Una Canción escrita por Sarah Colins, Manu Dantas


Capítulo 10
Capítulo 9 - "Me merezco unas vacaciones..."


Notas iniciais do capítulo

Capítulo de hoje tá todo no clima praiano! Ucker e Dulce tiraram uns dias de folga, foram viajar e, por isso, nada mais justo que a trilha sonora desse cap ser "Vacaciones" da nossa querida Maria. Então, aumentem o som, cliquem no link para ouvir a música e boa leitura! *----*

Link para a música: https://www.youtube.com/watch?v=qtrBV7u4cQM



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Ponto de vista do Ucker

Fazia um belo dia de sol. A brisa soprava suave e o mar se agitava além da faixa de areia onde Ucker estava deitado sob um guarda-sol vestindo apenas uma sunga preta e óculos escuros. O cantor aproveitava o seu primeiro dia de folga na companhia de sua assessora que estava, surpreendentemente, solícita naquele dia. Linda estava tão prestativa e gentil que se ofereceu para ir até o quiosque ali perto e buscar dois “mojitos” para eles. Christopher não poderia estar mais relaxado. O cantor estava ouvindo músicas no seu Ipod, cantarolando baixinho e mexendo as mãos como se estivesse tocando uma bateria imaginária, sem dúvidas o seu instrumento predileto.

– Toma aqui, Chris – Linda voltou entregando o drinque para o amigo que logo deu uma golada.

– Hum... Está ótimo! – Ucker comentou sorrindo tirando os fones para poder conversar com a amiga – Nossa Linda, há quanto tempo não bebemos um desse?

– Faz um tempo já! Desde que você topou voltar para o RBD tudo está uma verdadeira loucura! – A morena comentou sentando-se no braço da cadeira onde Christopher estava.

– Pois é, bota loucura nisso... Mas ainda bem que tiramos esses dias de folga! Já, já a galera está aí, nós vamos nos divertir, e tenho certeza que a festa vai bombar! – Ele disse dando outro gole na sua bebida – Tudo o que eu quero para esse final de semana é isso: Sombra e água fresca! Paz e tranquilidade, sem aquela rotina estressante de ensaios e brigas...

– Hummm... Paz e tranquilidade, é? Sem brigas? Então acho melhor você não olhar para a sua direita... – Linda alertou com uma expressão apreensiva no rosto.

Claro que a curiosidade falou mais alto e, antes mesmo que pudesse se dar conta, Ucker virou a cabeça na direção indicada pela assessora. O que viu quase o fez se engasgar com o eu drinque. Não era possível! Entre tantos lugares no mundo, por que Dulce Maria, acompanhada pelo seu noivo, havia resolvido ir à mesma praia que ele?

A ruiva e o noivo caminhavam em direção ao quiosque quando Rodrigo percebeu a presença de Ucker. Naquelas alturas já era tarde demais para o casal desviar o caminho ou para que Christopher disfarçasse e fingisse que não havia os reconhecido. O jeito foi partir para a “cordialidade” usando toda a educação que a sua mãe lhe dera.

– Hola Dul! Hola... É Rodrigo, né? – O cantor vacilou. Ele não queria parecer hostil, mas realmente não se lembrava do nome do noivo da Dulce – Não sabia que você também viria aproveitar os seus dias de folgas no litoral...

– Pois é, nem eu sabia! Rodrigo resolveu me fazer uma surpresa – Ela respondeu de uma maneira nervosa, como se não estivesse nem um pouco a vontade com a situação.

– Poxa, mas que legal! – Foi a melhor resposta que Ucker conseguiu dar, ao mesmo tempo que forçava um sorriso esforçando-se ao máximo para ser simpático. Ao seu lado, dava para perceber que a Linda havia prendido a respiração de tão nervosa que estava por conta da situação.

– Mas e vocês, chicos? O que fazem por aqui? Vieram aproveitar o sossego dessas praias para namorar um pouco? – Rodrigo perguntou de forma descontraída e espontânea, como se aquele encontro completamente inusitado fosse totalmente normal. Ucker não conseguia entender como o outro rapaz conseguia estar tão relaxado enquanto ele não sabia nem como agir.

