Una Canción escrita por Sarah Colins, Manu Dantas


Capítulo 24
Capítulo 23 - Permitindo-se


Notas iniciais do capítulo

Preparem-se para um capítulo com muito, mas muito amor! A chama Vondy foi acesa, pegou fogo, incendiou o quarto de hotel e agora ninguém segura mais! hahaha

Aproveitem!



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Ponto de vista do Ucker

Um raio de luz entrava por entre as frestas da cortina iluminando o quarto e criando mosaicos de luz pelo chão. Christopher abriu os olhos devagar, passando a mão no rosto e tentando avaliar mentalmente quais eram seriam as tarefas do dia e se teria tempo para mais um cochilo. Esticou-se na cama, sem pressa, curtindo a típica preguiça matinal. O ar condicionado deixava o ambiente em uma temperatura agradável e a cama fazia um convite tentador.

Foi aí ele que percebeu uma mancha ruiva no lençol a sua frente. Ucker estendeu o braço e sentiu o corpo por debaixo do tecido. Com delicadeza, foi correndo os dedos pelas curvas da mulher deitada perto dele, sentindo o calor da sua pele e repassando os momentos da noite anterior com um sorriso bobo no rosto. Ainda era difícil acreditar que a Maria veio bater na sua porta e que, finalmente, eles pareciam ter permitido que o coração falasse mais alto. O rapaz já não aguentava mais lutar contra os próprios sentimentos. Naquela manhã, o mundo parecia mundo mais colorido e leve. Era como, se de repente, todas as peças se encaixassem, como se o vazio que sentia finalmente houvesse chegado ao fim.

Claro que aquilo tudo era clichê, mas e daí? O amor não era isso: algo completamente clichê e que não funciona se não houver entrega total?

Christopher se aproximou, aconchegando-se contra o corpo de Dulce. Após tantos obstáculos superados, ele não se contentava mais com pouco. Além de tocar, ele desejava sentir o cheiro, o calor... queria a sensação de ter Dulce por completo, inteira. De corpo, coração e alma.

Com o movimento, a ruiva acordou. Lentamente, virou-se ficando de frente para o cantor. Seus olhos ainda estavam semicerrados, os cabelos um pouco bagunçados, a pele sem maquiagem. Ucker não conseguia lembrar-se de quando fora a última vez que viu Maria daquela maneira: tão frágil, exposta, parecendo uma boneca de porcelana. Era estranho ver a amada sem sua armadura de make, figurino, empresário e assessores. Ali ela era apenas ela, com todas suas dúvidas e medo, e Christopher sentiu-se feliz por poder partilhar desse momento de “transparência”, de ser capaz de enxergar além do que se costuma ver.

Ela fixou o olhar no dele e permaneceram assim por alguns minutos. Ele tinha medo de quebrar o silêncio, ou o contato visual, e romper junto todo o encanto do momento. Naquele instante, os olhos dela eram como espelhos. Eles refletiram os medos, dúvidas e as incertezas que passavam pela cabeça da ruiva. Ucker quase conseguia ouvir a mente dela considerando os prós e contras da noite passada.

Ao longe, era possível ouvir a vida correndo: pessoas se movimentando nos corredores do hotel, os carros passando pela rua... Mas para ele, foi como se até mesmo o ar estivesse parado. A vontade de Ucker era pegar toda a magia e sintonia presentes ali e ser capaz de transformá-la em palavras, para que assim pudesse acalmar os sentimentos de Dulce e fazer com que ela ficasse ao seu lado. Mas as palavras não eram suficientes, os gestos lhe faltavam e o coração batia tão forte dentro do peito que ele não conseguia nem ouvir seus próprios pensamentos.

Então Dulce piscou os olhos, confusa e com um movimento meio desajeitado por causa do pé machucado, levantou da cama.

“E lá se vai a grande chance”, Ucker balançou a cabeça, enfim voltando à realidade. Mas pelo jeito, ele demorou muito tempo para voltar a si, ou a situação de uma hora para outra ficou muito confusa. Como que um há minuto os dois pareciam estar flutuando em uma nuvem cor de rosa com corações voando ao redor e agora Maria recolhia as roupas do chão, apressada, como se quisesse fugir dali o mais rápido possível? Qual parte da história ele perdera?

