Ela era encontros e desencontros, as aventuras segredadas em um mundo unicamente deles, exageros aclamados depois de litros de vinho barato e cigarros a descansarem no cinzeiro. Os olhos demasiadamente separados e os dentes constantemente amarelados, seu beijo tinha gosto de twinkies e estrelas cadentes ao despencarem em algum lugar, feita de exageros e de poesias sem fim algum. Ela era Bowie, Bukowski e quem mais quisesse ser.

Era.

Ninguém nunca conseguiu percebe a loucura a bailar uma serena valsa através de seus olhos opacos, o apetite por destruição que a inteirava nas mais profundas madrugadas.

Devore-me também.

O céu encontrava-se aos prantos quando a menina do cabelo emaranhado deu seus últimos suspiros, a primeira linha de sua história que se estenderia em outros mundos nas memórias olvidadas de pessoas que não mais se importariam. O estéreo ainda reproduzia as melodias exageradas de Cazuza quando seu último passo em direção ao desconhecido havia sido dado, olhos sidéreos ao abortarem sua missão final.

Meu band-aid arrancado quando menos se esperava.

Não há mais razões para esperá-la com sua bicicleta nos encontros marcados nas noites acrômicas ou comentar sobre os disquetes roubados com o menino dos olhos lilases. Adentrar seu mundo de fantasia e percorrer aventuras em ruas de algodão nas suas cidades cromatizadas, apenas para depois navegar por entre rios de leite em barcos de marshmallows, fugindo de tudo e todos que gritarem por seus nomes. Eventualmente ela ainda esteja perdida em sua própria mente, em mundo onde é dona de tudo e de todos, brincando de um eterno pique-esconde para todo o sempre com olhos que nunca mais abrir-se-iam outra vez. Ela havia me abandonado como todas as outras, cartas de um baralho por fim escasso. Acho que chegou a hora de abandonar-me também.

Fique com o seu mundo.