– Não, não... A Linda é só minha amiga. Na verdade, trabalha na minha equipe. É ela quem cuida da parte de assessoria de imprensa – Chris correu se explicar, mesmo não havendo necessidade para tal. Afinal, ele era um rapaz solteiro, poderia levar qualquer pessoa para acompanhá-lo...

– Estamos organizando uma festa na casa que o Ucker tem aqui na praia – Linda soltou o comentário só para poder entrar na conversa.

– Será uma festa como nos velhos tempos! Você lembra, Dul? Quando reuníamos o pessoal aqui para comer tacos e fazer uma bagunça? Hoje vem todo mundo... O Javier, o Max, o Tom... Nossa, eles iam adorar te ver! Por que você não dá um pulo lá? – Antes que pudesse perceber, Christopher já havia falado demais. Ele ficou sem saber como agir, sabendo que fora muito longe. Falar de todas aquelas coisas do passado diante do atual noivo da sua ex, com certeza, não era nada elegante – Claro, você e seu noivo... Os dois serão muito bem-vindos – Ele tentou amenizar a situação, mesmo desconfiando que a situação já não havia mais conserto.

– Éééé... Eu não sei... Não sei se o Rodrigo já planejou algo para hoje à noite – Dulce tentou desconversar, mexendo nos cabelos, apreensiva. Ela encarava o noivo com uma expressão assustada, como se tivesse medo da sua reação.

– Não planejei nada em especial para hoje, mi vida. Acho que podemos dar uma passada na festa, sim! Vai ser ótimo ter um pouco de diversão! Você anda tralhando demais... – Rodrigo respondeu de maneira tranquila e segura, o que despertou a atenção de Ucker. O cantor não sabia quanto o rapaz sabia do passado dos dois, mas se ele tinha conhecimento de, pelo menos uma parte da história, disfarçou muito bem.

– Ótimo! Tenho certeza que vão adorar! A festa começa às nove. Você sabe como chegar lá, né Dul? – Christopher perguntou, percebendo que acabara de dar outro “fora” assim que terminou a frase. Poxa, o fato da sua companheira de banda saber onde ficava a sua casa deixava mais que evidente a intimidade que ambos tiveram um dia. E certamente, Luis Rodrigo preferia que ele não jogasse isso a todo momento na sua cara.

– Sei sim, pode ficar tranquilo. Estaremos lá às nove! – Dulce sorriu, sem graça enquanto o noivo lhe lançava um olhar pelo canto do olho como quem diz “Acho que já chega disso, né?”.

Os quatro trocaram mais algumas palavras e depois se despediram, Dulce e Rodrigo seguindo em direção ao quiosque e sentando em uma mesa bem distante de onde eles estavam.

Ucker virou o seu drinque de uma só vez para tentar recuperar a calma. Ele nunca foi muito de acreditar em coincidências, mas depois daquele encontro se viu obrigado a admitir que destino realmente existia, e que ele gostava de pregar peças nas pessoas. Esse era a única explicação para a cena que acabara de acontecer! Ou... Bem, Dulce sabia que ele estaria na cidade. Teria ela armado aquele encontro propositalmente?

Não, não! Pela expressão em seu rosto, dava para perceber que ela estava tão surpresa quanto ele. E o pior, mesmo sem querer, Chris havia complicado a ruiva ainda mais com o convite que lhe fizera. Coitada! A essas alturas Luis Rodrigo devia estar lhe torturando com mil perguntas sobre o passado que Christopher fizera questão de expor. Será que ela contara para o noivo tudo o que rolou entre os dois? E se contou, qual teria sido a reação dele ao saber que os dois voltariam a trabalhar juntos? Será que Rodrigo estava realmente confortável com essa reaproximação entre ele e Dul ou toda aquela “banca” era somente pose para disfarçar?

– Linda, por favor, traz outro “mojito” para a gente... – Ele pediu, na esperança que a mistura refrescante do drinque o ajudasse a “digerir” todas aquelas questões. Desde que romperam o namoro, encontrar com a Dulce nunca foi uma tarefa fácil para Ucker. O que dizer então de um encontro onde ela vestia uma blusa colada, um shorts super curto e ainda carregava o noivo à tiracolo? Só mesmo mais um “mojito” para ajudá-lo a aliviar a tensão...

