O meio entre o começo e o fim escrita por Miss Addams


Capítulo 5
Cinco




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Dulce

:- Não bata a porta do carro Marco! – o censurei também irritada e ele já o tinha feito, e não demorou muito para escutar a outra porta ser batida com força, só que dessa vez era Dominique.

E eu suspirei tentando me controlar, tentando realmente não ficar mais nervosa do que já estava, tinha discutido com eles o caminho todo, respondendo o por que várias vezes deles não terem indo com Poncho, ao invés de ficar comigo.

Passei a mão pelo rosto com a cena do aeroporto, na minha cabeça, a despedida deles, especialmente Poncho pegando sua mochila e indo para a sala de embarque.

Ele não estava indo para tão longe e sim, para Guadalajara, passar o fim de semana com o irmão, Oscar, Dona Ruth e a família. Além de participar de um evento beneficente e isso me fez ter raiva de novo.

Por que não foi à viagem dele, o tema de nossa discussão, longe disso. Até teria me organizado e talvez teria deixado as crianças ir com ele, não teria nada demais. Mas, sim o evento beneficente, ou melhor, quem estava organizando, Marcela.

Só de pensar o nome já sentia o nervosismo voltar, ela era definitivamente um fantasma do passado que voltou para me assombrar. Poncho estava participando de uma série dirigida por Luisillo, e até então estava feliz por ver a empolgação dele, só que ele me omitiu um fato. A participação de Marcela, uma ex namorada dele, na série e seu papel era simplesmente seduzir a personagem de Poncho.

E a forma que eu soube foi o que mais tenha me deixado, transbordando de raiva, estava em uma das minhas redes sociais como há dias eu não fazia. Por conta de está focada escrevendo para o meu livro, alguém me mandou um link para eu ver um vídeo, e pelo nome vi ser dos bastidores da série. Como curiosa nata que sou fui ver, só que a cena que foi filmada várias vezes era o beijo deles, ela se atirando para Poncho e ele não impedindo mesmo quando a cena acabou.

Discussão na certa.

Poncho me disse que não era importante a participação dela, que estávamos discutindo por motivos inúteis, e que eu era ciumenta demais, que não enxerguei o profissionalismo da cena. Eu o questionei sobre ele não ter me contado dessa participação, e o por que dele não ter se separado de Marcela quando devia. Estávamos abalados quando ele me contou que participaria do evento, e o que me deixou com mais raiva mais tarde, foi ver uma entrevista dela a respeito da cena, e que ela fazia questão que Poncho participasse do evento que ela organizava.

Marco estava na adolescência e começava a se revelar, quando lhe diziam não, começava a quebrar as regras que foram impostas nada de muito grave normal para a idade dele. O difícil era lidar quando eram os dois assim, Dominique estava numa fase de imitar o irmão mais velho, constantemente a víamos imitando desde atitudes simples, como a de agora, usando uma camisa xadrez dele e colocando-a para saírem juntos. Eu admirava a cumplicidade deles, mas quando juntos faziam coisas erradas aquilo me dava nos nervos.

:- Não vai entrar minha filha? – levantei a cabeça escutando man, parada do lado de fora do carro. – O que os meninos têm?

:- Estão com raiva de mim. – eu tirei o cinto e destranquei a porta do carro.

:- Por quê?

:- Não deixei eles viajarem com Poncho. – contei saindo do carro e abraçando ela.

:- Ah entendi, logo passa sabe como é raiva de filhos. Poncho já foi voar? – ela me perguntou e eu estranhei, como ela sabia? – Twitter. – ela sorriu.

Poncho em Guadalajara seria uma das atrações por que, ele pilotaria um avião e faria manobras para uma plateia, com o tempo ele ficou se dedicando a essa sua paixão.

Abracei-a e entramos em casa, o clima ruim foi quebrado por papá e man, que distraíram os meninos e depois de que se esqueceram de sua raiva e voltaram a falar comigo. Nós conversamos e pedimos desculpas um ao outro, já os tinha colocado para dormir, e estava agora naquele que devia ser meu antigo quarto, que agora era o de hospedes.

Estava pensando, Poncho já devia ter chegado, eu comprovei quando entrei no twitter e vi algumas fãs postando fotos com ele, sequer me ligou para avisar que estava bem, que estava vivo. Às vezes ele sabia ser tão irritante e teimoso como ninguém. Pensei em voz alta, e não a vi ali me observando.

