My Loved Poltergeist escrita por Sanguini


Capítulo 1
Chuvas de Outono




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O Outono de Elmore sempre foi frio, talvez tanto quanto o inverno. Não nevava, mas trazia chuvas constantes. Chuvas essas que deixava os dias mais curtos e noites mais longas e escuras. Gumball Watterson, um jovem e divertido gato que viva com sua família em Elmore já não era mais o mesmo, com a idade de 16 anos, suas responsabilidades na escola e na vida eram pesadas e conflituosas.

Naquele fim de tarde frio de outono, a chuva caía como pequenas pedras de diamantes, o céu escuro ofuscava a luz do sol e cobria a janela com pequenas doses de água. Aquele clima frio e fantasmagórico fazia com que Gumball tivesse picos de nervosismo e medo, que ele tentava ao máximo controlar.

Gumball andava pela cozinha da casa, esperando a cafeteira moer os grãos de café. O jovem gato parou e sentou-se em uma das cadeiras de madeira que estavam na cozinha, a casa escurecia a medida que o sol de punha, apesar desse clima melancólico, ele não se incomodava com aquilo. Depois que seus irmãos viajaram para o sul com seu pai, apenas a sua mãe ficou com ele. Apesar de ficar a sós com ele, Nicole mal conseguia passar algum tempo com Gumball, ambos estavam sempre ocupados com alguma coisa.

Gumball levantou e pegou a garrafa quente de café, o aroma dos grãos torrados era revigorante para Gumball. Após servir-se de uma xícara, o jovem gato pegou um dos livros que estavam jogados sobre a mesa do jantar e abriu na página 29. Lembrou-se de sua companheira de equipe quando viu os trabalhos que teriam que fazer.

Carrie e Gumball sempre foram amigos, nunca muito íntimos, mas ele se familiarizou com ela a medida que crescia. Ela não era também o que ele esperava para uma namorada, o jovem gato sempre foi interessado na Penny Fitzgerald, mesmo que sua relação com a garota amendoim tenha se esfriado durante o tempo. Além do mais, a fobia que Gumball tinha de fantasmas fazia com que ele e Carrie tivessem uma certa distância.

Deu o último gole no café, e o pôs em cima da mesa, mesmo quando não havia mais nenhuma gota da bebida na xícara, Gumball conseguia ver um pouco do vapor subindo pelo ar. Distraído com aquela infantilidade, percebeu logo depois que alguém havia batido na porta, ele rezou para que fosse Carrie.

– Carrie, finalmente você... - Gumball olhou para a figura imóvel que estava à sua frente, Nicole, mãe de Gumball, voltava de mais um dia de trabalho pesado. Entrando na casa e deixando um leve beijo materno na testa do jovem gato azul, sem falar nada, ela subiu as escadas e foi para o quarto. Depois de sentir um arrepio de frustração, ele fechou novamente a porta e sentou-se na cadeira ao lado dos livros bagunçados sobre a mesa.

"Quanto tempo ela ainda vai demorar" Gumball pensava. Por algum motivo eles estava preocupado, mas o que seria? Gumball nunca teve tanto empenho em concluir seus trabalhos escolares. Seus pensamentos entravam em conflito quando Penny aparecia em sua mente enquanto ele está ocupado pensando na Carrie, sua agonia psicológica cessou imediatamente quando ele ouviu novamente uma batida na porta, antes de ir para a porta, foi em direção ao quarto de Nicole para confirmar que ela estava em casa e não se frustrasse mais uma vez. Para a sua sorte, ela não só estava em casa, como também estava dormindo tranquilamente sob a doce melodia que as gotas de chuva faziam sobre o telhado.

Gumball desceu e arrumou os livros empilhando um sobre o outro. Mais uma batida foi ouvida por ele na porta, ele foi em direção à porta da frente atender ao estranho visitante, puxou a maçaneta da porta e abriu-a devagar, revelando a misteriosa fantasma que aguardava pacientemente ele. Seu corpo estava cheio de curvas, características da passagem pela adolescência, o que a deixava mais atraente do que de costume, chamando a atenção de Gumball.

– Hey Carrie, você veio bem na hora. - Disse Gumball enquanto segurava a porta. Carrie, no entanto, ficou parada na porta enquanto a brisa gelada entrava pela porta, trazendo algumas gotas de água para o focinho do gato azul.

– Algum problema? - Perguntou ele observando o rosto atraente da fantasma, diferente da típica expressão indiferente e entediada que ela tinha, Carrie agora estava com uma notável tristeza no rosto.

– Não é nada... Vamos fazer isso logo. - Disse ela entrando na casa com pressa, como quem estivesse preocupado com algo importante. Apesar dos sinais da garota, Gumball ignorou e fechou a porta, abafando o som das gotas de chuva que caíam lá fora.

Gumball puxou a cadeira para ela, logo depois, pegou a mesma cadeira em que estava sentado antes e posiciono-a ao lado de Carrie. A fantasminha continuou com a cabeça baixa e esperou que Gumball pegasse os livros.

– Vamos começar pelas funções... - Disse Gumball abrindo o primeiro livro, Carrie prestava atenção no que ele falava.