– Uckerzinho, você está ficando louco? – A assessora perguntou, lhe entregando o seu segundo drinque e reassumindo o seu lugar no braço da cadeira – Por que você convidou a Dulce para a festa de hoje? Poxa, e toda aquela história de paz e sossego?

– Ai Linda, não sei! Quando vi, já tinha saído. Não tinha como voltar atrás e dizer “Não, pensando bem, não venham à minha festa”. O jeito agora é deixar rolar e ver no que vai dar – Ele tentou se defender, ainda meio atormentado por causa do encontro.

– Ai Chris, só queria que você não ficasse tão deslumbrado pela Dulce. Na boa, ela não te merece... - A morena expos a sua opinião, mexendo o seu drinque de forma aleatória.

O cantor olhou com uma expressão curiosa para a amiga – Ué, onde foi parar todo aquele papo de que “nunca vi algo parecido com o sentimento que rola entre vocês”? Pensei que tinha virado Vondy de carteirinha, Lin!

– Você não entendeu o que eu quis dizer... – Ela colou-se na defensiva.

– Então me explique – Ucker propôs levantando uma sobrancelha antes de dar outro gole na sua bebida.

– É que... – A assessora vacilou – Não sei, mas acho que o quê você sente por ela é muito forte, intenso... Qualquer mulher gostaria de ser amada dessa forma. Mas a Dulce... Poxa Ucker, você se recusou a abusar dela bêbada, depois se declarou todo bonitinho, pegou ela de jeito, deu um beijão nela e tudo o que ela fez foi uma tremenda cena! Fala sério, né? – Ela concluiu agitando as mãos, nervosa.

Christopher apenas olhou para ela, um sorriso brincando em seus lábios – Linda, Linda... Isso é o que eu a Dulce somos. Não tem como ser diferente... Sempre foi assim e sempre vai ser – Ele concluiu, levantando-se da cadeira – E agora para de bancar a conselheira amorosa e vamos dar um mergulho! Preciso estar relaxado para hoje à noite! – O cantor brincou, antes de correr em direção à praia, dando a conversa por encerrada. O que ele sentia pela Dulce e vice-versa interessava só aos dois, e a mais ninguém.

***

– Se o cara que faz sushi é o “sushi man”, o cara que faz taco é o “taco man”?

– Certo Linda, chega de beber por hoje! Mas será possível que a festa nem começou e você já está bêbada? – Ucker brincou, puxando a long neck que estava nas mãos da assessora. A moça estava muito bonita: os cabelos negros soltos, um vestido decotado, maquiagem suave. Ucker não podia negar que ela era uma bela mulher. Porém, tanta beleza não o afetava. Já estava tão acostumado com a companhia de Linda que, para ele, a assessora era uma ótima amiga e mais nada além disso.

– Para Uckerzinho! Só estava zuando com você! – Ela protestou, tentando pegar a garrafa de volta. Uma pequena “briga” teve início, mas logo Christopher a imobilizou, segurando um de seus braços atrás do corpo deixando-a indefesa e em seguida deu um longo gole na cerveja. O cantor fez questão de se prolongar nesse ato, querendo “fazer vontade” na amiga – Se quiser, vai buscar outra. Essa daqui agora é minha! – Ele ergueu a bebida, em sinal de vitória.

– Affff Christopher! Tá para nascer pessoa mais folgada! – A morena saiu batendo o pé, contrariada.

Ucker ficou rindo da assessora, aproveitando a sua cerveja. Antes de dar mais um gole, ele inspecionou tudo ao seu redor. A noite estava agradável, o clima quente garantiria um bom mergulho de piscina enquanto a brisa que soprava do mar ajudaria a “refrescar” aqueles que se animassem demais.

Já eram mais de nove horas da noite e a casa não poderia estar mais movimentada. Um cozinheiro fazia tacos de diversos tipos para os convidados. Outros pratos também estavam inclusos no cardápio, como saladas e porções de frutos do mar. Tudo servido por uma equipe de bufê muito eficiente. Para beber, além da tradicional cerveja, alguns “bar mens” faziam drinques mais sofisticados para agradar as visitas mais requintadas.

