O Despertar do Tigre escrita por B L Moraes


Capítulo 7
Novo Poder


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pela demora ( como sempre rs.)
Boa leitura e espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/628580/chapter/7

Sunil nos instruiu a esperar no carro enquanto ele verificava se havia visitantes no templo. Meu pai enfiou a cabeça entre os bancos e começou a dar cabeçadas no meu ombro até eu me virar.

— É melhor você manter a cabeça abaixada. Alguém pode vê-lo se não tomar cuidado — falei com uma risada.

O tigre branco emitiu um ruído.

— Vai dar tudo certo pai.

Depois de uns cinco minutos, um jovem casal saiu do templo, entrou em um carro e partiu, e Sunil retornou.

Saltei e abri a porta para Ren, que começou a se esfregar em minhas pernas como um gato doméstico gigante à espera da comida. Eu ri.

— Pai! Você vai me derrubar.

O acariciei entre as orelhas.

Nilima deu uma risadinha e disse:

— Vocês dois podem ir dar uma olhada no templo enquanto eu e Sunil ficamos aqui de vigias para o caso de aparecerem outros visitantes.Anik pegue o báu.

—Eu não trouxe o báu apenas as armas em minha bolsa de viajem.

—Oque !-Nilima me encarou assustada por um momento

—Eu achei que não teria problema afinal Durga me deu de presente.

—Okay,Leve a bolsa e boa sorte.Eu e Sunil vamos estar aqui se precisaram-Nilima bufou e tentou dar um sorriso gentil.

Da proxima vez trazer todos os itens magicos antes de irritar uma indiana—Pensei

O acesso ao templo era ladeado por pedras lisas cor de terracota. O templo propriamente dito era da mesma cor, com estrias de um sépia suave, rosa e bege claro. Árvores e flores haviam sido plantadas em torno da área do templo e vários caminhos saíam da entrada principal.

Subimos os degraus baixos de pedra até a entrada, que era aberta e exibia colunas altas que sustentavam o caminho de acesso. A soleira tinha altura suficiente apenas para que uma pessoa de estatura mediana passasse. De ambos os lados da abertura havia entalhes incrivelmente detalhados de deuses e deusas indianos.

Um aviso, escrito em várias línguas, dizia que devíamos tirar os sapatos. O chão era coberto de poeira, então tirei também as meias e as enfiei dentro dos tênis.

Lá dentro, o teto se expandia em um domo alto onde se viam intricados entalhes com imagens de flores, elefantes, macacos, o sol e deuses e deusas brincando. O piso era de pedra e quatro colunas decorativas ligadas por arcos ornamentais se erguiam a cada canto. As colunas ostentavam entalhes de pessoas em vários estágios da vida e em várias ocupações no ato de venerar Durga. Uma imagem da deusa podia ser vista no topo das pilastras.

O templo era literalmente esculpido em uma colina rochosa. Uma série de degraus levava do piso principal a três direções. Escolhi o arco da direita e subi os degraus. A área além dele estava danificada. Pedras quebradas e esfaceladas espalhavam-se pelo piso. Pelo estado em que o espaço se encontrava, eu não conseguia imaginar com que propósito poderia ter sido usado.

A área seguinte abrigava uma espécie de altar de pedra. Uma pequena estátua quebrada, agora não identificável, descansava sobre ele. Tudo era coberto por um pó sépia espesso, cujas partículas cintilavam e pairavam no ar. Feixes de luz desciam de rachaduras no domo e iluminavam o piso com raios estreitos. Eu não ouvia meu pai, mas cada movimento meu ecoava pelo templo vazio.

O ar lá fora era abafado, mas ali dentro estava apenas morno e até fresco em alguns lugares, como se cada passo me levasse a um clima diferente. Olhei para o piso e vi minhas pegadas e as do grande felino e pensei que deveria varrer o chão antes de irmos embora. Não queríamos que as pessoas pensassem que havia um tigre rondando o templo.

Depois de dar uma busca na área e não encontrar nada importante, entramos no arco da esquerda e eu arquejei, pasma. Um recesso escavado na pedra abrigava uma linda estátua de pedra de Durga. Ela usava um imponente ornamento de cabeça e tinha os oito braços dispostos em torno de seu torso como penas de pavão.. Enroscado em suas pernas estava Damon, o tigre de Durga. Suas garras enormes se projetavam de uma pesada pata, apontada para a garganta de um javali inimigo.

