Hipnotizados escrita por Wendy


Capítulo 4
Notícias Inesperadas


Notas iniciais do capítulo

Adivinha quem já voltou para a escola? Pois é, minhas férias já acabaram.

Boa leitura pra vocês o/



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Clarisse acordou com dores de cabeça. No começo, não se lembrava de nada até o momento em que imagens de uma estranha noite que terminara com uma terrível morte percorriam sua mente, no entanto, não sabia dizer se aquilo era real ou se tratava de apenas um confuso e trágico sonho, como desejava ser. A lembrança de uma mulher nos braços de um furioso homem desejando vingança, momentos antes de várias pessoas saírem do restaurante para assistir a cena, estava gravada em seu cérebro.
Decidiu esfriar a cabeça com o fresco ar matinal e aproveitou para buscar água do rio, adiantando assim o serviço de mais tarde. Próxima às águas, encontrou Michelle, que pareceu ter a mesma ideia. Contudo, essa parecia muito mais cansada e fraca. Quando a mesma notou a presença de Clarisse, ergueu o dedo indicador até encostá-lo em seus lábios, em um gesto de silêncio. No mesmo instante, a mensagem foi compreendida, esta era a prova de que tudo o que ocorrera noite passada foi real.
☼ ☼ ☼
–O que aconteceu, Clarisse? -Perguntou Helena preocupada.
–Nada, eu estou bem. - A resposta não havia sido nem um pouco convincente, ainda mais com o desânimo estampado em seu rosto.
–Você veio para casa tarde ontem e desde então está muito diferente. Pode falar comigo, se quiser.
A irmã mais velha não respondeu.
–Qualquer coisa, estou aqui. - A mais nova estava disposta a conversar, mas sem respostas acabou deixando sua irmã sozinha, talvez ela precisasse de um tempo consigo mesma e quem sabe assim, seu humor melhorasse.
Helena foi até à banca de livros onde reencontrara Fred, na esperança de que talvez o rapaz estivesse por lá, mas não o encontrou. Aquele havia sido o ponto de encontro entre os dois e á partir de lá, escolhiam para onde iriam.
A bruxa pensou que ele estivesse ocupado dessa vez, então ficou folheando livros e conversando com o dono do local com quem já estava familiarizada. No próximo dia, com certeza se encontraria com Fred novamente e a garota mal podia esperar.
☼ ☼ ☼
Ele saiu da faculdade há pouco tempo, então vai para casa e estará aqui no horário marcado. Disse o pai de Fred á um novo colega. Meses desde que se tornara viúvo haviam se passado até o presente, mas o sentimento nunca lhe abandonara. Pelo contrário, parecia incrivelmente recente.
Não se preocupe. Eu sei que ele é um bom garoto e também se mostra muito pontual.
Pouquíssimos minutos passaram até que o rapaz de cabelos escuros entrasse na sala em que seu pai e outras pessoas estavam reunidos.
–Desculpe se demorei. -Disse ele ao passar pela porta.
–Não tem problema, Fred. -Disse o colega de seu pai.- Venha, junte-se a nós. Temos informações preciosas que, creio eu, também são de seu interesse.
Obedecendo, o rapaz sentou-se na última cadeira vaga, ficando de frente para uma mesa cercada por outros membros do grupo.
–O que tenho a lhes falar hoje é recente... - O mesmo homem que o chamou continuou a falar. Pela iniciativa e a posse de novas informações, tratava-se do líder do grupo. ... E acredito que possa mexer particularmente com a ferida de alguns dos aqui presentes. -Bem, vou ir direto ao assunto: Todos devem conhecer a floresta Tulgey, localizada ao lado da cidade, certo? -Sem respostas, ele continuou. -E acredito também que todos ouçam os boatos sobre uma vila de lá, onde moram mulheres de variadas idades, com seus livros antigos, plantas de diferentes espécies e eu arriscaria até alguns gatos. São pessoas diferentes que simplesmente não utilizam tecnologias atuais e vivem isoladas de todo mundo, apenas mantendo suas crenças. Detalhes à parte, o que realmente quero lhes dizer é que mandamos um informante para observá-las por um curto período de tempo, antes de outro voluntário ser mandado para auxiliá-lo. O que acontece é que quando mandamos o segundo homem, ele pediu por reforços antes de voltar imediatamente, aterrorizado, afirmando que seu amigo estava morto. E a maneira como ele morreu... Creio que seja o que estamos procurando. Antes de prosseguir, ele virou-se para Fred e seu pai. Acho que encontramos a pessoa responsável pela morte de Esther.
