Puzzles escrita por fluorescentadolescent


Capítulo 1
Capítulo 1




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Estava escuro. O céu era iluminado pela Lua e suas milhares de estrelas, fora isso, alguns postes de luz ainda funcionavam para dar um pouco mais de brilho ao local. A areia que tocava meus pés descalços era macia e fina, o som das ondas se quebrando a beira-mar era reconfortante, e o cheiro praiano de possibilidades era inevitável.

Eu seguia em linha reta os coqueiros enfileirados, tênis na mão, roupas desleixadas e pensamentos bagunçados pelo vento que madrugava naquela praia. Eu não sabia de fato como eu aparentava, mas podia sentir as olheiras caindo, pés cansados e pernas um tanto desequilibradas, resumindo, não devia estar lá com a melhor das aparências.

Já exausta, deitei na areia, ali mesmo onde tinha parado. Se tudo isso tivesse acontecido a algum tempo atrás, eu nem sequer imaginaria que chegaria ao ponto de deitar na praia, as três da manhã, somente para observar as estrelas, que mesmo depois de tanto tempo, permaneciam as mesmas. E talvez essa mesmice me confortasse depois de tantas mudanças.

Quando estou prestes a adormecer ouço passos, e sento, já alarmada.

- De novo Lana? – questionou uma voz familiar aos meus ouvidos, quando foquei na sombra para a minha frente, pude enxergar o garoto alto e moreno, que era destacado pelos olhos azuis, como o oceano. – Pensei que já tinha superado essa historiazinha de separação de pais e madrastas psicóticas.

- Pensei que já havia superado essa história de afogar as mágoas na Vodka, – eu disse, áspera – Mas está claro que não. – completei direcionando o olhar para a garrafa quase vazia em sua mão esquerda.

Ele pareceu apreensivo, mas sentou ao meu lado mesmo assim, e deu o ultimo gole na bebida.

- Você costumava ser mais gentil sabia? - Ele reclamou, quase com incredulidade.

- Você costumava ser mais sóbrio. – retruquei – Agora você vê como as coisas mudaram? Quer saber? Dane-se, não quero discutir com você de novo, não gosto disso, você é quem me resta, Lucas.

- Desculpa, mas Gostaria que as coisas voltassem a ser como eram sabe? Sem preocupações ou quebra-cabeças, sem pessoas quebradas. – ele declarou, quase em sussurro. Seu semblante agora aparentava tristeza.

- É o que mais queremos, não? – respondi compreensiva – Viver no passado. Quem me dera.

- Vamos acabar aqui de novo não é mesmo? – ele perguntou sorrindo – Nós dois, grossos e quebrados, reclamando da própria vida que é abençoada para alguns.

- Venha, Lucas. Venha logo, não quero ficar aqui sozinha. E você, mesmo bêbado e grosso, é a minha melhor opção no momento.

- Quem eu seria se recusasse essa sua oferta, majestade, de tamanha generosidade. – Ele disse, sarcástico, provocando alguns risos, mas nada mais, dando lugar a um silêncio rotineiro.

Lucas se deitou ao meu lado, me trazendo um pouco de calmaria.

Eu o havia conhecido a um ano, Santos não é uma cidade grande, mas também não é pequena. Nós começamos a conversar por conta dos nossos problemas. Famílias quebradas e bons amigos, mas que não suportariam tais problemas. Eu tenho 15 anos, e Lucas, 17, a diferença de idade nunca atrapalhou nossa amizade, nem nada. Lucas era o único que sabia sobre os problemas que eu tinha que suportar, Críticas, Preocupações e etc. e eu suportava os dele junto a ele, a rejeição, e ao pai que virara alcoólico depois da morte de sua mãe, o que não ajudava, pois com um tempo, ele adquirira o vício do pai, restando a mim, como quem poderia tirar de suas mão a garrafa de vodka.

E é assim que se inicia(ou deveria dizer, continua?) , um dos muitos quebra-cabeças da minha vida.


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