Desconetados escrita por Olavih


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira oneshot do 5SOS, me desculpe se tiver algum erro sobre a característica do Calum. Eu não sou propriamente uma fã dele kk. Enfim, espero que gostem!



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Disconnected

Quando escolheu ser publicitária, Sara nunca pôde imaginar que seria tão cansativo. Claro, fora avisada. Seus dois tios favoritos trabalhavam nesse ramo e, em toda a sua vida, ela vira o quanto dava trabalho. Mas quando era pequena, ou até mesmo há alguns dias atrás, publicidade era a melhor coisa do mundo. Agora se sentia frequentemente cansada, como se tivesse em constante briga com o tempo.

Era tanto trabalho que chegava a doer. Passou o dia todo resolvendo problemas em campanha, acompanhando ensaios fotográficos e seguindo rigorosamente sua agenda sem tempo até para uma refeição decente. A campanha da nova banda que ela estava trabalhando estava a todo vapor; com a aproximação do dia do lançamento do CD novo não havia tempo a perder.

E no meio disso tudo ainda arrumava tempo para sentir saudade! Desde que seu namorado saiu em turnê, há três meses, toda hora ela se flagrava pensando nele e o quanto sentia sua falta, ou falta de tudo que ele fazia. Se estava pegando um café se lembrava da saudade que tinha do café que ele preparava e de todas as exigências que ele fazia sobre o líquido. Se estava ouvindo os ensaios sempre se pegava olhando para o baixo, lembrando do seu asiático e o quão incrível ele era com aquele instrumento. Quando ligava as músicas que ela tinha no celular era pior. Parecia que as letras a sufocava, impedindo sua respiração, obrigando-a a encarar a dura realidade: estava sozinha.

Sara fechou a porta e colocou a chave pendurada. Suas pernas queriam muito um descanso, mas ela sabia que se sentasse não levantaria mais. E ainda tinha algumas coisas que queria fazer. Foi até seu quarto, pegando uma muda de roupa e se arrastou até o banheiro. Foi logo tomando um banho, depois verificava seu estado. A sensação da água em suas costas era relaxante e por um minuto ela se esqueceu até de quem era.

Quando acabou o banho sentia-se renovada. Ela trocou de roupa e estava vasculhando a geladeira quando uma notificação no Skype apareceu. Ao ver que era Calum ela se animou a atender à chamada, conferindo seus dentes e aparência. Embora ela estivesse com os olhos castanhos esverdeados fundos e os cabelos castanhos escuros bagunçados, imaginou que Calum não fosse se importar. E estava certa. Assim que a chamada revelou o moreno ele abriu um sorriso grande e verdadeiro, realmente feliz por vê-la.

E lá estava ele, o baixista que conquistou seu coração. Ele tinha os cabelos pretos, cortados curtos e totalmente bagunçados. Seus olhos castanhos brilhavam também, embora igualmente fundos. Apenas seu sorriso permanecia o mesmo. Aquele sorriso que nunca lhe deixava o rosto, a verdadeira felicidade estampada em seu rosto. O sorriso de lábios grossos que ele só abria quando a via. Sara espelhou seu gesto antes de lhe cumprimentar:

—Asiático!

—Brasileira! Como vai? — Sara manteve o sorriso. A resposta certa para aquela pergunta era: “cansada, com sono e beirando a loucura de saudades de você”. Mas tudo que respondeu foi:

—Bem, e você?

—Bem também.

—Como vai a turnê? — ela perguntou, apoiando o cotovelo na mesa e a cabeça nos punhos cerrados.

—Incrível! Ontem passamos por NY. Os fãs de lá são incríveis.

—Mais incríveis que os do Brasil? — Sara exibiu um sorriso provocante e ele riu de sua expressão.

—Nenhum país tem fãs tão loucos quanto os fãs brasileiros. — Sara riu, uma gargalhada verdadeira. Calum a observou e quando ela parou, eles se olharam em silêncio. Os olhos dele estavam brilhando mais que o normal, como se estivesse... Escondendo algo.

—Amor? — ela chamou carinhosamente receosa. Ele continuou sorrindo macabro.

—Diga!

—Está com aquele sorriso de “vou aprontar”. O que você está preparando dessa vez?

