Um lugar para ficar escrita por Renata Leal


Capítulo 8
Capítulo 8




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Eu sou mais do que grato pelo tempo que passamos.

Purpose – Justin Bieber

– Caíque e os meninos estão voltando com os nossos sucos. Finjam que nada aconteceu. – falei às meninas. Quando Mariana notou a presença inesperada e inusitada do cara da direita, os meninos já tinham ido pegar suco para nós, então não presenciaram nada.

Os meninos chegaram, tomamos nossos sucos e continuamos a curtir o show, como estávamos fazendo. Dei-me conta que, em determinado momento, eu estava olhando para todos os lados procurando o cara da direita.

Deixa de ser boba, Malu! É só um cara! Esqueça, foi apenas uma coincidência.

– Olha só quem tá checando se o Caíque está se comportando – Clara sussurrou para mim. Olhei para o lado que ela estava olhando e percebi que Fabiana estava parada nos encarando com um copo de cerveja na mão.

Ali no show não daria para conversar com ela e eu nem queria, pois sabia que poderia haver algum tipo de estresse e eu não queria estragar a minha noite por causa dessa menina. Ignorei a minha ideia inicial e preferi deixar a conversa para depois.

Cutuco a Mariana. Pedro e Luna estavam se beijando! Que lindos!

– Esses dois têm tudo para dar certo! – falei a Mariana.

– Concordo! Parecem dois ursinhos de pelúcia de tão fofos. – Mariana falou fazendo gestos com a mão.

O show terminou às 21h20. Mariana e Clara resolveram dormir na casa da nossa avó. Assim que chegamos, dormimos logo, pois todas estavam acabadas.

*

12 de dezembro, domingo, 13h

– Não quero que você vá embora! – falei chorosa.

– Eu também não queria ir, mas você conhece a minha família, né! São todos uns chatos! – ela disse revirando os olhos.

– Eu sei, eu sei – disse fazendo cara de quem ia chorar. Dei um abraço bem forte nela e desejei boa viagem.

Meu pai tinha que voltar por conta do trabalho e minha mãe quis acompanha-lo; logo, Luna aproveitou a carona para não voltar de ônibus.

Fiquei extremamente mal pela minha amiga ter que voltar. Além de eu sentir falta dela, lá ia ser um saco! Aquelas garotas são insuportáveis, ela é mesmo um anjo para aguenta-las.

– Liga quando chegar? – Pedro perguntou à Luna.

– Ligo... – ela disse sorrindo. Eles deram um beijo rápido e fomos encontrar meus pais no carro.

Despedi-me do meu pai e da minha mãe e eles foram embora.

– Nada de tristeza – falei ao perceber que Pedro estava na porta.

– Acho que estou apaixonado – ele falou.

– Você é um bobo. – eu disse.

– Tenho que aprender como não me apaixonar tão fácil. – ele disse.

– Concordo – disse a ele. Entramos na casa.

Eu, as meninas e os meninos ficamos assistindo à TV enquanto minha avó terminava o almoço.

– Malu, pode vir aqui? – minha avó me chama.

Fui até ela, que disse ter alguém na porta querendo falar comigo. E quem eu menos esperava, aparece.

Fabiana.

– Oi – falei.

– Oi – ela disse. – Não vim aqui para discutir com você.

– Espero – falei – Eu estava querendo falar com você, mesmo.

– Posso entrar? – ela pergunta.

– Vamos para o meu quarto. – falei. E fomos. Ao passar pela sala, Mariana, Clara, Pedro e Bruno não entenderam nada, mas olhei para eles com um olhar de “está tudo bem, relaxem”.

– Bom, eu estou aqui para te pedir desculpas. – ela começou.

– Desculpas? – perguntei.

– Sim. – ela falou suspirando. – E eu preciso que você saiba de algumas coisas, então deixa eu falar e depois você fala, pode ser?

– Claro – respondi.