Gumball passou a maior parte do tempo lendo todos os registros nos livros. Escritos de matemática, física, química e história eram todos ditos por Gumball enquanto Carrie prestava atenção minuciosamente, enquanto ela olhava o rosto do gato azul, que mudou pouco desde quando eles se conheceram. Durante algum tempo, Carrie ficou distraída, admirando a forma com a qual Gumball escrevia e lia nos seus livros, até perceber que o jovem gato parou de ler.

– O que houve? - Perguntou ela ao perceber que Gumball tinha parado de falar.

Gumball olhou pelos seus braços e pelo corpo, procurando alguma coisa, só depois ele voltou a olhar para a fantasma.

– Tem algo de errado comigo? - Perguntou Gumball.

Carrie ficou confusa.

– Er... Acho que não, por que acha que tem algo de errado com você? - Perguntou ela um pouco tímida.

– Eu não sei, você estava olhando para mim o tempo todo. - Gumball disse. Carrie corou levemente, torcendo para que ele não tivesse notado por onde estava olhando.

– N-não, pode continuar a ler. - Disse Carrie tentando se conter.

Gumball voltou a se concentrar nos livros que estavam na mesa, resolvendo algumas questões enquanto Carrie tentava fazer o mesmo, tentando conter sua vontade incessante de ficar admirando o corpo de Gumball. Enquanto ele fazia as equações no papel, a jovem fantasma fazia alguns traços, desenhando o rosto do gato azul.

Finalmente, depois de alguns longos minutos, Gumball terminou seu trabalhos, logo depois seguido pela Carrie, o gato azul levantou-se e fechou os livros. A noite agora encobria toda sala, enquanto os dois aguardavam olhando um para o outro.

– Quer beber alguma coisa? - Perguntou Gumball de forma retórica, tentando quebrar o silêncio.

Carrie assentiu, Gumball foi em direção à cozinha e deixou a fantasma na sala. Ela levantou-se e pegou o papel onde tinha desenhado Gumball, corando após vê-lo desenhado ao lado de varias contas de matemática."Hm... Belo trabalho Carrie" Disse ela pra si mesma enquanto ria. A jovem fantasma pôs a folha no bolso e foi para a sala, esperando seu colega no sofá. A chuva caía com força lá fora, enquanto a xícara de café, antes quente em cima da mesa, continuava exalando uma pequena faixa de vapor do meio.

Gumball voltava da cozinha com duas xícaras de chocolate quente, nada como uma bebida depois de um trabalho tenso.

– Aqui, pegue enquanto está quente. - Disse Gumball enquanto tomava um gole da bebida.

O vapor quente que saía da xícara se misturava à respiração de Carrie, aquecendo seu peito. Gumball observava a tudo com um pouco de chocolate em cima da boca escorrendo pelo rosto, com uma expressão impressionada.

– Gumball, seu desastrado. - Disse ela rindo da pequena gota que percorria o rosto de Gumball, contendo a vontade incontrolável de lamber o rosto do seu querido gato azul.

"Carrie, o que é isso, controle-se" Pensou a fantasma, ela instintivamente pegou a primeira folha de papel que encontrou e passou pelo rosto macio de Gumball. Para seu azar, a primeira folha que ela conseguiu encontrar tinha algumas contas de matemática incompletas, junto com um desenho bem feito do gato azul. Gumball inevitavelmente viu o papel e percebeu o desenho feito nele.

– Espera... - Disse ele enquanto Carrie esfregava a folha de papel no rosto de Gumball. A jovem fantasma se assustou ao ver que a estava literalmente esfregando seu desenho secreto nele, rapidamente ela o pôs novamente no bolso.

– Carrie, aquele era o rascunho das contas de matemática? - Perguntou Gumball.

– S-Sim, não é nada de muito importante. - Disse ela corando fortemente enquanto amassava o papel em suas mãos. Apesar disso, Gumball ainda via o papel, e com uma dose de curiosidade, pensou em uma forma de pegar o papel sem assusta-la.

Sem que Carrie visse, Gumball passou suas mãos pelos braços da fantasma, como se estivesse a abraçando por trás, o que deixava os rosto de Carrie mais vermelho do que antes. Gumball aproveitou que suas mãos chegaram às da fantasma, que estava com seus olhos fechados apreciando o abraço relaxante do jovem gato, e começaram a aperta-las de forma gentil até que a fantasma soltasse o papel, Gumball imediatamente o pegou antes que ela percebesse a perda. Gumball se afastou da garota lentamente.

– Por que fez isso? - Perguntou Carrie, Gumball ficou um tempo calado escondendo o papel roubado ao seu lado. Ainda sem responder, ele abriu o papel amassado e viu, chocado, o desenho do gato em meio às contas de matemática, ele ficou impressionado com os detalhes e corações ao redor do desenho.

Carrie achou estranho Gumball ficar no canto do sofá olhando para alguma coisa que ela não conseguia ver, a jovem fantasma tentou flutuar para chegar ao estranho objeto que o jovem gato observava e viu que ele analisava um simples papel surrado. Ela se assustou ao ver que o papel que ela guardava entre suas mãos já não estava mais lá.