:- Man, não vi você aí. – ela sorriu entrando de vez no quarto.

:- Estava te vendo falando sozinha.

:- Não perdi essa mania.

:- Discussões em casamento são normais Dulce. – ela falou já prevendo no que, ou em quem, eu estava pensando.

:- Não por motivos como esses. Quer dizer não deveria ser normal, por meu ciúme, essa não foi à primeira vez. – comentei sentando na cama e começando a me sentir culpada.

:- Não foi?

:- Não, faz quase um mês, Marco fez uma excursão com sua turma da escola, eles foram ao museu e lá uma das guias perguntou por Poncho, Marco estranhou mesmo assim foi simpático com a mulher. Quando ele nos contou no mesmo dia no jantar, concluímos que a mulher deveria ser a ex dele e eu me senti incomodada, nada que uma conversa com Poncho não resolvesse. Mas, dessa vez foi algo diferente...

:- Você não gostava dessa moça antes, foram as que ele namorou por mais tempo até morou com elas verdade? Não é tão esquisito você se sentir assim.

:- Sou uma mulher feita não deveria me sentir assim, tão – desviei o olhar dela por um instante para depois encara-la. – insegura. Quer dizer, eu já o tenho, somos casados, temos filhos juntos, mesmo assim não consigo deixar de ficar abalada quando me provocam assim, como Marcela fez.

:- Deve ser dor de cotovelo, por que no fim das contas vocês estão juntos. – Ela riu.

:- Acho que vai além do meu ciúme, eu tive medo como anos atrás, as duas foram as que conseguiram ter uma relação feliz e grande com ele apesar de tudo, quando estávamos distantes. Eu vi elas como uma ameaça. – confessei meus medos a mulher que me colocou no mundo.

:- Até o homem mais forte do mundo, pode ter medo do escuro feito um menino, Dulce. Talvez, você nunca se livre desse medo afinal ele convive com você há anos, mas tem que ignora-lo e enfrentá-lo, assim como fez várias vezes. Até mesmo para está casada com ele hoje. Veja isso aqui é uma carta que você me escreveu não faz tanto tempo, quero que releia e reflita, agora eu vou dormir por que vou acordar cedo para fazer o café.

Calmamente ela se levantou e saiu do quarto me deixando com a carta na mão, eu lembrava da carta, mas não o conteúdo dela, o que eu escrevi com exatidão. Com cuidado eu abri para relembrar.

Man,

Acabamos de chegar no hotel e eu senti uma necessidade enorme de escrever essa carta, apesar de todos os meios de comunicação que temos eu escolhi este.

Agora Poncho está no banho, Dominique esta com Marco jogando um dos jogos que ganharam e eu estou escrevendo para você. Eu tenho que dizer que esse lugar é um sonho e estou tão encantada quanto uma criança, tenho que confessar. Na verdade é impossível não se admirar estando na Disney, é um lugar de ilusões definitivamente mágico, Dominique fica me questionando sobre as princesas e até os príncipes mesmo não acreditando neles, e me surpreende quando prefere os vilões do que as mocinhas.

Marco tem um mesmo senso de realidade que Dominique, mas a emoção dele a cada vez que entra num brinquedo é visível, Poncho é um moleque que fez nós tirarmos fotos com os esquilos e se divertindo com minha cara quando coloca na legenda. Família Ardilla.

Você deve ter visto a foto por aí, sei que não vive mais sem uma rede social, mas o motivo dessa carta realmente é essa palavra Família. Man, deveras que eu sinto que vou explodir de tanta felicidade, capaz de em vez de sangue sair corações rosas em forma de bola de sabão. Revele estou assistindo alguns desenhos animados antigos com Dominique.

Eu queria de verdade é te agradecer imensamente, por me apoiar, por aceitar Poncho novamente na minha vida, man. Sei do seu pé atrás, entretanto, me apego mais ao que você pode ver, man. Consegue enxergar cada “eu te amo” dito e demonstrado no nosso namoro? Estamos nas nuvens eu sei que todo começo de namoro é assim. O casamento está chegando, e cada vez mais sinto o medo menor quando estou com os três, tenho mais força para enfrenta-lo.

