Dividida escrita por Garota Fantasma


Capítulo 5
4- A Morte é Fria como Neve


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :3 Espero que gostem!



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No dia seguinte fui liberada do hospital mas teria que ficar de cama em casa, ainda sentia muita dor pelos hematomas mas nada que não pudesse suportar; oque mais doía era saber que havia algo errado comigo, e o pior, ninguém sabia ao certo o verdadeiro motivo. Dizem que sou sonâmbula, mas eu não acredito nisso, nunca fui sonâmbula na minha vida, e porque as visões de Elsa no espelho? Isso não é coisa de sonâmbulo, talvez coisa de maluco...

Eu precisava urgentemente bolar um plano para acabar com isso, não poderia ficar com isso pro resto de minha vida, que , provavelmente, não duraria muita coisa. Mas antes de ter um plano, precisava descobrir oque estava acontecendo, e isso, só eu podia descobrir. Esperei a noite chegar, a lua cheia era magnifica no céu, seus raios de claridade atravessavam a janela de meu quarto. Eu me dirigi ao banheiro e encarei o espelho com muita concentração, fiz todo o esforço que pude para não perder o foco; logo, comecei a sentir estranhas mudanças.

Primeiro foi a pele pálida, que ia se alastrando por todo meu corpo; depois, os olhos, que antes verdes, agora se tornaram azul gelo; e uma mecha de meu cabelo ruivo havia se tornado inteiramente branca.

–Oque você quer de mim Elsa! - Falei para o espelho, em busca de respostas.

Eu já estava ficando tonta quando o espelho me retornou, o reflexo de Elsa apareceu e pude ouvir um tipo de cochicho, que exclamava repetidas vezes a palavra "VIDA". A palavra foi ficando mais alta e mais alta em minha mente, era como se meus ouvidos fossem explodir; olhei para o espelho e o reflexo de Elsa havia sumido, tudo se inquietou. Olhei para os lados confusa, mas quando me virei, me deparei com Elsa de pé na minha frente, dei um berro e cai sobre o chão; ela então me encarou profundamente, com um olhar frio como o gelo, eu queria fugir, estava apavorada e fraca, não tinha como me defender nem como correr.

–Por favor Elsa... Se você me ama, não faça isso... - Falei, na tentativa de ´para-la , mas de nada adiantou.

Ela então se aproximou cada vez mais, com passos leves, e em seguida, colocou a mão sobre meu rosto. Pude sentir o frio da mão de um morto, como em seu velório. Era congelante, meu coração parecia saltar de meu peito e eu queria gritar desesperadamente por socorro. Tudo foi ficando embaçado e uma visão se formou em minha mente. Era Elsa, ela estava arrumada, com um vestido, um tanto curto, azul marinho; ela se arrumava em seu quarto, passava uma maquiagem caprichada enquanto se admirava no espelhinho do quarto.

–Mãe, já estou indo! - Ela gritou, descendo as escadas e indo até a porta da frente.

Lá encontrou duas amigas que ela tinha um vinculo muito grande, Merida, uma ruiva com cabelos cacheados, estava bonita, bem arrumada, com uma saia listrada e um all star preto, também havia Rapunzel; seu nome na verdade era Rafaela mas todos a chamavam de Rapunzel por ter um enorme cabelo loiro e brilhante, daqueles de comercial de xampu, usava um vestido lilás, curto, uma jaqueta jeans e um salto preto lindo. As três se cumprimentaram animadas, como se fossem roubar um carro ou algo do tipo.

–E então.. prontas meninas? - Falou Merida, rindo maliciosamente.

–Bem, oque temos a perder afinal? - Brincou Rapunzel, soltando uma risadinha nervosa.

As três se dirigiram para um conversível preto que, provavelmente, pertencia a Merida, que se apossou do volante e dirigiu rapidamente ate o centro da cidade. Pelas ruas, pessoas de todos os tipos caminhavam em busca de seu caminho, algumas meio perdidas, já outras, determinadas. Elsa observava atentamente enquanto suas duas amigas riam de besteiras e bebiam uma cerveja. Elsa nunca foi do tipo de menina que gostava de falar, ela era quieta; porem atenta, sempre de olhos abertos para oque há a sua volta; e isso , muitas vezes, se tornava uma grande vantagem, pois a tornava cada vez mais esperta aos acontecimentos.

Mas naquela noite ela sentia algo estranho, como um aperto no peito, uma premonição. Ela não se sentia segura como de costume, muito pelo contrario, se sentia desprotegida, como se esse seu jeito de observar calada fosse te entregar ao inimigo. Ela então entrou na conversa, tentando se distrair , e puxou uma garrafa de cerveja. As três então chegaram ao seu destino, uma badalada casa noturna, repleta de jovens de todos os tipos e estilos; elas então estacionaram o carro e entraram na fila para ter acesso ao portão de entrada.