– Caíque e eu somos amigos desde os cinco anos de idade e crescemos com os nossos pais falando que havia algo a mais na nossa amizade. Alimentei isso. Entretanto, Caíque nunca aceitou, pois não queria destruir o laço que tínhamos. Ele sempre me enxergou apenas como uma irmãzinha mais nova, que precisava de cuidado e atenção. Até que, há três anos, seus pais se divorciaram e sua mãe entrou em depressão. O amor mais lindo que eu já vi em toda a minha vida é o amor que Caíque tem por sua mãe. Apesar de parecer grosseiro, ele dá a vida por aquela mulher. Claro, com razão, pois ela é excepcional. Enfim, depois do divórcio, seu pai começou a beber muito. Na verdade, beber mais do que já bebia. Até que ele apresentou câncer. E morreu.

Pus a mão na boca, assustada.

– Pois é. Caíque e sua mãe enfrentaram muitos problemas, mas um anjo surgiu na vida deles: Thadeu. Thadeu e a mãe de Caíque namoram. Ele apareceu e transformou a vida desses dois. Ajudou-os a superar essa perda de uma forma que, até hoje, ninguém entende. Thadeu foi um pai para Caíque. Tanto que ele até, às vezes sem querer, chama-o de pai. É uma relação muito bonita. Mesmo com o Thadeu e até antes dele aparecer, Caíque não saia, se trancava no quarto, chorava e lamentava pela vida que sua mãe estava tendo. Ele se culpava. Culpava por uma morte que não teve nada haver com ele. E isso virou uma doença. Ele teve depressão. Uma depressão horrível e teve que tomar vários remédios e toma até hoje alguns!

Eu estava extremamente boquiaberta. Caíque passou por tanta coisa...

– Sempre fomos muito próximos e sempre procurei ajuda-lo ao máximo. Depois do que aconteceu na praia, além de vir te pedir desculpas, vir até aqui para pedir que cuide bem desse garoto, pois ele vale ouro. É um menino incrível, juro para você. Conheço Caíque como ninguém e ele não merece mais nenhuma decepção.

– Vocês deveriam ficar juntos – falei.

– Como assim?! – ela pareceu surpresa.

– Olha, Fabiana, eu gosto muito do Caíque, de verdade. Eu não quero que você pense que estou com ele por pena, porque eu não estou! Nunca faria isso. A história de vida desse garoto é de emocionar qualquer um, fiquei muito surpresa com tudo isso! Ele é tão pra cima, alto astral, diverte todo mundo... Quem diria que por trás de tantos sorrisos existia um triste passado? Nunca que eu adivinharia! E eu não vou me fazer de besta. Eu sei que Caíque gosta de verdade de mim. Sei mesmo. Mas, já deixei claro para ele que eu não sinto o mesmo. – quando eu disse isso, ela pareceu assustada.

– Então, porque você está com ele? – ela perguntou.

– Se tem uma coisa que eu prezo, é a felicidade. E eu me vejo extremamente feliz com Caíque. Ele me faz muito bem. Mas, passei a ter medo por conta de várias coisas que ele me falou. Ele já assumiu que gosta de mim e pareceu muito chateado (quase surtou) quando eu disse que não sentia a mesma coisa. Depois ele pediu desculpas por ter “surtado”, disse que era efeito do remédio. Mesmo assim eu quis continuar. Não foi por pena, foi por desejar a minha felicidade também. E ficando com ele, apesar de não sentindo tanto assim, eu sou feliz. Estou feliz.

– Entendi – ela disse – Acredite que, se você está feliz, ele está duas vezes mais feliz que você. A maneira como ele te olha, como ele fala de você... Às vezes gostaria que ele falasse de mim também... – ela solta.

– Desculpa, Fabiana, eu nunca quis machucar ninguém, mas de que adianta eu abrir mão do Caíque para ele ficar com você se ele não sente o mesmo por você? Se eu terminasse com ele, ele só ia ficar mais chateado ainda... – falei.

– Não, não... De forma alguma eu ia desejar isso! Nem pra você e muito menos pra ele! Não quero isso. Eu sei que pareci chata e egoísta ao dizer tudo aquilo que disse, mas eu não sou assim. Acho que eu estava tão preocupada que acabei ficando fora de mim.

