamos em silêncio por uns minutinhos comendo até que ela voltou a falar. - Uma vez você disse que não queria falar nada que não tivesse certeza... E também disse que nunca estaria pronta pra perder a amizade dele, depois disso o que acha dessas duas coisas?

Respirei fundo.

–Se eu falasse que tivesse certeza de alguma coisa depois disso, eu estaria mentindo porque acho que fiquei mais confusa. Sabe... Eu não quero acreditar que se eu estiver gostando do Natsu foi porque ele está bonito porque ele sempre foi ou porque me fez me sentir daquele jeito ontem... Quero que seja algo de verdade, como eu vou saber se gosto dele e ainda mais de verdade? E,acho que ele não vai parar de ser meu amigo,mas vamos ficar igual a você e o Gajeel ficaram quando terminaram,nem se olhando direito.

–Lucy... Olha... Não se faça de boba. Você sabe que esse amor que você sente pelo Natsu não começou quando ele chegou dos Estados Unidos...

– Não, deve ser uma fase porque estou ruim com o Loke.

–Você nunca gostou do Loke de verdade, de amar mesmo e sabe disso. Ta mentindo pra si mesma de novo.

–Mas também nunca amei o Natsu... –falei pausadamente... e baixinho... Eu não conseguia mentir. Aquelas palavras não queriam sair da minha boca...

–Tem certeza?

Fiquei quieta.

Eu sempre soube... No fundo do fundo que eu gostava dele quando éramos crianças. O problema era eu não saber discernir o que era gostar de amizade muito menos de amor. Achava que eu ficava daquele jeito porque ele era meu amigo. Meu melhor amigo, devia ser normal. Eu me sentia... Bem e feliz quando eu ficava perto dele. Cada demonstração de afeto que ele tinha comigo me fazia ficar com umas coceguinhas no estômago e isso tem até hoje... Isso teve até ontem... Mas eu não sabia se era amor, se era gostar, o que era... Eu não sei de nada da vida...

–Levy? – perguntei

Acho que eu tinha um jeito de saber o que era aquilo.

–Diga. – ela deu um gole no suco de laranja

–Como você soube que gostava do Jet? Explique não só sentimentos...

Ela parou de beber e pousou o copo na mesa. Fiquei olhando cada centímetro de reação dela. Ela não mudou a feição, ou nada do tipo, deu de ombros e voltou a falar.

–Eu não gosto, é só que ele é legal, conversa bem, a gente se diverte, é bom passar a noite com ele... E eu não tinha ninguém quando Gajeel foi embora.

–Isso é gostar?

–É... pode se dizer que é

Droga.

–E como você soube que amava o Gajeel? – continuei olhando. Ela arregalou os olhos e as maçãs do rosto ficaram vermelhas, ela começou a passar a mão nelas e bebeu mais do suco.

–Eu... Eu não sei. É diferente... Muito diferente. Eu me sentia feliz e bem quando ficava com ele, eu adorava conversar com ele sobre qualquer coisa a gente sempre tinha assunto mesmo que fosse o mais idiota. Sinceramente, mesmo sem assunto eu só queria ficar ali, perto dele sentindo o cheiro dele – ela ficou mais vermelha – me sentia como se ele pudesse me proteger de qualquer coisa,como se eu pudesse fazer qualquer coisa junto com ele. E bem – ela coçou a cabeça – Era mais do que só bom ficar com ele daquele jeito, muito mais. E eu odiava brigar com ele ou discutir, mesmo que fosse poucas vezes, porque tinha medo de um dia ele ir embora e eu parar de me sentir assim, acho que assim significa... completa. Ainda sinto assim. – ela sorriu – mas a gente tem que falar de você não de mim Luce... Tem que falar de você...

Então eu abaixei o rosto. Ela nem precisou perguntar... Talvez soubesse o porquê de eu estar assim... Afinal, era exatamente assim e até mais que eu me sentia com Natsu. Que eu sempre senti.

Eu sabia desde os meus nove anos, desde o dia que eu cai na escola e gritei o nome dele chorando, porque era ele que cuidava dos meus machucados, que me abraçava quando eu chorava, que me dava conselhos mesmo das coisas mas bestas. Era com ele que queria dançar na festa, porque queria que ele segurasse minha mão. Eu sabia que era ele que eu amava, desde pequena, desde sempre...

–Levy. – eu soltei o garfo e levantei da mesa chorando baixinho

–Não chora Luce... – ela riu de leve – Devia ficar feliz, não está mais tão confusa.