– Dulce... – ele tentou chamar, sentando-se na cama, ao mesmo tempo que procurava algo para vestir. Afinal de contas, se iria rolar uma conversa mais séria, ele precisava ter o mínimo de dignidade para encarar a situação.

– Ucker, eu... – ela parou de procurar pela blusa e olhou na sua direção – ... adorei a noite – pausa para voltar a procurar a peça. Quando encontrou, tirou do chão e ficou remexendo-a nas mãos, como se estivesse pensando no que ia falar – e...obrigada por esse momento maravilhoso!

Assim que conseguiu de terminar a frase, a ruiva mancou na direção do banheiro, como se estivesse tentando se esconder. De onde estava, Ucker conseguia ouvir o som da água saindo da torneira da pia. Ela provavelmente estava lavando o rosto, arrumando o cabelo, tentando ficar com uma aparência mais aceitável.

Ele mesmo correu os dedos pelos fios para ajeitá-los e terminou de se vestir. E agora? Como voltar para a nuvem rosa de amor e magia?

“Pense Ucker, pense!”

Quando voltou, Maria estava com os cabelos presos em um coque, vestida (tudo bem que a blusa estava amassada, mas não dava para cobrar muito de um look amanhecido), com a bota ortopédica e cara de “não sei o que fazer”.

– Christopher, então é melhor eu ir indo, né? – ela disse depois de respirar fundo – Eu adorei a noite, eu... gosto de ficar com você... mas tem a banda, e tem... o nosso passado... É muita coisa, é muita bagunça, há muitos “muito”, entende? Por isso acho melhor a gente ir devagar – sua voz soava baixa, como a de uma criança assustada.

Silêncio. Mas não um silêncio de ausência de som, mas sim daquele tipo que grita, que quase dói, do tipo que dá para sentir no ar o peso das palavras não ditas.

– Então é isso... eu vou indo... – Maria se dirigiu até a porta.

– Não, espera! – finalmente Ucker tomou uma atitude e correu até saída, bloqueando a passagem – Dulce, só me fala uma coisa: por que você veio até aqui?

– Porque eu queria saber como você estava. Fui grossa e quis pedir desculpas. Já te expliquei isso – ela respondeu, parecendo impaciente.

– E por que você quis pedir desculpas? O que muda na sua vida ser grossa ou não comigo? – ele insistiu, dessa vez com mais firmeza na voz. Uma ideia começava a surgir na sua cabeça e ele estava seguindo esses insights mesmo sem saber se funcionariam ou não. Aquela era a cartada final, então era tudo ou nada. Era dobrar a aposta ou assumir a derrota, e Ucker não queria perder o jogo.

– Porque não foi essa a educação que recebi, Christopher. Aprendi que quando magoamos as pessoas, devemos nos desculpar. E foi isso que fiz – ela retrucou, cruzando os braços na frente do corpo.

– E tudo o que você me disse ontem? Que nem se eu quisesse iria ficar longe de você novamente? Não era verdade? Será que a razão de você ter vindo até aqui não é que você se importa comigo? Com a gente?

Dessa vez Ucker conseguiu pegar Maria desprevenida. Ela o encarou, assustada e depois desviou o olhar, sem jeito – Claro que era verdade e claro que eu me importo – confessou em um sussurro – mas é como disse, é complicado... Eu sei o que quero, mas não sei se você sabe o que quer. Tem muita coisa nessa história...

– O lance dos muitos “muito”? Medo dos meus erros no passado, as restrições do Pedro, o assédio dos fãs... – ele perguntou, divertindo-se com a questão.

– É... – Maria confirmou com um sorriso fraco nos lábios.

– E ontem não foi muito? Muito bom, muito legal porque a gente se acertou, porque deixamos nossas diferenças de lado e realmente permitir que os nossos “muitos” se entendam?

– Foi, foi uma noite maravilhosa – ela sorriu com uma expressão de carinho - Mas eu não entendi, o que você quis dizer com esses “muitos que se entendem”? – a ruiva fez cara de dúvida.