Os convidados espalhavam-se na parte de trás da casa, onde havia uma piscina e uma grande área externa aberta, equipada com bancos, mesas, sinuca, bar, e todo tipo de “bugiganga” que um bom local para receber amigos precisa ter.

Christopher adorava aquela casa. Era grande, bem no estilo litorâneo com janelas grandes e portas balcão, e contava com uma saída exclusiva para a praia. Aquela era a sua parte preferida do imóvel: Logo após a área externa havia um jardim que era separado da praia apenas por muro baixo coberto por trepadeiras. Ucker poderia apostar que depois que a comida acabasse e a bebida “subisse”, a festa seria transferida de lugar e todos amanheceriam o dia sentados na areia, na beira de uma fogueira, tocando violão.

– Ucker, Ucker! – Linda passou pela borda da piscina aos gritos vindo em sua direção – Você não sabe quem acabou de chegar e está lá fora estacionando o carro!

– Quem? A Dulce?

A assessora revirou os olhos – Não Ucker, não é a sua amada Dulce. É a Paola! Sabe-se lá como ela ficou sabendo da festa, mas pelo jeito que está vestida, veio disposta a te seduzir! – Ela completou com a voz insinuante.

– Puts, a Paola não! – Ucker passou as mãos nos cabelos, sentindo-se perdido por um segundo. A moça da qual Linda se referia era um “casinho” que ele mantinha já algum tempo. Não era um “lance” sério. Eles ficavam quando se encontravam, mas era só isso. Paola era uma bela morena, alta, com um corpo em forma e brilhantes olhos cor de mel. Porém, também era do tipo que gostava de ficar colada nele, enchendo-o de “paparicos” e “mimos”. Resumindo, era um verdadeiro “chiclete”.

– Prepare-se! Ela vai ficar no seu pé a festa inteira! – Linda disse em tom de zombaria – Se você tinha alguma esperança de rolar algo com a Dulce hoje, já era! Perdeu, chico!

– E laiá... Cismou com a Dulce hoje, hein? - Christopher chamou atenção da morena – Mas... – Ele mexeu nos cabelos e mordeu a boca de uma maneira atrevida – Sabe que tudo nessa vida tem seu lado bom, não é Lin? A Paola aparecer aqui hoje pode me ser muito útil! Afinal, quem foi que disse que só a senhora Dulce Maria pode ter alguém? Acho que tá na hora de empatarmos esse jogo! – Chris completou a frase rindo, antes de virar-se e sair em direção da sua convidada “tão especial” com a certeza de que a noite ainda lhe renderia boas surpresas.

Ponto de vista de Dulce

Não bastasse haver encontrado Christopher na mesma praia em que estava, Dulce ainda havia sido convidada para uma festa na casa dele. E seu querido noivo ainda fizera o favor de aceitar o convite. Ela não sabia porque, de repente, Luis Rodrigo resolvera ficar tão simpático ainda mais com Ucker. Só sabia que estava odiando aquilo. Não queria ter que aguentar o clima pesado que sempre ficava quando os dois estavam no mesmo cômodo. Mesmo com o, provavelmente falso, carisma de Rodrigo, ela sabia que poderiam haver alfinetadas como aconteceu quando ele fora buscá-la no dia anterior onde estavam ensaiando. Além disso, as coisas entre ela e o companheiro de banda estavam enfim se ajeitando. Dul não queria que surgisse nenhum novo motivo para brigas entre eles.

Enquanto Dulce María se contorcia com as expectativas ruins sobre a tal festa, Luis parecia mais animado do que nunca. Aquele excesso de confiança que ele estava tentando mostrar só podia ser uma forma de esconder o que realmente sentia. María sabia que ele nunca gostara de Chris e sempre tivera ciúmes dele. Com certeza agora estava querendo se fazer de superior e insinuar que já não temia o “adversário”. Mas devido aos vários anos de relacionamento, Dulce o conhecia bem demais para saber que na verdade, nada mudara. Rodrigo ainda não gostava de Christopher e ainda o considerava uma ameaça na relação deles. Devido aos acontecimentos do último fim de semana seria hipocrisia de Dul dizer que o noivo estava exagerando. Mas de toda forma, a coisa toda ainda a incomodava. Como se a desconfiança constante dele fizesse ela se sentir uma má pessoa.

