Clarke

Clarke pediu que Lexa arrumasse um hotel para as duas, enquanto ela ia ver a família novamente.

Nada mudou muito por lá. A cidade de Sky sempre foi realmente muito misteriosa, as vezes parecia que o tempo não passava ali dentro. As mesmas casas, as mesmas pessoas, e nada nunca é diferente. Agora ela entendia porque Bellamy e ela sempre planejaram sair, costumava ser melhor quando ela era uma criança.

— E como foi vir sozinha? Clarke, devia ter pedido alguém para vir! - Marcus falou, ainda abraçando a enteada.

Marcus tinha um carinho grande com a filha de Abby e realmente apoiava seu namoro com Lexa (fora que sempre ficava ao seu lado nas discussões com a mãe). Era um bom padastro.

— A Alexia veio com ela, Kane. - Octavia disse, sorrindo.

— Lexa, Octavia, Lexa. - Clarke riu, assentindo. - E, sim, ela veio comigo.

Abby pareceu confusa:

— Mas Lexa não é sua...

— É, ela é minha amiga, sim. - a loira a interrompeu, empurrando Octavia para longe da conversa. - Enfim, estamos indo.

(X)

Depois de todos aqueles falsos abraços e os "senti sua falta!" da família e dos conhecidos, Clarke se dirigiu a casa de Octavia, acompanhada da mesma.

— É menos do que a princesa está acostumada, mas... É sempre bem-vinda. - a Blake sorriu, discando alguns números em seu telefone. - Eu vou ligar para o meu namorado babaca agora, mas fique a vontade.

Clarke observou o lugar, sorrindo.

Uma bancada colorida dividia a sala da cozinha, e duas portas se estendiam pelo corredor. Um quadro rosa e cheio de fotos recentes de Octavia e Raven fora colocado perto da televisão.

Um filme foi largado pela metade na televisão, junto com o bagunçado sofá-cama. Não havia mais que três cômodos, mas ainda era perfeito.

E a loira notou vários bilhetes colados na geladeira. Um deles era de Raven:

Bellamy, aprenda a lavar a louça de uma forma decente. Se eu tiver que ver mais uma panela suja na pia, vou arrancar o seu rim e fazer você limpar com ele :)
– Raven

Clarke riu, lendo mais um bilhete, agora de Octavia, que dizia:

Mantenha sua bunda fora da minha torta de chocolate.
Bom dia, O.

Clarke levou algum tempo para sair daquele mundo. Ela imaginou Raven e Octavia colocando música alta (Beyoncé, a favorita da Raven, e, Maroon 5, da Octavia) irritando Bellamy e os três tomando café, pela manhã. Devia ser difícil lidar com as duas, mas eles deviam ser realmente felizes ali. Era um ambiente totalmente diferente do qual ela estava acostumada.

Octavia serviu um drink para as duas. É sério, como alguém consegue beber às 18:00?

— Eu não quero saber o que você vai fazer, eu estou com uma amiga agora e daqui eu não saio! - ela bufou, parecendo irritada até com a voz no telefone. - Você não manda em mim, Atom. Quem você pensa que é?

Ela desligou, jogando o celular na mesa.

— Clarke, você pode pegar o meu remédio de dor de cabeça, por favor? Está no quarto do Bellamy, primeira porta do corredor.

Ela fez que sim, andando até a porta. Assim que entrou, desejou que não tivesse o feito.
Bellamy estava sobre Raven, na cama, e os dois estavam se beijando. Bellamy só tinha uma toalha enrolada no quadril e Raven estava semi-nua. Eles não estavam fazendo nada ainda, mas só aquela visão já foi o suficiente para lhe causar enjôo.

Bellamy se afastou por um segundo, apenas para desabotoar a calça da morena, debaixo de si.

— Clarke?! - Raven exclamou, se afastando de Bellamy. E ele fez o mesmo.

Ela não sabia o que dizer. A imagem dos dois se beijando não saía de sua cabeça. Ela não fazia ideia que Raven estava namorando Bellamy agora, ou o que quer que fosse aquilo ali.

— Já ouviu falar em bater? - Bellamy se aproximou dela, parecendo furioso.

Mais uma imagem que não sairia de sua cabeça. Bellamy sem camisa e de toalha.

O Blake havia mudado bastante, nesses últimos anos. Ele ficou mais forte, seus músculos estavam mais aparentes e o cabelo não parava de crescer, mas o mal-humor parecia continuar ali.

Os dois se encararam por muito tempo, um parecendo observar os detalhes que mudaram no rosto do outro. Eles não se viam há seis anos e o primeiro contato dos dois de novo foi uma interrupção de um quase sexo.

Demorou uns dois segundos até Clarke se tocar que tinha que dizer alguma coisa:

— Hã... D-Desculpa, é que eu não sabia que tinha gente aqui, Octavia me pediu para...

— Da próxima vez é melhor ter certeza, antes de invadir o quarto dos outros.

Naquele momento, Clarke quis cavar um buraco no chão e não sair de lá, até sua próxima reencarnação.

E, quando Octavia chegou, a situação só ficou pior.

— Clarke, por que demorou... Wow. - ela olhou para Raven, que tentou conter un sorriso. As duas agora pareciam rir de tudo que acontecia ali. - Eu estou atrapalhando alguma coisa aqui? Alguma diversão, entre vocês três?

— Não, mas a sua amiga, sim. - Bellamy disse, se direcionando a Octavia.

— Ah, e nós não somos amigos? - Clarke disse, começando a ficar irritada com o jeito que ele estava falando com ela, como se ela fosse desconhecida e não como se os dois tivessem passado quase a vida toda juntos. - Eu não sou só a "amiga da Octavia".

— É claro que não é! - ele rebateu, sarcástico. - Na verdade, no momento, você é alguém que me atrapalhou num momento importante.

Octavia se sentou ao lado de Raven na cama, elas observavam a discussão, como alguém que assiste uma partida de tênis. As duas até escolheram um lado da briga.

— Ah, entendi. É por causa desse trabalho, que você não foi no aeroporto, não é? - ela revirou os olhos. - Realmente, deve ser muito difícil.

— Eu faço o que eu quero e quando eu quero. - Bellamy falou, cruzando os braços. Octavia sussurrou para Raven: "na verdade, não faz, não". - Sinceramente, não te devo satisfação nenhuma. Por que está gritando comigo como se fosse minha esposa?

— Porque eu acho que ainda somos amigos, certo? Ou isso mudou pra você também?

A pergunta pareceu desestabilizar o outro, que pareceu meio confuso por um tempo. Mas a postura autoritária logo tomou conta de novo:

— Eu não sei. A doutora não encontrou ninguém melhor no Canadá?

Clarke soube que a briga era séria quando Bellamy não a chamou de "Princesa", um apelido idiota (que, mesmo secretamente, ela sempre adorou) que ele dera. Se eles estivessem bem, ele teria a chamado de loira, ou algo assim.

— Então isso tudo é sobre ciúmes?! Você é ridículo.

— Eu pensei que fôssemos amigos. - ele disse, imitando a voz dela.

Clarke não queria discutir, mas ele parecia querer colocar essas intenções a prova. Não tinha muito o que dizer. Ela estava errada em não bater e ele estava errado em ser um idiota. Eles ainda brigavam como crianças, depois de todo esse tempo.

— Quer saber? - ela revirou os olhos. - Pode voltar ao que estava fazendo. Vamos, O.