Não eu não estava eu sabia o que eu queria. Mas não sabia o que ele queria. O que eu tinha que fazer agora.

–Depois de tudo que eu falei ontem – me sentei no sofá – Eu... Não sei o que ele quer mais...

–Ah sabe sim, se você contar pra ele, ele vai se derreter na hora. – ela brincou

–Mas, eu não posso Levy, não é assim também... E Loke?! – gritei – Meu Deus... Agora ele me mata. – falei séria, ela riu – Levy é sério você conhece o Loke...

–Sim... – ela parou de rir – Ele é do tipo que diz “se você não é minha não é de mais ninguém.”

–Justamente... Ele vai me matar. – afirmei de novo – Noooossa, ele vai me matar... Não vai não, sabe por quê?Porque eu não vou contar pro Natsu, nem pra ele. E você também não. – apontei pra ela

–O que?!!!

Não. Eu não ia mesmo.

Não podia contar pra ele.

Eu... Não, não. Não agora, não, nunca!

–Eu... Não, não, não posso contar. E se a gente não der certo... Porque eu já estou pensando nisso? Não. Para. Chega. Vou lavar os pratos pra me acalmar.

–Mas Luce...

–Não! Chega desse assunto. – comecei a esfregar a bucha no prato - E não me chama assim não!!

–Ok. – ela riu

No dia seguinte eu tinha colocado a blusa do Natsu pra lavar, mas antes eu fiquei uns dez minutos com o nariz nela fungando enquanto Levy ria.

Tive que levar pro trabalho pra passar direto na casa dele depois.

Nisso eu fui burra, de novo...

–Que isso faz aqui?

Eu limpava a ultima mesa quando Lisanna pisou no salão indo pra algum lugar toda arrumada.

–É minha. – arrumei meu avental. Ela encarou a blusa.

–Isso não é sua...

–Eu sei é do Natsu, ele me deu.

Ela mordeu o lábio inferior e bufou.

–Boa noite Lucy.

–Boa noite...

–Mãe! Eu vou pra Cana e depois sair.

–Tá! Olha a hora.

Estava indo tirar o uniforme quando vi que começava a escurecer.

–Mira posso ficar com a saia hoje?

–Pode Lucy...

–É porque preciso sair agora mesmo.

Eu não ia perder mais um dia de ansiedade de acabar logo com aquilo.
Coloquei minha sapatilha e troquei a blusa e peguei minhas coisas e sai.

Agora que estava escuro e aquela saia, eu tinha mais medo ainda de ser seqüestrada, raptada, assaltada e derivados. Então amarrei a blusa dele na cintura. Que visão linda devia estar...

Cheguei uns dez minutos de tão rápido que andei. Toquei a campainha e Jellal saiu.

–Lucy!- ele abriu a porta desceu os degraus e veio abrir o portão – Nossa, você está bonita.

–Bonita? – eu ri – Eu estava trabalhando até agora.

–Acho que é a saia. Te deixou diferente. – ele riu e eu fiquei com vergonha – Entra ai.

Assim que passei pela porta, ele começou a explicar que Natsu estava capotado de sono lá em cima porque chegou tarde da festa e foi quase virado trabalhar, e hoje também.

–Ele é mais responsável que eu... – falei mais pra mim mesma.

–Suba lá Lucy.

–Eu?! Mas ele-

–Vai, ele deve estar acordando agora. Sobe. – Jellal insistiu me virando pelo ombro e me empurrando de leve

–Não, não eu-

–Vai logo. Aproveita e diz pra ele que Gajeel ligou.

Oh droga!Droga.

Fiquei hesitando de subir a escada, mas acabei indo.

A porta do quarto estava entre aberta, eu bati uma vez, mas não teve resposta. Entrei devagarzinho, quase na ponta do pé. Ele estava do lado ao contrário da cama com uns cinco cobertores, dormindo de bruços.

Eu ia voltar, mas...

Ai ele era tão fofo dormindo...

Aproximei-me na ponta do pé...

–Natsu? – sussurrei. Nada. Me sentei na borda da cama – Natsu?

Narrador Natsu Dragnell Fernandez

Um dia antes...

Cheguei da festa por volta das três horas e nem agüentei subi pro quarto. Me joguei no sofá e fiquei por lá.

Estava quase dormindo quando meu celular vibrou. Levantei correndo pra pegar achando que era a Luce, mas não.

