Paraíso imperfeito escrita por Moraine Boiler


Capítulo 8
Capítulo 7




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Naquela noite, em casa Enzo ficou pensativo sobre o que tinha apostado com Renan, era uma idiotice tremenda, mas não podia voltar atrás agora e não seria tão ruim assim ter que namorar a Marina, mesmo que nunca tivesse namorado antes. Só seria triste se ela se apaixonasse muito por ele e depois sofresse, ele não queria isso, mas pelo menos no ano seguinte não teriam que brigar já que cada um estaria em uma faculdade diferente.

– Que cara pensativa é essa? – Ivan, o pai de Enzo perguntou.
– Acho que fiz uma burrada.
– Que tipo de burrada?
– Uma aposta que eu não tenho certeza se vou ganhar.
– Quanto vale essa aposta?
– Um mico na formatura.
– Menos mal – o pai sorriu – Se fosse dinheiro aí é outra história.
– Fica tranqüilo, não vai precisar mexer na pensão do Gabriel não. – Enzo provocou o pai, não fazia de propósito.
– O problema não é esse e para de falar disso em casa, sua mãe pode ouvir.
– Você ao menos tem visto o garoto?
– Sim.
– Ele sabe de mim e da mamãe?
– Sabe.
–E o que acha disso?
– Acho que o mesmo que você – ele coçou a cabeça – eu errei, já pedi desculpas. Queria tanto que vocês se conhecessem.
– Pra ser sincero eu também, mas acho que me sentiria mais mal ainda do que já me sinto só de esconder isso da minha mãe.
– Desculpa você ter que passar por isso, quero que você saiba que eu planejava contar, mas eu não quero perder sua mãe. Eu a amo muito.
– Queria debochar e dizer que se amasse não faria isso, mas às vezes a gente faz coisas erradas que magoam quem a gente gosta.
– Eu queria te dizer que me arrependo cem por cento, mas esse erro me deu o Gabriel e ele é um presente.
– Você não faz idéia do quanto eu queria conhecê-lo.
– Um dia essa mentira vai acabar, aí quem sabe. – ele passou a mão na cabeça do filho que sorriu fraco, se levantou e foi dormir.

Marina não sentia a mesma quantidade de culpa que Enzo, ela só ficaria com ele, o que provavelmente aconteceria uma hora ou outra com aquele clima todo que estava rolando. Ela gostava, mas tinha, ou desejava ter, a certeza de que não se apaixonaria por ele. O problema seria se ele se apaixonasse não que Marina tivesse tanta auto-estima assim, mas era uma possibilidade. No outro dia na porta da escola, os dois se entreolharam e sorriram.

– Bom dia.
– Bom dia Enzo. – ela respondeu e ele apressou o passo para alcançar Renan.
– E eu não existo né? – Diana perguntou fazendo Marina rir – É sério.
– Quer que eu o chame pra te dar bom dia?
– Do jeito que vocês estão é capaz de ele te dar um beijo na frente de todo mundo.
– Até parece.
– E você nem se incomodaria.
– Acho que não mesmo. – ela riu.

Elas seguiram para a sala de aula. Marina queria dividir com a amiga a quantidade de vezes em que ela havia pegado Enzo olhando pra ela, no fundo ela ainda estava confusa em como as duas semanas haviam sido bem diferentes, mas a amiga estava irritada porque era dia de química, física e matemática no mesmo dia. Do outro lado da sala os amigos conversavam.

– Hoje depois da aula eu vou dar um mergulho. – Enzo falou.
– Eu vou ter que fazer uma tarefa pra minha mãe, mas depois eu dou uma passada lá.
– Ok.

Quando estavam descendo para o intervalo Enzo passou rápido pela Marina e deu um beijo na bochecha dela.

– Mari? – o Renan a parou – Será que podíamos fazer o trabalho essa semana? Porque semana que vem é a semana de carnaval e a outra é a de entrega.
– Por mim tudo bem, pode ser hoje?
– Sim, eu vou estar na praia mais tarde.
– Ok eu passo lá.

A aula terminou, Marina foi pra casa, almoçou e fez a tarefa de casa, o sol já havia baixado um pouco e ela avisou aos pais que iria fazer trabalho na casa do Renan, pegou o material e foi em direção a praia. Enzo estava todo molhado jogando futebol de areia e Renan também estava molhado, só que sentado assistindo o jogo.

