Paraíso imperfeito escrita por Moraine Boiler


Capítulo 10
Capítulo 9




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Ao chegar em casa, Enzo olhou em volta e riu ao perceber como nunca havia feito uma festa em casa antes, nem quando estava sozinho, sua casa era uma das maiores do bairro, graças ao trabalho dos pais. Despertou de seus pensamentos e entrou em casa, tinha trabalho a fazer. O carnaval começaria no domingo e se encerraria na terça, decidiu então fazer uma festa pré-carnaval no sábado. Sua mãe era super empolgada e concordou na hora, ele começou a organizar o que podia com a ajuda de Renan, ele ainda tinha o fim de quinta e a sexta inteira.

– Marina sabe que você vai dar uma festa? – Renan perguntou assim que chegou na casa do amigo.
– Sabe, na verdade eu posso dizer que ela me inspirou com essa ideia.
– Vai devagar cara, já está se apaixonando.
– Não é isso, ela é uma garota legal. Apesar de a gente ficar, posso dizer que a gente está criando uma amizade também.
– Não colou.
– Porque você tem que ser tão implicante?
– Só estou sendo sincero, você já estava levando ela pra casa! Quem vê vocês junto até pensam que são namorados, cheios de risinho e se beijando.
– Você está com ciúmes? – Enzo brincou – Cara, eu não vou abandonar você.
– Muito engraçado, mas é sério. Acho que você devia se controlar um pouco.
– Tipo?
– Na festa, por exemplo, ficar um pouco mais distante.
– Por mim tudo bem.

Marina já estava na cama quando recebeu uma mensagem de Enzo avisando da festa de sábado, “Então vai rolar uma festa mesmo?”, perguntou. “Sim!” Enzo respondeu. No convite constava que era um churrasco, começaria às dez da manhã, era pra levar biquíni porque a piscina estaria liberada e a festa não tinha hora pra acabar. Desejou a ele um boa noite, esperou alguns minutos, mas não teve resposta. Ele devia estar ocupado com a coisa toda da festa, pensou e foi dormir.

Na sexta o pessoal veio conversar com o Enzo, todos empolgados com a festa de pré carnaval, eles adoravam a época em que os veranistas iam pra lá, pois tudo ficava mais animado, praias cheias, mas sem ficar desconfortável e os lugares promoviam várias festas.

– Bom dia. – Marina foi até a mesa de Enzo assim que chegou.
– Bom dia. – ele se levantou e deu um selinho nela.
– Você não me respondeu ontem e eu estranhei. – ela disse se arrependendo no segundo seguinte, parecia uma boba apaixonada e estava longe de ser aquilo, ela acreditava.
– Desculpa, é que meu celular não parou e eu fui organizar algumas coisas pra festa, porque conhecendo todo mundo você sabe que a festa vai durar até a noite.
– Isso é.

Eles ficaram se olhando assim que o assunto acabou, sorriram sem graça um para o outro e Marina foi para o seu lugar um pouco confusa, enquanto Enzo no fundo nem sabia o que estava fazendo, apenas não queria ficar parecendo super apaixonado como o Renan disse, porque ele só se sentia atraído por ela fisicamente.

A sexta passou rapidamente para Enzo que tinha muita coisa pra fazer, já para Marina passou em um ritmo totalmente diferente, a sexta se arrastou, pois sua cabeça estava totalmente confusa, ela sentiu a diferença de tratamento de Enzo durante o dia todo no colégio. Porém era cedo demais e eles nem tinham nada oficial ou sério para ela perguntar a ele o que estava acontecendo, se ela perguntasse ia parecer desesperada ou apaixonada.

Enzo foi dormir o mais cedo que pode, porque ia acordar cedo no dia seguinte e teria bastante coisa para fazer. Marina conseguiu esquecer por alguns minutos o comportamento de Enzo e pensou na chegada de Leandro, o veranista e ficou com um pouco de medo de perder a amizade de Diana, mas era pro bem dela. Todos sabiam que a festa era cedo, mas talvez Diana tivesse perdido completamente o senso quando apareceu às sete e meia na casa de Marina.

– Você sabe que horas são? – Marina a fulminou com o olhar.
– Sim eu sei graças ao colégio eu acordo nesse horário no fim de semana, não consigo passar disso.
– E o que eu tenho com isso? – perguntou raivosa, odiava ter o sono interrompido.
– Você não sabe quem me viu no quintal e foi falar comigo.
– Quem?
– O Leandro.
– O que? – Marina despertou e levantou-se rapidamente.
– Ele veio pro carnaval.
– E o que você fez?
– Entrei correndo, saí pela porta de trás e vim pra cá.

Marina não queria rir, mas não se conteve. Não conseguia imaginar a cena da amiga correndo pelas ruas para fugir de um garoto que ela gostava. Essa não era a Diana, definitivamente ela estava bem apaixonada.

