Black Angel escrita por Neko D Lully


Capítulo 1
I: Incertezas


Notas iniciais do capítulo

Acredito que sou a primeira a postar nessa categoria (afinal eu que pedi pra colocar kkk).

Espero que os fãs de World Trigger brasileiros gostem da fic, tendo como foco o Kazama que eu gosto tanto e alguns outros elementos. Bem, não tenho muito o que falar (principalmente pq acho que vai ser dificil começar a ter leitor)

Vamos para a fic



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Capitulo 1: Incertezas

Não fazia mais do que olhar aquela ridícula comoção que se desenrolava no andar de baixo. Havia se aproximado apenas porque tinha visto pessoas se apressando, gritando que dois dos novatos Classe-C haviam começado uma briga. Pensou que seria grave e que poderia usar sua autoridades para colocar ordem, porém, assim que se aproximou com seu esquadrão, percebeu que não se tratava de nada mais que uma discussão boba entre duas garotas que aparentemente não se davam bem. Novatos davam trabalho, ainda não tinham disciplina o suficiente para lidar com os problemas que existiam na Boder. Era por isso que agradecia que não fosse o seu esquadrão a ficar encarregado deles.

- Aparentemente é porque a baixinha não aceitou fazer parte do grupo daquelas meninas. - comentou Kikuchihara enquanto debruçava-se sobre limite do segundo andar. Seus olhos encaravam desanimados toda a cena, escutando tudo que se desenrolava na parte de baixo. Kazama não estava interessado, permanecia com os braços cruzados olhando desde cima toda aquela futilidade. - Aparentemente a baixinha é uma novata com uma mira incrível. Ambas que estão discutindo são snipers e a pequena conseguiu acertar todos os alvos no centro, independente de como estavam.

- Isso é sério? - dessa vez foi Utagawa que se pronunciou. Parecia ser o mais interessado dos três, entretanto, mais preocupado do que realmente interessado. Ele sabia bem que uma pequena discussão poderia gerar em algo mais.

Bem, Kazama não via esse problema. Conseguia identificar pelo menos quatro ou cinco representantes de esquadrões Classe-A, se caso os novatos tivessem a ousadia de aprontar alguma coisa eles estariam ali para parar. Apesar de que, pelo que reparava, a maioria estava apenas apreciando o show e não teriam o mínimo interesse em fazer mais do que incentivar a briga. Suspirou, aquela situação era realmente chata de se ver.

- É o que estão dizendo. - comentou Kikuchihara dando de ombros. Não era como se os vários cochichos e incentivos o interessassem, ele apenas queria ver uma boa briga.

Kazama analisou as duas que aparentemente brigava e percebeu que não parecia necessariamente uma discussão. A maior das duas, com grandes dotes, cabelos ligeiramente curtos repicados de um jeito inusitado usando o típico uniforme dos agentes Classe-C, gesticulava com fúria, movendo os braços para todas as direções sem prestar atenção em quem estava a seu redor. Duas outras garotas estavam logo atrás dela, supôs que já tivessem formado um time, mesmo que ainda fosse muito cedo para elas subirem para o rank-B e realmente fosse permitido a formação de um grupo fixo. Em compensação a pequena que tinha a frente não parecia fazer nada mais do que observar a garota gesticular. Seu corpo minúsculo, de não mais de 1,60 se não estivesse enganado, estava tampado por uma enorme blusa que lhe chegavam a metade das coxas. Devia estar usando algum short por baixo, mas não conseguia vê-lo, a blusa o tampava. O capuz estava sobre a cabeça, tampando-lhe o rosto que tinha a impressão que se encontrava desinteressado. Pose descontraída, com as mãos dentro dos bolsos e uma perna ligeiramente dobrada.

- Não parece que vai passar disso. Não temos nada o que fazer aqui. - comentou, prestes a virar as costas para deixar o lugar, quando finalmente aconteceu.