E quando ele riu de sua fala, ela teve certeza: ele estava aprontando.

—É uma surpresa! — ele falou animado, encarando a amada com um sorriso arrebatador.

—Quais as instruções, Moreno? — ela questionou, sabendo que ele tinha todo um esquema planejadamente arquitetado.

Calum não era como Luke, o outro integrante da banda e irmão de coração de Sara. Quando Luke pediu a garota dos seus sonhos, Triz, em namoro foi em uma festa diurna enquanto estava chovendo. Ela tinha acabado de ficar com um menino, apenas para provoca-lo e ele havia revidado beijando ferozmente uma garota bem a frente dela. Houve uma discussão básica e logo eles já estavam se beijando. E aí veio o pedido. Sem preparação, surpresa ou algo especial. Apenas a emoção falando mais que a razão.

Calum era totalmente diferente. Com ele a emoção só tomava conta no palco. Nas ações do dia a dia era a razão que mandava e tudo era milimetricamente calculado. Sara não se importava. Ela gostava disso, na verdade. Sua vida já era bagunçada o suficiente. Ter Calum era como ter um lar em meio ao caos. Um farol em meio à tempestade. Calum era seu ponto de desconexão. Quando tudo à sua vota estava dando errado ou estava rápido demais para ela acompanhar era a Calum que ela retornava e era lá que ela sabia que deveria ficar.

—Primeiramente, você está vestida apropriadamente? — Sara olhou para si. Estava com um pijama velho do Flash. Considerava-o nada sexy e totalmente confortável.

—É, posso dizer que sim. Por quê? — ela indagou olhando ora para o pijama ora para o namorado.

—Agorinha você vai entender. Agora abra a porta! — ao ouvir isso Sara já sabia que ele tinha preparado algo muito especial. Começou a vasculhar em sua mente se era alguma data importante, algo que ela tinha esquecido. Olhou para o calendário na parede oposta, mas não havia nada marcado. Então se levantou confusa.

—É cada coisa que você me apronta viu? Primeiro foi aquele cachorro que você cismou que eu tinha que ter. Só quando viu que eu era alérgica que aceitou o contrário. — Sara caminhou calmamente ate a porta enquanto reclamava. — agora mais isso. Olha se for outro presente absurdo saiba que eu estou sem dinheiro e...

—Pode deixar meu bem. Esse você leva de graça. — ao abrir a porta Sara segurou-se para não cair. Calum estava lá, em carne e osso. Ele exibia seu sorriso triunfante enquanto admirava sua face sem disfarce.

A primeira reação de Sara foi se beliscar. Ela queria se certificar que aquilo era real; que ele realmente estava ali. E quando sentiu dor e não acordou, ela quase chorou de emoção. Calum foi mais rápido. Ele a puxou para um abraço e ali eles demoraram o quanto foi necessário. Eram três meses sem aqueles corpos se encostando, muita saudade precisava ser morta.

Sara inspirou o perfume do namorado, beijando seu pescoço logo em seguida. Ele afagava os cabelos dela, apertando-a forte. Por mais que já estivesse passado muito tempo, para eles foi como se o tempo tivesse paralisado. Calum a afastou, tirando uma mecha de seu rosto e avançou contra ela, sem nenhuma cerimônia. Ela correspondeu o beijo, adorando a sensação das línguas deles se entrelaçando. Deus, como aguentou três meses sem aquilo?

Calum ministrava sua boca com perfeição e era como se os lábios grossos dele fossem feitos exatamente para os finos dela. As mãos de Sara estavam na barra de sua camisa, arrancando-a daí numa velocidade impressionante. Calum atacou seu pescoço, beijando com vontade aquela área. Ele sussurrou em seu ouvido, entre um beijo e outro.

—Senti tanto a sua falta. Como é que vocês falam aqui no Brasil? Estava com muita...

Saudade. — Sara completou, mordendo o lábio. — Eu também senti sua falta.

E, sem se importar com mais nada, ela o levou para o quarto.

***

—Não que eu esteja reclamando, — Sara estava deitada com a cabeça apoiada no peito nu do namorado, enquanto sua mão fazia círculos ali. Calum acariciava seus cabelos, respirando tão sereno que poderia até estar dormindo. Mas a verdade é que ele se sentia vivo com ela, calmo. Era como se ela lhe levasse paz. — mas como conseguiu vir pra cá?