– Eu te entendo... De verdade. – falei. Dei uma pausa ao perceber que ela estava emocionada. – Se você pensa que Caíque vai ficar assim pra sempre com você, está enganada. Ele pode mudar. Ele vai voltar a falar com você normalmente, acredite em mim. Eu vou conversar com ele, vou dizer o que eu acho e que eu entendo os seus motivos e atitudes. Assim como ele errou, foi extremamente grosseiro, você também errou! Os dois erraram e, tenho certeza de que, ao refletirem, se arrependem. Ninguém nunca ia querer ouvir aquelas palavras que foram ditas.

– Você tem razão. Conversaria com ele por mim? – ela disse de cabeça baixa.

– Claro! Vou fazê-lo entender, não se preocupe. Qual é, vocês são amigos desde os cinco anos! Não vale a pena ficar nessa por conta de um pequeno excesso de cuidado... – eu disse rindo. Ela também riu.

– Obrigada, Malu. Se eu soubesse que você é tão legal, não teria falado daquela maneira com você e nem pensado coisas ruins – ela disse pegando na minha mão. Sorri.

– Eu também tenho mania de julgar antes de conhecer. Principalmente as garotas que estão com garotos que a gente queria estar – falei rindo. Ela sorriu novamente. Fiquei feliz com isso. Fiquei feliz com a atitude dela e mais ainda com a minha. Eu podia reverter essa situação. Além de voltar a falar com Caíque, eu poderia fazê-lo enxergar que havia uma garota que gostava dele de verdade... Eu poderia fazê-lo enxergar que a sua princesa não sou eu, é Fabiana.

Ela errou, cuidou demais, zelou demais. Mas, está arrependida. Ficou com medo! Isso foi puramente medo. E merece uma segunda chance. Principalmente da minha parte. Merece uma segunda chance do Caíque, também, claro. Ela merece que a vejam como realmente é. É um pouco impulsiva, claro, todos nós temos nosso lado impulsivo.

– Caíque precisa de alguém que o faça esquecer, Fabiana. Não que fique lembrando-o o tempo inteiro do que aconteceu, entende? Isso é maçante, cansativo e irrita. Não estou falando isso para irritar você, muito pelo contrário! Mas, apenas, para alertar você sobre uma opinião dele. – falei.

– Eu admito que fui um pouco chata mesmo. Ele queria mesmo esquecer. Afinal, ficar lembrando de coisa ruim é insuportável. Acho que o meu erro foi esse. Querer cuidar demais de uma pessoa que não precisava cuidados, precisava de diversão, felicidade, coisas boas. Batia sempre na mesma tecla e vivia lembrando-o de recomendações médicas. Agora entendi o lado dele. – ela concluiu levantando-se da cama. – Não quero mais tomar o seu tempo. Muito obrigada pela conversa, de verdade. Eu precisava esclarecer essas coisas, pois aquela menina que gritou com você não existe. Nunca fui assim e nem sei o que deu em mim para fazer isso. Sempre fui extremamente compreensiva e companheira.

– Não tomou meu tempo, não! De jeito nenhum. Foi uma conversa ótima. – eu disse sorrindo para ela. – Eu te entendo, Fabiana. Espero que você me desculpe também por pensar coisas ruins de você – falei.

Nos despedimos e ela foi embora. Como previsto, ao sair, todos começaram a me questionar o que havia acontecido. Contei tudo e nesse momento, ninguém se pronunciou, todos ficaram parados e de boca aberta ao ouvir a minha inesperada história.

– Fala sério, essa menina deveria ganhar o prêmio surpreendente do ano! – Mariana brincou.

– Isso que eu chamo de ter amor no coração! – Clara disse. – Ganhou o meu respeito, Fabiana!

Ficamos conversando um pouco sobre isso e falei com os quatro que eu queria, indiretamente, tentar juntar os dois, afinal Fabiana gosta demais do Caíque!

Decidi não pensar nisso e quando surgir oportunidade, conversar com o Caíque. Espero que ele não fique com raiva por eu estar a favor do retorno da amizade dos dois, mas... Irei tentar! Afinal, a gente nunca saberá se não tentar, não é?

