Radio escrita por Fabi-Aiyu


Capítulo 1
Radio


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu inventei essa história mais exclusivamente numa das minhas aulas de rádio. Eu estava originalmente pensando em escrever usando personagens comuns aos que eu sempre uso, mas escolhi por bem fazer uma fic de Bleach depois que a Dafne me deu essa inspiração. Além de dedicá-la exclusivamente à minha okaa-san, dedico às fans e aos fans de Bleach.



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As folhas balançavam do lado de fora enquanto o relógio da sala continuava batendo, anunciando que a tarde caía ao longe.

Eu gostava do entardecer, sobre tudo quando eu podia me sentar no jardim, sentindo o vento levar embora todo o cansaço e a exaustão de um dia longo. Tanto tempo que eu havia passado com a minha katana empunhada...

Minha vida de samurai era diferente da maioria, ou ao menos na parte pessoal. Não tinha milhares de mulheres, nem uma casa grandiosa; não babia nada de arroz fermentado com exagero, nem provava alguma comida que não era do meu costume comer.

Eu me baseava em restrições para manter a mente e o corpo sãos, eu me cuidava para não errar e perder a linha, o controle em algum momento. Por isso, eu era o exemplo da sanidade.

- Abarai-san...?

A voz feminina atingiu meus ouvidos e virei meu rosto, buscando olhpa-la, ainda sentado embaixo da grande árvore do jardim.

- Sim, Yuriko-san?

- Seu banho já está pronto, nee!

Ela sorriu leve. Yuriko fazia isso todo dia, sempre tão preocupada com o meu descanso, desde que começou a trabalhar na casa, ainda muito nova. Ela sempre fazia tudo com atenção, procurando agradar a todos que estavam a sua volta.

Mas eu via dentro de seus amendoados olhos castanhos que aquele zelo todo tinha mais significados do que eu esperava. Yuriko, a menina com nome de lírio, parecia nutrir a paixão por algo. E, se fosse por mim, eu iria magoá-la. Não poderia corresponder à ela.

- Ah, certo. Estou indo para o ofurô. Só preciso que pegue uma toalha, por favor, para mim. E que ajeite a sala, vou ouvir o rádio hoje.

- Hai!

E ela desapareceu através da porta enquanto eu fazia meu próprio caminho para a sala de banho, que ficava numa construção anexa a minha casa.

Adentrei ali e deixei a porta entreaberta. Despi-me calmamente, dewixando a roupa sobre um banquinho pequeno de madeira fosca ao lado da banheira; me inclinei, umedecendo a mão e averiguando a temperatura: quente e relaxante.

Enquanto eu me banhava, ouvia o som dos pássaros do lado de fora, acompanhando a escuridão da noite que ia caíndo pelo Japão todo. A água ainda estava morna, apesar do vento que batia e entrava pela fresta da porta.

- Abarai-san, sua toalha e sua roupa.

- Obrigado, Yuriko-san. Estou saíndo. Vou direto para a sala. - ela deixou a toalha na porta e ficou ali parada, pensativa. Então, me levantei e indaguei, enquanto ia me secando - Parece triste, Yuriko...

Ela não respondeu absolutamente nada. Ainda que eu estivesse me vestindo, eu podia ouvir seu suspiro leve.

Quando terminei, abri a porta e sorri, indo até ela e afagando seus cabelos, recebendo um sorriso suave em retribuição. Ela me pediu desculpas e pegou a roupa suja de meus braços, levando para dentro com ela.

Eu fiz o mesmo rumo, mas me desviei para a sala. Poderia ainda estar preocupado com ela, mas isso pra mim era quase o de menos, quando... Aquilo estava para começar.

Liguei o rádio e suspirei quando sentei na cadeira, minha expectativa já aumentava de forma relevante, como acontecia em quase todo dia que eu seguia aquela rotina - e isso já durava quase um ano, desde que ouvi pela primeira vez.

Os ponteiros iam se momento lentamente. A agonia e a ansiedade iam tomando conta, se apossando de mim e revirando meu interior. A espera era quase a eternidade; o nervosismo era quase minha sentença final por aquilo que havia começado num dia que eu nem lembro mais como foi.

Finalmente... Era o jingle, a musiquinha irritante e tão calmante da abertura que tocava.

- Boa noite, senhores! Sejam bem-vindos a mais um programa (...)
Eu odiava a voz daquele locutor, ele parecia tão estúpido em ficar lá apresentando coisas minunciosas quando tudo o que eu queria era ouvir o verdadeiro homem que falava...

Loucura ou não, aquele homem falava pra mim. Exclusivamente pra mim. E não me interessava outros, me interessava em ouvir a sua voz, sutil e rude, de forma que parecia tão espinhosa e venenosa quanto um limoeiro... Mas, ao mesmo tempo, parecia simplesmente perfeita... Ouví-lo sussurrando...

- Boa noite. Sou Jeagerjaques Grimmjow.

Era meu momento de deleite. Meu momento crucial de morte para ouví-lo dizer coisas que não me interessanvam, eu apenas ouvia para escutar a sua voz chegando até mim por ondas que vinham pelo ar, mas que ainda assim não tiravam toda a graça de sua voz.

Eu fora tachado de louco, uma ou duas vezes. "Se apaixonar por alguém que fala no rádio, Abarai Renji? Você é louco?". Huh. Dane-se minha insanidade.

"Prefiro ser louco ouvindo uma pessoa falar no rádio e me apaixonar por ela, do que enlouquecer matando homens inescrupulosos com katanas enfiadas em seus estômagos ou com suas cabeças cortadas...". E era exatamente aquilo o que eu respondia, e ninguém podia negar que meus argumentos não eram válidos.

Grimmjow...

Não sabia seu rosto, seu corpo, sua feição... Seu modo de ser.

Mas aquela voz que vinha dele era mais do que suficiente, era mais do que eu precisava, porque aquilo desestruturava meu ego e me fazia virar uma criancinha mimada, exigindo essa cena dramática de me sentar na frente de um rádio, sem escutar uma palavra do que ele falava. Apenas ouvindo o som de sua voz.

Firme. Forte.

Insensatez é pouco perto disso. Perto do ridículo que talvez fosse ficar ouvindo alguém falar ali sem nem conhecer o rosto e me dizer apaixonado.

Mas era quase como receber uma carta da pessoa amada, quando você lê e pode até entender a emoção que aquilo transmite.

- Você não acha, Grimmjow-san?

- Eu? Tsc. Odeio coisas tão fúteis assim. Aquilo que não representa a força, que fique longe de mim.

E agora, eu estava assim. Fadado a simplesmente ouví-lo em todos os dias da minha vida que eu pudesse, cometer loucuras para escutar um pouco quando eu não pudesse.

Meus vícios estavam longe do alcoolismo. Mas perto da loucura trajada de vermelho como o sangue que eu derramaria se me chamassem de louco...

Eu estava louco. Louco e aprisionado em uma camisa de força dúbia, ambigua. Ouví-lo apenas por diversão ou ouví-lo porque eu buscava prazer porque eu buscava a maneira rude e sutil que sua voz soava.

Se a insanidade me dominava, ótimo. Que me jogasse ladeira a baixo e me esfaqueasse até que eu não pudesse mais ouvir nada. Mas enquanto eu o ouvisse, eu sabia que estaria inegavelmente disposto a ouví-lo e prosseguir com a minha insanidade.

E, para mim, aquilo era paixão.

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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.

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