— Kishan,o tigre Damon-Sussurei

Parei na frente da estátua e meu pai se sentou ao meu lado. Enquanto a examinávamos, perguntei a ele:

— Porque acha que Durga nos quer aqui ? Onde ele vai aparecer ?

Andei de um lado para outro diante da estátua enquanto investigava as paredes, introduzindo o dedo cautelosamente nas fendas. Estava procurando alguma coisa incomum, sem muita certeza do que poderia ser. Depois de meia hora, minhas mãos estavam manchadas, cheias de teias de aranha e cobertas por uma poeira terracota. E eu não chegara a lugar algum. Limpei as mãos na calça jeans e me sentei pesadamente em um degrau de pedra.

— Desisto. Não sei o que devíamos estar procurando.

Ele se aproximou e descansou a cabeça no meu joelho. Fiz um carinho em suas costas macias.

— O que vamos fazer agora pai ? Continuamos procurando ou voltamos para o Jeep? Você não se lembra do que aconteceu quando estava qui com a minha mãe ?

Olhei para a coluna de sustentação ao meu lado. Ela mostrava um entalhe de pessoas adorando Durga – duas mulheres e um homem fazendo uma oferenda de comida. Pensei que deviam ser lavradores, pois havia tipos diferentes de campos e pomares dominando o restante da pilastra. Rebanhos de animais domésticos e instrumentos agrícolas também tinham sido incluídos na cena. O homem carregava um feixe de grãos pendurado no ombro. Uma das mulheres levava um cesto de frutas e a outra trazia alguma coisa pequena na mão.

Eu me levantei para olhar mais de perto.

— Pai me responda.O que fazemos agora?

Dei um pulo. Sua mão quente pegou a minha e a apertou de leve.

— Você devia me avisar antes de mudar de forma, sabia? — ralhei.

Ele riu e traçou as linhas do entalhe com o dedo.

— Filha quando eu e sua mãe estavamos aqui foi diferente e faz tanto tempo.Quase duas décadas.

Também cobri o entalhe com o dedo e murmurei:

— Durga disse que eu poderia descobrir um poder mas eu não faço ideia de como ou oque seja.

— O que quer dizer?

— Você mesmo disse que eu sou outra escolhida de Durga ¨Uma escolhida diferente ¨talvez eu colocando esse poder em pratica seja a tal oferenda de Durga.

Ele deu de ombros.

— Eu não sei como vamos fazer isso,talvez Sunil saiba algo afinal ele é o irmão dela.

Voltamos para o Jeep e contamos nossa ideia a Sunil . Ele pareceu entusiasmado.

— Excelente ideia ! Mas realmente eu não sei como vai por este poder em pratica.Ninguem sabe que poder é esse.

Ele vasculhou o Jeep e folheu alguns livros .

—Eu realmente não sei oque fazer,mas meu palpite é que coloquem todos os presentes de Durga e Anik também terá de se entregar.

Novamente no templo, Meu ppai procurou na área do altar enquanto eu começava a remexer os escombros na outra sala.

Uns 15 minutos depois, ouvi:

—Filha aqui! Encontrei!

Corri até ele, que me mostrou uma parede estreita na quina da sala que não podia ser vista da porta do templo. Prateleiras rasas haviam sido escavadas na pedra como minúsculos recessos.

Na do alto, bem além do meu alcance, mas ainda no de meu pai, encontrava-se um diminuto sino de bronze enferrujado, coberto por teias de aranha e poeira. Ele tinha um pequeno anel na parte superior para que pudesse ser pendurado em um gancho.

Ele pegou na prateleira e usou a camisa para limpá-lo. Tirando a fuligem e a poeira, ele o sacudiu, emitindo um tilintar etéreo. Meu pai sorriu e me ofereceu a mão, voltando comigo à estátua de Durga.

—Parece que foi ontem que eu e sua mãe... — Ele fez uma pausa e engoliu em seco—Acho que é aqui que você tem que ficar,coloque todas as armas e fique perto delas.