*

13 de dezembro, segunda-feira, 9h

Eu estava sentada comendo um pão delicioso, feito por minha avó. Já tinha corrido com Caíque. E então, lembrei-me de quando paramos para descansar.

Uma hora atrás.

– E você e Fabiana? – perguntei um pouco sem graça. Eu tinha um pouco de receio ao começar uma conversa com ele... Sei lá, ele podia não gostar do assunto.

– O que tem? – ele perguntou.

– Estão se falando? – pergunto tentando achar um jeito de começar o assunto de uma maneira mais tranquila. Não queria que ele pensasse que eu estava me metendo na vida dele.

– Desde aquela discussão ela não me procurou mais. Nem eu. – ele respondeu.

– Não acha que foi um pouco duro? – perguntei.

– Pode ser. – ele disse. Engraçado, imaginei que ele me condenaria por achar isso. – Sabe, eu sei que ela gosta muito de mim – ele disse um pouco reflexivo – Mas, eu não estava mais aguentando. Era todo dia isso no meu pé! Era um saco...

– Eu te entendo também. – eu disse. – Acho que ela estava tão preocupada com você que ficou fora de si. Sabe, vocês pareciam ter uma amizade tão bacana... Acha que brigar por uma besteira vai resolver alguma coisa? Acho que você deveria procura-la e tentar explicar, sabe? O que você acha...

– Acha isso mesmo? – ele perguntou.

– Sim – respondi surpresa. Jurava que ele iria me matar por tocar naquele assunto, mas sinto que ele está sentindo a falta dela. Isso é bom. – Eu acho que vocês gostam um do outro... Apesar dela ter um sentimento um pouco diferente. Foi excesso de cuidado. Explique isso a ela. Diga que você não gosta que fiquem falando o tempo inteiro, que o que você queria era viver como todos, como se nada tivesse acontecido. Sabe, é chato as pessoas ficarem lembrando... – eu disse.

– Exatamente – ele concorda. – Acho que vou fazer isso mesmo. Afinal, temos um bom tempo de amizade.

Resolvi contar.

– Ela foi até a minha casa, Caíque.

– Ela o quê? – ele perguntou-me assustado.

– Pedir desculpas – eu disse.

– É sério isso? – ele pareceu surpreso.

– Não é normal ela fazer isso? – pergunto.

– Na verdade, ela é bem tranquila. Até estranhei ela ter arranjado briga com você. Mas, entendi o lado dela. Nunca imaginaria que lhe pediria desculpas.

– Ela me explicou tudo, os motivos dela e tal. Eu entendi tudo. – falei.

– Ela contou tudo?

– Você confia em mim?

– Claro que eu confio. Só que não achei legal da parte dela sair contando.

– Caíque, pense comigo – falei. – Você demonstra gostar muito de mim. Acha que ela contaria para qualquer pessoa? Contou para uma pessoa que você passa total confiança!

– Você tem razão – ele disse.

– Hum. Está compreensivo hoje. – eu disse sorrindo – Pensei que mataria Fabiana por ter me contado a sua história.

– De que adianta eu me estressar com isso? É como você disse, ela contou para uma pessoa que passo confiança. E além do mais, sinto a falta dela. – ele disse olhando para baixo.

– Eu não sei como você não gosta dela... – soltei. Sem querer. Eu não deveria está colocando tantas situações numa mesma conversa! Tinha que ter ido por partes!

– Como assim?! – ele estranhou – Ficou maluca?

– Sei lá, ela é tão legal com você, gosta tanto de você, vocês se conhecem há tanto tempo! É bonita uma amizade assim.

– Eu sei – ele disse – Mas, é exatamente isso. Não quero estragar tanto tempo de amizade. Quero ficar com você, Malu – ele disse.

– Eu admiro muito isso. De verdade, amo a sua companhia. – falei. Ele sorriu, mas um sorriso um pouco sem graça e talvez triste. Talvez triste por saber e ver no meu olhar que o sentimento não é recíproco.

– Mas...?