Foi pra casa sem mim... :c

Era Lisanna.

Eu nem agüentava escrever, e não estava sóbrio o bastante pra enxergar as letras.

Não to afim hoje.

Ah ok ... Ta afim da Lucy que eu percebi ta?

Talvez eu esteja mesmo...

Naquela noite eu sonhara alguma coisa com a Lucy... mas eu não me lembrei o que era,mas tinha um elevador... Ishe.

Depois que acordei, ou melhor, meu pai me acordou eu tomei um banho gelado e acordei pra trabalhar.

Tratei de mandar outra mensagem pra Lisanna, eu estava tão ruim que não percebera que fora um tanto grosso com ela, nem a merda que eu tinha falado. O “talvez” ela tinha visualizado só de tarde. Mandei uma desculpa dizendo que estava bêbado demais se ela podia passar aqui pra eu conversar com ela. Ia acabar com esse ioiô de uma vez por todas... Eu acho... Mas ela não respondeu.

No outro dia cheguei acabado, mas consegui ir pro quarto dessa vez. Fique pensando no que acontecera na festa. Queria saber como ia ser daqui pra frente. A ultima coisa que eu queria era ficar igual o Gajeel ficou com a Levy durante mais de um mês antes de ir embora, eles vieram começar conversar agora que ele voltara, porque ela cedeu... Lucy não ia.

Eu aqui pensando nela, e ela deve estar mesmo é pensando no Loke.

Idiota mesmo.

–Natsu. – meu pai entrou pelo quarto

–Oi.

–Tá tudo bem?

–Tá.

–Ok. – ele se sentou na cama ao meu lado – Fala, brigo com a Lucy?

Arregalei os olhos.

–Eu achava que você ia perguntar sobre a Lisanna...

–Eu sei que o que você tem com a Lisanna não é uma coisa que te deixaria abalado, não assim. Então... Foi a Lucy.

Eu respirei fundo e contei pro meu pai o que tinha acontecido.

–Complicado... Esta se sentindo iludido?

–Talvez... Bem pouco... Sei lá pai... Acho que eu não devia ter feito aquilo com ela, acabou que me confundiu e confundiu ela. Mas me... Deixou magoado, um pouco.

–Ela só deve ter falado isso porque não quer passar a impressão de que traiu o namorado... Ela não quer que você pense isso dela entende?E também, ela deve ter um medo danado de perder sua amizade. Mas eu acho que Lucy gosta de você. Quando vocês eram pequenos viviam colados um no outro.

–É... – eu ri – Eu nunca pararia de falar com ela por isso...

–Então diga a ela filho.

Eu estava dormindo profundamente, mesmo assim eu sonhava, e parecia sonhar lúcido. Só não conseguia enxergar o que era o sonho... Mas de novo era com ela. Acho que ela estava na minha cama... Ao mesmo tempo no meu colo... Fios loiros caiam no meu rosto... Me chamando docemente...

–Luce... - gemi

–Natsu?!

Ela estava tão perto que eu podia até mesmo sentir o cheiro dela. Abri os olhos pra vê-la melhor...

Era um só sonho mesmo...

Eu estava de bruços, e isso não foi nem um pouco legal porque com esse sonho, eu estava um tanto animado agora.

Fiquei olhando pro tapete até que a voz dela me chamou de novo.

–Natsu...

Achei que estivesse sonhando, mas quando me toquei ela estava sentada na borda da cama. Aquele par de pernas perto do meu rosto... Se aquilo era uma saia eu no mínimo podia entender os ciúmes do Loke agora.

–Natsu? – ela acariciou meu cabelo.

Eu me ergui na cama e me virei sentando depressa cobrindo com todos os lençóis o meu colo, ela se afastou um pouco. Acho que fui perto demais do rosto dela.

–Luce? Oi... – eu a olhei

–Oi, eu vim deixar isso. – ela se abaixou e pegou meu agasalho.

Fiquei igual um idiota achando que tinha perdido minha blusa preferida.

–Obrigada. – ela sorriu

–Ah, de nada... – peguei. Por pouco eu não levei até o rosto automaticamente pra cheirar, cruzei os dedos mentalmente pra ela não ter lavado...

–Eu lavei tá porque estava bem – ela parou de falar – com perfume de mulher, achei melhor tirar.

Que merda... Suspirei.

–Tudo bem, obrigado.

