—Olha Chirapa...eu não vou lhe perdoar pelo que você fez hoje—Disse Endo, com os punhos fechados com força e olhando diretamente para os olhos do jogador—, machucou os jogadores por diversão e ainda destruiu um patrimônio da nossa escola...

O goleiro apenas olhava Endo, sem se mexer ou contradizer.

—Chirapa, eu te desafio!—O adolescente levantou as sobrancelhas, Riki apertou mais ainda o olho—Para uma partida de futebol !

—Hum—Murmurou Chirapa, como se fosse cuspir—queremos um último jogo contra os campeões do Futebol Fontreira Internacional, de acordo com o que eu sei, o campeão deste ano foi a seleção juvenil do Japão...

—Nós mesmo.

O goleiro enrugou a testa num tom de desafio.

—Queremos uma partida contra vocês, terão uma semana para reunir os jogadores, o jogo será aqui mesmo, na Raimon, neste mesmo horário. O que acha...?

Endo viu que Goenji estava se aproximando aparentemente rápido.

—Eu aceito—Concordou Endo, apontando para o peito de Chirapa.

—Ah! Quase ia me esquecendo—Disse o goleiro se virando—se a gente vencer, destruiremos Inazuma...—e se foi.

Antes que Endo pudesse se mover, Goenji chegou, sério.

—Endo, o que aquele cara disse para você?

—Nada de mais, agora tenho que ir, tchau!—Acenou, correndo para a saída (a sineta acabara de tocar).

Goenji ficou ali, parado, com os dentes cerrados, havia algo que errado naquilo.

Endo fora correndo direto ao Hy Hy Kendo naquela tarde. Quando chegou, abriu a porta com certa força.

—Ou!—Exclamou Hibiki, quase caindo da cadeira e amassando o jornal que lia.

O Sr. Onigawara estava sentado em seu habitual lugar, ao extremo da parede, aparentemente estava conversando com Hibiki. Este deu um sorriso amigável.

—Boa tarde detetive—Desejou Endo, inclinando-se—hm, Hibiki, senhor, será que poderia...sei lá...arrumar um jeito de...reunir os jogadores que representaram o Japão nesta FFI, novamente?

Hibiki parou de ler e olhava Endo diretamente nos olhos.

—Para que quer os jogadores novamente ?

—É a Armageddon, seu goleiro, Chirapa, nos desafiou para um jogo—O detetive Onigawara cuspiu seu café.

—Não. Os jogadores daquele time são aterrorizantes, gostam de machucar os outros, não sei o por que mas, toda vez que os vejo jogar, sinto que tem algo por trás de tudo aquilo...—Proibiu, Hibiki

—Mas senhor, por favor, deixa a gente jogar, precisamos, por que...—Endo não podia dizer, não queria, isso iria trazer mais pressão para o time e o diretor—senhor! Você não gosta de futebol?! O que quero é apenas um jogo com os jogadores conhecidos como 'Invencíveis', quero jogar contra eles, vencê-los, não importa que tipo de jogo usem, não importa que meios usarão para vencer, mas eu quero jogar!—Um brilho cintilou dos olhos do menino.

Hibiki soltou o ar.

—Está bem, vocês podem jogar...—Endo deu um pulo, gritando "Legal!"—mas como vamos reunir os jogadores? Não tenho esse poder...—Satoru voltou a abaixar a cabeça.

—Eu posso tentar reuni-los se quiser—Propôs o detetive—forneceremos um avião, e se tudo correr bem, estarão aqui em menos de cinco dias.

—Também precisarão de um técnico, e acho que este cargo, será de ninguém menos que o sr.Kudou—Comentou o dono do Hy Hy Kendo.

Os olhos de Endo brilharam.

—Muito obrigado!!!

—Agora deixa com a gente garoto, pode ir descansar.

Endo se inclinou e se retirou.

—Então nossos garotos voltarão a jogar no mesmo time...—Avaliou Onigawara, mexendo seu arroz frito.

—Sim mas não vão jogar só por um motivo, há algo a mais nesse jogo, sei disso...—Advertiu Hibiki

—Nós sabemos, ele sabe.—Terminou, o detetive—Hahaha, nossa, que estranho, você pode não acreditar Hibiki, mas esqueci minha carteira.

*

Já que iriam ter um jogo contra os 'Invencíveis', Endo resolveu ir até a torre de ferro, treinar um pouco. Chegando lá, amarrou um pneu ás suas costas e se preparou, nesse momento, se lembrou de quando começou sua jornada, treinou ali com seus amigos, para logo após, jogar contra o poderosíssimo Instituto Imperial, e perder de goleada. Naquela época, Kido e os outros estavam sobre influência do Kageyama.

Satoru andou devagar até o barranco. Observou a vista de Inazuma. Não iria permitir que destruíssem aquela cidade, não iria permitir que machucassem mais ninguém, ficaria de pé no campo até o final do jogo, independente do que acontecesse.

O menino deu um tapa na testa, esquecera que sua mãe pedira para que deixasse suas roupas na lavanderia quando chegasse da escola. Correu morro abaixo, o mais rápido possível, sem dar conta de que o pneu ainda estava em suas costas. Cada segundo era milagroso, chegou em casa derrapando, e tentou passar despercebido por sua mãe que estava cortando nabos.