– Esse muito é o que eu sinto por você. Muito amor, muita admiração, carinho, respeito, vontade de estar junto, de mexer no seu cabelo, de sentir o seu cheiro, de tocar a sua pele, de te abraçar e falar que tudo vai ficar bem, de te fazer rir... enfim, de estar ao seu lado, de ser seu namorado, amigo, companheiro, de ser seu... – as palavras foram fluindo, sem tempo para que Ucker pensasse em vírgulas, pontos ou reticências que pudessem corrigi-lo.

Dulce parecia paralisada. Ela encarava Christopher com os olhos fixos nele, a boca entreaberta, a respiração acelerada. O próprio Ucker não estava muito diferente: as mãos suavam e ele poderia jurar que estava com um tique no olho.

– Sabe por que deu certo ontem, Dul? Porque a gente se permitiu, e o amor é isso: é permitir-se. É se jogar sabendo que o outro vai estar lá do outro lado para te segurar – finalmente conseguiu colocar para fora o que estava querendo falar desde que acordaram. Mas era exatamente isso: para ter tudo de Dulce, ele precisava dar tudo de si para ela. Ele próprio precisava ser um espelho, para que ela pudesse enxergar através dele e conseguir ver seu coração.

Por um instante, nada aconteceu. Mas no momento seguinte, ela pulou nos braços de Ucker e lhe deu um beijo apaixonado. – Eu me permito, Chris. Me permito te amar com todos os muitos que existe dentro de mim – ela sussurrou em seu ouvido.

Apenas essas palavras bastaram. Christopher a carregou até a cama, distribuindo beijos pelo seu rosto e pescoço, a felicidade transbordando pelo seu sorriso.

– Então esse é o resultado de se permitir? Em troca eu recebo todo o carinho do mundo do homem que eu mais amo na vida? – Dulce perguntou enquanto Christopher a despia com calma, distribuindo carícias pelo seu corpo.

– O homem que eu mais amo na vida? – ele repetiu, olhando para ela, sério.

Dulce riu, sem jeito, depois se apoiou nos cotovelos para ficar mais próximo dele – Sério que você não percebeu ainda?

Dessa vez, foi ele quem a beijou subitamente com muita intensidade – Sou muito burro por não ter percebido isso ainda. Mas pode ter certeza que farei por merecer o título – ele completou com um sorriso malicioso no rosto.

Então, ele voltou a beijá-la e os dois se amaram novamente, sem pressa, como se nada mais existisse além daquele quarto.

– Estou adorando esse lance de se permitir... – Ucker disse abraçando a ruiva – acho que posso ficar assim para sempre...

– É, mas tem algo que precisamos fazer se realmente vamos ficar juntos...

– Se? – Ucker interrompeu Maria – Nós vamos ficar juntos, cariño.

Ela riu da correção antes de continuar – Sim, você está certo. Já que vamos ficar juntos, precisamos saber o que o Pedro acha da ideia. Afinal, da última vez não tínhamos permissão para namorar.

Ucker respirou fundo. Aquele seria o primeiro desafio do casal. Se o produtor não aceitasse o relacionamento dos dois, a situação ficaria complicada. Mas independente do que viesse pela frente, ele não iria desistir da sua ruiva.

– Então, mãos à obra. Vamos pedir a benção a Pedro Damián.

Ponto de vista de Dulce

Dulce María já estava começando a se arrepender de ter sugerido a Christopher que eles deveriam contar a Pedro Damián sobre o que estava acontecendo entre eles. Tudo por causa da expressão no rosto do produtor. Era difícil de decifrar exatamente o que ela queria dizer, mas uma coisa era certa: tinha muita surpresa e nenhuma alegria ali. Dul tinha confiado que o instinto protetor de Pedro falaria mais alto e principalmente seu afeto pelos dois. Sabia que não seria fácil, mas ela realmente acreditou que ele os apoiaria naquela decisão. Agora, no entanto, vendo a reação dele depois de terem dado a notícia, Dulce já não estava mais tão confiante.