– É uma bela casa - comentou Luis quando eles chegaram e atravessaram o portão de entrada. Era impressão ou ele estava incomodado com algo? Onde fora parar toda aquela autoconfiança, pensou Dulce.

– Sim, é bem grande e espaçosa - comentou a ruiva. Ela já estivera algumas vezes na casa de praia de Chris e se lembrava bem dela. Apesar de as memórias do que havia acontecido entre ela e o dono da casa serem bem mais vivas e interessantes do que a construção em si.

– Boa noite - os cumprimentou o caseiro que estava recebendo os convidados no jardim da frente - Por aqui, por favor - E em seguida ele pediu que os dois o seguissem até o hall de entrada.

A casa de Ucker era enorme e tinha duas entradas. Uma que dava para a praia, e outra que dava para a rua. Dulce e Luis Rodrigo haviam entrado por essa última, assim como a maioria das outras pessoas parecia estar fazendo, já que a saída para praia normalmente permanecia fechada durante a noite. Mas Dul não sabia exatamente como seria a festa então talvez o acesso a areia pudesse não estar fechado naquele dia. De qualquer forma, eles logo foram recepcionados por Christopher que estava parado com um copo na mão, vestido com trajes típicos do litoral, logo depois da imensa porta de vidro da entrada. Tentando não se atentar ao fato de que a beleza de Ucker era de tirar o fôlego, Dul andou até ele de mãos dadas com o noivo.

Depois dos cumprimentos formais o empregado de Chris começou a olhar mais atentamente para seu acompanhante, como se só agora o estivesse vendo bem, devido a luminosidade que era bem mais intensa lá dentro do que do lado de fora. Rodrigo pareceu incomodado novamente. Antes de Christopher se afastar para receber outras pessoas que chegavam, o caseiro se dirigiu diretamente a Luis.

– Acho que conheço o senhor.

– Não, não acho que seja possível - respondeu rapidamente Rodrigo, fazendo menção de se retirar. Mas antes disso o caseiro voltou a falar.

– Não era o senhor que estava aqui o fim de semana passado olhando casas para alugar? - insistiu o funcionário de forma descontraída.

– Não, deve estar me confundindo. Com licença - e puxando Dulce atrás de si, Luis Rodrigo saiu em direção a parte externa da casa, onde havia uma piscina e onde parecia ser o “polo central” da festa.
Apesar de ter achado o episódio no mínimo estranho, Dulce não deu muita atenção àquilo. Até porque havia outra coisa prendendo sua atenção no momento. Uma bela morena, alta, corpo escultural, usando um vestido curtíssimo, estava literalmente em cima de Christopher. Ela se sentia incomodada e até ultrajada com tal comportamento. E claro que não era ciúmes. Dulce não estava nem ai para as garotas com quem Chris ficava. Mas o comportamento da garota, se insinuando tão claramente para ele era constrangedor. Será que ela não tinha vergonha de fazer aquela cena?

Analisando melhor Dul pode perceber que Christopher não estava exatamente incomodado com a atenção dispensada pela beldade. Ele dava sorrisinhos com as coisas que ela cochichava em seu ouvido e colocava as mãos na cintura e nos ombros dela cada vez que se aproximava. Era evidente que eles eram bem íntimos. Qualquer um diria que estavam ficando ou até mesmo namorando. Mas se Ucker tinha alguém, então porque ele a havia beijado no domingo passado? Dulce se sentiu enganada. Sabia que não era nenhuma santa naquela história. Não tinha o direito de julgá-los, afinal ela fizera muito pior. Mas ainda assim, se sentiu traída, de certa forma.

Parou de encarar Christopher e sua “amiguinha” quando viu que Luis Rodrigo havia percebido o que ela estava fazendo. À princípio ele não disse nada, mas seu olhar dizia muito. A estava fuzilando. Dulce porém, não se intimidou. Quem havia aceitado vir àquela festa no fim das contas, tinha sido ele. Então agora ele que aguentasse. Se queria ficar a noite inteira ali sentado com cara de poucos amigos, não era culpa dela. Sendo assim, Dul bebeu, conversou e interagiu com os amigos de Ucker e até começou a se divertir um pouco. Alguns deles ela conhecia da época em que ainda estava no RBD. Nem sequer reparou que a “bomba-relógio” chamada Luis Rodrigo ao seu lado estava prestes a explodir.

