Desculpe por afastá-la de mim, garota, desculpe por fazer tudo errado.

Eu disse, avisei-a quando nos enrolamos nos fios finos e frágeis do amor, aquilo tudo era complicado. Tudo era bagunçado, nós éramos estranhos e distintos.

E o que você havia me dito?

“Eu não me importo, pois é você. Por que eu amo você. Eu tentarei.”

Você segurou o mundo com as duas mãos enquanto eu saia e jogava o que você me deu no lixo, ignorando você.

Porque fiz isso?

Nem eu mesmo me recordo.

(...)

Mas os momentos felizes? No começo... Ah, tudo é tão bom no começo.

Por que não poderíamos ficar assim, como no começo? Sempre bem... felizes.

As idas no parque e as suas gargalhadas no balanço. Os dedos entrelaçados e suas pernas sobre as minhas, a cabeça apoiada em meu ombro, com os olhos fechados ao murmurar baixo uma música qualquer. Você fazia qualquer coisa parecer especial...

Já lhe disse que sua voz é linda?

Talvez eu tenha perdido a chance de lhe falar.

(...)

Ah, e o seu choro quando perdeu o chaveiro de sorvete que lhe dei? Nossa, aquilo havia me partido completamente.

Naquele momento as minhas pernas se moveram sozinhas pelo parque e os olhos procuravam com tanta pressa pelo chaveiro que nem eu mesmo sei como o encontrei perto do balanço do qual andava pela tarde.

Sim, eu havia me machucado bastante ao procura-lo, mas depois que o encontrei, seu sorriso curou até minha alma.

Como conseguia sorrir tão belamente assim? Aquilo acabava comigo.

Minhas pernas bambeavam com tal ato e as mãos começavam a suar. Eu me sentia um completo idiota quando você sorria. Ria... Quando você era você.

O que seria: Sempre.

(...)

Porque até mesmo a volta para casa era tão especial?

Porque você estava ali? Ou era porque estava com os dedos entrelaçados nos meus?

Você tem noção de como mexia comigo quando ria do nada, e eu sabia que era porque eu estava tremendo?

Você sabe mexer comigo, garota.

(...)

Mas porque isso se foi tão rápido?

Porque as lembranças boas estão sendo substituídas pelas ruins? Por nossas brigas e pelo seu choro? Por minha raiva ou por suas marcas?

Era tão difícil para nós sustentar aquilo com os problemas batendo na porta, você adoecendo dia após dia e aquela casa... aquela casa estava me deixando doente!

Porque fui tão egoísta? Porque não olhei para você quando precisava? Porque você não sorriu?

Por que eu agi feito um idiota. Magoando você, adoecendo você.

Garota, eu amo tanto você.

Porque não a vejo mais? Isso dói tanto...

Porque as lágrimas não param? Porque a dor não passa? Porque você não está ao meu lado?

Eu só... só consigo lembrar dos momentos ruins. Apenas lembro do seu choro quando eu chegava em casa à noite, das palavras sofridas que você falava entre soluços e das brigas continuas.

Apenas lembro de um dia você ajoelhada no chão, gritando que não aguentava mais. Que eu não a amava mais.

Não... por favor, não fale isso.

Ela estava indo embora, estava me deixando. Estava cansada... cansada de sofrer.

E a culpa era minha.

Tudo fora jogado em cima de mim, e por alguns instantes vi meu mundo e minha vida saírem pela porta da minha casa, levando suas roupas e seu perfume.

Porque tudo parecia cinza? Porque não tinha mais cor? Amor?

Apenas dor... e um vazio enorme que apenas crescia enquanto eu olhava em volta.

Aquela era a nossa casa?

Não... minha casa...

A raiva e magoa subiram por meu corpo e os socos no chão esbranquiçado e desgastado foram inevitáveis.

Ela não estava mais lá! Porra, ela não estava lá!

As lágrimas continuavam a fluir, a dor a crescer e a respiração falhar. Puxar o ar para os pulmões se tornou uma tarefa difícil e pensar em algo diferente era impossível.

Tudo o que se passava em minha mente era ela. Seus sorrisos, suas lágrimas, suas expressões... seu cheiro. Ela! Simplesmente ela!

Por que fui tão tolo? Tão infantil? Eu poderia aguentar o mundo por ela. Agora eu poderia.

Pois sei como é não tê-la agora.

Por favor, fique ao meu lado! Volte!

Não me diga adeus, garota... por favor. Você sabe que não irei aguentar sem você.

Me desculpe, fale comigo.

Por que não me responde?

Ela não está mais aqui.

Por favor... por favor... Eu amo você! Eu amo você!

Por favor, não me deixe sozinho. Eu preciso de você...