Believe In Us escrita por Raposinha Marota


Capítulo 1
Wish


Notas iniciais do capítulo

Continuação de Goodbye My Friend

Obs¹: Terceira e última da trilogia!
Obs²: Repetição de "Jack" foi proposital!



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Os ventos gélidos carregavam Jack do mesmo modo que sempre faziam, mas algo parecia diferente naquele dia. Jack expressava ansiedade, tristeza e um pouco de revolta. Os ventos expressavam muito bem isso, com sua força e velocidade. Jack encarava o pequeno bilhete que recebera há alguns meses de Aeris e sentia muita vontade de vê-la, porém tinha medo.... Medo? Jack ainda não sabia explicar nem para si próprio. Jack estava absorto com isso, confuso e ainda assim, morrendo de culpa por hesitar em vê-la. O que poderia estar acontecendo para sentir-se tão inseguro? Perdido em suas dúvidas e questões irrespondíveis naquele momento, Jack demorou a perceber que o pequeno pedaço de papel escapara de suas mãos. Ao notar a falta, Jack desesperou-se como nunca havia ficado antes. Voou pelos ares, na esperança de encontra-lo. A ventania era violenta naquele ponto, já que a raiva de Jack era grande. Por isso, pouco Jack conseguia controla-lo e menos conseguia ver. Era questão de tempo até perder o bilhete para sempre e Jack, em uma explosão de sentimentos intensos, cessou a tempestade, que se formara ao seu próprio estado emocional. Mais que aflito, Jack buscou novamente o papel e após incontáveis horas, encontrou-se em um abismo mais gélido que seu próprio poder. Jack tinha o coração imerso na dor e respiração curta e rala. A tristeza o consumia e mais do que nunca estava assombrado com todos aqueles acontecimentos. Por que se deixara levar por um pedaço de papel comum? Por que Jack se sentia tão vazio?

Não seria ali que teria respostas. Jack sabia que a única que poderia responder-lhe era a própria garota.

Enfrentando seus medos e dúvidas, Jack ordenou aos ventos que o levassem para o norte, na sede dos Guardiões, imediatamente. Se alguém podia ajudar Jack a encontra-la, esse seria Norte. Os ventos lhe obedeceram e logo Jack se encontrava em frente à casa do amigo. Jack fora logo entrando, ignorando gnomos e trolls a fabricarem os brinquedos de Natal. Norte parecia não estar em casa e Jack mordeu o lábio inferior, tenso. Jack pensou em todos os lugares que o velho amigo poderia estar e não percebeu que Norte estava sim ali, mas concentrado em analisar globos de cristal em uma área pouco visível. Quando o dono da casa notara Jack em seu salão, deixou o que fazia e foi recebe-lo. Jack assustou-se, porém aliviado por Norte estar ali.

- Jack Frost! - o anfitrião abriu os braços e abraçou Jack de modo esmagador. - É bom vê-lo, rapaz. O que traz à sede e minha casa?

- Preciso de ajuda, Norte. - Jack respondeu de imediato, pegando o amigo de surpresa.

- Claro. Do que precisa?

- Um endereço.

- "Endereço"? - o mais velho não entendia a situação.

- Eu conheci uma garota há meses atrás e nos tornamos amigos.

- Ah! Isso é muito bom. - Norte sorriu em um tom mais calmo e leve. Desde que Jamie deixara de ver Jack, o mesmo havia se afastado novamente de todos que o conheciam e parecia infeliz. Norte ficou preocupado com Jack, mas aquela notícia mudava tudo. - Qual o nome da criança?

- Bem... - Jack sorriu travessamente. - Ela não é uma criança.

- Um adulto? - o anfitrião ficou surpreso.

- É... Eu a conheci nos Estados Unidos e ela me ajudou muito com meus problemas internos. Ela não era nativa do local, então, quando fora embora há dois meses, ela me entregara seu endereço. Eu o tinha até agora a pouco, mas o perdi e preciso dele para encontra-la.

- Oh, Jack. - Norte suspirou desanimado. - Não conheço muitos adultos que não perderam a capacidade de nos verem. E seus nomes estão distantes de serem lembrados tão facilmente... Talvez eu não me lembre apenas pelo nome também.