– Vejo que vocês tem muitos amigos em comum ainda - comentou ele quando ficaram a sós por um momento entre um drink e outro.

– O que está querendo dizer com isso, Rodrigo? - perguntou Dulce sentindo que havia uma pontada de acusação nas palavras do noivo.

– Nada… - desconversou ele e logo veio com outra acusação - Você parecia bem interessada no que ele estava conversando com aquela moça bonita há alguns minutos atrás. Estava encarando os dois descaradamente.

– É eu estava mesmo! Assim como metade da festa - justificou-se Dulce já começando a ficar irritada - Eles estavam chamando a atenção de todos, não só a minha. Eu estava “encarando”, como você disse, porque achei a cena totalmente indecente!

– Sei, será que foi só isso mesmo? - insistiu Luis, o que conseguiu tirar a ruiva totalmente do sério.

– Quer saber, Rodrigo? Pense o que quiser!
Dulce saiu bufando e batendo o pé em direção ao interior da casa. Sabia que se ficasse mais um segundo perto do noivo eles teriam a briga do século. E a última coisa que queria era armar uma cena na festa de Ucker. O amigo não merecia aquilo. Fala sério, ninguém merece um barraco de casal pra estragar a vibe da galera que só está lá para curtir. E Dulce tinha percebido que a maioria dos convidados era solteiro. Fora ela e Rodrigo havia no máximo mais dois casais. Bem, isso sem considerar Christopher e sua “amiguinha” que certamente devia ser bem mais que uma amiga. Mas na verdade Dul não podia afirmar com precisão se eram ou já haviam sido um casal. No entanto, ela estava prestes a tirar essa dúvida. Ao andar por um dos corredores da casa, se deparou com um Ucker muito atrapalhado, parecendo estar fugindo de alguma assombração.

Ponto de vista de Ucker

Ucker estava espantado como as pessoas conseguiam fazê-lo mudar de ideia tão rapidamente. Há menos de três horas ele estava todo cheio de si contando vantagem para a Linda e dizendo que usaria a Paola para fazer ciúme na Dulce. No entanto, naquele exato momento ele já estava completamente arrependido da sua ideia. Tudo bem que ele já sabia que a Paola era do tipo “grude” e que sabia “colar” em alguém mais que cola de sapateiro. Porém, Christopher nunca poderia imaginar que, ao dar bola para a moça e depois dela beber alguns drinques a mais, a situação poderia fugir do seu controle completamente.

No início foi divertido ver a Paola tentar de tudo para seduzi-lo enquanto a Dulce apenas espiava os dois com a expressão mais azeda que maracujá de gaveta. O problema é que a morena foi se empolgando tanto no seu “jogo de sedução” que quando Christopher se deu conta, a moça já estava praticamente tentando “arrancar” as roupas dele ali mesmo, no meio da festa. Ele tentou frear as “investidas” da garota, mas tudo o que acabou fazendo foi piorar ainda mais a situação derrubando na blusa de Paola o drinque que ela estava bebendo. Para consertar o mal-entendido, ele ofereceu uma de suas camisas para que ela pudesse vestir enquanto a sua blusa secava. Claro que a garota não perdeu a oportunidade de segui-lo até o seu quarto, onde fez uma tremenda cena ao despir a peça molhada e jogá-la em cima dele, lançando-lhe um olhar insinuante.

“Ok, essa é a hora de cair fora”, ele pensou já se dirigindo para a saída. Ucker não era o tipo de cara que costumava fugir de situações como aquela, mas... mulheres bêbadas e sem noção não faziam exatamente o seu tipo.

Além disso, ainda tinha a Dulce. Se ele sumisse da festa, certamente ela desconfiaria que o seu desaparecimento tinha alguma coisa a ver com a Paola. E Christopher não queria causar uma má impressão na ruiva justo agora que eles estavam se entendendo.