–Desculpa te acordar, mas precisava falar com você... Sem contar que seu pai insistiu pra que eu subisse... E a ele disse que o Gajeel ligou.

Eu parei de ouvir quando ela disse “precisava falar com você”.

–Falar?Comigo? – cocei os olhos ficando totalmente atento.

–É... – ela começou a enrolar os dedos daquele jeito que fazia quando estava nervosa – Você sabe, sobre antes de ontem.

Ai.

Eu me encolhi, sentia que meu rosto todo se avermelhara de vergonha. Só ela pra me deixar assim mesmo...

–É mesmo? – concordei – É... Então, pode falar.

–Eu... só, bem eu queria dizer que desculpe eu ter dito aquilo pra você. Sabe? Nós somos amigos, mas eu não devia ter dito daquele jeito sabe? Naquelas... Circuntâncias.

–Sei... – a cena me veio na cabeça

–Acho que foi tudo um mal entendido. Nós estávamos bem bêbados. – ela riu

–É... Foi mesmo. – lembrei do que meu pai me dissera – Tudo bem Lucy, sério mesmo. Não precisa se sentir mal por ter me dito nada e nem por ter feito... Eu sei que você deve estar mal pensando no Loke...

–Um pouquinho, estou mais porque achei que você não quisesse mais falar comigo...

–Eu nunca vou querer isso. Afinal você beijou a Levy e ainda são amigas. –brinquei

–Natsu!! – ela riu e me empurrou – Nem sei como você sabe disso...

–A gente estava bem ruim mesmo... E acabou se empolgando. – ela concordou. Queria eu me empolgar daquele jeito com alguém... – Quer só deixar pra lá? – disse por fim

–Por favor... – eu ri e fiz que sim com a cabeça.

–Pode me falar então... Porque você estava chorando ontem?

Ela arregalou os olhos. E se levantou da cama.

–É não me lembro... Acho que...

Ela ainda queria falar alguma coisa...

–Acho que... – convidei ela a falar

–Acho que... Que eu, eu estava... Só bêbada. Sei lá...

–Mesmo? – eu me descobri me levantando.

–É eu é. Isso ai. – ela me olhou de cima a baixo e desviou o olhar.

Peguei uma regata na cabeceira da cama e vesti pra não ficar sem camisa na frente dela... Por mais que quisesse ficar olhando a carinha que ela fazia ao me olhar, eu gostava.

Eu devia saber que só por acaso devia ter sido por causa da Lisanna, como Levy dissera, mas eu não queria complicar mais as coisas...

–Só talvez... – ela voltou a falar me pegando até de surpresa. Achei que não quisesse falar sobre o assunto – Só mesmo, fosse por causa da –

A campainha tocou lá embaixo. Ouvi meu pai dizer “Lisanna?!” surpreso.

–Lisanna?! – me assustei.

Lucy ficou parada e então respirou fundo arrumando a saia que tinha subido um pouco... E podia subir mais aquilo?

–Acho melhor eu ir.

–Não, não... – eu estendi o braço pra pegar ela, mas ela se virou abrindo a porta.

–Eu não quero atrapalhar você e ela.

–Você nunca me atrapalha Luce.

–Não me chama assim não. – ela saiu do quarto e eu fui atrás e consegui segurá-la pelo braço – É serio eu vou... Pra casa...

–Você não terminou de me falar... – eu a puxei pra perto – porque você estava chorando?

–Natsu... – ela abaixou o rosto quando eu cheguei perto.

–É pelo mesmo motivo de agora não é...

–Me solta. – ela me empurrou e se soltou do meu braço descendo as escadas.

Narradora Lucy Hearthfilia

Empurrei Natsu me soltando com um pouco de dificuldade já que ele segurou forte até demais e desci as escadas. Lisanna estava já subindo quando me viu e franziu as sobrancelhas. Eu jurava que ela ia começar a perguntar o que eu estava fazendo ali se eu não tivesse passado tão rápido. Joguei um sorriso pro Jellal e sai porta a fora. Alguém me seguiu eu estava prestes a virar e xingar Natsu mas não era ele.

–Lucy. – Jellal abriu o portão e saiu – Não pode ir sozinha essa hora está tarde, levo você.

–Posso sim... – sorri lutando com umas lágrimas – Não precisa, quero ficar só...

–Ei, eu sei... Sei que está mal... Mas acredite Natsu não sente nada pela-

–Eu não ligo se ele sente. – quase gritei dando as costas pra ele e andando rápido.