Tive uma conversa com Anahí sobre casamento, e para o dela está ansiosa como se nunca tivesse casado, tudo será tranquilo, simples e íntimo. Ela me falou que a única coisa que eu precisava saber, sobre um casamento é a incerteza. Ela deve está certa, não? Se não estiver pelo menos isso se aplica a minha relação com Poncho.

E todos nossos desencontros, inúmeros, nos diziam isso, admito que nosso amor não é fácil, e desconfio de quando as coisas estão calmas assim, mesmo assim não reclamo. Mas, nosso amor é acompanhado de insegurança. E alguém me disse que tinha uma inveja branca do nosso relacionamento, por que tínhamos sorte. E fiquei pensando como essa pessoa estava errada, não temos sorte apenas lutamos e muito para está onde, estamos. Por que nosso amor persistiu, numa capacidade de metamorfose sem igual, até chegar o momento que estava tão presente que era impossível não enxerga-lo.

Man, agora tudo que queremos é conciliar nossas carreiras e amadurecer nosso amor. Obrigada por apoiar minha felicidade, que nunca foi tão verdadeira. Definitivamente ele é o homem da minha vida. Quando voltarmos, vamos passar um fim de semana aí. Estou com muita saudade de vocês e sei que você também ainda mais por que quer estragar seus netos.

Saudades!

Sua caçula,

Dulce Maria.

Inconsciente mexi com o polegar minha aliança, completamente culpada, eu tinha exagerado no meu ciúme, relendo alguns trechos da carta relembrando aquela Dulce corajosa que sabia dos desafios e mesmo assim estava disposta a lutar.

Quando eu pensei em ligar para Poncho, meu celular tocou e logo o atendi.

:- Alô, Dulce? – Como sempre a voz rouca dele me fez estremecer, como sempre meu coração bateu mais ligeiro e atualmente minha culpa ficou maior.

:- Poncho. – suspirei me deitando na cama, um suspiro de arrependimento, poderíamos, está bem agora se não fosse meu temperamento.

:- Estou ligando para avisar que estou bem, eu ligaria antes mais fui direto pro evento e quando acabou vim para casa. Só deu para ligar agora. – ele se explicou sem uma necessidade, sabia que no fundo ele estava esperando a raiva dele diminuir até sumir.

:- Tudo bem, não tem por que se desculpar. Eu também não te liguei.

:- Vocês chegaram bem? Os meninos, quando nos despedimos no aeroporto... – ele não terminou de falar esperando minha resposta.

:- Estão dormindo. Discutimos no caminho até aqui, só depois conversando eles e eu nos desculpamos.

:- Que bom que está tudo bem agora. Você não deve ficar tão nervosa, Dulce, sabe disso melhor do que eu. Você está com algum enjoo ou tontura?

:- Estou bem Poncho, não sinto nada disso. – neguei com a cabeça sem ele ver, até mesmo brigados ele se preocupando comigo.

:- Já contou aos seus pais?

:- Não. – prontamente respondi. – Só vou fazer isso quando você tiver aqui, esse é um momento nosso.

Há duas semanas descobri que estou grávida, e agora era de um filho ou filha nosso (a), querendo ou não negar era diferente, eu me sentia assim. Tanto que estava mais nervosa do que o costume.

:- Vai me desculpar se eu dizer que já contei a dona Ruth e a Oscar?

Eu ri baixo sendo acompanhado por ele, mordi os lábios eu era uma tonta por brigar com ele.

:- Só se você me desculpar por ser tonta e brigar com você por motivos ridículos.

:- Então estamos desculpados.

Somente aquela frase me trouxe um alívio enorme, até mais leve me senti, dormir brigado com alguém que amamos e ainda por cima que está longe de nós pode ser torturante, ainda mais quando esse alguém é seu marido.

:- É nessas horas que eu sinto mais sua falta. – ele voltou a falar e escutei mais um de seus suspiros do outro lado da linha, até passar a mão no cabelo agora curto, ele devia ter feito ou eu estava só imaginando. – Gosto de quando damos um tempo um do outro, quando ficamos sozinhos e podemos ter saudade, mas quando vou dormir é uma tortura. Eu sabia que hoje não dormiria se não ligasse para você, mesmo que me mandasse para o inferno.

Eu ri de novo. Não faria isso, não estava mais zangada.