Ucker caminhava distraído pelo corredor da casa quando esbarrou com tudo em alguém. Por um momento seus olhos foram tomados por uma generosa onda de fios vermelhos, e o seu corpo atingido por braços e pernas de uma garota que quase lhe fizeram cair no chão.

– Dulce? – Ele disse após conseguir recuperar o equilíbrio e colocar um braço em seu ombro para ajudá-la a firmar-se.

– Ucker! Eu não sabia que... iria te encontrar por aqui – Ela disse com a voz vacilante como se estivesse pensando a mesma coisa que ele: Como eles sempre conseguiam se esbarrar daquele jeito? Parecia que um imã atraía os dois e faziam com que seus caminhos se cruzassem.
– É, eu vim ajudar uma amiga... – Ele desconversou – Mas e você, procura por alguma coisa? Posso te ajudar?

– Não, eu... – A ruiva gaguejou, entregando que estava “aprontando” alguma coisa. Porém, quando Ucker ia tentar arrancar alguma informação a mais dela, a Paola apareceu no corredor vestindo uma de suas camisetas amarrada com um nó na altura da cintura para que a peça ficasse mais justa.

– Christopher! Vai mesmo me deixar aqui sozinha? – A morena disse tentando parecer sedutora. Porém, por causa da bebida, na verdade ela falava com a voz um pouco arrastada e, definitivamente, nada atraente – Pensei que você fosse me ajudar a secar a minha blusa...

– Hummm... Atrapalho? – Dulce perguntou ficando um pouco constrangida com a cena.

– NÃO, NÃO! – Christopher apressou-se para esclarecer as coisas – Na verdade... – Ele fez uma pausa olhando de uma maneira significativa para a ruiva – Desculpa Paola, mas agora eu preciso ajudar a Dulce a escolher qual biquíni ela vai usar hoje. Por isso preciso do quarto livre. Você entende, não é? Eu e a Dul somos amigos há muito tempo, eu a conheço muito bem... Bem demais, para falar a verdade... – Ucker passou as mãos nos cabelos fazendo charme – E por isso a minha opinião é muito importante para ela, não é Dulce?

– Hum...é sim – Dulce balbuciou sem entender nada.

– Ora, por favor Dul, não precisa se fazer de “rogada”. Estamos entre amigos... – Chris disse, piscando para ela, tentando explicar nesse gesto as suas reais intenções: fugir da Paola.

– Bom, sendo assim, me sinto mais à vontade para falar – Dulce finalmente entendeu as intenções do amigo e entrou no jogo, adotando uma postura bem mais “amigável” em relação ao companheiro de banda – A melhor parte de ter um amigo assim... tão íntimo é que ele conhece cada parte de mim. Por isso gosto de pedir a opinião do Ucker para os biquínis. Olha Paola, você precisa ver... Ele nunca erra uma! – Maria encerrou a frase falando em um tom baixo, como se estivesse fazendo uma confidência ao mesmo tempo que lançava um olhar demorado para Christopher que foi desde os seus pés até a cabeça, seguido por uma mordida nos lábios.

Ucker conhecia muito bem aquele “jogo”. Ele e Dulce eram imbatíveis nele. A facilidade com que os dois se entendiam e conseguiam improvisar ideias juntos era tanta que às vezes parecia que ela conseguia ler a sua mente, ou adivinhar o que ele estava querendo decifrando apenas um de seus gestos.

– Poxa Dulce, também não é assim... A verdade é que quando o material ajuda o trabalho fica muito mais fácil – O cantor emendou, aproximando-se da ruiva, passando o braço por detrás dela e deslizando a mão do seu ombro até a cintura, onde a deixou repousando de maneira despreocupada, como se aquele fosse o lugar dela desde sempre.

Paola olhava a cena boquiaberta, o olhar indo da Dulce para Christopher e de Christopher para Dulce como se estivesse hipnotizada pela química eu fluía entre os dois.

– Ainda acho que o conhecimento que você tem do produto é o que faz a diferença – Dulce respondeu de maneira insinuante passando um dos dedos pelo rosto do amigo, o olhar preso no dele – Digo, o conhecimento dos biquínis...

– Bom Dul, então acho melhor irmos indo. Tem várias peças te esperando ali no quarto e eu quero que você vista cada uma para eu poder analisar com calma. Você nos dá licença, Paola? – Ucker perguntou com a voz baixa e sedutora.