Não foi uma briga, mas deixou todos extremamente surpresos e exautados. Como se aquilo não fosse nada a mais baixa agarrou um dos peitos de sua "adversária", apertando-os um pouco e empurrando-os. A outra, que tinha seu seio violado daquela maneira, soltou uma exclamação de surpresa assim como todas as outras pessoas que observavam. Alguns assobios e exclamações de aprovação também foram proferidos.

- M-mas o-o que... - começou, entretanto, a pequena a interrompeu. O tom alto o suficiente para até mesmo Kazama, que já quase tinha saído para outro corredor, pudesse escutar.

- Você se alistou como Sniper, mas não entendo como pode atirar com esses peitos enormes. Isso não atrapalha? Deve ser por isso que não acertou quase nada no treino mesmo tendo um trion tão alto. Sem falar que são muito fáceis de acertar. - Kazama havia voltado assim que ouviu a voz. Kikuchihara assobiava com um pequeno sorriso travesso no rosto enquanto Utagawa corava como nunca, gaguejando palavras desconexas. Quem diria que aquela pequena fosse ousada desse tanto? - E você disse com clareza que era burrice almejar um ranking tão alto como o Classe-A, mas acredito que isso só seja porque você tem uma mentalidade muito pequena. Pode esbravejar qualquer palavras a minha pessoa, mas não me juntarei a um time que não tem interesse em crescer.

Com isso todos se calaram, a pequena ainda agarrando os peitos de sua colega. Kazama conseguiu reparar que a voz da garota lhe era conhecida, mas não conseguia se lembrar onde a tinha escutado. Não conseguia ver seu rosto, então não poderia identificá-la por qualquer outra característica que não fosse a voz. Voltou a se colocar entre seus companheiros, tentando inutilmente retirar de algum recanto perdido de sua mente a memória que lhe indicasse quem realmente era aquela garota e como poderia soar tão familiar sua voz a seus ouvidos.

- Nyua! Já está arrumando confusão?! - a exclamação no lugar silencioso chamou a atenção de todos que se encontravam agrupados no lugar. Kazama reconheceu quem chamava; era um dos funcionários da central de comunicação da Boder, mas não sabia quem era exatamente. Existiam muitos que trabalhavam por lá e não tinha paciência para ficar decorando nomes. Seus cabelos eram ligeiramente aloirados, bagunçados sobre sua cabeça, óculos cobrindo seus olhos e usava uma roupa ligeiramente desleixada. Não parecia ser uma pessoa que se destacava.

A pequena se afastou, largando os seios da outra e assim dirigindo para quem tinha falado. Passou por entre a multidão que abriu caminho e parou de frente para o rapaz mais velho. Tinha uma pose inocente dessa vez, as mãos presas atrás do corpo com um pé encostando apenas a ponta no chão. Parecia mais uma criança do que uma adolescente propriamente dito.

- Não estou arrumando confusão nenhuma Eichii-san. - respondeu em um tom inocente. O rapaz aparentemente não acreditou muito em suas palavras, mas mesmo assim suspirou, deixando os ombros caírem e um pequeno sorriso delineando em seus lábios. Kazama conseguia ver claramente de onde estava. A confusão tinha terminado, mas ainda tinha aquela sensação incomoda de tentar se lembrar de algo e não conseguir.

- Quantas vezes tenho que dizer? É Onee-chan! - reclamou o mais velho, levando uma mão até a cabeça da garota que apenas deu de ombros. Ela não teria jeito, nunca mudaria. - Mas então, como foi seu primeiro dia?

- Acertei todos os alvos, não foi tão difícil. Mas ainda queria shooter ao invés de sniper. - Kazama encarava atentamente a garota, seus olhos acompanhando seus movimentos enquanto direcionava-se para a saída. Alguma coisa naquela garota lhe chamava a atenção, mas tinha a impressão que apenas se tratava da memória que não conseguia recordar. Kikuchihara e Utagawa já começavam a sair enquanto comentavam sobre o ocorrido, mas seu líder demorou-se um pouco mais.