:- Insuportável é dormir sem você também, sem você me apertando, me abraçando. Me fazendo carinho até quando eu durma ou você pegasse no sono. Eu estou no meu antigo quarto. – revelei abrindo um sorriso imaginando o dele.

:- Eu também, as lembranças parecem me engolir, consigo enxergar o passado se tornar presente diante dos meus olhos. – abri ainda mais meu sorriso, aventuras, muitas aventuras vivemos nos dois locais quando éramos mais novos e até mesmo agora mais velhos.

E então eu fechei o sorriso, quando olhei a minha carta para man, aberta ao meu lado da cama.

:- Sabe de uma coisa?

:- O que? – ele percebeu a mudança na minha voz.

:- Ainda hoje casados, com dois filhos e com um para chegar, - parei de falar por que sei que ele sorriu por um momento. – notei que doi te amar. Ainda hoje. – Antes que ele tirasse conclusões equivocadas continuei. – O nosso amor sempre vai ser acompanhado de dificuldade, de saudade, solidão e incerteza. E mesmo assim é um amor teimoso que não sai por nada, que se transforma para sobreviver.

:- O que você quer dizer com isso? – ele me perguntou calmo, sabia que eu tinha que desabafar.

:- Que eu me senti ameaçada por algo do passado, algo que eu não aceitei bem para falar a verdade.

:- O que?

:- O fato de termos nos afastado tanto um do outro como nunca se passou pela minha cabeça, por mais que desejasse se em 2003 ou 2009, por exemplo, me dissessem que depois de tudo que vivemos nós agiríamos como se fossemos estranhos, mesmo nos amando conseguimos nos apaixonar por outras pessoas... – comecei a ficar confusa com os meus pensamentos.

:- Já disse para você uma vez, e digo de novo, precisávamos disso. Vai contra do que eu achava certo também, quando era garoto achava que quando eu gostasse de alguma menina, nada me impediria de ficar com ela, por que se eu a amasse era porque tínhamos que ficar juntos. E eu cresci, conheci garotas, gostei de muitas, amei outras. E poderia ter ficado com qualquer uma, mas a que eu amei de verdade nem sempre estive do seu lado. Só que hoje estamos casados.

Sorri, pela declaração direta dele.

:- Pena que a garota que você casou seja tão insegura e precipitada, ás vezes.

:- Agora calmo e vendo tudo com mais clareza, não acho isso tão ruim. Eu amo ela sabe? Além do que ela atura um cara que também ás vezes é inseguro e precipitado. São feitos um para o outro e vivem tentando provar que vão, além disso.

:- Você acha que eles conseguem?

:- De certa forma.

A voz dele se calou e eu o imitei também ficando em silêncio, minha mão foi parar debaixo de minha blusa, passando pela superfície da minha barriga, e imaginei como seria ela grande, as dores e desconfortos que eu senti quando engravidei de Dominique e a emoção também, imaginei Poncho me cuidando.

:- Diz um nome? – O perguntei, ele demorou para me responder parecia pensar na pergunta repentina do que na resposta.

:- Alfonso. – respondeu me fazendo sorrir e balançar a cabeça negando.

:- Esse não vale, é o seu, me diz outro.

E escutei alguns barulhos na ligação ele parecia se mexer ou procurar algo.

:- Aberlado? – Perguntou me fazendo rir.

:- Da onde você tirou esse nome? – minha pergunta foi curiosa tanto que parei de mexer em minha barriga.

:- De um quadrinho. – agora ele riu. – Vou ler quando desligarmos quer escutar outros nomes?

:- Quero.

:- Juan, Carlos, Frederico, Andrew, Willians, Francisco, Pedro, Antônio, Albert, James, Renato, Luís, Orlando, Rodrigo... – Pausa na sequência de nomes. – Esquece esse último, dei outro sorriso involuntário pela sua implicância.

:- Consegue imaginar algum desses nomes, como o do seu filho?

:- Seguramente, não. – eu me surpreendi com a resposta, rápida.

:- Gosta de algum outro?

