Fantasmas da noite escrita por Christina


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaaaaa
Espero que gostem XD
Não me matem se não gostarem!!
Eu nunca escrevi nada deste tipo...
Boa leitura!!



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Passei lentamente meus dedos sobre aquelas grades enferrujadas. O cheiro de mofo e os sons a minha volta estavam me irritando. Minha cabeça doía, e meu corpo reclamava pedindo uma boa cama pra repousar. Senti um material grudento sob meus dedos e com nojo os tirei daquelas grades.

-Detento, sua fiança foi paga! - O homem fardado me olhava como se eu fosse um saco de estrume. Acompanhei-o até a saída com a cabeça baixa.

Passei por algumas questões burocráticas e fui liberado. Quaisquer ocorrências que tinham na minha fixa foram limpas... É, parece que o dinheiro muda sentenças.

Milhões de pensamentos ecoavam na minha mente, enquanto eu já sentia minha palma da mão ardendo de tanto aperta-la com as unhas. As lembranças dançavam ferozmente pela minha mente, um pequeno aviso de que eu não estava sozinho.

Aquilo não poderia ser irreal, não é irreal. Eu sei que é verdade, eu sinto que é verdade.

-Filho, mais uma vez aqui? Já não aguento pagar fianças!

-Sinto muito... Ela apareceu de novo! - Estalei o pescoço, apertei os punhos e me coloquei reto.

Ele suspirou ruidosamente, e olhou dentro dos meus olhos com pena.

-Vamos pra casa. Você precisa descansar!

Assenti, logo o seguindo pra fora da delegacia.

Um vento forte passou por mim, e instantaneamente retesei o corpo. Odiava estas noites de inverno, em todas elas eu me sentia melancólico.

Caminhávamos pela rua, enquanto ele ascendia um cigarro. Pus automaticamente as mãos em meus bolsos, buscando meu maço. Aquele cheiro do cigarro me deixava louco por tragar o meu. Eu precisava deste prazer, precisava esquecer um pouco, mas não agora.

Meu pai colocou uma das mãos nas minhas costas, e ali eu soube que ele iria começar a falar. Esperei suas palavras, depois de tanto tempo já era previsível o que ele ia dizer.

­-Acho que está na hora de você começar a ir a um psiquiatra. Não é normal isso que você está passando. O policial disse que você estava atirando em uma praça pública, atirando no nada.

-Eu não estava atirando no nada, ela apareceu de novo! - Controlei minha voz, a deixando mais fria do que o normal.

Eu não iria ao psiquiatra, estou normal.

-Sua mãe está morta! Você precisa superar! - Ele já estava nervoso e suas mãos passavam nervosamente pelos seus poucos fios brancos.

-Acredita no que você quiser! Eu vou dar uma volta, não me espere está noite.

Nem esperei respostas, já fui andando.

-Não, iremos pra casa! Não estou com um bom pressentimento! - Suas mãos agarravam firmemente meu braço.

-Me solta agora. - Disse uma única vez, usei apenas um tom de voz.

Ele soltou meu braço, mas sussurrou algo antes de ir embora.

-Você não pode ficar como ela, eu não posso suportar te ver se perder como ela. Você precisa de um psiquiatra!

Não me abalei, eu não iria contar nada pra alguém que se acha no direito de tentar me conhecer apenas com alguns relatos.

Minha mãe foi a milhões, todos a tratavam como louca. E pelo que todos acham, eu também estou louco.

Encontramos uma carta suicida, com uma letra tremula, ela dizia que pularia do penhasco que tinha próximo a casa dos meus avós.

O corpo não foi encontrado, as roupas sim...

Balancei bruscamente minha cabeça, busquei um cigarro, e o acendi.

Mesmo de costas eu sabia ela estava ali.

-Demorou pra aparecer hoje. - Traguei um pouco.

-Eu estou sempre aqui.

-Você está me seguindo. Eu sei que você é real! - Mais um trago.

-Filho, isso que você vê como um mundo não é real. Que tal dar um passeio comigo? Conhecer algo novo. Conhecer pessoas novas.

-Eu não vou morrer. Não tente me confundir. - Minha voz vacilou um pouco. Será que ela é mesmo real?

-A morte não doí, meu amor. Vêm comigo. - Me virei bruscamente, ficando de frente pra ela.

-Você só precisa me seguir, vem comigo.

Vasculhei meus bolsos, e achei meu canivete.

O apertei firmemente nas mãos.

-Vêm filho, não existe morte... Só existe meu amor por você.

Meus olhos lacrimejaram, ela estava morta.

Soltei o canivete nos meus bolsos novamente.

Mais um passo.

Joguei o cigarro no chão.

Mais um passo.

Peguei o canivete de novo.

-Por que isso? Por que comigo?

-Eu voltei pra te buscar.

-Mas você sumiu... Eu nem pude fazer enterro.

-Pessoas somem meu amor, você também vai sumir!

-Mas e o papai?

-Ele vem depois. Venha comigo. Eles querem conhecer você. - Era apenas alucinação?

Um vento forte passou novamente, o inverno me avisando.

O frio estava fazendo o metal do canivete ficar cada vez mais gelado.

Aproximei-me mais um pouco, agora eu estava a um passo dela.

Nunca estive tão perto, nunca, em nenhum dos nossos encontros.

Ela esticou os braços, os braços da morte...

Abri meus braços e senti algo apontando no meu abdômen.

Olhei pra baixo, uma arma.

Era real.

Ela estava ali.

Ouvi o som da arma destravando.

-Por que me matar, se você está viva? – Perguntei em choque.

-Eles querem, eles disseram que você quer me matar.

-Eles quem?

-As vozes. Elas me alertaram que seu pai quer me matar, e mandou você.

-Mãe... Não existe voz! Olha pra mim, presta atenção em mim, sou seu filho. – Supliquei.

-Você não é meu bebê! As vozes estão protegendo meu bebê... Elas disseram que estão o protegendo.

Um pouco distraído com o que ela falava, eu não percebi... Apenas senti.

A dor do tiro foi tão forte que eu caí.

Caí naquele chão gelado, naquela noite fria de inverno.

O vento se assustou e parou, os cachorros não mais latiam, meus ouvidos pararam, e meu coração acelerou.

Ela se curvou sobre mim.

-Dorme bebê, as vozes cuidaram de você.

Acariciou meus cabelos, me olhou um pouco, se levantou e sentou-se em um banco.

Esperando que as vozes e os fantasmas da noite cuidassem de mim.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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