—Robert viu que eu estava meio cabisbaixo. E resolveu me dar um dia de folga. Vim pra cá antes que ele mudasse de ideia. — Calum riu sendo acompanhado pela namorada.

—Viva ao Robert. — ela falou. Então ouviu o ronco do estômago de Calum e ambos riram. — acho que tem alguém aqui com fome.

—É eu to realmente faminto. O que você tem por aí? — Sara não teve a chance de responder por que seu celular começou a tocar. Ela o pegou, olhando para quem era. Quase chorou quando notou que era Pedro, o vocalista problemático da banda.

—Ah droga! — ela praguejou indecisa se atendia ou não.

—O que foi? — ele perguntou olhando o nome.

—É o Pedro. Provavelmente vai vir com aquele papo de que a vida dele não faz sentido sem a Alessandra. Argh, não aguentou mais isso. Se ao menos ela fosse o amor da vida dele, mas eles estavam juntos há apenas uma semana! E desde que terminaram ele não para de me ligar.

—Para de atender então. — Calum deu de ombros saindo da cama.

—Não posso! Assim seria demitida e eu não vou voltar para a casa da minha mãe. — ela falou se cobrindo com o cobertor.

—Ótimo. Assim você largava de ser teimosa e aceitava trabalhar para a gente, como a Triz! —— Calum falou enquanto vestia a cueca. Ele a encarou e ela revirou os olhos.

—Você sabe que eu tenho um código quanto a isso! — ela replicou. Estava para atender ao telefone quando Calum o tomou de sua mão. — Calum!

—Nada disso Sara! Eu não viajei meio mundo para te ver trabalhar. Não acha que está trabalhando de mais não? — Sara se calou. Não queria brigar para Calum e não queria mentir para ele também. Afinal ela estava trabalhando muito. O celular parou de tocar.

—Só falta eu ser demitida agora. — reclamou a menina. Calum sentou-se ao seu lado e beijou sua bochecha. Então pegou sua mão e a puxou.

—Se for você sabe que tem um emprego garantido. Agora vem, vamos preparar alguma coisa. — ela se deixou levar e quando já estava de pé pegou uma roupa e vestiu. Ela o seguiu até a cozinha e eles ficaram parados sem saber ao certo o que comer. Até que Calum se pronunciou: — que tal você me ensinar a fazer brigadeiro? — Sara riu do modo como Calum falou a palavra “brigadeiro”. Então concordou.

—Tudo bem. Pega a panela. — ela ordenou.

Calum era um bom aluno. Ele fazia tudo que ela mandava sem contestar. Mas Sara estava preocupada. Ainda não conseguia se desligar do telefonema que havia recebido. Ela deixou Calum mexendo o brigadeiro e, com a desculpa de que ia ao banheiro, deu um pulinho até o quarto. Só ia mandar uma mensagem, nada mais. Estava quase terminando de digitar quando a voz de Calum quase a matou de susto:

—O banheiro fica pra lá. — ela se virou, encarando uma expressão sombria no rosto do namorado.

—Desculpa Cal, mas eu preciso saber se é importante. — Calum revirou os olhos.

—É tão importante que ele nem ligou mais uma vez. Aposto que estava com drama. Ou queria ouvir sua voz de madrugada. Oh sim, provavelmente é isso.

—Como assim? O que está insinuando?

—Que este cara tá apaixonado por você Sara e está usando essa namorada falsa como desculpa. Vai ver ele nem precisa de uma né? — o tom de acusação de Calum chicoteou o coração de Sara. Ela passou de mágoa para raiva.

—Em todos esses três meses eu passei fazendo coisas no automático. Não vou ficar ouvindo você insinuar sem fundamento nenhum que eu estou gostando do meu chefe. — a voz de Sara estava claramente controlada. — eu só estava querendo garantir o meu emprego. — Calum andou até as coisas dele e começou a pegá-las. — Calum o que está fazendo? Aonde você vai?

—Para casa! Já que seu emprego é mais importante eu vou te deixar com ele. Aproveita. — Calum se virou andando rapidamente até a porta. Sara largou o telefone na cama se sentindo culpada e furiosa com o ataque de ciúmes do namorado. Ela havia estragado tudo e sabia disso. Mas não ficaria como boba sem tentar concertar.