☼ ☼ ☼
–O que está acontecendo aqui? -Helena juntou-se a um grupo de pessoas da sua família.
–É a sua irmã... -Uma delas respondeu. -Ela está sumida há um bom tempo e não falou para ninguém para onde iria. Sequer sabíamos que ela sairia de casa hoje.
As imagens de sua irmã mais velha triste e diferente do comum passavam pela mente da mais jovem, tentando entender e se lembrar de algo que lhe ajudasse a descobrir o que havia acontecido.
–Eu não queria aceitar isso, -A avó aproximou-se do grupo. -Mas sinto que Clarisse não está em boas mãos. Estou preocupada com o que pode ter acontecido com ela.
–É verdade. -Concordou Clara, entristecida. -Dor e uma lenta e cruciante compreensão são palavras que não saem da minha cabeça quando penso nisso.
–Eu vou procurar por ela. -Helena estava motivada. -Ela é minha irmã.
–Talvez não seja uma boa ideia. -Disse Clara. -Nós vimos um cara estranho aqui perto esses dias e... Helena? Você está bem?
Antes que pudesse responder, a bruxa caiu no chão, sentando-se imediatamente, mas ainda assim com tontura.
–Eu estou bem, não se preocupem. -Afirmou ela enquanto as outras ajudavam-na a se levantar. -Já passou, estou ótima. Agora é melhor eu ir...
–Espere. -A avó impediu sua neta, segurando-a e ficando em silêncio durante um tempo, até finalmente exibir um leve sorriso. -Eu já deveria saber... Você não pode sair sozinha por aí, atrás da sua irmã de qualquer jeito, menina! Você está grávida.
–Grávida?! -Todas as outras pareciam ter dito ao mesmo tempo.
–Não... -Disse Helena. - A senhora deve estar enganada.
–Em todos esses anos, ás vezes que eu senti que uma garota estava grávida, ela teve seu bebê. Inclusive, sua mãe.
A jovem não sabia o que responder.
–Mas... -Continuou a avó, com suas mãos na barriga da bruxa mais nova. -Eu sinto algo diferente em você. Talvez... -Ela se interrompe. -Bem, talvez eu esteja imaginando coisas. Mas e então, garotas. O assunto muda repentinamente e a velha continua falando antes de ir embora - Continuem conversando sobre Clarisse e antes de qualquer coisa, falem comigo.
Enquanto as outras continuaram a conversa, Clara seguiu a bruxa mais velha.
–Avó. O que a senhora estava pensando sobre a gravidez de Helena? -Sua expressão mudou de uma hora para outra.
–Você também sentiu, não foi? -Seu rosto estava triste. -Ela já está muito preocupada com a irmã, não quero que fique mais. Contudo eu acredito que a criança no ventre de Helena seja um garoto.
–Um garoto? Mas eles...
–Sim. Ninguém entende, acreditamos que seja uma maldição, mas... -A mais velha suspirou. -Eles sempre nascem mortos.
☼ ☼ ☼
Fred e seu pai estavam perplexos com o que o líder, Richard, havia dito sobre ter encontrado o assassino de sua tão amada mãe e esposa.
–Lembram-se dos reforços? Com a cooperação de todos que estavam próximos à floresta conseguimos capturar uma delas e há grandes chances de ser a assassina.
–E você acha que ela é uma bruxa? Perguntou um dos ouvintes.