A fila não estava tão grande pois ainda eram nove e meia da noite, só nas madrugadas que a vila atinge um quarteirão inteiro, as três cumprimentaram com uma leve piscada de olhos os imensos seguranças que haviam na entrada; em retribuição, eles a deixaram passar sem pedir identidade. Rapunzel e Elsa eram novas nisso, não sabiam oque fazer ou para onde ir já que nunca haviam comparecido a uma festa daquelas; já Merida sabia tudo de trás pra frente, era como se estivesse em casa, ela ia muito nessas boates nos sábados anoite já que tinha identidade falsa com idade adulterada.

–Meninas, apenas bebam e se divirtam! Não fiquem caladas em um canto qualquer! - Gritou Merida, por causa do intenso barulho da música alta, que fazia o chão vibrar e a multidão enlouquecer.

Elsa e Rapunzel pegaram bebidas, se reuniram no meio do salão e começaram a dançar, e não parou por ai, a cada dança uma garrafa nova na mão das pobres meninas, que de imediato, já ficaram embriagadas. Elas dançavam como se o mundo fosse acabar, sem parar um minuto sequer; os caras a chamavam e elas simplesmente iam junto a eles dançar, como se já se conhecessem desde crianças. A festa tinha de tudo, drogas; bebidas; sexo , tudo que um jovem adulto poderia querer em uma noite escura de sábado.

Apesar de Elsa lhe mostrar essa visão, Anna lembrava desse dia, ela tinha dezesseis anos na época, ela lembra de ter acordado sem motivo as duas da manhã e descido as escadas , se deparando com seus pais, super preocupados, tentando ligar para Elsa varias vezes em busca de um simples "Está tudo bem".

A preocupação era constante naquela noite, e não era atoa, Elsa tinha se metido em uma tremenda furada, como mostrara na visão; de repente, uma cara com uma camisa social azul marinho aparece em sua frente e a chama para dançar, a inocente menina aceita a dança sem medo, também pelo fato de ela estar completamente fora de si, do jeito que ele queria... A dança então partiu para pegação, ele agarrava seu corpo com força, a puxando para um canto vazio nas paredes escuras da casa noturna. Seus lábios penetravam fundo nos lábios de Elsa e ela podia sentir sua mão rígida pegando em sua bunda.

As coisas foram esquentando cada vez mais, de repente, o estranho sujeito já estava com as mãos por baixo de seu vestido, a acariciando brutalmente. Elsa então começa a voltar ao normal, o efeito da bebida havia diminuído e ela já podia raciocinar algumas coisas; ela então, estranhando e muito aquela situação, empurra o rapaz que a abusava de tal maneira; mas ele não queria ir embora, ele queria mais, queria te-la naquela noite, ali mesmo, sem um pingo de amor nem delicadeza.

Ela, sem saber oque fazer, correu para longe dele, que também correu atrás dela, oque virou uma verdadeira perseguição. Tentou achar suas amigas mas a tentativa foi falha, nenhuma delas era visível naquele instante; e se ela esperasse mais, ele iria pega-la. Ela então fugiu para fora, na tentativa de acha-las com algum cara ou algo assim; mas nada. Quando se deparou, tinha ido tão longe que estava no meio de uma rua deserta no meio da madrugada, com frio e com medo. O cara podia estar seguindo ela porque a estranha sensação de estar sendo perseguida permanecia no ambiente.

Seu coração batia rápido, Anna podia sentir sua pulsação em seu corpo, Elsa andava rápido, tentando achar alguma alma viva, alguém que pudesse ajuda-la; a sensação piorava com o tempo, ele parecia mais perto a cada passo que ela dava; ela pensou em correr, em gritar , mas ninguém iria ve-la ou ouvi-la, ela despencava de medo quando sentiu um ar gelado na nuca. Rapidamente duas mãos fortes a agarraram e a levaram para um beco escuro e sujo; ele a molestou ali mesmo, no chão, depois deu vários chutes e socos em seu corpo quase sem vida, Elsa pode ter uma ultima sensação, a sensação do primeiro floco de neve que caira do céu e tocara seu rosto pálido e fraco.

A morte é fria como a neve, seu corpo caído foi coberto pelos vários flocos que caiam do céu, Elsa sempre amou a neve, fazia parte dela, e naquela hora, ela se sentia como a neve, fria e caída sobre o chão de concreto; sem motivos; sem esperanças, uma ultima lagrima foi derramada e sua alma deixou seu corpo frio e sem vida.

*****

A visão sumiu e Anna recuperou a consciência, ao olhar para cima, já não havia mais ninguém, com exceção de um floco de neve, caído e derretendo sobre o chão do banheiro.

Continua...


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