Começou a lembrar de toda a dor de cabeça que ela e Ucker tinham dado a Damián desde que o RBD voltou. Antes mesmo de ele anunciar o reencontro e a nova turnê os dois já tinham aprontado várias. Desde ela dando a louca e pedindo para não ficar perto dele, na época pensando em preservar seu noivado, até serem flagrados por paparazzis juntos na praia. E depois que a divulgação e os shows começaram as coisas não ficaram melhores. Pelo contrário, a dupla continuava dando o que falar. E mesmo naquele momento, em que tecnicamente as coisas estavam mais tranquilas, ainda se especulava muito na mídia sobre o que estaria acontecendo entre os dois. Se estariam juntos de novo, se não estavam mais se falando. Até sobre o fim do noivado de Dulce, e sobre seu rápido encontro com Diego Boneta já haviam descoberto. Sua imagem não era das melhores ultimamente, mas ela não estava ligando pra isso. Infelizmente Pedro parecia ligar. E muito.

– Diga alguma coisa, por Diós! - insistiu Chris, se exaltando um pouco com o suspense do produtor.

– Chavos, não tem muito o que eu possa dizer. Isso realmente não é nada bom para a banda. Não cabe a mim julgar sua decisão, mas sinceramente acho que vocês já deram trabalho demais para nós... - ele tinha uma expressão fechada.

– Mas Pedro... - murmurou Dulce muito ressentida.

– Não Dul, espere eu terminar – interrompeu Pedro ainda em sua expressão série e concentrada – Eu posso aturar muita coisa de vocês. Posso contornar vexames públicos, posso interferir para abafar boatos, posso até mesmo mudar a rotina da banda por causa das suas exigências e colocar em risco a reputação de todos. Mas não posso de forma alguma admitir que continuem a fazer outra coisa que não seja ficarem juntos e serem muito felizes. Porque eu não passei todos esses maus bocados nos últimos meses para que vocês terminassem separados e destroçados.

Houve um momento de incredulidade em que Dulce e Chris se entreolharam confusos. Mas no instante seguinte eles estavam rindo, acompanhados do produtor que, astutamente, tinha dado um belo susto no casal.

– Isso quer dizer que você nos apoia? - perguntou Dul, só para confirmar.

– Mas é claro que sim, como não iria apoiar? Acho até que já estavam demorando demais para se acertarem – afirmou Damián deixando o disfarce de lado e sorrindo para eles – Sabem que os quero como se fossem meus filhos, e vê-los felizes só pode me deixar feliz. Há muito tempo que eu sei que foram feitos um para o outro. Não precisam da minha benção, é claro, mas vocês a tem!

– Muito obrigado, Pedro – agradeceu Ucker sorrindo e apertando a mão da ruiva que não tinha soltado da sua desde que eles chegaram – Não sabe como fico aliviado em saber disso!

– Ok, chicos, estou muito feliz por vocês, de verdade. Entretanto como produtor do RBD me sinto no direito de fazer algumas observações – acrescentou Pedro voltando a deixar María tensa – Imagino que já saibam disso, mas não custa nada frisar. Devem cuidar disso que tem, e isso significa não se expor sem necessidade. Não estou ditando regras sobre como devem lidar com sua vida pública, é mais um conselho. Penso que devem ir devagar e pensar com calma em como vão contar isso aos fãs e principalmente à imprensa. E enquanto não resolvem essa situação, serem muito cautelosos para que a informação não vaze.

– Não se preocupe, Pedro – respondeu Dulce – Pretendemos fazer a coisas da melhor forma para que ninguém saia prejudicado.

– Sim, esse é um ponto importante – continuou o sábio produtor – Afinal, vocês entendem que Vondy é muito querido pelo público e tem uma influência enorme na banda. Qualquer mal entendido ou qualquer problema pode fazer com que esse tema seja explorado de forma errada, o que interfere na imagem de todo o grupo. Nós estaremos com vocês, sempre, haja o que houver. Mas vamos fazer o máximo possível para evitar esses constrangimentos.

– Combinado! - disseram os dois ao mesmo tempo olhando para Pedro e depois se entreolhando.