Andei o mais rápido que pude com medo de Natsu me seguir e também com medo de outro qualquer estar me seguindo.

Depois que Makarov abriu o portão pra mim relaxei as pernas me permitindo andar mais devagar. Passei pelo estacionamento, que estava vazio e escuro, outro lugar que não era bom de ficar. Apertei o botão do elevador e nem esperei a porta abrir direito e entrei. Encostei-me ao fundo dele de cabeça abaixa soprando em minhas mãos que estavam geladas... Quando a porta travou com alguém entrando. Levantei o rosto já me preparando pra se fosse alguém esquisito quando vi Natsu ofegando agora de jeans ainda de regata. Ele ia passar o maior frio.

–Nat- comecei a dizer...

As mãos dele apertaram o botão que fechava as portas mais rápido e vieram logo pra minha nuca me puxando, me impedindo de dizer seu nome com um beijo. Eu fiquei de olhos abertos vendo ele me empurrar na parede e me beijar.

Minhas mãos estavam sem reação, e as pernas também.

Meu estomago era um enxame de borboletas, pássaros e todos os bichos voadores imagináveis.

Mal sabia o que fazer, percebi que a minha mão direita estava no ombro dele, então tentei empurrar em vão. Só fez ele me segurar com a outra mão pelo quadril apertando e me prensar mais na parede com uma das pernas no meio da minha. Abri a boca sem querer e a língua dele entrou se aventurando por toda minha boca intensamente. Segurei sua nuca e fiquei na ponta do pé pra conseguir retribuir o beijo...

Não! Porque eu estava retribuindo?! Abri os olhos sentindo o baque do elevador parar quando ele mordiscou meu lábio inferior e encostou a testa na minha.

–Luce eu gos-

A porta do elevador abriu e eu usei toda a minha força pra empurrá-lo pro lado. Funcionara.

Umas cinco pessoas esperavam o elevador naquele andar. Fiquei totalmente sem graça vendo que Natsu estava um pouco borrado de batom vermelho, e as pessoas também notaram; olhei a plaquinha eletrônica que marcava meu andar. Sai do elevador esbarrando em algumas pessoas e Natsu também saiu.

As pessoas entraram e aporta fechou.

Me encostei de costa na porta do meu apartamento olhando fixamente pra ele que estava parado na minha frente.

–O que... que... – eu queria falar, mas não conseguia parar de gaguejar

–Luce...

Eu devia falar? Agora?! Que gostava dele. Não agora não.

Eu nem conseguia falar qualquer coisa ainda mais isso.

– Me desculpe . – ouvi ele falar e travei – Desculpe mesmo... Eu não sei o que deu em mim.

O que?

Cadê a cena que ele diz gostar de mim e a gente sai feliz fugindo do Loke?

Tentei recuperar o fôlego e ficar em pé direito. Era minha vez de deixá-lo sem graça.

–Não era isso que você ia dizer. – eu cheguei perto dele pousando as minhas mãos no seu tórax. Eu não era nem um pouco boa em deixar as pessoas sem graça, mas parecia ter dado certo. Ele gaguejou duas vezes antes de falar Lucy direito. Agora era Lucy. Então achei melhor me afastar.

–Não era isso que você ia dizer... – repeti

–Tem razão... Mas, eu... Eu sou covarde demais pra dizer a verdade...

Comecei a vasculhar a chave da casa na minha bolsa e a peguei virando pra abrir a porta.

–Acho melhor você ir. - me virei assim que a porta abriu – Você vai pegar um resfriado assim...

–É.

–Vai Natsu. – passei por ele apertando o botão que chamava o elevador.

–Tá. – ele se virou e ficou esperando o elevador comigo ainda ali.

–Você... Você – gaguejei – está sujo de batom.

Ele sorriu e me olhou.

–Não tenho coragem de limpar também...

O elevador chegou e ele entrou fechando a porta.

Corri pra dentro do apartamento trancando a porta. Soltei todo o ar que tinha em mim e respirei de novo.

Eu tremia de frio, e de ansiedade e sabe-se lá mais o que. Levantei os olhos pra olhar a sala. Levy tinha uma sobrancelha erguida pra mim com os óculos na ponta do nariz lendo um livro grosso da faculdade.

–"Se" ta bem minha filha?

–Levy eu beijei o Natsu.

–O que?!!!


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Notas finais do capítulo

Eai pessoas ? O que acharam ? >



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