- Por favor, Norte. Estou contando com você. - Jack mantinha a esperança e transmitiu isso muito bem.

- Vou tentar, Jack. Agora, conte-me o que sabe.

- Ela tinha vinte anos quando a conheci... Talvez tenha vinte e um, por agora. O nome dela é Aeris.

- "Aeris"... - Norte pareceu interessado. - Eu me lembro desse nome... hum... Minha memória já não é mais a mesma. Tem mais alguma pista?

Jack tentou se lembrar de mais alguma coisa que pudesse ajuda-lo e após um tempo, a imagem do rosto da jovem lhe veio em mente. A pele clara, rosto fino e olhos maravilhosos... Olhos que nunca vira igual. A direita, o belo verde intenso da pastagem rastejante; A esquerda, o encantador azul claro do céu.

- Seus olhos são diferentes... - Jack deixou um pequeno e gentil sorriso escapar ao se lembrar daqueles olhos. - Um é verde como as folhas das árvores e o outro é azul como o céu.

- Ah! Aeris! Claro! - Norte empolgou-se com um enorme sorriso no rosto e assustando a Jack. - Sim, sim. Lembro-me perfeitamente agora. Uma garota especial. Não é surpresa imaginar que ela não nos esqueceu. Uma criatura sapeca e curiosa por natureza...

- Então sabe onde ela está? - Jack estava animado e Norte notou isso, fazendo-o ficar receoso.

- Se ela não se mudou desde aquela época... Você sabe que onde ela mora... bem... Não há neve, não é?

- Ela me disse que morava em um país tropical.

- Certo... eu posso levar você até lá...

- Obrigado, Norte.

- Mas com uma condição. - Jack estava tão feliz que não havia notado a seriedade de Norte, mas naquele momento pouco importava.

- Tudo bem. E qual é?

- Prometa-me que não fará nada para se machucar ou machuca-la.

Jack o olhou confuso e não fora para o espanto de Norte. Jack viu a seriedade do amigo e sentiu que este sabia de algo e que dizia respeito a relação entre Jack e Aeris. Norte sabia melhor do que ninguém o que aconteceria a seguir e isso o assustava. O mais velho temia que Jack se perdesse no final. Norte contornou a situação e esboçou o mesmo sorriso de antes, ainda que Jack estava curioso para entender o que o amigo queria dizer em sua frase e o quanto ele sabia de algo que nem o próprio Jack sabia. Norte agarrou uma de suas bolas de cristal e escolheu o destino. Ele a jogou e um portal se abriu.

- Essa é a cidade natal de Aeris. - explicou Norte. - Ela morava em uma casa no centro, em uma rua pouco movimentada.... Era um sobrado pequeno.

- Obrigado de novo, Norte. - Jack sorriu e pulou no portal, que se fechou logo em seguida.

Norte sorriu melancólico, pedindo em silêncio que tudo aquilo não fosse amor.

Jack notou a diferença de temperatura. O clima era quente e chegava a sufocar Jack. Era noite e notava-se que a cidade não era muito grande. As luzes amarelas dos postes faziam um cordão de luz que trançava ruas e casas. Jack, então, começou sua busca. Jack voou pelos céus estrelados e via todas as casas que fossem sobrados e pequenas. Jack perdia muito tempo e já tentava se convencer, relutante, que ela já não morava mais ali. Isso entristeceu Jack e também iniciava novamente aquele sentimento de desespero. Jack se incomodou com isso e mais do que nunca queria entender seus próprios sentimentos conturbados. Foi então, que após muito tempo, ele se deparou a encarar uma casa solitária em uma das ruas do centro da cidade. Era um pequeno sobrado, afastada das demais casas por terrenos vazios. Jack interessou-se pela propriedade e curiosamente aproximou-se sem mais delongas.

Jack avistou uma janela aberta e a medida que se aproximava, um murmuro melancólico era escutado. Silenciosamente, Jack foi até a janela e adentrou o cômodo, vendo uma jovem sentada ao chão e escondendo seu rosto nos lençóis da cama, chorando incansavelmente. Jack sentiu o coração apertado e o corpo pesado apenas de ver aquela cena.