— Pode ser, Mas você deve saber mais sobre essas coisas de templos e oferendas então é melhor eu voltar ao Jeep e deixar isso com você.

Ele fechou a cara e agarrou meu pulso.

— Sua mãe nunca agiria assim Anik.

—Eu não sou ela.Eu sou a filha dela-Puxei meu pulso novamente e comecei a caminhar em direção a saida.

—Anik,por que esta fazendo isso ?

—Pai eu queria ser como ela,mas eu não sou okay.Eu sou só uma garota de South Salem que é criada a base das mentiras.

—Filha,escuta eu sei que você não é sua mãe mas não pode ser criada nas mentiras para sempre.Anik faça isso por ela.Faça isso por mim.

—Tá Pai.Eu acho que só estou com um pouco de medo-Dei um suspiro e ele me envolveu em um abraço e me deu um beijo na testa.

—Você vai conseguir minha Iadala.Não precisa ter medo papai esta com você.

— Obrigado Tigre.

—Bom agora tudo o que precisamos fazer é ver o ponto certo para que Durga receba nossas oferendas.

—E Kishan estará com ela ?

Ele travou a mandibula e me encarou com gentileza :

—Infelizmente Anik as coisas não são tão simples pois teremos que visitar Anamika e Kishan e não Durga e Damon.

—Acredito que sejam a mesma pessoa-Indaguei

—As regras do espeaço e do tempo são exageradamente complicadas e viemos aqui para pegar a corda de fogo pois ela é a única que vai nos levar para o passado.

Ele limpou a poeira no meu nariz com a ponta do dedo.

— Ninguem disse que essa vida de maldições seriam facil.

Ele sorriu, e bagunçou suavemente meu cabelo enquanto eu dava uma gargalhada e me puxou para longe da coluna.

Nós nos aproximamos da estátua e ele começou a limpar o tigre. Parecia um bom ponto de partida. Abri a bolsa de viajem e comecei a livrar a estátua de anos de poeira. Depois de termos limpado todo o pó e as teias de aranha de Durga e seu tigre, inclusive dos oito braços, limpamos a base e o estrado em que se encontrava. Na base da estátua, Meu pai reencontrou uma pedra ligeiramente escavada que parecia uma tigela. E conclui que era ali onde se colocava as oferendas.Coloquei todas as armas inclusive Fanindra e me levantei

— Estou nervosa — gaguejei. — Não sei o que fazer,como eu vou entrar dentro de uma tigela?

— Bom, eu e sua mãe sempre faziamos discursos e acho que você não seja a oferenda neste sentido.

Ele tocou o sininho três vezes. Seu tilintar ecoou pelo templo cavernoso.

Em voz alta e clara, ele disse:

— Durga, eu vim novamente pedir sua ajuda neste jornada. Nossa fé é fraca e simples. Nossa tarefa é complexa e repentina. Por favor, nos ajude a clarear nossas ideias e voltarmos ao passado.

Ele olhou para mim. Engoli em seco, e agrrei meu amuleto com força e acrescentei:

— Por favor, me esclareça tudo o que estava naquela carta.Ajude meu pai e Kishan novamente com suas maldições. Ajude-me a ser forte e sábia o bastante para fazer o que for necessário.E eu me entrego a você como sua oferenda.Me mostre meu poder.

Agarrei a mão do meu pai e com firmeza e esperamos.

Outro minuto se passou, e mais outro. Ainda assim nada aconteceu. Meu pai me abraçou brevemente e disse que precisava voltar à forma de tigre. Assenti com um sorriso fraco e ele começou a mudar.

No momento em que voltou a ser um tigre, a sala começou a vibrar e as paredes de repente se sacudiram. Um trovão ensurdecedor soou no templo, seguido por várias explosões de luz branca.

Pedras pequenas e grandes despencavam do teto e uma das grandes colunas rachou. Eu caí e meu pai saltou sobre mim, protegendo meu corpo dos escombros.

O tremor foi parando e o estrondo cessou. O tigre se afastou de mim enquanto eu me erguia devagar, cambaleando. Tornei a olhar para a estátua, atônita. Uma parte da parede de pedra havia se quebrado, espatifando-se em centenas de pedaços.