Quando o casal voltou para o quarto de Christopher, pareciam até mais leves depois de terem contado tudo ao produtor e terem conseguido seu aval. Dul sentia que ia explodir de felicidade e quase se esqueceu dos compromissos do grupo para aquela tarde. Tudo por causa dos braços de Christopher em volta de seu corpo e de sua boca na dela, que não a deixavam raciocinar direito. Só se tocaram que tinham que se arrumar para sair quando o assessor de Chris veio bater na porta do quarto. Eles levaram um susto tão grande que levantaram da cama em um pulo. Por um momento Dulce ficou desesperada sem saber o que fazer. Santos não podia vê-la. Ninguém podia saber ainda que eles estavam juntos. Mal voltaram e já estavam dando uma gafe, não podia ser!

Mas logo Ucker a acalmou e disse que pretendia contar tudo ao produtor. Afinal ele seria um aliado para ajudá-los a encobrir o romance dos dois. Então, quando eles abriram a porta e Santos fez cara de assutado por ver Dulce ali, eles contaram tudo o que estava acontecendo para o rapaz. Felizmente o assessor pareceu não achar a notícia tão ruim. Claro que não ficou empolgado como Pedro, afinal sabia que isso poderia dar problema para ele, mas não demonstrou muita preocupação, pelo menos não na frente deles...

Em seguida María voltou para ser quarto, não antes, é claro, de se despedir de seu... namorado? Bom ela não sabia ainda o que Christopher era seu, mas o fato é que ele era seu de novo e só isso importava.

Só de se afastar dele por alguns minutos já sentia algo estranho dentro de si. Uma saudade e uma vontade de estar com ele que eram maiores do que ela. Tentou esconder de seus assessores, principalmente de Iliana, a sua inquietação. Mas no final acabou contando a amiga o que acontecera na noite anterior, até mesmo que já haviam informado tudo a Pedro. Ela ficou chocada, é claro, e disse que não esperava que aquilo fosse acontecer, não depois da forma como eles haviam se tratado durante a festa. Dul concordou que nem ela mesmo poderia ter previsto que exatamente naquele momento é que as coisas iriam se resolver entre os dois. Mas de qualquer forma não podia estar mais feliz. Como já esperava, a assessora ficou satisfeita em saber e mostrou total apoio.

Dulce María se arrumou muito mais rápido do que o normal para sair, o que deixou o pessoal de sua equipe desconfiado, e Iliana com um sorriso debochado. María os ignorou enquanto pegavam o elevador para o lobby. Imaginou que seria a primeira a chegar lá da banda, mas quando chegou viu que havia alguém mais ansioso do que ela por aquele encontro. Christopher havia trocado de roupa, tomado banho e estava com seu clássico óculos de sol aviador. Tinha gel no cabelo e o usava em um estilo bagunçado que Dul simplesmente adorava. Não segurou o suspiro que chegou aos lábios ao admirá-lo. Nem ficou constrangida por sentir suas bochechas esquentarem ao vê-lo sorrindo para ela. Houve um momento de dúvida em seguida no qual ela não sabia se era prudente chegar perto dele, ou abraçá-lo, ou segurar sua mão. Lembrou-se do conselho de Pedro e decidiu não fazer nada daquilo. Apenas parou a alguns metros do garoto e deu uma piscada pra ele. Como Chris continuou sorrindo e não veio até ela, Dulce soube que ele tinha entendido sua cautela.

Em seguida os outros integrantes do RBD foram chegando, e María se sentiu mais segura para se aproximar de Christopher. Todos começaram a conversar entre si enquanto não vinha ninguém da produção avisar que a van já havia chegado. Ela prestava atenção ao que falavam, mas não o suficiente para opinar, então basicamente ficou concordando com a cabeça e e dizendo “é” e “ahan”. A maior parte de sua mente estava concentrada no homem ao seu lado, que já havia deliberadamente esbarrado a mão duas vezes na sua. Aquilo a deixava louca e feliz ao mesmo tempo. Sua vontade era de passar seus braços em volta dele e apoiar a cabeça em seu peito enquanto esperavam. Mas não podia fazer isso. Precisavam de tempo para contar aos amigos. E o hall de entrada do hotel não era o local mais privado do mundo. Deviam haver paparazzis a espreita, senão lá dentro, do lado de fora.