Foi por uma fração de segundos, a garota parou um pouco sua caminhada e virou a cabeça em sua direção, como se desde o principio soubesse que ele estava ali. Kazama não conseguiu ver seu rosto com perfeição, a distancia era muita entre eles, mas por algum motivo sabia que seus olhos haviam se encontrado. Ele se sentia observado, como se ela pudesse ver além de seus olhos avermelhados e instantes depois um enorme sorriso apareceu em seu rosto. Por pouco Kazama conseguiu identificá-lo antes que ela voltasse a caminhar com seu companheiro mais velho.

E assim as coisas ficaram. Kazama não conseguiu se recordar de onde conhecia aquela garota, ou se pelo menos não a tinha confundido com alguém mais. Depois de algumas horas esqueceu-se do assunto, treinando sozinho por algum tempo antes de finalmente arrumar suas coisas para ir para casa. Fazia tempo que não tinha uma missão de verdade, desde o ataque de seis meses atrás.

Ninguém soube exatamente o que os Neighbors queriam com aquele ataque estranho, mas foi o maior que toda a cidade já tinha presenciado. Nem mesmo a ofensiva de Aftokratos tinha sido tão intenso. Centenas de vidas tinham sido perdidas, várias pessoas ficaram desabrigadas e o mais estranho de tudo, nenhuma havia desaparecido. Diferente dos outros ataques esse não teve como finalidade o sequestro de pessoas com Trion, nem mesmo os mais fracos.

Kazama era um dos que mais se envolveram na batalha, recordava-se bem da grande dificuldade dos esquadrões Classe-A de lidar com a situação. Eram vários inimigos que os esquadrões Classe-B não poderiam lidar, vários setores sendo atacados, várias casas sendo destruídas e poucos agentes capacitados para lidar com a situação. Trabalhar sozinho estava fora de cogitação então poucas áreas conseguiram ser protegidas sem muitos danos. Mesmo assim, mesmo com o esforço de todos, as perdas foram inimagináveis. A força da Boder foi questionada mais uma vez e com muita dificuldade conseguiram reverter a situação, tanto socialmente quanto economicamente. Mesmo assim, agora eram poucos os que se inscreviam para adentrar a força de combate e menos ainda que queria subir de esquadrões.

Sair da zona de conforto agora era difícil e muitos começavam a deixar a cidade com medo de um novo ataque. Apenas os teimosos ficavam.

Em sua visão, Kazama tentava entender o que tinha acontecido. Tinha a impressão que aquelas coisas procuravam alguma coisa, vasculhavam a cidade em busca de algo que não deveria ser um Trion. Se fosse com certeza iriam atrás de Chika, a integrante do grupo do Osamu. Mas, se não era força de Trion, então o que era?

No caminho de volta para casa deu uma parada em uma venda qualquer do caminho. Recordou-se de que precisava comprar alguns ingredientes para a janta daquele dia e, por mais que não tivesse muita paciência, sabia que se arrependeria se não comprasse nada. Não precisava de muito, apenas o necessário, não era como se estivesse com cabeça para pequenos detalhes. Adentrou na loja e caminhou direto para as áreas em que estavam os alimentos que queria, ignorando o cumprimento do caixa e atendente do lugar, a única pessoa que se encontrava ali naquele horário.

Pegou tudo o que precisava pegar, o que não era muita coisa. Uma pequena caixa com apenas quatro ovos, macarrão instantâneo, alguns legumes e um pouco de suco, nada mais. Ainda sem prestar atenção foi até o caixa, colocando as coisas encima do pequeno balcão e então encarando a rua do lado de fora, apenas esperando o momento de pagar.

- Com licença senhor. - chamou o caixa. Era uma voz feminina agora que reparava e quando encarou, jurou por alguns instantes que aquela loja estava praticando trabalho infantil. A garota que o atendia e agora o encarava com atenção, era bem pequena, menor do que ele próprio, os cabelos curtos de um profundo negro, repicados de uma maneira estranha, como se um amador o tivesse cortado, com a parte da frente maior que a de trás e a franja com mechas desreguladas. Enormes olhos curiosos, de um castanho avermelhado profundo, pele branca ligeiramente rosada nas bochechas, lábios pequenos e de uma cor creme desenhados em um pequeno sorriso. Usava o uniforme da loja, a blusa parecia ser bem maior do que ela, com legues por baixo dando um ar ainda mais meigo. - Por acaso o senhor é da Boder?