Na parede onde a pedra estivera agora via-se um simbolo Yin Yang ou algo parecido. Andei até lá e meu pai grunhiu baixinho. Tracei o contorno do simbolo e pude perceber que a parte branca era um tigre albino repousado e do lado oposto era esculpido um tigre negro e bem no meio um garota dividia ambos os tigres olhei para o meu pai sabendo o que aquilo siginificava .Não sabendo exatamente oque fazer coloquei minhas duas mãos sob o simbolo.Senti que a pedra e meu amuleto ficavam quentes. Minha pele fulgurava, como se alguém segurasse uma lanterna debaixo da minha mão. Fascinada, fiquei olhando as veias azuis que apareciam enquanto o simbolo se mudava lentamente esculpindo um novo elemento.

O desenho se tranformou em um grande Tigre cinzento que contornava o simbolo.Faíscas crepitantes saltavam do meu corpo, no começo formigavam mas depois foi como se meus ossos fossem esmagados com certeza aquela foi a dor mais horrivel que já senti.Cai de joelhos enquanto gritava de dor e meu pai me olhava assustado boquiaberto.

—Não pode ser.

Tentei levantar mas a dor percorria meu copro e sentiu que meu cabelo se espalhava pelo meu corpo.Meus dedos foram diminuindo e as unhas foram aumentando.Eu não conseguia me levantar pois agora tudo o que eu tinha eram pequenas patas peludas.Tentei gritar mas tudo o que saiu foi um grande rugido. A estátua rígida de Durga começou a respirar e a pedra bege claro se dissolveu em carne.

A deusa Durga era uma linda mulher indiana, porém com pele de ouro. Vestida em uma túnica de seda azul, fez um movimento e eu ouvi o sussurro do tecido deslizando. Joias de todos os tipos adornavam cada braço. Elas cintilavam e resplandeciam. Reflexos das cores do arco-íris encheram o templo e incidiam de um ponto a outro quando ela se movia. Prendi a respiração enquanto ela piscava, abrindo os olhos, e baixava os oito braços. Durga cruzou dois pares deles diante do peito e inclinou a cabeça, observando-nos.

Meu pai se aproximou e continuou a me encarar com um olhar assustado. Isso me assustou pois era quase como se eu pudesse ouvi-lo.Eu estava imovel,minha respiração era ofegante e todos os sentidos,os cheiros e os sons eram totalmente armonizados.

Ficamos os três contemplando uns aos outros em silêncio durante um tempo. Durga parecia especialmente interessada em minha presença. Por fim, ela falou.

Um de seus braços dourados se estendeu e gesticulou em nossa direção.

— Bem-vinda minha pequena Anik.

Eu queria perguntar por que minha voz não estava saindo. Tudo o que pude fazer era encara-la com olhos assustados e a respiração pesada.Ela apontou para a tigela a seus pés e disse:

— Sua oferenda foi aceita,mas mesmo assim acho que irá precisar.

Baixei os olhos para a tigela. As armas brilhavam e flutuaram delicamente para a bolsa que se fechou com perfeição.

Durga caminhou em direção a meu pai e deu leve tapinhas em sua cabeça.

Continuei confusa em silêncio.

Ela olhou para mim e sorriu. Sua voz ecoou pela caverna como um sino tilintando.

—Como prometido seu poder foi revelado.

Tentei novamente responder mas um grunido saiu em resposta.

— Admito que esteja bem confusa mas se tiverem tempo eu posso explicar.

Ela sorriu para mim e eu me vi arrebatada por seu esplendor.

—Anik.Você é a grande tigresa das cinzas o contorno da escolhida de durga.

Ela acariciou minhas orelhas e seu toque era profundo, muda, assentia com a cabeça.

—Kelsey envelheceu diferente dos tigres que agora voltaram as suas idades iniciais,ela precisa de mais proteção e isso sempre foi destinado que a filha ou filho de Kelsey seria infelizmente dedicado a portar a maldição.Pode ser dificil de se acostumar mas tenho certeza que Ren e Kishan te daram a segurança e informações necessarias para ser a primeira tigresa.Embora Kishan e Ren sejam amaldiçoados por Lokesh você é abençoada por mim e esse é o único jeito de deter a maldição.Kelsey pode ter acompanhado a maldição mas ela não a precensiou e eu distingui que esse era o possivel erro,por isso você terá de precensiar a maldição e quebra-la e mesmo assim Kelsey terá proteção extra contra aquele demonio.Você ainda traz o amuleto,pode ter o poder da sua mãe e do seu pai,meu pacote completo.