—Satoru Endo!—Chamou, e subiu um arrepio na espinha do menino—Filho, eu não lhe pedi para levar as roupas para lavar, eu estou ocupada, o que deu em você para esquecer?! E o que esse pneu imundo está fazendo na suas costas ?

—Ah! Eu me esqueci de tirá-lo...

—Você esteve treinando Satoru, em vez de vir para casa e...

As advertências duraram mais meia hora, incluindo futebol, estudos, organização do quarto, meias sujas, e roupas para lavar. Endo subia as escadas de cabeça baixa, já se sentia sem forças. Naquela noite, seu pai lhe fez uma visita, estava deitado em uma rede na varanda da casa, lendo o livro didático de matemática.

—Filho, espero que você não tenha ficado chateado pelo que sua mãe disse.

—Não pai, eu sei que as vezes isso deixa ela nervosa...

—Entenda que, ela também, como você, precisa de ajuda, tente largar um pouco do lazer e ajuda-la, isso já vai melhorar seu ânimo pra valer, isto eu te garanto.

—Obrigado pai...

—Vejo que o futebol tem lhe trazido malefícios também.

Endo entendeu o que seu pai quis dizer: suas mãos estavam inchadas.

—Ah, isso não é nada, haha. No futebol, o goleiro deve defender o gol, não importa o quanto isso custe, enquanto o gol estiver bem protegido, o time terá mais confiança para jogar !

Seu pai deu um sorriso e um tapinha no ombro do filho, antes de se retirar.

No dia seguinte, antes de entrar na sala de aula, Endo contou a seus amigos sobre o jogo em que teriam, e que os jogadores da seleção juvenil voltariam para jogar contra a Armageddon, a maioria achou uma ótima ideia, queriam acabar com o time dos 'Invencíveis' e achavam que o Inazuma Japão, era o "Invencível". Goenji e Kurimatsu disseram que não seria nada fácil vencer. Já o Kazemaru e o Someoka, contradisseram, falando que se venceram a FFI, com certeza ganhariam aquele jogo. E o Kabeyama não estava em nenhum dos lados, sempre que surgia uma exclamação forte, o menino mudava de opinião.

—E quem será nosso técnico?—Interrogou Quatro-olhos, arrumando os óculos graciosamente.

—Provavelmente será o diretor Kudou—Respondeu Endo, e todos ficaram mais animados, aquele homem os levou a ganhar a taça do Futebol Fronteira Internacional, graças a sua incrível audácia.

—Endo, não se esqueça de avisar Kido e os outros que não são da Raimon, não se esqueça que há jogadores aqui em Inazuma mesmo—Lembrou Shorinji.

—Ih, é mesmo Shorinji, obrigado por lembrar, vou procurar lhes avisar nesses dias depois da escola—Observou Satoru, entrando na sala.

Naquele dia, haveria a prova de matemática, o professor Susumo estava com ar voraz, entregou a prova com grande desprezo pela sala, enfim, desejou boa sorte e se sentou em sua cadeira, defronte aos alunos, preparado para ver qualquer coisa errada e adverti-los—o exercício que mais gostava de fazer.

A prova estava inesperadamente difícil, tudo o que o professor dissera, não caíra na avaliação, as quase cinquenta páginas que Endo tivera de estudar no dia anterior, passaram em vão. Até Quatro-olhos pareceu constrangido, mas ninguém se ousou a questionar. Então Satoru resolveu fazer a única coisa que fazia o tempo passar rápido: morder o lápis.

A aula acabou e todos saíram com sorrisos bobos na cara, um rindo do outro.

—Eu acho que acertei quatro de dez questões—Estufou o peito, Quatro-olhos, cheio de si.

—Acertei três, mas aquela prova era irritante, e o professor me provocava a cada instante, então sem querer, furei a folha com o lápis—Tentou se safar, Someoka, coçando a cabeça.

—Nada haver Someoka, eu vi que você estava com tanta raiva que apertou o lápis contra a prova com toda a sua força—Desmentiu Handa—Eu acertei três, e você Endo ?

—Ah, haha...eu nem havia começado—Todos começaram a rir, e Endo apertou o passo quando viu o professor saindo da sala com certa barbaridade.

Se passaram mais três dias. O tempo suficiente para Endo avisar seus amigos fora da Raimon sobre o jogo que iriam ter, e concordaram sem levantar questionamentos.

Naquela tarde, Endo se encontrou com o detetive Onigawara no Aeroporto de Inazuma, esperando os jogadores chegarem. Depois de uns quinze minutos esperando, podia se ver um pontinho azul no céu, que foi aumentando cada vez mais, até pousar na pista e começar a parar.

—Vamos jogar futebol, amigos...—Murmurou Endo.

A porta do avião se abriu.

*

Kido andava devagar pelas ruas, indo comprar um pouco de arroz para seu pai, estava pensando no jogo contra a Armageddon, teriam que aprimorar suas técnicas se quisessem vencê-los. Riki vinha em sua direção, sempre olhando para frente. O coração de Yūto, disparou.

—Sei que tem algo a ver com a Armageddon—Sussurrou Kido, quando os dois passaram lado a lado.

—Você não sabe de nada...—Murmurou Riki, em resposta.