Quando foram chamá-los e eles saíram do hotel em direção a van, Chris veio atrás dela e segurou sua mão. Foi um movimento muito discreto e ninguém pareceu perceber a princípio. Mas mesmo assim Dul ficou apreensiva. Haviam muitos fãs e alguns fotógrafos da imprensa na porta. Eles estavam longe e cercados por uma barreira de seguranças, mas isso não fez a ruiva ficar mais tranquila. Depois que entraram no carro ela relaxou um pouco e só percebeu que continuava segurando a mão de Ucker quando os 4 outros integrantes da banda começaram a zombar deles.

– Uiii que bonitinho os dois de mãos dadas! - foi Christian que começou. Claro, sempre ele com suas palhaçadas. Mas Dulce não estava achando a menor graça – Tão namorando! Tão namorando!

– Callate, Chris! - resmungou a ruiva soltando a mão de Ucker e fazendo cara de emburrada enquanto virada o rosto para a janela.

– Calma, chuck! Tá nos seus dias ou o quê? Era só uma brincadeirinha – defendeu-se.

– Ei, não fale assim com ela! - interveio Christopher. E pra que? Só para os dois serem ainda mais zoados, é claro!

– Own, o galã apaixonado defendendo a sua amada! - dessa vez foi Maite que cutucou e todos na van riram da cara de constrangimento do casal.

– Ei chicos, parem com isso – falou Anahí, repreendendo a todos, mas ela mesma não tinha conseguido conter o riso - Deixem eles em paz, qual o problema de quererem ficar de mãos dadas? É completamente normal. Além do mais, não é da nossa conta.

– Obrigada, Any – disse Dulce, e em seguida olhou para Christopher e soube na hora que ele estava pensando na mesma coisa que ela – Na verdade galera, temos que contar uma coisa pra vocês...

– Ai meu deus! - exclamou a loira – Se for o que eu estou pensando vou ter um infarto!

– Receio que seja exatamente o que está pensando. E nem pense em dar um ataque, estamos tentando ser discretos – a ruiva então respirou fundo para tomar coragem e pensar nas palavras que usaria – Chavos, eu e Christopher estamos juntos.

– Juntos? Quer dizer juntos, saindo juntos? Namorando? - Perguntou Maite, boqueaberta.

– Isso – respondeu Ucker.

– Uau, isso sim foi inesperado – disse Poncho com um sorriso.

– Na verdade, nem tanto – comentou Anahí – Eu já sabia que isso aconteceria. Quer dizer, não sabia quando, mas de certa forma já estava esperando.

– Bueno, eu também não fazia ideia. Mas temos que concordar que nos últimos meses aconteceram algumas coisas estranhas... E Dul terminou o noivado, então...

– Chris, não seja indelicado – reclamou Maite dando um tapinha na cabeça do amigo.

– Ei, só estou dizendo a verdade...

– Christian tem razão – interpôs Dulce – O fim do meu noivado tem tudo a ver com essa história. E também todas essas “coisas estranhas” de que ele falou. Mas, se não se importam, preferimos não falar sobre isso. Já passou, melhor deixar o passado no passado...

– Tem toda razão Dul – concordou Any – Só o que importa é que estão finalmente juntos! Espero de coração que sejam muito, mas muito felizes, bebês!!!

A declaração de Any foi seguida de vários sons de concordância dos outros companheiros e seguido também de um abraço coletivo de todos. Ou pelo menos o mais perto disso que conseguiram chegar estando dentro de uma van. Também houve afirmações de felicitação e apoio que deixaram Dulce tão emocionada que ela até deixou algumas lágrimas caírem. Como se ter Christopher só para ela já não fosse motivo suficiente para deixá-la radiante de alegria, agora estava se dando conta dos preciosos amigos que tinha e o quanto ela era sortuda por tê-los em sua vida. Sentia-se plena naquele momento. E só o que faltava para completar aquele quadro e fazer dela a pessoa mais abençoada da terra, seria poder assumir para o mundo o seu amor e principalmente contar aos fãs a novidade. Mas ela sabia que tinha que ter cuidado ao fazer isso. Tinha que pensar em várias coisas e tomar cuidado para que ninguém saísse prejudicado. Mas enquanto não paravam para pensar nisso, ela se permitiu sorrir o máximo que conseguia e desfrutar a companhia de seus queridos amigos e daquele homem que era o amor da sua vida!

