Um conto de um último romance escrita por Lorens


Capítulo 1
Do nosso amor a gente é quem sabe


Notas iniciais do capítulo

Um conto Faberry que escrevi especialmente para alguém que tem ocupado boa parte dos sentimentos mais bonitos que há em mim, e resolvi compartilhar com vocês.



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Você provavelmente já ouviu falar sobre aqueles romances de filmes que chegam sem bater na porta e vão entrando sem pedir licença, tomam conta de cada sentido seu, e quando você menos espera eles dão o fora na mesma velocidade que entraram? Pois bem, acredite, vivi a minha vida toda em meio a confusão deixada por essas relações amorosas complicadas e desastrosas. Aí, de tanto quebrar a cara, o coração e a alma, você decide que é melhor ficar por um tempo sozinha. Veja bem, ficar sozinha sim... sem relacionamentos oficializados, sem as rotinas de namoros. Mas, se permitindo viver qualquer romance de uma noite só, não se preocupando com o que viria depois do amanhecer.

Assim que minha vida seguiu por um considerável tempo. Até que quando eu menos esperava, alguém surgiu do lugar menos provável e de um jeito sútil veio entrando na minha vida. E sem perceber, fui deixando-a entrar e ir se apossando lentamente dos sentimentos benignos que uma amizade pode proporcionar, para depois me permitir ver que a necessidade de tê-la sempre por perto já ia para além da amizade. Ia na direção de tudo aquilo que eu vinha tentando evitar. Foi assim que Rachel chegou em minha vida.

Entre uma conversa no corredor das salas de aula, entre a espera pela companhia para voltar para casa ou mesmo nas infinitas mensagens trocadas durante o dia ou madrugada, tudo foi se fortificando, tudo foi ganhando forma, daí já era impossível negar o inegável... “Sim, eu gosto de você”. Cinco palavras que mudam todo um contexto e que permitiram que ela dissesse que havia reciprocidade no sentimento.

“Sabe, Rachel, eu sei bem o que quero e para onde vou”. Eu, com alguns anos de experiências amorosas a mais, usando frases metafóricas para dizer o que pretendo ter dela. “Então me leve”. Ela, sendo ousada suficiente para se permitir viver aquilo que tem vontade, ainda que não tenha experiência em relacionamentos como esse.

Uma resposta corajosa era o que faltava para que tudo se concretizasse. Daí em diante não tardou para que o primeiro beijo acontecesse em um início de noite. Ilustrar o beijo como aqueles arrebatadores, que te deixam sem chão e sem ar, seria mentira. Porque nada do que vem desse romance tem o exagero das paixões fictícias. Portanto, foi um beijo calmo e saboroso na medida certa para que outros o seguissem. Foi um beijo gostoso suficiente para que quando ele terminasse, deixasse na boca o gostinho da saudade, ainda que tenha passado apenas cinco minutos após o momento em que os lábios se separaram.

Como em qualquer relacionamento em que os sentimentos de ‘gostar e querer bem’ predominam, mesmo os não oficializados, chega o momento em que ficar sem se ver passa a ser dolorido. Mas o reencontro é gratificante porque você percebe o sentimento que surgiu sem ser esperado é o mesmo que timidamente vai tomando espaço e fazendo morada. Aí você tenta manter a cabeça no lugar e dizer, “É cedo demais para assumir isso como um namoro” ou então “Namoraremos quando estivermos preparadas”. Contudo, a pergunta que vaga no consciente é: O que é estar preparada?

Não há resposta para isso, é o que você descobre. E, talvez, se negar a assumir logo um relacionamento pode ser resultado do medo de errar mais uma vez, aí me vi nesse impasse. Até que alguém mais corajoso, nesse caso, ela, chega tomando frente da situação, e em um fim de tarde, quando saíamos da escola, em meio o bagunça de um engarrafamento barulhento e estressante, diz, “Você ser a minha namorada?”. Eu, surpresa, mas, com os resquícios de coragem que me habitam, aceito. E aceito com o coração saltitando de felicidade, com a alma esperançosa por se permitir tentar mais uma vez.

A partir daí, começamos a dar um novo sentido às cores dos semáforos. Por exemplo, o vermelho que faz todos pararem e aguardarem entediados que ele mude de cor, nada mais é, para nós duas, que a oportunidade de trocar beijos cheios de desejo; quando o semáforo ganha a tonalidade verde, significa que devemos parar com a troca de afetos, pois, já é necessário seguir adiante.

E por “seguir adiante”, você pode compreender não somente como o movimento nas ruas, mas, também com tudo o que se espera de um relacionamento afetivo. Seja no sentimento de gostar que vai ganhando mais intensidade, na saudade que domina mais fortemente quando não nos vimos, ou os carinhos que vão desenvolvendo ações mais intensas, como as do primeiro amasso.

Ahhh... sim, o primeiro amasso. Isso é tão bom quanto a sensação do primeiro beijo. É o momento em que vamos nos conhecendo mais intimamente. Onde os corpos vão procurando os contatos necessários para se satisfazerem, e por mais incrível que pareça, eles descobrem que podem dançar no mesmo ritmo, ainda que nada tenha sido verbalizado sobre isso, o que torna tudo mais gostoso e que nos faz querer sempre mais. O sexo? Não, cedo demais. A calma predomina por aqui, esqueceu?

Aí, você que está de fora, pode estar se perguntando... e qual a graça nesse relacionamento onde tudo vem de forma lenta, onde a paixão não vem avassaladora desde o princípio? Eu te respondo facilmente. A graça está justamente na lentidão e sutiliza em que tudo vem acontecendo, sem atropelar nenhum momento. E se ainda assim você prefere os relacionamentos apressados e temperados com ações explosivas, tudo bem também. Por que, afinal, isso não fará diferença, pois, por aqui, escolhemos saborear cada momento que vem surgindo assim como esse romance surgiu... do nada, de onde menos se esperava.

O que virá a seguir? Também não sabemos, mas, estamos aqui para isso... deixar que o sentimento se transforme em coisas sólidas e verdadeiras e que ele nos conduza aos lugares que desejamos estar ou alcançar, afinal, como diz aquela música, “... do nosso amor a gente é quem sabe, pequena”.

O último romance? Sim esse é o nome da música. Se o nosso romance será o “último romance” de nossas vidas? Não sabemos, cedo demais para afirmar algo assim, mas, por hoje é o que pretendemos, e estamos aqui para ir tentando, certo?


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Notas finais do capítulo

Para os que não conhecem, a música citada é "O último romance - Los Hermanos"



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