–O segundo informante jurou ter visto seu amigo morrer de uma maneira estranha... Bruxaria. -Respondeu o líder. -Apesar de muito experiente na área administrativa e careca, Richard aparentava ter no máximo trinta anos. -Há várias delas, mas essa foi a única que conseguiram trazer para cá.
–Onde ela está? -Fred tinha seu olhar fixo na mesa.
–Deixarei alguns documentos com mais informações aqui. -Richard levantou-se e chamou o pai do garoto. -Fred, por favor, nos acompanhe.
☼ ☼ ☼
Fred esperou sentado em um banco enquanto seu pai visitava a bruxa. Quando Richard o acompanhou de volta até o local em que seu filho encontrava-se, o senhor parecia ter envelhecido ainda mais. Estava completamente triste e não encontrava saídas. Ele havia contado tudo para seu filho, que não duvidou (ao contrário de todos os outros, que o chamavam de louco) por ter visto os estranhos vultos pouco antes de encontrar sua mãe morta.
–Ela se assustou com o meu rosto... -Disse o pai.- Ela me conhece.
Freddie caminhou até a bem-iluminada sala, seguido pelo homem careca. Lá, Clarisse estava em pé com seus braços abertos, amarrados por cordas extremamente firmes. Apesar da situação, ela ria muito.
–Ela ri e fala muito, mas nada de útil sai de sua boca. -Disse o responsável pela sala.
–Vocês aplicaram alguma substância nela? -Perguntou Richard.
–Bem... Ela não confessava nada, então achamos que isso poderia resolver.
–Então... -Freddie estava domado pelo ódio e pela tristeza. -Você é mesmo uma bruxa?
–Eu tenho cara de quem usa chapéus pontudos e voa por aí numa vassoura com uma varinha mágica?
–Todos nós acreditamos fielmente nisso, Fred. -Richard observava a garota. -E você também. Não há dúvidas de que ela seja uma feiticeira.
–Você matou a minha mãe?
–Mas é claro que não!
–Está mentindo!
–É você quem está errado! -Sua voz estava meio confusa e a mulher parecia sonolenta com o líquido que fora aplicado em sua veia. - Eu nunca mataria uma pessoa por vontade própria.
–Poderia até ser verdade... -Fred a estudava. -E então alguém teria lhe dado uma ordem. Quem lhe deu a ordem?
–Ninguém.
–Quem lhe deu a ordem?! -Seu grito raivoso poderia ser ouvido por quem estivesse nos outros quartos.
–Eu não recebo ordens de ninguém. Sou eu quem faço minhas próprias regras.
–Então... -Sua voz já estava mais calma. -Você a matou por que quis.
–Eu não a matei!
–Richard. -O rapaz estava impaciente. -Posso fazê-la falar?
O líder segurou seu ombro.
–Conto com você. Ah, não se esqueça: Em situações especiais, devemos honrar os nossos ancestrais e aqueles que são como nós. Vista-se adequadamente.
–Boa sorte. -Disse o outro, saindo da sala com seu chefe.
Prestando atenção no que Richard lhe disse, Fred saiu da sala e logo voltou com sua nova vestimenta. Havia a usado apenas quando fizera seu juramento, para juntar-se ao seu mais novo grupo. Assim como ele e seu pai, havia muitas outras pessoas que passaram por uma situação parecida ou simplesmente carregavam um ódio mortal em seu coração e alma. Foi então, que receberam o convite de Richard para ser tornarem os mais novos membros de sua comunidade. Em sua túnica cor de vinho havia o desenho de uma chama.
–Espere um minuto... -Agora era a bruxa quem estudava o rapaz, tentando focar seus olhos enquanto ele se aproximava. -Eu já vi você... Ah! Não me diga que o é o menino que está andando com a Helena?
Ao ouvir esse último nome, ele parou.
–Helena? O que você sabe sobre ela?
–Ora, é tão difícil perceber? Todos dizem que somos muito parecidas. Talvez você precise de um par de óculos. -Debochou ela. -Ela é a minha irmã mais nova.