Ponto de vista de Ucker

Se na ida o clima na van era de alegria, amizade e euforia por conta do anúncio que Dulce fizera, na volta todos estavam quietos. Poncho teclava com alguém no celular, Maite dormia, Anahí também digitava com a filha no Whats, Chris dedica-se a leitura de um livro e Dulce reclamava de dores no pé com a cabeça apoiada no ombro de Christopher.

Também pudera... todo o grupo havia participado de uma entrevista em um programa de TV, o que envolvia maquiagem, figurino e horas de gravação dentro de um estúdio com o ar condicionado no máximo. Como tratava-se de um programa de auditório com brincadeiras com o público, todos os integrantes passaram muito tempo em pé. Alguns, incluindo Ucker, até correram, pularam e participaram dos jogos. E claro que Dulce, teimosa como era, não quis ficar de fora da bagunça. Mesmo com a bota no pé, ela participou de algumas atividades e passou o programa inteiro de pé – ignorando completamente o banquinho que a produção colocara para ela. No fim, a tarde foi muito divertida, mas também muito cansativa, o que justificativa o clima de fim de balada na van. Por sorte, não teriam show naquele dia.

Quando finalmente chegaram ao hotel, Ucker fez questão de chamar Iliana para que a assessora acompanhasse Dulce até o quarto. A ruiva disse que estava bem e que poderia ir sozinha, mas ele não queria arriscar. Mesmo com a bota dava para ver que o pé de Maria estava inchado.

A vontade de Christopher era de ele mesmo acompanhá-la, mas achou melhor não fazê-lo para não chamar atenção dos funcionários do hotel. Porém, não se aguentou por muito tempo. Nem uma hora depois de ter voltado ao seu quarto, ele se levantou e foi ver como a ruiva estava. Afinal, não tinha sentido ficar ali, sentado, enquanto ela poderia estar precisando de sua ajuda. E no mais, ele só precisaria ser discreto e não chamar a atenção ao passar pelos corredores.

Quando chegou, foi recepcionado por uma Dulce cabisbaixa – Cariño, que bom que você veio! Meu pé está doendo muito, não sei o que fazer...

– Tem alguma pomada para dor aí? Posso fazer uma massagem, se você quiser – ele se ofereceu, já entrando e fechando a porta.

– Tem sim. Está no na gaveta do banheiro – ela respondeu, jogando-se na cama e fazendo um incrível drama só para ganhar atenção.

“Mulheres”...

Com a pomada em mãos, Ucker dedicou-se a massagear o pé da amada, distribuindo beijos ao longo da sua perna e fazendo palhaçada para que ela risse.

– Deixa que eu atendo... - ele respondeu contrariado ao ouvir uma batida na porta. Mas será que eles nunca teriam paz?

– Mas cariño, e se for alguém que ainda não pode saber sobre nós? – Dulce questionou.

– Eu digo que só vim para te trazer a pomada, porque você estava sentindo fortes dores, e já estava de saída – ele piscou em resposta, sabendo que a desculpa não era das melhores. Mesmo assim, teria que funcionar, porque ele não queria que Maria levantasse e forçasse o pé de novo.

– Oi... É, haaam... A Dulce está aí? – Um Diego Boneta muito surpreso perguntou quando viu Christopher abrir a porta.

– Ela está, mas não quer ser incomodada agora. O pé está doendo muito, por isso ela prefere ficar em repouso – o cantor foi direto ao ponto, sem nem se preocupar com a cordialidade. Ele sabia que o interesse de Boneta por Dul ia além da amizade, então não tinha razões para ser simpático – Alguma coisa que eu possa ajudar? – completou em tom irônico.