Ainda amedrontada, aproximei-me ligeiramente, arrastando as patas.Meu pai tentou se esforçar e virou um homem novamente.

—Durga acha que isso é necessario ?

—Isto é extremamente necessario.Ren o tigre albino por favor não questionar nunca com uma deusa-Ela se aproximou de meu pai mordeu o labio e suspirou—Senti saudade.

Querendo ou não soltei um rosnado baixo que fez Durga corar e retomar sua pocição de Deusa.

Durga ergueu seus oito braços e fez um gesto para que eu me aproximasse mais um pouco. Dei alguns passos. Meu pai farejou a bolsa e a agarrou com os dentes. A deusa o ignorou, sorrindo para mim, e anunciou:

— Darei a vocês a corda de fogo e também como obra de minha bondosa maldição falarei a vocês para serem espertos.Por enquanto vocês teram 24 minutos de humanos mas no passado poderam usar livremente seu poder então acho que isso não tera problema.Ren lembre-se que Anik é iniciante e infelizmente ainda é muito doloroso suas mudanças de formas e ensine a ela tudo o que sabe.

Ele assentiu.

Seus braços começaram a se mover e eu dei um curto passo para trás. Ela me deu um sorriso e tocou o dedo em meu nariz ou melhor foçinho.Senti meu corpo aumentar e com certeza a sensação era de frescor e alivio minhas roupas agoram eram uma calça e uma blusa largas cinzas.

—As vezes temos que quebrar as regras,mas lembre-se que antes de virar humana pense em sua imagem normal e isso vai ajudar bastante.

—Obrigado Durga

—Deve estar cansada de ouvir isso mas sabe que terá de ter coragem.Você é muito especial tigresa das cinzas.

Minha voz falhava e eu tentava manter a calma para não desabar.

— A tantos que me protegem mas tantos a serem protegidos.

—Essa foi uma sábia frase pequena Anik.

Os braços da Deusa estralaram e o templo tremeu.Agarrei meu pai que estava em forma de tigre e ele respondeu ao toque.Durga caminhou em minha direção e me entregou a corda de fogo.

—Podera abrir um portal em qualquer area plana e sugiro que seus amigos também irão.Levem as armas e eu peço desculpas se as coisas não estiverem do jeito que imaginam.

—O que quer dizer com isso ?

—Vocês irão ver.

Eu estava apavorada, com a boca seca. Ergui os olhos para a deusa, que tinha um sorriso sereno no rosto enquanto observava seus olhos brilhantes;

Cautelosamente, baixei os olhos e deixei que uma lagrima escapasse.Durga percebeu e com seus dedos macios enxugou minhas lagrimas enquanto eu devolvia com um sorriso fraco.Seu olhar parecia amargo e triste e com um suspiro ela falou :

—Me desculpe Anik.Só quero que tudo termine bem.

—Não precisa se desculpar,apenas esta fazendo seu trabalho.Acho que ser tranformada em uma tigresa e sentir uma dor horrivel e acabar de saber que sou a única que poderá salvar a todos não parece ser tão ruim assim.

—Seu sarcasmo me impressiona Senhora Anik.

Soltei um longo suspiro e peguei a bolsa da boca do meu pai.Ajoelhei perto dele e forcei um sorriso.

—Parece que agora é eu e você.Dois grandes tigres e mais nenhuma jovem guerreira.

—Uma tigresa jovem guerreira-Disse Durga corrigindo gentilmente.

Agora que eu tinha coragem suficiente tentei mentalizar a imagem de tigre e a dor horrivel veio novamente.Tentei não parecer muito sofredora mas soltei um grito agudo que depois de alguns segundos se transformou em um rugido.

— Esta fazendo tudo certo Anik— informou a deusa.— Tenho certeza que irá aprender bem rapido e terei muitas noticias suas.

Quando Durga recolhia os braços e começava a voltar à posição original, ela baixou os olhos para mim e para meu pai.

— Posso lhes dar um conselho antes de partirem?

