Ela me empurra pra trás. Quero fugir, não conseguirei feri-la. Não entendo porquê de repente Dely quer me matar, ela parecia tão obcecada pra salvar Chiyo. Bem, ela agiu de forma meio estranha hoje mesmo. Talvez esteja explicado porquê ela me matou. Mas por que não devorou minha alma antes? Por que me trazer aqui? E por que Chiyo é tão importante? O que ela quer?

Dely corre até mim com sua foice, seu sorriso psicótico é o mesmo. Esse sorriso não me apavora mais, agora ele é doloroso, assim como seu olhar maléfico. Não sei porquê, mas dói.

Ela tenta me acertar com a foice, me defendo com a lâmina em minhas mãos e corro. Não posso machucá-la, porém não posso fugir pra sempre. Dely investe contra mim e nós dois batemos na parede.

–Diga: qual o seu desejo? Seu desejo mais sujo e hediondo? – pergunta ele com o rosto tão perto do meu que sinto sua respiração.

–O que aconteceu com você Dely? Quero você de volta! – peço e a empurro pra poder escapar.

–Você me quer? – indaga enquanto fujo – Então pare de fugir, podemos dominar este mundo juntos!

Dely tenta me ferir de novo, desvio e defendo o próximo ataque. Ela tenta loucamente me machucar. Então levo um corte na perna e caio no chão, Dely se aproxima pra me matar. A chuto e tento levantar, mas ela não deixa, acerta meu ombro com a ponta da foice e caio para o lado gemendo.

–Por que Dely? Por quê?

–Você foi um tolo! – ela me chuta – Vai ser um prazer te torturar!

Dely fica em cima de mim e soca meu rosto, cuspo sangue, ele não é negro já que não sou mais um espírito. Vou morrer de novo e não terá volta, mas o que mais dói é que vai ser pelas mãos dela.

Dely mexe em meu rosto com um sorriso malicioso, choro como se tivesse uns seis anos.

–Oh, está tristinho porque vai morrer? Com medinho? – debocha.

–Não Dely – nego – É porque eu... não suporto a ideia de que você é má, um demônio...

–Se aquela idiota da Inazuma não tivesse nos incomodado nós poderíamos ter nos divertido um pouco antes disso – diz ela – Agora a diversão é outra.

Ela arranha meu pescoço com suas unhas pontudas por debaixo de minha camisa, até nesta hora ela consegue fazer meu coração palpitar. Porém ela não me toca pra isso. Dely finca uma pequena faca em minha barriga.

–Eh... Eh...Ah... – ofego gemendo.

Ela começa a me cortar, indo mais pra cima.

–Não! Não! Volte Dely! Por favor! – choramingo histericamente.

Dely gargalha enquanto passa a faca por meu peito fazendo-me gritar. Meu corpo todo parece latejar, começo a me contorcer, pois as feridas ardem de tal forma que quero desesperadamente que essa sensação acabe. O pior é que ela faz isso com o maior prazer e as lágrimas caem não só pela dor, mas também... pelo sentimento que eu senti por ela.

–Chore! Grite! Esperneie e berre de dor! – pede Dely.

–Pare, por favor, Dely! Volte pra mim! Por favor! – suplico – Eu... Eu...

Quero dizer algo pra ela, mesmo que pareça só uma maneira de escapar do sofrimento... Antes de morrer, eu tenho que dizer pra ela. Mas como será sua reação? Tenho medo de descobrir.

–Eu... Dely... Eu...

–Hitasura-kun! – alguém derruba Dely com uma voadora, já sei quem é – Morra Hiiro! O que estava fazendo com o. Hitasura-kun! O que ela fez com você?!

Fukawa se apavora ao me ver sangrando.

–Ah, sua idiota! Sempre nos atrapalhando! – Dely golpeia Fukawa e as duas começam a lutar.

Arrasto-me pra longe da briga, estou muito fraco pra andar.

–E aí cara? Sua namorada ficou bem louca, né? – Riki está aqui – Nossa! Ela tava te exorcizando ou o quê?

–Precisamos ajudá-lo – Tatsuya me segura e Riki faz o mesmo – Dely vai ficar distraída com minha irmã por um tempo, mas quando vir que estamos fugindo a coisa vai ficar feia.

–E Chiyo? Também temos que salvá-lo – o procuro na gaiola, mas ele desapareceu – Cadê ele?

–Temo mais preocupações do que o amante da sua namorada maníaca – fala Riki.

–Ela não é namorada dele – discorda Tatsuya – Não vi aquele Chiyo quando chegamos. Tsumi pode tê-lo levado.

–Ainda não entendo. Dely é mesmo má? – indago tristonho.

–Ela tá de TPM – brinca Riki.

–Se for pra falar besteira então não abra a boca! – me irrito.

Dely e Fukawa voam na velocidade da luz desferindo golpes e mais golpes com suas lâminas, estão quase invisíveis na escuridão da noite.

–Preciso ir lá, ou uma delas vai morrer – tento me libertar deles.

–Elas vão ficar bem, você precisa de tratamentos senão é você quem morrerá – alerta Riki.

–Não me importo em morrer de novo, mas não quero assistir a morte de uma delas e não fazer nada – me solto e corro.

As feridas em meu peito me fazem ficar mais fraco, tenho vontade de me atirar no chão e dormir, mas pulo em direção às duas para impedi-las de se ferir.

Quando estou bem próximo, quase alcançando as duas e Dely está prestes a acertar o rosto de Fukawa, alguma coisa grande e pesada me acerta e sou jogado para o lado bruscamente com o encontrão. Rolo no chão junto da coisa que me acertou e vejo rosto risonho de Kiri-kiri.

–Era só o que me faltava! – praguejo.

Ele se levanta pronto para me atacar, mas Riki o empurra para o lado com um chute.

–Mexeu com meu amigo, mexeu comigo! É hora do super sayajin Riki entrar em ação!

Ele solta um grito de guerra e duas espadas aparecem em suas mãos. Riki se impulsiona e desfere um golpe em Kiri-kiri, os dois começam a lutar. Riki parece ter raios amarelados saindo de seu corpo, ele pula pra lá e pra cá desviando dos golpes de Kiri-kiri e atacando velozmente. Ele parece feliz por estar lutando apesar de levar alguns cortes de quando em quando.

Olho para o lado e avisto Tatsuya lutando com outro dois Oni em forma humana.

Fico sem saber o que fazer, paralisado no chão, apavorado.

“Lute Kori! Deixe de ser covarde” ecoa a voz de Kasai “Proteja aqueles que você ama! Cumpra sua promessa! Seja forte!”

Fukawa grita, encurralada num canto sendo estrangulada por Dely, que também corta seu braço. Um desespero me toma ao ver aquele sangue saindo de Fukawa. Desse jeito ela vai morrer! Não posso suportar isso!

Levanto subitamente e corro em frenesi até elas. Dely começa a cortar o pescoço de Fukawa rindo sadicamente. Grito com o coração em histeria:

–Fukawa! Fukawa! Fukawa!!! – elas estão muito longe.

–Kori! – Fukawa estende a mão inalcançável.

Dely vê isso e morde a mão dela enquanto fica a faca em sua garganta.

–FUKAWA! – berro com a mão estendida, mas nunca a alcançarei.

Sangue sai de sua boca e seus olhos perdem o brilho que tinha antes, ela fica caída no chão imóvel, sem vida nenhuma em seu corpo. Dely gargalha e lambe o sangue da faca. Eu poderia dizer um milhão de coisas, mas só digo:

–Volte Dely! Eu preciso de você! Não me deixe!