- Aeris? - Jack perguntou preocupado. Se ela fosse quem buscava, o que Jack faria?

- Jack? - a jovem voltou seu rosto em direção a voz, revelando um rosto molhado e uma tristeza sem fim. - Desculpa... - Ela tentou enxugar as lágrimas, porém o choro era mais forte. - Acho que não estou em condições em te ajudar... - ela soluçou e isso fora como uma facada para Jack.

Jack se sentia novamente naquele maldito lago... Afogando-se em águas escuras e tão gélidas quanto seus poderes. E Jack não suportava esse sentimento.

- Se precisa chorar, chore... - Jack pegou o cobertor sobre os pés da cama, cobrindo a garota e, ajoelhando-se perante a mesma, abraçou- a com força, confortando-a e tentando transmitir seu total consentimento. - Eu estou aqui.

A jovem não se segurou mais e voltou a chorar no ombro de Jack. Ela agarrou-se ao casaco azul, tentando dizer para si mesma que ela não estava mais só. Jack continuou ali, prensando-a contra seu corpo e segurando-se para não perguntar o motivo daquela atitude. Jack se sentia sem rumo, confuso e aterrorizado. A situação o deixava vulnerável a tudo, principalmente com relação a garota.

Aeris se acalmava aos poucos. Jack ousou em afrouxar o abraço e acariciar o rosto da garota, enrolada ao cobertor. Jack se sentiu mais feliz e curiosamente gostara de seu feito. Seu coração batia mais forte, trazendo um calor aconchegante no peito. Jack podia passar o resto de sua vida ali que já estava mais que satisfeito e rapidamente se assustou com tal pensamento.

O que era aquele sentimento?

- Você é gelado. - Comentou a jovem ainda encostada entre o pescoço e o ombro de Jack. - Obrigada.

- Desculpa. É um dos problemas de ser o espírito do inverno. - Jack recolheu sua mão, mas a jovem a tomou, colocando-a entre os seios e o pescoço. - Aeris? - Jack sentiu o rosto queimar.

- É bom... - ela sorriu inocentemente enquanto uma lágrima solitária transbordava de um de seus olhos heterocromáticos. - Eu sinto falta dele...

- O que houve? - Jack perguntou cautelosamente, com medo de machuca-la.

- Meu pai... - ela começou antes de apertar a mão de Jack sobre seu corpo. - Meu pai morreu.

Jack perdeu a capacidade da fala e apenas voltou a abraça-la com força. Aeris se sentiu melhor daquele jeito e deixou que lágrimas silenciosas caíssem de seus olhos. Jack, gentilmente, limpou o rosto da jovem e por algum motivo não conseguiu desviar seu olhar daqueles olhos. Aeris corou ao sentir aquele olhar profundo e desviou rapidamente seu rosto. Jack fez o mesmo logo em seguida e se levantou para não ficar tão próximo da garota.

- B-bom... Sente-se melhor? - gaguejou Jack, sem graça.

- Sim. - a jovem se levantou e se sentou na cama. - É bom vê-lo novamente.

- Eu queria ajuda...

- Isso não é novidade. - ela riu timidamente.

- Mas o motivo real de eu estar aqui era porque eu queria te ver.

O silêncio entre eles se estabeleceu e a jovem abaixou a face para esconder o rubro da mesma.

- Jack... Qual é sua dúvida? - a garota perguntou hesitante.

Jack sentiu que finalmente entendera o que acontecia consigo. Jack tinha medo, mas queria ter prova disso.

- Eu queria saber se eu podia te beijar.

Aeris ficou vermelha e nervosa. A princípio, nada disse e apenas tentou se acalmar. Isso não acontecera e por fim, ela tomou uma decisão.

- Pode... - sua voz quase sumiu ao dizer, mas Jack ouvira muito bem.

Ambos estavam nervosos. Jack aproximava-se hesitante. A cada passo, o nervosismo de ambos aumentava. Jack tocou o rosto de Aeris e esta assustou-se. Seus olhos se encontraram e o azul gélido de Jack desorientou a jovem, assim como o verde e o azul fizeram com Jack.