Nós dois rugimos em um unisono o que fez a Deusa dar uma gargalhada.

— Lembrem-se de se manterem juntos. Se forem separados, não confiem em seus olhos. Usem o coração. Ele lhes dirá o que é real e o que não é.Eu estarei esperando vocês e usem minha armas com carinho.Vão meus tigres e derrotem Lokesh.

As mãos da deusa se imobilizaram.

— Vocês já fizeram sua oferenda.Mas mesmo aceuta eu as devolvi.Agora terá três tigres e então o trabalho será maior mas com melhores resultados.

Eu estava desesperada por saber mais e era óbvio que meu tempo estava se esgotando.

— Me encontrem no passado e embora eu e Kishan não iremos saber deste nosso encontro tenho certeza que vamos entender e infelizmente Kishan...

Seus lábios vermelhos detiveram-se no meio da frase e seus olhos se turvaram e se tornaram globos sem visão mais uma vez. Durga e também suas joias de ouro e roupas brilhantes desbotaram até se tornarem outra vez uma escultura.

Rugi em resposta e ainda não pude crer que eu era um tigre.

Meu pai se aproximou de mim e me deu um grunido.Por mais dificil que parecesse eu pude entender em seu olhar exatamente o que queria.

Abaixei minhas patas traseiras e agarrei a alça da bolsa com os dentes cuidadosamente e caminhamos até a entrada do templo. Ele ficou parado ali alguns minutos enquanto eu rolava na terra tentando fazer nossas pegadas desaparecerem.

Quando atravessávamos o caminho de terra de volta ao Jeep, fiquei surpresa ao ver que o sol havia percorrido um longo caminho no céu.

Tínhamos passado um bom tempo no santuário, mais tempo do que eu havia pensado. Nilima estava sentada perto da roda e Sunil descanssava sob o banco.Ele se sentou rapidamente e esfregou os olhos quando nos aproximamos.Nilima dilatou os olhos quando me viu e soltou um grito agudo enquanto Sunil parecia curioso e assustado.Meu pai assumiu a forma humana rapidamente e cochichou algo entre eles e novamente o clima se tornou estavél.

Forcei para que meu corpo se transformar em forma humana e com sucesso indaguei:

—Vocês já sabiam não é ? Me desculpem mas são pessimos atores.

—D-do que esta falando Anik ?-Disse Nilima

—Não venha com essa.Vocês reagiram quase normalmente quando me viram assim e seu grito não foi nada esclarecedor.

—Bom acho que já vi coisas mais surpresas do que uma menina metade tigre.

Cruzei os braços e esperei respostas.Nilima encarou meu pai e Sunil e ambos desistiram de mentir.

—Okay Okay vocês nos pegou-Disse ela levantando as mãos—Sunil,Eu e seu pai já meio que desconfiavam que isso seria provavel.

—O que ! Por que fizeram isso !

—Anik se contassemos a você achamos que nunca teria aceitado vir aqui.

Ela tem razão-Pensei.

—Como sabiam ?

—Nós desconfiavamos.Isto era apenas uma hipotese pois Durga esclarece na carta de um novo poder e sabiamos que Kelsey teria um novo protetor,só não sabiamos qual.

—Quer saber-Falei bufando—Eu não me importo,eu já sei da maioria então seus segredinhos já estão invalidos.

Entramos no jeppe e me tranformei em tigresa novamente.Tentei contentar a dor mas meu pai me encarava preucupado e um pouco culpado.Cansada coloquei a cabeça sob a bolsa e tentei sentir outras partes do meu novo corpo.Minha cauda ela se movia como uma cobra bebada sem orientação e delicadamente fui tentando controla-la.

Encarei meu pai que dormia preguiçosamente e Nilima e Sunil se mantiam focados na estrada e as vezes Nilima se virarava e me acariciava.Meus olhos foram pesando e a ultima coisa que pensei foi :

Bom,acho que eu também desconfiava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que não tenham achado uma ideia meio ruim pois eu estava um pouco apreensiva em colocar a Anik como tigresa mas espero que tenham achado legal ( por favor deixem comentarios isso me ajuda MUITO ) amanhã vou postar um novo capitulo ^^.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Despertar do Tigre" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.