– Renan! – ela chamou.
– Oi – ele veio andando até ela – Vamos?
– Vamos.
– Enzo, estou indo pra casa.
– Posso ir com vocês?
– Por mim tudo bem, pra você está tudo bem? – ele perguntou pra Marina.
– Sim.
– Então vamos. – Renan chamou.

O apartamento que Renan morava era de frente pra praia, entretanto a praia era cumprida e eles precisaram andar um pouco. Assim que chegaram Enzo foi trocar de roupa enquanto Renan desceu novamente para comprar um lanche e depois tomaria um banho e trocaria de roupa, Marina ficou da varanda observando a praia e trocando mensagens com Diana e Roberta, que não perderam a chance de zoar a amiga pela presença de Enzo.

Diana e Marina não haviam falado para a amiga mais velha sobre a aposta, sabiam que ela nunca aprovaria aquilo. Não estavam sendo mentirosas com Roberta, apenas omitindo aquela “brincadeira”. Marina estava torcendo para que João não aparecesse, mesmo que durante o caminho ela tivesse se certificado de que ele não estaria lá, só chegaria no dia seguinte.

– Pensando no que? – Enzo disse bem no ouvido dela, fazendo-a pular de susto assim que chegou.
– Nada específico.
– Sei. – ele apoiou os braços na grade, um de cada lado da Marina.
– O Renan está demorando – riu sem graça – Você já fez o trabalho? – Marina mostrou o quanto era ótima na arte de flertar.
– Ele demora muito pra se arrumar e já, fiz na primeira semana na verdade. Ela era bem inteligente e queria fazer logo, é aquela menina nova.
– Ah sim, sei quem é. Você deveria ajudá-la a se enturmar, ir pra um colégio novo no terceiro ano não deve ser fácil.
– Ela disse que está acostumada, nunca ficou mais de três anos no mesmo lugar.
– Eu cresci aqui, não me imaginaria ficar trocando de lugar assim.
– Imagina não ter com quem implicar?
– Você que implica comigo.
– Acho que nisso nós empatamos. – Enzo disse e eles riram juntos – Marina, na segunda feira, você ia mesmo me encontrar?
– Ia.
– Por quê?
– Eu estava, ou estou ainda, não sei confusa. As coisas mudaram muito rápido.
– Ou será que era pra ter sido sempre assim, mas foi mais cômodo brigarmos?
– É. Minha vez de perguntar.
– Pode perguntar.
– Porque você me beijou?
– Eu já queria fazer isso desde antes de eu descobrir... Você sabe.
– Então o clima não rolava só na minha cabeça. – ela sorriu sem graça e ele se aproximou da mesma forma como havia acontecido na casa da Roberta.
– Atrapalho? – Renan apareceu na sala.
– Sempre que alguém faz essa pergunta significa que está atrapalhando. – Enzo foi sincero – Mas como estão fazendo trabalho, vou ficar quietinho.

Marina sorriu e se sentou na copa com Renan para fazerem o trabalho. De onde ela estava dava pra ver Enzo sentado na sala vendo TV, as vezes ela se distraia e só notava quando Enzo olhava pra ela de volta, fazendo com que ela ficasse sem graça. Assim que terminaram lancharam e os garotos convenceram Marina a jogar vídeo game e talvez por sorte de principiante ou não, ela ganhou a primeira partida.

– Eu deixei ela vencer. – Enzo disse levantando as mãos.
– Mentira! – Renan riu – Está até suado. Marina, você ganhou meu respeito.
– Obrigada, não é querendo me gabar, mas foi muito fácil de ganhar.
– Ah foi engraçadinha? – Enzo beliscou a sua cintura. – Quero revanche.
– Não agora, foi ficar invicta. Preciso ir pra casa.
– Já? – Enzo “choramingou” espontaneamente.
– Sim. – ela se levantou e foi em direção a porta – Tchau Renan, obrigada pelo lanche e pelo jogo.
– De nada.
– Eu te levo em casa. – Enzo foi em direção a ela.
– Não precisa, é só a alguma quadras daqui.
– Mas já escureceu, não é bom você ficar andando sozinha por aí.
– Então está bem.