- Jack... - tentou chamar a jovem antes de ser tomada por um beijo leve e carinhoso.

Não houve profundidade. Jack e Aeris mantinham apenas o contato entre os lábios sutilmente. Ao se separarem, Jack sorriu e abraçou a jovem com todas as suas forças.

- Aeris... Eu te amo.

- Isso é permitido? - a jovem riu graciosamente. - Você é imortal... - e logo ela ficou triste. - E eu sou mortal.

Jack não teve coragem de dizer nada. Era isso que Norte queria dizer. Jack não poderia estar com ela para sempre... e suas vidas eram diferentes. Aeris sentiu a tensão de Jack e afagou os fios prateados de Jack.

- Então, não podemos ficar juntos?

- Jack...

- Eu vou te perder um dia... - Jack falava, segurando sua raiva. - Talvez próximo, talvez distante. Mas eu quero aproveitar o que tenho agora. Eu vou me machucar, eu sei... e talvez eu te machuque... Aeris... Eu passei esses últimos meses pensando em você. Eu não vou ter coragem de ver você partir.

- Jack... - a jovem abraçou Jack e sorriu docemente. - Perdoe-me.

- Pelo que?

- Se eu não te amasse, talvez seria mais fácil para nós dois... - ela forçou que Jack a encara-se. - Perdoe-me por te amar também.

Aeris o beijou e uniu suas testas.

- Dói... - Jack confessou.

- Eu sei. - Aeris disse tristemente.

- Aeris! - uma voz abafada gritou o nome da jovem. - Vamos Jantar!

- É a minha mãe. - explicou a jovem antes de se levantar

- Aeris... posso te visitar todas as noites?

- Claro... - Jack sorriu docemente, atrevendo-se em beija-la mais profundamente, brincando tanto com a boca quanto a língua da garota. Era realmente estranho a facilidade com que Jack lidava com aquele novo tipo de relacionamento. - Eu te amo.

- Desculpa por ser egoísta.

- Desculpa por querer o mesmo.

Jack sorriu e foi para a janela. Antes de partir, encarou-a mais uma vez.

- Não chore mais sozinha.

- Até amanhã, Jack Frost. - ela sorriu.

Jack sentiu-se satisfeito e voou pelos ares. Olhando o mar de estrelas cintilantes no vasto céu negro, Jack fora diminuindo sua velocidade até parar totalmente em uma clara expressão de tristeza e solidão. A lua alta e enorme brilhava belamente, naquela noite. Jack implorou ao Homem da Lua que aquele amor pudesse dar certo... Podia ser errado... Podia ser impossível... Mas com todos aqueles fatos, Jack e Aeris sabiam que a distância entre um e outro não os impediriam de prolongar o sofrimento e até mesmo de batalhar por um amor sem futuro. "Sim", pensou Jack em profundo desgosto e tristeza, "Um desejo sem princípios cabíveis e obviamente impossível". Jack desviou seu olhar desmotivado e, inconscientemente, tocou os lábios de jeito sonhador. Para Jack já não importava. Mesmo que passasse o resto dos tempos com a imagem de Aeris e sabendo que nunca poderiam ficar realmente juntos, Jack nunca desistiria de ama-la... e muito mesmo conseguiria esquece-la.


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Notas finais do capítulo

Caros leitores de todas as idades. Gostaria que, humildemente, deixassem uma palavra a esta escritora que aqui vos escreve.

Obs¹: Terceira e última da trilogia!
Obs²: Muito bem, meus caros leitores. Sinto-me extremamente mal por ter deixado-os esperando por tanto tempo... Dois anos aliás, mas não fora fácil encontrar um enredo digno para a ÚLTIMA estória da série. Sim! Pretendo deixar o conjunto uma trilogia. Perdoem-me se a estória não fora para agrado de todos, porém dei o meu melhor para cria-la. Agradeço a todos pelo carinho e atenção em todas as estórias anteriores.
Espero que tenha gostado

Obrigada pela atenção!
=^w^=