"É isso aí, pessoal,o melhor Milk Shake da cidade é no Carl's! E atenção, promoção especial aos sábados: Peça quatro achocolatados e ganhe um super boneco do..."

Depois de três tentativas falhas de desligar o rádio-despertador, Joshua finalmente conseguiu. Sua cabeça estava á mil e o clarão da máquina do tempo parecia ter queimado seus olhos. "A máquina..." pensou e então se lembrou de onde estava. Ou melhor, de onde poderia estar.

Tudo em seu corpo doía, talvez pela surra que levara no dia anterior, e quando se levantara da cama onde estava deitado levou um susto: O que não era rosa estava totalmente coberto com pôsteres de caras magrelos e com cabelos encerados descendo pelos rotos pálidos. Josh podia jurar que estava no quarto de uma adolescente fanática, e acertara.

–Uau... -Foi a primeira palavra que dissera ao dar uma volta pelo lugar. Apesar de tudo ali parecer diferente, ao dar uma olhada em si mesmo Owen concluiu que estava exatamente como estava ao entrar na máquina do tempo: Jeans escuros, camiseta clara e jaqueta térmica preta. O tal Kley finalmente parara de incomodar. Notou que Taio, o outro único garoto de seu grupo estava acordando na cama ao lado da sua. -Então, cara, aterrissamos no quarto da minha irmã?

O garoto parecia estar na mesma confusão mental que Josh se encontrava ao acordar e riu com o comentário:

–Não acho que sua irmã goste tanto assim de uma ex-boyband. Esses são os The Monkees, o que me leva a pensar que estamos no quarto de uma garota dos anos 60, já que seu auge foi em 1967. -Taio disse tudo aquilo de uma vez só, o que fez Joshua rir.

–Como sabe tanto assim sobre essa cópia literal dos Beatles? Quer dizer, não que essa matéria não tenha sido pedida nos últimos SATs*.

O mais novo apenas revirou os olhos e continuou a analisar o quarto.

–Temos que encontrar as garotas e ir logo atrás desse relógio. –Taio continuou, sério, sua linha de raciocínio enquanto Joshua dava outra olhada no cabelo loiro pelo espelho grande da penteadeira. –Segundo os meus cálculos, temos no máximo uma semana para cada viagem, isso se quisermos mesmo vencer esse negócio.

–Céus, que obsessão! –Josh riu.

–Que dia é hoje? –Taio ignorou o comentário e revirou algumas coisas na escrivaninha até encontrar um calendário. –Sete de Novembro.

–Ei, David Guetta está nascendo hoje! – O loiro pareceu surpreso e o peso do tempo novamente invadiu seus pensamentos. Sua cabeça latejava e ele caiu sentado na cama. –O que houve?

–Eu também senti. –Taio encarou-se no espelho. –Acho que não devemos fazer referências diretas ao futuro aqui. Assim como não devemos interferir na linha do tempo. Então, por favor, se encontrar alguma prima gata, contenha-se.

–É, vou tentar.

Josh ouviu passos vindo até eles e Taio assentiu quando se entreolharam. Ambos voltaram para as camas onde tinham acordado e o loiro levou o dedo indicador aos lábios e fechou os olhos, um sinal para que o moreno também fingisse que ainda não tinham acordado.

A maçaneta bem polida foi girada com cuidado, quase não emitindo som algum, como se a pessoa que agora empurrava levemente a porta não quisesse acordá-los. Joshua ouviu a porta ser encostada novamente e os passos leves vindo até a cama próxima a janela onde estava deitado. Eu queria poder dizer que ele teve pulso firme e agiu como um cara de dezenove anos, mas o que realmente aconteceu foi que sua respiração ficara ofegante e ele quase tremia de medo, e quando sentiu o hálito fresco de seu visitante em seu rosto, quis gritar por sua mãe.

–É... –Disse a voz que lhe soava familiar. –Vocês dois não sabem mesmo como fingir.

Josh abriu um dos olhos de cada vez e deu de cara com enormes olhos azuis penetrantes que pareciam sorrir pra ele. Aqueles olhos. Angel ria da expressão surpresa, confusa e aliviada de Owen enquanto o outro garoto também suspirava aliviado.

–Onde estamos? –Josh perguntou á garota que agora estava sentada ao seu lado na cama.

–Bom, não sei ao certo em que estado, mas estamos nos Estados Unidos, 1967, na casa da família Edwards. Sarah está lá embaixo fazendo sala enquanto eu vim dar uma olhada nos dois medrosos. –Ela riu quando Joshua revirou os olhos.

–Como viemos parar aqui? Quer dizer, eles... Sabem? –Taio perguntou levantando-se sentindo a cabeça doer novamente por comentar sobre a máquina do tempo. Viu as expressões dos amigos se contorcendo também. –Desculpem pessoal.

–Tudo bem.

–Não, eles não sabem. –Angie continuou enquanto se afastava, sorrindo, de um Josh que se aproximava, galanteador. –Eu, por incrível que pareça, acordei relativamente bem e algumas horas depois Sarah acordou também. Estávamos no jardim deles quando o Sr. Edwards apareceu na porta com uma cartucheira.

–O que? Ele queria atirar em nós? –Joshua gargalhou.

–Quieto idiota. –Taio disse e pediu para que Angel continuasse.

–Bom, eu expliquei a ele que viemos de muito, muito longe e que estávamos muito cansados da viagem. Ele perguntou se vocês dois estavam bem, já que estavam desmaiados, e Sarah, com um pouco de dificuldade conseguiu mudar de assunto e convencê-lo a nos deixar ficar.

–E esse tal Sr. Edwards por acaso é fã dos Monkeeys? –Joshua perguntou e Angel revirou os olhos.

–Estão no quarto das filhas dele, Jenn e Carter. Acho que vocês ganharam admiradoras. –A garota ficou vermelha e Josh deu um sorriso de lado.

–Bom, por mais que o garanhão aí não consiga se conter de tanto hormônio... –Taio riu levantando-se e ajeitando a gola da jaqueta. -... Não temos tempo pra romance. Acho que deveríamos descer, comer alguma coisa e começar a procurar por pistas e tal.

–Concordo com você. – Josh falou. –Não consigo me conter.

Angel riu e deu um encontrão no rapaz que retribuiu o “carinho”. Taio revirou os olhos para o casal platônico e então os três desceram para o desconhecido não tão desconhecido assim.