:- Alfonso. – E quando eu o interromperia, ele voltou a falar. – Papai. – voltei a escutá-lo se mexer na cama. – Quando eu voei hoje senti a presença dele e quando viajei para cá, antes disso no avião eu sonhei com ele, estava numa praia e ele aparecia do meu lado não falávamos nada estávamos ali tranquilos vendo o mar sentados na areia. E quando olho para ele de novo, vejo com um bebê no colo o ninando até que ele me deu, não me lembro do rosto, nada. Apenas sabia que era um bebê e papai me dizia que seria mais um presente na minha vida.

:- Nosso bebê? – eu perguntei, mas na verdade estava pensando no sonho que ele me descreveu. – Então nosso bebê vai ser um menino? E você quer colocar o nome Alfonso? – dessa vez eu perguntei.

:- Não. – dessa vez me surpreendi mais que a outra. Como assim não? – Quando segurei o bebê no colo, tive certeza que era uma menina, apesar de não me lembrar do rosto.

Uma menina? Eu também sentia isso.

:- Me diga um nome feminino então? – O incentivei.

:- Alfonso. – ele falou, mas riu logo em seguida. - Não, é brincadeira.

:- Com certeza é.

E fomos interrompidos, escutei alguém falando com ele no quarto, e enquanto ele conversava eu esperava.

:- Oscar está perdendo feio no jogo de cartas, teve que me chamar para ser seu parceiro. – ele voltou a falar comigo. – Eu vou lá jogar com ele, está valendo o almoço de amanhã.

Mordi meu lábio reprimindo alguma vontade de pedir para ele não desligar a ligação e continuar falando comigo.

:- Eu gosto de Claudia. – ele voltou a falar. Voltando no assunto dos nomes.

:- Nem pensar, detesto esse nome. – o cortei de vez.

:- Estava só falando e ainda pode ser um menino. – ele contornou, tanto eu quanto ele sabíamos e talvez esperávamos mais por uma menina. – Vou me distrair, já que não tenho você aqui para dormir comigo, porque você não termina de ler o seu livro? Talvez te distraia também.

Eu lembrei do livro do Paulo Coelho que eu estava relendo, mas da última vez que parei, não marquei a página. Seria uma boa medida para esquecer que ele estava em outra cidade.

:- Vou fazer isso. Você gosta do nome Valkíria?

:- Vou ter uma filha, não uma fada, Dulce. – falou num tom forçadamente sério que me fez rir. – Eu marquei a página por você, tenha uma boa leitura, eu amo você, e sinto sua falta e a dos meninos. – Pude escutar ele se levantando da cama e até procurando seu chinelo.

:- Eu também amo você, volta logo. – Pedi.

:- Assim que eu puder.

Mesmo depois de nos despedimos para ele ir para seu jogo de cartas, eu fiquei com meu celular na orelha relembrando o começo da conversa de como eu me sentia e agora, era alguns dos efeitos que ele causava em mim.

Peguei a carta do meu lado e a dobrei novamente, me levantei para guardar meu celular e pegar meu livro na minha bolsa, o encontrei e voltei para minha cama, já me acomodando para dormir depois que lesse.

Abri o livro e fui à procura da página da onde eu havia parado, e Poncho realmente tinha marcado, era onde eu parei, porém não foi por isso que eu abri um sorriso surpreso. Tirei com cuidado o bilhete e a rosa.

Eu achava rosa uma flor óbvia e comum. Era o certo para agradar a todos, era linda claro, mas como todo mundo gostava eu queria ser do contra e passei a gostar mais de Girassóis os adorava e me lembravam do sol, vivazes. Era minha flor favorita, mas quando vi aquele presente de Poncho ali, amassada. E mesmo assim linda, não resisti.

Girassol e rosa estavam no mesmo pódio da minha preferência, o perfume estava forte e marcado nas páginas do livro e na flor também comprovei ao cheirá-la. E olhei o bilhete com a letra de Poncho amarrado com uma linha na flor.

“Hoje não é um dia especial, nem nada, mas apenas quero te presentear o que acha de Rosa?”

Pensei no nome e olhei a flor.

Sorri sentindo algo estranho, o que acha de Rosa, repeti mentalmente seria um lindo nome, pensei logo em seguida, me sentindo estranha e decidida. Talvez fosse um sinal de aprovação, as reações estranhas do meu corpo.

Se Poncho me presenteou por nada em particular era bobagem reconheci a flor que ele me deu quando jantamos fora há algum tempo mesmo antes de saber que estava grávida, ele deu a melhor sugestão de nome para nossa filha.

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