Nem sempre, o carinha que aparenta ser foda, é feliz com isso. Talvez ele tenha sido mal interpretado, e agora os outros não respeitam seus sentimentos.
Tooru sentou-se na cadeira de madeira, apoiando a cabeça em suas mãos. Nesse momento estava sozinho, e , por mais forte que ele costumava ser, agora seu coração doía, não conseguiu evitar de chorar.
Queria sair, esquecer todo esse mundo em que ele não podia ser uma pessoa normal, ele queria sentir o sangue pulsar.
Os dias se passavam lentos, os shows não o satisfaziam, apenas o calor dos fãns fazia ele se sentir vivo, só isso pra fazer ele querer continuar vivo.
era tão real, era tão solitário, já estava na hora de despertar, porque ele não estava sendo ele mesmo.
Estava na hora de cantar, como nunca cantou antes, e gritar, pra que todos sentissem o que ele sentia, quando cantava.
Apesar de por todo sentimento possível na letra, ainda sim, ele não sentia que todos entendiam sua dor, ele não sentia as pessoas entenderem.
"Talvez não aqui, não hoje, não nesse lugar,
eu acho que , acho que não posso querer ser humano sendo Kyo, eu devo ser Tooru."

Fez as malas, e viajou, foi pra uma pequena cidade, onde com certeza, poucas pessoas conheceriam, a princípio, ele não queria sair do Hotel, não sentia vontade de quase nada. Mas era preciso viver, era necessário descobrir uma razão pra se sentir tão vazio.

A porta bate, um rapaz avisa o serviço de quarto, e logo entra com uma bandeja que ao ser descoberta mostra uma garrafa de cerveja. O jovem olha para o loiro com certo medo, o loiro parecia muito estranho, e de poucos dias que chegou, todas as noites bebía e tomava banho, e pela manhã o camareiro encontrava a banheira ensanguentada, mas dava pra perceber que o sangue era dele, tinha muitas cicatrizes no corpo, notou isso porque Tooru ficava muitas vezes sem camisa, espondo algumas feridas ainda abertas.

O rapaz se foi, não qis saber de gorjeta, pra ele, já era ótimo estar vivo (sim, é um daqueles que tinha medo de tudo); Tooru pegou a garrafa e se dirijiu ao banheiro, bebendo um gole e pondo a garrafa na mesinha e entrou na banheira. Olhou atentamente para os lados, para se assegurar que não havia ninguém observando; e pegou a navalha ao lado da garrafa e à levou até a coxa, cortando a perna da cintura até o joelho, e observou o sangue se misturar com a água ensaboada , fazendo arder um pouco, Tooru observou o que provavelmente deixaria mais uma cicatriz, saiu da banheira, sujando o chão de sangue.
O garotinho entrou devagar no quarto, pra não ser notado pelo homem, logo estava molhado apenas de seu sangue, que escorría da coxa.

- Porquê você faz isso ? - a criança perguntou- porquê machuca a você mesmo ? porquê você brinca com você mesmo ?
- eh, porquê é uma forma de esquecer .
- ah, eu não te entendo -sorriu
- quem é você ?
- oh, desculpe, meu nome é yumehito, eu fico no quato ao lado.
- e me conhece ?
- Claro, mas acho que sou o único por aqui. Você é Tooru, do Dir en grey , certo ?
- eh, então sabe que faço isso frequentemente, né?
- sim, nee. mas sempre quis saber porque.
- é porque eu acho que nem eu me conheço; por isso. Dói em você, saber que não se conheçe ?
- Sim,mas não é um motivo pra me machucar, é um motivo pra me descobrir. Não brinque com você mesmo, não engane a você mesmo, não machuque a você mesmo, um dia você vai entender.

Por mais estranho que fosse, um garoto de mais ou menos sete anos o decifrou, este era só o início.