O mundo de Freddie pareceu desabar. Mais uma vez. Será que aquilo era verdade? Ou poderia muito bem ser uma simples provocação. Mas foi então que ele começou a compará-la com Helena e descobriu que as duas eram incrivelmente parecidas: A pele, os olhos, o rosto, os cabelos castanhos e cacheados. Mas então isso queria dizer que...
–É mentira! -Gritou ele. Perto de si, uma seringa vazia e alguns bisturis estavam lado a lado em uma bandeja quadrada. Com o ataque de raiva, não demorou muito até que um risco de sangue se abrisse no rosto da garota. Riscos como esse foram surgindo cada vez mais. -Você vai me falar sobre quem matou a minha mãe... Por bem ou por mal.
Como a sala já havia sido um consultório médico, vários remédios e ferramentas estavam guardados por lá e não demorou muito até que Freddie os achasse e os utilizasse na garota. Dentre tanto ódio, Clarisse apenas emitia gemidos de dor por estar sob efeitos, contudo, foi obrigada a gritar quando uma sentiu uma agulha em seu pescoço. A partir desse momento, sua situação só pioraria.
☼ ☼ ☼
Nos próximos dias, Helena não encontrou Freddie. E muito menos sua irmã.
Entre tanta preocupação, a garota emergida em pensamentos sobre o que poderia ter acontecido quando o rapaz de cabelos e olhos escuros apareceu por lá. Ele estava sério, diferente e muito sombrio.
–Freddie! -Ela correu para seus braços. -Eu preciso te contar uma coisa!
–Eu... -Por mais que tentasse, ele já não a enxergava da mesma maneira. O que quer que fosse dizer, não conseguia sair de sua boca.
–Eu estou grávida! -Sua animação não a deixava quieta.
A notícia atingiu Fred como uma pancada. Um verdadeiro choque. Em qualquer outro momento, ficaria feliz em saber que teria uma criança. Principalmente com aquela garota. Mas agora a situação era preocupante e ele simplesmente não conseguia parar de desconfiar da pessoa que esperava um filho seu.
Enquanto estavam juntos, ele ouvia disperso o que a garota, animada, tinha a dizer. Se falava algo, era pouca coisa, então ela imaginou que fosse o choque por ser pai de primeira viagem. Quando Helena foi embora, ela o abraçou calorosamente e ele retribuiu de maneira oposta: Friamente. Quando ela finalmente o deixou, sentiu uma picada e coçou sua cabeça, mas não deu muita importância a isso.
☼ ☼ ☼
–Richard. -Fred chamou seu líder horas depois que recebera a notícia de Helena, quando já estava noite. Ele não havia comentado isso com ninguém.
–Fred! -Respondeu ele. -Era você mesmo quem eu estava procurando. Tortura, bisturi ou facas eu até entendo, afinal, é uma delas. Mas você precisava mesmo ter aplicado aquela injeção?! Eu achei que ela estava bem guardada, mas mesmo assim você a encontrou. Aquela mulher era uma refém importante e valiosa para nós, mas agora que recebeu veneno, seu corpo não vai durar muitas horas a mais. Na verdade, ela é realmente forte por ainda estar viva após aquela dose.
Fred apenas conseguiu ficar em silêncio após receber a bronca. Então Richard suspirou e continuou.
–Mas tudo bem, agora já foi. Tenho certeza que ela não será a última.
Seu otimismo fez o mais jovem tentar sorrir, sem olhar diretamente em seus olhos, mas logo sua expressão voltou a se tornar fria.
–Enfim, o que você queria comigo, garoto?
–Eu estava pensando em algo e achei que vocês poderiam ter recursos para isso...
Nós. -Corrigiu Richard, interrompendo-o. -Todos nós somos da mesma família agora. Você fez um juramento, certo? Afinal, o que deseja?
–Eu... -Ele retirou duas pequeninas bolsas transparentes de sua mochila. Olhando bem de perto, parecia ter um fio de cabelo idêntico em cada: Comprido, castanho e cacheado. E então, continuou. -Eu quero fazer um teste de DNA.


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