Um lugar para ficar escrita por Renata Leal


Capítulo 3
Capítulo 3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/628669/chapter/3

Não se preocupe, porque tudo vai ficar bem.

Be alright – Justin Bieber

8 de dezembro, quarta-feira, 8h

Acordei assustada com o meu celular tocando.

– Alô?!

– Malu? É o Caíque.

– Ah, oi!

– Não te acordei né? – ele perguntou rindo. Minha voz com certeza já respondia essa pergunta, mas resolvi não deixa-lo constrangido.

– Não, só estava deitada.

– Ah, então, tudo bem. Estamos indo à praia agora. A gente se encontra na barraca 03?

– Certo. Pode ser. – eu disse e logo nos despedimos e desliguei.

Tomei um banho bem rápido e fui até a casa das meninas. De lá, fomos na casa dos meninos, mas eles recusaram por preferir dormir. Fala sério, será que eles não vão aproveitar as férias? Mas, acho que já devem estar enjoados... Afinal, moram praticamente ao lado dessa praia maravilhosa!

Chegamos na barraca 03 e Caíque estava com o menino. Cumprimentei-os e fomos sentar numa mesinha dessa barraca. Clara ligou para o Marcelo e ele disse que viria junto com o Yago. Mariana se animou.

Ficamos na barraca 03 mesmo. Eu disse que queria dar um mergulho. Caíque disse que também queria e chamou o seu amigo, mas ele recusou. As meninas também não quiseram. Fiquei meio constrangida, mas fingi que aquilo não me afetava. Afinal, ele podia me achar a maior boba por não querer mergulhar só porque as “amiguinhas” não foram.

Seria mentira se eu falasse que eu não queria beijar o Caíque. Mas, ficar sozinha com um garoto me deixava um pouco sem graça e nem um pouco à vontade. Estou de férias, quero me divertir. Vou deixar rolar, não quero ficar me importando com coisas bobas.

Fomos para a água.

– Você me achar bem esquisito, não é? Nem te conheço e já te chamo assim... – ele disse. Dei uma risada discreta. – Você gosta de praia, não é?

– Gosto muito... – falei.

– Você é bem tímida. – ele disse. – Me fale mais de você.

– O que você quer saber? – perguntei.

– Não sei... Coisas que eu não saiba, ou seja, tudo praticamente. – ele disse sorrindo. Sorri de volta.

– Não sei o que falar. – falei sem graça.

– Você sai muito? – ele perguntou.

– Não muito. Sou mais caseira, mas quando dá, saio sim. E você?

– Também não saio muito. – ele disse. – Não sei muito o que perguntar...

– Acho que aos poucos a gente vai se conhecendo...

– Eu adoraria. – ele disse. – Meu objetivo é esse.

Fiquei sem graça. Nossa. Ele sabia deixar uma pessoa sem graça e extremamente constrangida, com vontade de dar um mergulho e nunca mais sair dali. Sorri e dei um tapinha no braço dele, por baixo da água.

Ele segurou a minha mão e levou até sua boca dando um beijo de leve. Ele pôs sua mão na minha cintura, me aproximando mais dele. Com a outra mão, segurou, de leve, o meu pescoço. E nos beijamos.

Eu diria que ele beija bem. Porém, ele tem uma mão bem firme. É bom ás vezes, mas agora não era um momento propício.

Parei.

– O que foi? – ele disse.

– Nada... – falei. Ele me deu beijo na bochecha e acariciou minhas costas.

– Vamos? – ele perguntou. Concordei. Eu queria tomar banho de sol.

Caminhamos em direção à barraca e os meninos já tinham chegado. Caíque e seu amigo, que descobri que o nome é Ícaro, foram pedir uns petiscos, o que deu brecha para Mariana e Clara fazerem diversas perguntas para mim. Todos ficaram bem felizes por mim, pois, com certeza, já estavam cansados de me verem sozinha ali. Eu disse que não me importava. Mas, com certeza, Mariana e Clara ficavam um pouco constrangidas por estarem com seus namorados e eu ali sozinha...

Caíque e Ícaro chegaram com os petiscos e eu já me empolguei. Tomei posse do pote de batata frita, o que eu mais amo no mundo! Coloquei sal e queijo ralado e comecei a me deliciar. As meninas e os meninos reclamaram, mas fingi que não liguei.

Caíque pegou uma cadeira e pôs do meu lado. Deu-me um beijo na bochecha e roubou uma batata frita do meu pote. As meninas deram risada e ficaram com uma carinha de “que fofo”.

O dia não parou de melhorar a partir daí. Caíque me fazia sorrir o tempo inteiro, fazia piadas e fazia todos rirem... Tinha um humor fora de série! Mesmo com tão pouco tempo, já sinto que o conheço há um tempo. Não é como um amigo de anos... Afinal, ainda não me sinto muito à vontade com ele... Claro! Conheci o garoto não faz nem um dia!