A morena deu um passo para o lado, liberando a passagem e balançando a cabeça em sinal de afirmação. Ucker estava com uma vontade enorme de rir, mas conseguiu se segurar. Aquilo deveria ser o que as fãs costumavam chamar de “trauma vondy”.

Os dois seguiram pelo corredor juntos, Chris ainda com a mão na cintura de Dulce ela com o peso apoiado contra o seu corpo. Se alguém os visse naquele momento pensaria que era um casal prestes a entrar em um quarto para a procura de alguns momentos à sós. No entanto, assim que fecharam a porta a dupla caiu na gargalhada.

– Você viu a cara dela? – Ucker perguntou em meio à crise de riso.

– Claro que vi! Na hora que eu disse que você conhecia muito bem o material eu pensei que ela fosse ter um surto. Ela arregalou o olho e ficou olhando pra gente parecendo que estava vendo uma ilusão de ótica – Dulce brincou tentando imitar a expressão de Paola.

– Caramba Dulce, te devo essa! Não aguentava mais aquela chata no meu pé! – Ele desabafou respirando fundo por causa das gargalhadas.

– Mágina! Estava dando para sacar que você não queria nada com ela... Só tenho medo dela falar algo para o Rodrigo – A ruiva ponderou. Após tocar no nome do noivo, o clima no ambiente mudou completamente. Toda a animação do “trote” que eles passaram na Paola fora substituído por uma atmosfera “pesada”, como se houvesse muito o que se dizer, mas não existissem palavras o suficientes para explicar o misto de emoção que se passava no coração dos dois naquele momento.

– Fique tranquila! A Paola tem esse jeito atirado, mas ela também é muito discreta. Tenho certeza que ela não vai comentar. No máximo vai reclamar com a Linda que eu dei um fora nela hoje... – Christopher tranquilizou a amiga.

Ele estava encostado na porta enquanto ela estava sentada na cama. Estar ali naquele quarto com ela trazia à tona muitas lembranças do passado. Quantas vezes os dois foram para aquela casa para reunir os amigos e depois dormiram juntos naquela mesma cama?

– E falando em Rodrigo... Acho melhor eu ir voltando. Tivemos um pequeno desentendimento hoje e se eu ficar muito tempo desaparecida ele pode achar que estou fazendo de propósito para irritá-lo – Ela disse, ficando em pé de repente como se estivesse com medo da cama. Pela sua expressão, Ucker pode perceber que ela também pensara no mesmo que ele: aquele quarto tinha muitas histórias para contar.

– Ahh, claro! Tá certo, tá certo! Faz assim, sai primeiro e eu vou um pouco depois. Dessa maneira não chamamos a atenção e evitamos comentários – Chris disse, desencostando da porta e girando a chave na fechadura para liberar a passagem. Por mais que ele quisesse prolongar o momento, não havia mais nada que ele pudesse fazer para segurá-la ali.

– Ótimo, desse jeito será perfeito! Então eu vou indo... Se precisar de ajuda com alguma pretendente chata, é só chamar – Ela piscou para ele, caminhando em direção à saída.

Ucker sorriu de volta enquanto abria a porta para que a amiga pudesse ir embora. Mas quando passou pela porta, ele a puxou e a envolveu com um abraço apertado – Obrigado mesmo pela ajuda, Dul – Chris disse antes de soltá-la. O gesto foi tão espontâneo que pegou os dois desprevenidos. Depois do abraço, ninguém sabia o que falar. Ela apenas sorriu de uma maneira carinhosa antes de passar por ele e sair para o corredor.
Ucker a acompanhou com o olhar, mexendo nos cabelos e pensando que existia muitas coisas que o tempo não conseguia mudar. A química entre ele e Dulce era uma delas...


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Notas finais do capítulo

O destino realmente ama muito esses dois, né? Fazer Dul e Ucker ir parar na mesma praia, na mesma festa, no mesmo corredor e no mesmo quarto é muita trolagem! kkkkk

E preparem os corações! A festa está só começando!

Segunda que vem tem a próxima parte dessa viagem de "vacaciones"! Quem está ansiosa grita eu!

Besitos!

Manu