– E vai correr toda vez que vê-lo?
– Esse é o plano.
– Genial. – debochou.
– Só tem um problema.
– Qual?
– Bem, enquanto eu corria, eu ouvi minha mãe comentar: Aquele pessoal que alugou no ano novo, finalmente comprou a casa aí do lado.
– Eita. – Marina colocou a mão na boca. – Pelo menos agora é certo que vocês vão se ver mais.
– Marina, e se ele não quer mais nada comigo e foi me procurar pra me dar um fora? Aí ele vai vir sempre pra cá, já que comprou a casa e eu vou ter que ficar fingindo que estou super feliz e nunca vou superar ele porque sempre que eu achar que o esqueci, bam! Lá vai estar ele vindo passar um fim de semana ou um feriado aqui.
– Bam? – Marina começou a rir muito.
– Marina pode fazer o favor de não rir?
– Desculpa, é que nem parece você. Você sempre foi tão confiante e não ligava pro que os caras pensavam e agora está aí paranoica.
– É mesmo. – Diana passou a mão pela testa – Você pode voltar pra casa comigo quando chegar a hora de se arrumar?
– Tudo bem, eu vou. Só que com uma condição!
– Qual?
– Esquece esse plano de correr.
– Por quê? Ele me parece ótimo.
– Ótimo se quiser parecer doida! Porque você supõe que ele não quer nada com você, mas se ele quiser você vai espantá-lo com esse comportamento.
– Certo, eu aceito.
– Ótimo – Marina começou a separar as coisas – Você notou o quanto o Enzo estava estranho ontem?
– Um pouco, parecia distante.
– Não entendi o porquê disso.
– De repente era a festa... Mari, você vai ser sincera comigo?
– Claro.
– Você está apaixonada pelo Enzo?
– Não! – respondeu na hora, talvez estivesse tentando se convencer – Talvez – respirou fundo – Não sei.
– Eu só preciso de uma resposta, não três. – Diana revirou os olhos.
– É complicado, não vou te dizer que estou apaixonada ou morrendo de amores, mas também não sou mais totalmente indiferente. É claro que sinto uma... Coisinha.
– Coisinha? – Diana riu – Entendi.
– Obrigada por não me fazer ter que explicar mais do que isso.

As duas riram e mudaram de assunto. Na casa de Enzo as coisas estavam um pouco agitadas, ele era perfeccionista e não queria que faltasse nenhum alimento ou bebida na hora do churrasco. Quando tudo estava pronto ele se jogou na piscina junto com o amigo.

– Acho que cheguei um pouco cedo. – Leandro apareceu na parte de trás da casa.
– Pode entrar – Enzo saiu da piscina para cumprimentá-los, já que ele não estava sozinho.
– Esse aqui é o meu amigo Gabriel, estou tomando conta dele. Não sabia se podia trazê-lo.
– Claro que podia. Tudo bem Gabriel?
– Tudo, não liga pra piadinha dele é só porque eu sou mais novo.
– Quantos anos você tem?
– Quinze.
– São três anos, mais novo do que a gente, para de implicar com o garoto. Fique a vontade que eu vou falar com o churrasqueiro. – antes que ele pudesse chegar ao churrasqueiro Renan o parou.
– Quem é?
– Você não deve lembrar-se dele, mas ele estava aqui em Janeiro. Aí como eu soube que ele viria no carnaval, resolvi chamá-lo.
– Ah sim.

Enzo não havia contado a verdadeira história, não que Renan fosse fofoqueiro, mas era um plano dele e da Marina e no fundo ele nem sabia por que havia guardado o segredo deles. Depois de acertar os últimos detalhes ele ficou sentado em uma das espreguiçadeiras observando as pessoas entrarem, quando de repente viu alguém que talvez não devesse estar lá.

– O que o João está fazendo aqui? – Enzo perguntou para o Renan.
– Eu juro que não chamei, mas ele deve ter descoberto, todo mundo está sabendo.
– Isso é, mas você viu com quem ele está?
– Com os amigos.
– E uma loira.
– O que é que tem?
– É a menina que eu fiquei no luau.
– Que sortudo. – Renan deu um esbarrão de leve no braço do amigo.
– A Marina está vindo, isso não vai dar certo.
– Ela é sua namorada por acaso?
– Não, mas...
– Mas nada, cala a boca que a loira ta vindo. Tchau. – Renan levantou e saiu andando.
– Oi Enzo. – a loira sorriu.
– Oi.
– Lembra de mim né? Bia, do Luau.
– Claro que eu lembro.
– Como você está? – ela empurrou-o com o quadril de leve e se sentou ao lado dele.
– Bem e você? – ele conversava, mas não conseguia parar de olhar por entre os convidados para ver se encontrava Marina.
– Estou ótima, fiquei feliz em saber da festa. – Ela tirou a blusa e recostou-se na espreguiçadeira – E feliz que pediu pro João me convidar.