Estranhou a pergunta. Não costumava ser muito conhecido, claro que era um dos lideres de melhor colocação na Boder, mas aqueles que realmente deveriam ser conhecidos faziam parte da equipe Arashiyama. Por ele preferia ficar longe de popularidade, mas aquela garota o conhecia, de algum modo sabia o que fazia e não mentiria para ela, não fingiria não ser apenas para escapar dali. Consentiu, sem dizer se quer uma palavra. Todavia o sorriso da garota apenas aumentou.

- Eu sabia que o havia reconhecido. Não deve estar se recordando de mim, você me salvou no ataque de seis meses atrás. - tentou puxar de sua memória os acontecimentos daquele dia. Tinha salvado algumas pessoas sim, mas nem de todas se lembrava. Não que se importasse realmente em se lembrar, fazia diversos trabalhos que envolviam resgates, principalmente quando estava envolvido na luta contra os Neighbors. Todavia, em um lampejo, conseguiu recordar-se de um momento em especifico, um que havia ficado gravado em sua mente durante diversas noites. Uma casa em um bairro já destruído, três massacrados por um Neighbors humanoide, apenas uma sobrevivente. A única que conseguiu chegar a tempo para salvar e levar ao hospital. E a garota que sobreviveu não era ninguém menos que aquela que se apresentava a sua frente naquele momento. Era impressionante que conseguisse manter aquele sorriso mesmo depois de tudo o que aconteceu. - É um prazer em revê-lo. Não pude agradecer como deveria, mas realmente te agradeço por ter salvado minha vida.

A garota fez uma leve reverencia, deixando o rapaz meio sem jeito. Não era de receber esse tipo de agradecimentos, principalmente pessoalmente, todavia não quis demonstrar seu nervosismo, desviando o olhar para outro lugar enquanto levava as mãos ao bolso. O rosto permanecia sério.

- Não tem que agradecer, apenas fiz o que tinha que fazer. - respondeu, um pouco mais frio do que deveria, todavia a garota sorriu e terminou de passar os produtos que sobravam.

- Mesmo assim fico muito agradecida. - entregou as compras do rapaz dentro de uma sacola, informando a quantia que deveria pagar. O sorriso nunca saia de seus lábios e por algum motivo aquilo incomodava o rapaz. Ele sentia, de alguma forma sabia, que o sorriso que ela lhe mostrava eram falsos e que apenas dizia aquelas palavras por pura casualidade. Talvez para iniciar uma conversação com seu salvador, talvez simplesmente para conhecê-lo. Não sabia porque ela mentia nem ao menos como sabia que ela estava mentido. - Aliás, nunca soube seu nome.

- Soya Kazama. - respondeu simplesmente, recebendo mais um sorriso da garota.

- É um prazer conhecê-lo, senpai. Espero poder vê-lo novamente.

O rapaz assentiu e deixou a loja. Mesmo em casa não conseguiu tirar de sua cabeça aquele sorriso da atendente da loja, esquecendo-se completamente que não havia perguntado seu nome, muito menos perceber que ela o havia denominado "senpai". Imagens mais claras do acontecimento de seis meses atrás voltaram a sua mente, não importava o quanto tentasse despejar a mente para outro assunto. Recordava-se bem do rosto daquela garota, mas não estava sorrindo. Coberto de sangue e lágrimas, banhado em uma dor e medo que não tinha tamanho. Os olhos avermelhados tanto pelo choro quanto por sua própria cor estavam completamente abertos, nublados, perdidos... Era uma expressão desolada... Como se nunca mais pudesse voltar a sorrir.


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Notas finais do capítulo

Quem leu e gostou, comenta. Quem leu e não gostou, comenta também. Mesmo que seja pra falar que ta uma bosta, criticas sempre são bem vindas. Obrigada até mesmo aos leitores fantasmas por gastarem o tempo deles lendo essa fanfic. Espero que consiga crescer mais a categoria.

Bem.. Bye bye



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