Ele pegou sua mão e ambos entraram no elevador. Marina sentia sua mão formigar, o que era bem incomum. Ela já havia segurado na mão de outros meninos antes, poucos, mas ainda sim não era uma experiência nova.

– Que ir beirando a praia? – Enzo perguntou.
– Sempre.

Eles atravessaram a rua, passaram por um grupo de pessoas do colégio deles. Enzo não se mostrou nem um pouco constrangido, já Marina ficou um pouco desconfortável com os olhares confusos.

– Aposto que ninguém está entendendo nada. – Enzo riu.
– Com toda razão, nem eu estou.
– Marina – ele parou na frente dela e segurou as duas mãos – Você quer conversar?
– Quero. Eu estou bem confusa. O que está acontecendo?
– O que está acontecendo é que as coisas mudaram.
– De uma hora pra outra?
– Não, aos poucos. Só percebemos agora e acho que deveríamos deixar acontecer, ou você não quer que aconteça nada entre a gente? – ele perguntou e ela ficou muda – Você não quer?
– Quero, mas...

Marina não conseguiu completar a frase porque ele encostou os lábios nos dela e dessa vez não se afastou, colocou uma mão na cintura e segurou o cabelo dela com a outra. O beijo com certeza superou as expectativas de ambos, tanto que durou até que não restasse mais fôlego.

– Eu sabia que aquela briga toda ia dar em romance. – disse o professor de educação física estava passando e viu.
– Ai que vergonha – Marina colocou o mão no rosto.
– Tanta gente pra passar aqui, logo ele.
– Na escola não teremos sossego.
– Não tem problema, logo todo mundo ia saber.
– Como?
– Eu não pretendo parar de ficar com você, se você quiser continuar ficando comigo, é claro.
– Acho que sim, vou pensar no seu caso. – ela fez graça.
– Depois de um beijo assim você ainda tem que pensar? – Enzo perguntou puxando o lábio inferior de Marina de leve com os dentes.
– É claro que não. – ela sorriu – Mas você vai ficar só comigo.
– Claro, que tipo de garoto acha que eu sou? – ele colocou a mão no coração fingindo estar ofendido.
– Não é isso – ela riu, adorava quando ele a fazia rir – Só fiquei em dúvida.
– Eu vou ficar só com você. – ele segurou seu queixo e Marina chegou o rosto pra frente e o beijou.
– Você sabe que o carnaval está chegando, geralmente os caras não fazem isso.
–Eu não sou assim, não ligo se o carnaval está chegando. Eu estou com vontade de continuar ficando com você.
– Então ok. – ela sentiu uma felicidade que não soube explicar – Não vai viajar, vai?
– Não.
– Ok, agora pode me levar pra casa, por favor? Não quero meus pais preocupados.
– Vamos.

Maria segurou a mão dela que estava se sentindo mais segura dessa vez, no fundo não queria ir pra casa, queria ficar ali na praia com ele, era bom notar que apesar de estar rolando um clima mais romântico, eles não tinham perdido o bom humor, o que era ótimo, não gostava de casais melosos. Parou mais um pouco e riu sozinha, desde quando considerava os dois como um casal?

Quando chegaram na porta da casa de Marina, Enzo a abraçou tirando-a do chão e a beijou novamente, quando a pôs no chão ainda com os lábios juntos ele se afastou, mas ela não parecia querer o mesmo e quase caiu.

– Boa noite. – Enzo sorriu.
– Boa noite.

Eles deram mais um selinho de despedida e Marina entrou em casa, o pai estava sentado na sala vendo TV e a mãe na copa lendo uns papéis.

– Oi filha, quer jantar? – Carmem perguntou.
– Não, eu lanchei no Enzo, obrigada.
– No Enzo?
– Não – ela balançou a cabeça rindo – No Renan!
– Ah sim.
– Vou tomar um banho, já desço pra assistir um filme com vocês.

Ela jogou uma água no corpo, desceu para assistir filme com os pais. Enzo fez a tarefa de casa e dormiu cedo, não queria dar a ninguém a chance de estragar aquele dia.


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Notas finais do capítulo

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