Correu a frente dele e se pôs entre Calum e a porta. O asiático desviou o olhar do dela e pediu baixo:

—Sai da porta Sara!

—Asiático... — ela chamou.

—Por favor! — ele a encarou e Sara se jogou sobre ele, pegando as roupas de sua mão e jogando no sofá. Depois o confrontou com o olhar antes de beijá-lo. Foi apenas um selar de lábios, mas o suficiente para fazer os músculos de Calum relaxar.

—Eu amo você. Só você. E eu prometo o trabalho não vai mais atrapalhar. — ela falou segurando o rosto dele em suas mãos. Calum a encarou com amor e um sorriso mínimo.

—Ainda assim eu não confio em você, Brasileira. Então vá vestir uma roupa. Quero te levar a um lugar.

***

—Ok, eu juro que se não estivermos perto de chegar eu vou comer essa pizza agora mesmo e...

—Chegamos esfomeada. — Calum reclamou parando o carro. Ele havia obrigado Sara a sair de casa duas da madrugada a um lugar que ela não conhecia. E mesmo sobre os avisos de assalto e outros perigos Calum disse que precisava sair de onde ela pudesse voltar a se conectar. Que eles precisavam se desconectar do mundo. Então passaram em um fast food compraram uma pizza e partiram para o tal lugar sem conexão.

Que não passava de um parque meio abandonado. Era um lugar bem iluminado que ficava num ponto alto da cidade. Incrivelmente não havia criminosos ou drogados no lugar. Na verdade, não havia ninguém ali. Sara até relaxou a postura e seguiu Calum até um lugar onde ele estendeu um lençol e eles se sentaram. Era noite de lua nova e havia um número até considerável de estrelas no céu. Mas o que mais impressionava eram as luzes da cidade vivas abaixo deles. Sara se acomodou em Calum enquanto comia o primeiro pedaço.

—Como conhece esse lugar? — ela perguntou.

—Triz me mostrou uma vez. Quer dizer, ela foi obrigada a me mostrar, já que eu descobri. — ele riu provavelmente se lembrando de como fora. — ela tinha brigado com o Luke e eu fui atrás dela, a segui sem que ela percebesse. Depois que nós conversamos ela me explicou que seu pai sempre a trazia aqui e que o lugar era meio que esquecido por todos.

—Por isso escolheu aqui?

—Eu queria que a gente tivesse um lugar pra esquecer-se da agitação da cidade. Você não se cansa de toda aquela conexão e informação diariamente?

—Sim. Às vezes. — Sara admitiu. Eles continuaram conversando por um bom tempo sobre nada em geral. Quando a pizza acabou Sara e Calum começaram a treinar frases quaisquer em português até se cansarem. O que foi difícil já que Calum era teimoso e enquanto não falava tudo corretamente ele não desistia.

A noite seguiu com risos e beijos. Sara nunca pensou que aquele tipo de amor que ela sentia por Calum pudesse ser realmente real. Ela já o tinha visto em filmes, seriados, músicas. Mas pessoalmente? Nunca. E sentir aquele amor não era sequer uma possibilidade. Ela sempre fez mais o tipo realista em sua vida amorosa, não gostava de se iludir. E agora que estava vivendo um verdadeiro conto de fadas era simplesmente difícil de acreditar.

Eles voltaram para casa quando terminaram de assistir o amanhecer. Sara deixou Calum no aeroporto e, ao contrário das outras vezes que eles se despediram nenhum deles chorou, ou sentiu vontade de chorar. Estavam tristes, claro, porque teriam que se separar. Mas depois daquela noite só deles era como se o amor dos dois estivesse mais forte que nunca. Sara beijou seu namorado calmamente, sem pressa ou vontade de se separar. Quando a última chamada foi realizada eles se separaram e Calum falou:

—Ainda vai estar aqui quando eu voltar?

—Sempre. — Sara sorriu ao dar a resposta. E completou: — eu não posso viver sem meu ponto de desconexão.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Deixe seu comentário, crítica, dúvida ou sugestão sobre qualquer circunstância. Não vai doer e nem demorar e ainda vai deixar uma autora (EU) muito feliz ^^. Obrigada por ter lido :D