– Não, não... É que estou deixando a cidade, e queria me despedir – o outro rapaz explicou.

– Tudo bem, eu aviso que você deixou um abraço – Ucker disse em tom seco, querendo encerrar a conversa.

– Hãã... Será que não posso entrar e dar um abraço nela? Tenho certeza que a Dul não se importaria.

Dul? Quem deu intimidade para aquele babaca chamá-la de Dul. “Ahh não, preciso por um fim nisso”, pensou o cantor.

– Olha aqui, amigo – Chris colocou a mão sobre o ombro do rapaz, fingindo camaradagem –Tenho duas boas razões para você não entrar. Primeiro: ela teve um dia cansativo, está sentindo dores e precisar repousar porque o dia amanhã também será puxado. Segundo: sei muito bem onde você quer chegar e tenho um conselho para te dar – ele fez uma pausa para dar mais ênfase à frase – Para, que está feio. Se ela quisesse ficar com você, isso já teria acontecido. Dulce não é do tipo de mulher que faz joguinhos, ela vai atrás do que quer. E no dia da festa, mesmo você fazendo de tudo para agradá-la, foi comigo que ela terminou a noite. Então... – mais uma pausa, dessa vez para passar a mão pelos cabelos – pode deixar que eu dou o recado. Mas agora, deixa eu voltar lá para dentro e continuar cuidando dela, pode ser?

Diego ficou sem reação. Claro que ele não esperava dar de cara com Christopher e muito menos escutar aquela resposta. Mas não demorou para que ele recuperasse a compostura - Não sabia que a Dulce agora tinha dono... Pensei que ela fosse uma pessoa livre.

– Ela não tem dono e continua sendo livre. Mas isso não quer dizer que está disponível, entendeu?

– Na verdade, só para deixar claro para os dois – Dulce juntou-se a discussão, surpreendendo os dois – Não estou disponível e meu coração já tem dono sim, mas sou e continuarei sendo livre – ela lançou um olhar significativo na direção de Christopher - Desculpe Diego. Espero que faça uma boa viagem e agradeço o carinho e preocupação comigo – ela ofereceu um sorriso amigável ao outro.

Depois de um rápido abraço de despedida, Boneta deixou os dois a sós com uma expressão nada contente no rosto.

– Então quer dizer que não estou disponível? – Dulce provocou.

– Mas é claro que não está. Você mesma concordou – Christopher respondeu de pronto.

– Hããã.... Entendi... – ela balançou a cabeça como se estivesse avaliando a resposta – Só uma coisinha... Sabe, eu sou capaz de me cuidar sozinha. Não quero um namorado para ficar tomando conta de mim... – ela o encarou, o olhar sério e os braços cruzados – Aliás, nós estamos namorando? Porque até agora você não me disse nada e eu nem recebi um pedido...

Christopher não respondeu de imediato. Apenas pegou a ruiva no colo e a levou para dentro, batendo a porta com o pé. Depois de deitá-la na cama, ele sussurrou no seu ouvido – Você pode chamar do que quiser, mas saiba que você é a mulher da minha vida e que nunca mais vou te deixar escapar.

Ela sorriu concordando, antes de beijá-lo e se jogar em seus braços, entregando-se para ele e permitindo que Ucker a amasse. E então, o futuro pareceu simples para ele. Com Dulce ao seu lado, ele não precisaria de mais nada.


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Notas finais do capítulo

Oooownt! Gente do céu, quanto amor nesse capítulo, não? Eu até suspirei lendo aquela declaração de amor do Christopher...

Ai gente, erá que agora Vondy engrena de vez? Tudo indica que sim, mas tratando-se de Dulce e Ucker, tudo pode acontecer... O jeito agora é torcer para o universo continuar conspirando a favor desse casal!

Pessoal, A fic está entrando na reta final. E aí? Tem algum pedido ou sugestão de algo que PRECISA acontecer antes do gran finale? Então conta pra gente!

E podem se preparar: grandes emoções vem por aí!

Beijos, se cuidem e espero vocês no próximo cap!

Manu



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