Mas é claro, João queria atrapalhar Marina e Enzo. Era uma pena que Marina não soubesse disso, porque ela sentiu vontade de ir embora da festa na mesma hora que chegou quando viu Bia deitada com a cabeça no ombro de Enzo.

– Acho melhor a gente ir pra praia. – Marina disse puxando Diana pra trás.
– Nada disso, o Leandro está aqui e eu preciso resolver logo. Você me convenceu, agora não vai dar pra trás.
– Tem razão, vem aqui.

Marina agarrou o pulso de Diana e foi puxando-a até Enzo, que estava totalmente desconfortável com a atitude da garota.

– Oi Enzo. – Marina disse com os olhos semicerrados.
– Oi Marina. – ele se levantou rápido e passou o braço pela sua cintura – Oi Diana, meninas essa aqui é a Bia. Vocês devem lembrar-se dela do...
– Luau. – Marina respondeu interrompendo e Diana lhe deu um beliscão de leve.
– Oi meninas. – Bia disse sem se sentir intimidada.
– Achei que você não vinha, demorou. – Enzo falou pra Marina.
– E deixar você sozinho? – ela olhou pra Bia – Nunca. – E o beijou.

De qualquer maneira serviu, pois a menina se retirou, mas foi preciso que Diana tossisse alto umas duas vezes para que eles parassem de se beijar.

– Desculpa. – Marina riu.
– Ah, vem aqui. Quero apresentar uns amigos a vocês.

Ele foi puxando as duas pelo braço e levou até Leandro e Gabriel que estavam sentados em uma mesa perto da piscina. Diana puxou o ar tão alto quando percebeu de quem se tratava que chamou a atenção dos meninos e eles olharam pra trás.

– Eai, estão gostando?
– Eu estou. – Gabriel falou empolgado.
– Diana? – Leandro arregalou os olhos e sorriu ao mesmo tempo.
– Oi Leandro.
– Meninas, esses são Leandro e Gabriel e essas são Diana e Marina.
– Oi Marina. – Gabriel piscou de brincadeira, dava pra notar o que era brincalhão.
– Ei tira o olho que essa é minha. – Enzo deu um tapa de leve na cabeça dele.
– Curioso, porque quando eu cheguei você parecia bem ocupado. – Marina disfarçou o ciúme com a brincadeira.
– Ciúmes?
– Me poupe. – ela se soltou dele e sentou-se a mesa, junto com Diana que estava embasbacada olhando para Leandro.
– Há quanto tempo vocês estão juntos? – Gabriel perguntou e Diana gargalhou, tinha adorado aquilo.
– Nós não namoramos. – disseram em coro.
– Ah desculpe, é que vocês combinam.

Um silêncio se instalou naquele espaço, mas não durou muito, porque alguém deu um grito e pulou na piscina chamando a atenção de todos, fazendo-os rir.

– Eu vou ver como estão os outros convidados, qualquer coisa é só me chamar. – Enzo deu um aceno e se afastou.
– Diana porque você saiu correndo mais cedo? – Leandro perguntou.
– Eu não estava pronta ainda pra falar com você.
– Eu queria saber por que você não me ligou.
– Ei, espera aí. Porque você não me ligou? – ela perguntou dando ênfase no “você”.
– Assim que eu cheguei em casa, meu telefone caiu, meu pai pisou em cima de uma maneira que não salvou nem o chip. Eu consegui recuperar o número, mas não a agenda. Então eu fiquei me perguntando por que você não tentou entrar em contato comigo, já que tinha meu número.
– Eu respondo essa. – Marina se meteu – Porque ela acha que é sua função, coisa de homem.
– Diana... – ele parecia incrédulo – Eu achei que tínhamos passado desse nível.
– Como assim? – ela perguntou se sentindo mal.
– Não achei que estivéssemos fazendo joguinho, achei que já estava claro que nos gostávamos e poderíamos procurar um ao outro sem se sentir mal.
– Me desculpa, eu só fiquei insegura. Achando que talvez você tivesse se arrependido de ficar comigo e... Enfim, me desculpa eu sei que não justifica.
– Então você promete que acabaram os joguinhos?
– Prometo.
– E se quiser me ligar, vai me ligar?
– Sim.
– Então está bem, agora vamos dar um mergulho.

Ele a puxou e pularam juntos na água, uma cena digna de um filme de romance, Diana merecia. Marina nem sequer queria chegar perto da amiga para não atrapalhar, aproveitou que Gabriel tinha um bom humor incrível e se divertiu enquanto conversava.


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