– Mas, o quê? – perguntei.

– Sei lá, sempre tem um “mas”. – ele respondeu.

Eu sorri.

– Mas, às vezes, eu sinto que você e Fabiana dariam tão certo – falei. – Acho que ela faria você feliz como ninguém. – eu disse. – Desculpa, Caíque, estou apenas sendo sincera porque eu quero ver você feliz! Você merece isso!

Senti um olhar de tristeza dele.

– Malu, você não existe. – ele disse. – Quero você pra sempre na minha vida – ele disse. Assustei-me. Será que ele não percebe que tem que ficar com Fabiana? Percebendo o meu susto, continuou a falar. – Mesmo não sendo como namorada... Quero você comigo sempre – ele disse sorrindo.

Caíque mudou. Ele amadureceu. Talvez eu tenha ajudado, talvez ele tenha feito isso com as suas próprias reflexões, mas sinto que ele mudou. Ele está mais equilibrado, tendo controle sobre suas próprias emoções e sendo um pouco mais racional do que sentimental.

– Que bom – eu disse.

– Tem certeza que não quer mais ficar comigo? Nem um pouquinho? – ele perguntou sorrindo. Palhaço. Sorri também. E começamos a gargalhar.

– Isso é tão estranho – eu disse sorrindo.

– É, eu também acho – falei.

– Acho que a gente terminou, né? – ele disse. – E eu estou rindo aqui – ele disse. Rimos novamente.

– É, terminamos – eu falei. Dei uma pausa. – Acho que você devia tentar com Fabiana... Aos poucos, sabe? Tentar gostar dela, porque, acredite, ela gosta muito de você. – eu falei. – E acho que você deveria ir até ela agora!

– Acha? – ele perguntou

– Sim! Você tem que fazer isso! – eu disse dando um tapa no braço dele.

– Eu vou fazer – ele disse. – Mas, não conte nada a ela. Eu quero tentar antes de iludi-la – ele falou.

– Eu entendo. Prometo que não vou falar nada – falei.

– Muito obrigada, Malu – ele falou. – Você é incrível.

– Estou aqui sempre, viu? – falei. – Não se esqueça de mim – ri.

– Nunca vou me esquecer de você – ele disse dando-me um beijo na testa.

Nos abraçamos e Caíque foi atrás da Fabiana.

Uma hora depois.

E aqui estou eu bebendo meu suco de abacaxi enquanto relembro essas cenas. Eu fiz a coisa certa e fico feliz que ele não ficou mal, nem nada do tipo. Sinceramente, não esperava isso dele. Nesse momento, ele e Fabiana devem estar se acertando. Espero que fique tudo bem.

Escovei meus dentes e ouvi minha avó me chamando.

– Vó, me chamou? – perguntei.

– Sim, Malu! Leve essas caixas vazias lá para cima, por favor! – minha avó disse. – O entregador está precisando.

– Tudo bem – eu disse.

Subi as escadas de madeira e chegando ao porão, deixei as caixas no canto e fui olhar a pequena janela. O sol estava bem quente. Como é bonito daqui de cima.

– Posso te ajudar? – alguém pergunta, atrapalhando os meus pensamentos.

Viro-me e vejo um homem alto e forte. Sua pele e bronzeada e sua camisa delineia seus músculos. Seu cabelo é castanho e seus olhos são claros. Por um momento, pensei estar no paraíso.

– Você está bem? – ele pergunta novamente. Percebo que ele tinha feito alguma pergunta antes dessa e eu estava que nem uma maluca olhando fixamente para o físico dele. Senti-me uma idiota.

– Estou bem. Só subi para deixar essas caixas para o entregador, a pedido da minha avó. – falei olhando para baixo.

– Você é neta da dona Denise? – ele perguntou.

– Sim – falei.

– Engraçado. Acho que te conheço de algum lugar – ele disse.

Congelei. Não pode ser. Não. Pode. Ser. Analisei-o e vagamente lembrei-me: o cara que escutava “Fluxo perfeito”. O cara que derrubou suco em mim. O cara que estava no show. O cara da direita.

*


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