Ícaro teve que ir embora, pois iria viajar com sua família. Combinamos de sair à noite, então as meninas preferiram ir logo para casa. Chamaram-me para ir com elas, mas eu queria conversar um pouco com a Luna no Skype, então decidi ir para a casa da minha avó mesmo. Yago e Marcelo foram levar Mariana e Clara em casa e Caíque disse que me levaria. Concordei.

Caminhamos de mãos dadas até a casa da minha avó e na porta, nos despedimos.

– Malu! – minha avó me chamou da doceria. – Chegou na hora certa, rapaz! A comida está pronta! Estava só ajeitando umas coisas aqui... Você vai almoçar conosco, não vai?!

– Eu não sei... É que...

– Não quero saber de desculpas... Tem comida para a cidade inteira! – ela brincou.

– Tudo bem... Eu fico – ele disse sorrindo.

Não sei se seria uma boa ideia Caíque almoçar lá em casa, conhecer uma parte da família... Nos conhecíamos há, apenas, 2 dias. Mas, mesmo assim, não fiquei chateada, concordei e fomos para dentro.

E na mesa, eu já imaginava que ele seria interrogado.

– E então, Caíque, não é? – meu pai interrompe o longo silêncio.

– Isso mesmo – ele disse. Acredito que ele não imaginava que meus pais estavam ali.

– Você tem quantos anos? – meu pai pergunta.

– Tenho 19 anos, senhor – Caíque responde um pouco tenso.

– E faz o que?

– Eu trabalho no escritório de advocacia do meu pai e faço faculdade de administração. – ele diz. É... Dessa eu não sabia.

– Que bom – minha mãe falou. – E está gostando? – ela pergunta.

– Sim, é o que eu sempre quis fazer. – Caíque respondeu.

O almoço até que fluiu bem. Ele disse que precisava ir para casa e eu falei que tinha que conversar com a Luna no Skype. Ele concordou e nos despedimos com um “até mais tarde”.

Caíque era um bom rapaz. Gostei dele. Ele parece que gostou de mim também. Eu achei um pouco precipitado esse almoço, mas ele parece um bom rapaz. Eu não diria que é o “homem dos meus sonhos”, apesar de muito bonito, eu não consigo entender porque sinto apenas atração física por ele. Nem eu mesma me entendo. É muito esquisito, não consigo sentir nenhum tipo de afeto.

Deve ser porque mal o conheço. Espero que isso mude, pois eu não gostaria nem um pouco de magoa-lo, ele parece que gosta mesmo de mim.

Liguei o Skype. A Luna já estava online.

– Desculpa, ocorreu um imprevisto, tive que almoçar. – falei.

– Pensei que já tinha almoçado, são 15h!

– Cheguei da praia tarde – falei.

– Ah sim. E ai, como foi?

– Foi legal. Conheci um menino. Nos beijamos. – falei rápido e olhei para baixo, como se aquilo fosse uma coisa normal.

– O quê?! Como assim?!

– Não grita! – falei tentando acalmá-la.

Expliquei tudo a Luna. Ela ficou calada o tempo inteiro e estava com uma cara muito esquisita, até parece que não gostou da notícia! Como assim ela não aprova eu ficar com alguém? Não era ela que dizia que eu precisava me soltar mais?! Não estava entendendo.

– Certo... E você gosta dele? – depois de uns dez minutos calada, essa é a primeira que coisa que sai da boca dela após eu ter dito que achava ele interessante e bom rapaz. Não poupei detalhes, contei tudo e ela escutou calada.

– Gosto... Não é um gostar muito especial, até porque nos conhecemos pouco, mas ele é muito interessante. – falei. Eu resolvi me abrir um pouco mais para ela. Falei tudo o que se passa na minha cabeça nesse momento: não sinto uma atração tão forte por ele, é apenas desejo de momento... Não sei se isso vai longe. Sinto que é uma coisa passageira.

– Entendi. – ela disse. – O Gabriel está me ligando. Preciso ir. Amanhã a gente se fala?

– Tudo bem – eu disse, achando muito esquisito a ausência de animação dela.

– Saudades, tchau! – ela disse sorrindo.

Luna nunca foi assim. Ela está muito esquisita. Sempre foi bastante animada! Principalmente, com essas coisas de garotos, beijos... Eu e a Luna, como melhores amigas, sempre contamos tudo uma para a outra e sempre nos empolgamos com esses assuntos, apesar dela ter um fogo a mais do que eu... Ela nunca foi tão calada assim, nunca deixou de se animar com os garotos que conheço! Com certeza aconteceu alguma coisa.

*


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um lugar para ficar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.