Expectativa escrita por Lostanny


Capítulo 1
Lição única


Notas iniciais do capítulo

Escrito em primeira pessoa, focado em Erina. ♥



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Não imaginei que iria tão longe quanto ao que fui. Estou um pouco decepcionada comigo mesma por me deixar cair tão baixo. Nakiri Erina foi criada para ser uma princesa digna, perfeita, cara.

No entanto aquele homem conseguiu chegar a mim de algum modo. O meu erro mais drástico deve ter sido a minha mente fechada para essa possibilidade, quando aconteceu não soube como reagir. Podia ter feito qualquer coisa aquele momento além de confiar nas minhas emoções.

Fui traída pelas minhas próprias palavras, que desagradável. Assim como uma bactéria sob o efeito contínuo de medicamentos se torna mais forte, Yukihira Souma mais do que nunca tinha uma voz gentil para mim.

Yukihira devia estar com pena. Senti o topo de minha cabeça ser afagada por uma mão. Eu não pude ver seu rosto, eu estava de olhos fechados. A voz de Yukihira, no entanto, era inconfundível. Meu rosto estava molhado e mesmo que não quisesse admitir era por lágrimas.

Yukihira Souma devia ter descoberto, no mínimo, que o que eu sentia por ele não era algo banal.

Senti uma pressão de leve em meus lábios. Meu corpo inteiro reagiu. Minha consciência voltou a dimensão real. Acordei em choque e meus braços não se contiveram. Se eu fosse mais forte teria lhe dado um soco. Dane-se os modos.

Eu me contentei, entretanto, em empurrá-lo. Tinha em definitivo perdido minha compostura; não era como se eu fosse permitir essas ousadias. Meu peito antes aquecido entrou em combustão, meu rosto queimava e meus dentes estavam cerrados.

— Não me subestime, Yukihira Souma, se tem valor a sua vida. — Falei em tom carregado de sentimentos negativos.

Queria tê-lo dito com os olhos frios, para que Yukihira conhecesse seu lugar, mas não consegui; parecia arrependido. Não poderia ter certeza do motivo, mas tinha uma probabilidade alta de que tivesse agido por impulso.

Eu odiaria saber que ele tivesse me beijado por algo tão mesquinho. Era melhor não nutrir esperanças. Odiaria saber que elas fossem falsas. Que esses pequenos brilhos de felicidade que brotavam em mim eram sem sentido.

Que o romance encontrado nos mangás para garotas que eu lia e a realidade eram diferentes, até opostos.

Fiquei de costas para Yukihira e joguei uma mecha de cabelo para trás. Utilizaria mais uma vez da minha máscara de perfeição.

— Não me siga. — Falei em um tom baixo quase sumindo.

O olhava com o canto do olho que estava menos carregado de emoções.

Era melhor assim. Mesmo que a falta de palavras de Yukihira-kun tenham doído mais que qualquer prato falho. Eu quase me via tropeçando nos próprios pés. Yukihira-kun me seguraria e teríamos uma desculpa para conversar.

Só que isso não aconteceu. Antes que algo assim sucedesse Yukihira-kun me abraçou por trás. Minha mente ficou em branco. Ouvi sua risada. Ainda segurando minha cintura disse:

— Você é mesmo uma figura Nakiri! Achou que eu ia te deixar sozinha?

Era horrível, não conseguia me lembrar de qualquer raciocínio anterior. Só que o toque dele fazia meu corpo formigar. Parecia que minha mente tinha sido zerada e tão somente interessada em absorver as palavras de Yukihira.

Yukihira Souma ainda não podia ler meus pensamentos; mas ele se aproveitou da brecha como se de fato conseguisse. Meus olhos encontraram com os dele quando Yukihira-kun me virou para ele com delicadeza. Meu rosto estava queimando outra vez, por um motivo melhor.

Nossos lábios se encontraram; Yukihira conseguiu ser ainda mais ousado. Senti um calafrio quando aprofundou o beijo com a língua.

Minha língua, que era mais sensível que as demais, me fez esquecer quem eu era. Um favor que eu aceitei de bom grado.

Minha realidade foi distorcida pelo meu dom. Beijar Yukihira Souma era tão agradável quanto tomar uma xícara de chá depois de um dia de trabalho cansativo cheio de frustrações. Era o frescor que um dia de chuva produz. A vivacidade de um campo florido. Apreendia essas imagens para mim em um fluxo contínuo como se estivéssemos dançando em círculos.

Esse que era o sabor de Yukihira Souma? Se não tivesse me controlado, admito, teria provavelmente sorrido.

— O que achou Nakiri? — Yukihira-kun disse um pouco corado pelo ato — Eu ainda posso não passar no quesito culinária. Mas não vou estar mentindo se dizer que quero te ver feliz.

Era a primeira vez que o via daquela forma, assim como era a primeira vez que conhecia alguém daquele modo. Minha língua de deus havia sido profanada isso eu não tinha dúvidas. Coloquei uma mão sobre a boca para bloquear em parte a visão dele. Tentei acalmar meu coração que batia depressa.

— Não é muito diferente do que pensei à princípio, apenas!

Falei tentando usar meu tom severo; mas qualquer atmosfera pesada tinha se dissipado.

— Fiquei surpreso. — Yukihira-kun disse em um tom animado — A Nakiri é bem mais...

— Não diga mais nada Yukihira Souma! — Falei em um tom nervoso — Agora eu estou indo mesmo. Não me siga!

Literalmente corri para longe dele. Só que não senti como se estivesse fugindo ou como se devesse sentir vergonha.

Talvez porque eu soubesse que o futuro não seria tão ruim.


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