Carrie olhou ao seu redor e procurou o papel secreto, levantando cada almofada do sofá, até concluir que o papel nas mãos de Gumball era o dela, ela sentiu uma carga de adrenalina intensa ao considerar essa possibilidade. Sem pensar duas vezes, ela voou para cima de Gumball tentando pegar o papel.

– Gumball, isso aqui é meu! - Dizia ela enquanto entoava gemidos de luta. Gumball dava algumas risadas brincalhonas enquanto tentava segurar o papel sem que a fantasma tomasse-o dele.

– Corações? Sério? - Disse Gumball brincando com ela, as risadas do jovem gato duraram até perceber que, em meio a aquela briga de mãos, Carrie deixava escapar algumas lágrimas de desespero.

– Por favor Gumball, me devolva isso agora! - Disse ela, Gumball deixou que ela pegasse o papel, mas ele continuou segurando firmemente a outra ponta do papel aberto.

Ambos se viram, um ao lado do outro, olhando aquele desenho embaraçoso. Carrie ainda deixava algumas lágrimas correrem pelo rosto.

– Carrie, o que aconteceu? - Perguntou Gumball agora preocupado. Carrie abaixou sua cabeça, deixando a franja solta de cabelo sobre o seu rosto, escondendo-se de Gumball, as lágrimas que corriam pelo seu rosto agora pingavam sobre a camisa de Gumball onde Carrie estava em cima.

– Eu não queria que você... Visse isso. - Disse Carrie, quebrando o silêncio.

Gumball olhou novamente pro desenho, viu os traços bem colocados e corações ao redor dele. Gumball percebeu que o gato em questão era ele.

– Você... me desenhou? - Perguntou Gumball nervoso.

Carrie apenas acenou que sim com a cabeça, esperando uma crítica ao desenho dela, a jovem fantasma tinha começado a desenhar a pouco tempo e estava em fase inicial, apesar da avançada técnica usada no desenho de Gumball.

Além do gato desenhado, Gumball também viu, ao lado dos corações, um rascunho fino e circular, com algumas curvas corporais e cabelos longos. Ao olhar pra Carrie, viu uma grande semelhança com a fantasma triste à sua frente. Nesse momento, o gato azul teve uma ideia criativa.

Gumball pegou o lápis que estava em cima da mesa e começou a fazer alguns rabiscos, o barulho do grafite no papel chamou a atenção de Carrie. A jovem fantasma viu o gato fazer detalhes do rosto da fantasma, colocando com macies, a imagem dos seu lábios, do rosto, dos olhos e as mechas caídas dos seus longos cabelos. Apesar de não se um expert em desenhos, Gumball tinha um belo modelo para desenhar.

– Você é incrivelmente linda. - Disse Gumball enquanto se concentrava no desenho, Carrie corou ao ouvir o elogio, Gumball colocou no desenho as duas marcas rosas no seu rosto. Quando finalmente terminou, o jovem gato soltou o papel.

As lágrimas cessaram ao ver que Gumball tinha feito os mesmo corações ao redor do casal. Com o coração em velocidade, Carrie abraçou com força o corpo de Gumball.

– Obrigada... - Disse ela enquanto Gumball a abraçava de volta. Ambos estavam deitados sobre o sofá, e ficaram apreciando o contato corporal um do outro, esquecendo a chuva fria que caía lá fora. Iluminados pela luz que vinha da cozinha.

– Sempre vamos fazer algo assim juntos. - Disse ele depois de solta-la.

Carrie, ainda um pouco embaraçada, tirou com a mão um das franjas que caia sobre o seu rosto e rindo daquela situação. Gumball olhou para o relógio preso em seu pulso, e viu o horário alto da noite.

– Caramba, já são 9 da noite!? - Disse Gumball surpreso.

Carrie levantou-se e tomou um último gole o chocolate-quente que ficou intacto durante a tarde inteira.

– Eu me diverti bastante com você Gumball. - Disse Carrie pegando de volta os livros.

– Eu também, espero que possamos fazer mais trabalhos juntos. - Disse ele fazendo o mesmo com seus livros.

Carrie não disse mais uma palavra e deixou o lugar em direção à porta da frente, Gumball sentiu como se algo estivesse inacabado, algo que, depois de toda aquela experiência que os dois tiveram juntos, algo estava faltando. Gumball viu o desenho que foi deixado por Carrie em cima dos livros de Gumball, ele aproveitou o lápis em sua mão e escreveu algumas palavras no papel.

– Carrie, espera! - Disse Gumball após terminar e jogar o lápis na mesa.

Carrie se virou rapidamente ao ouvir Gumball, apesar de a jovem estar próximo da chuva, o gato azul não se importou em encharcar seu pelo. Ele entregou o papel surrado à fantasma, que pegou o papel e viu, embaixo do desenhos do casal ao redor de alguns corações, os escritos "Eu te amo, minha poltergeist".

Carrie leu o papel com emoção enquanto sentia as mãos quentes de Gumball segurando sua cintura, quando ela levantou a cabeça, viu o rosto de Gumball aproximando-se do dela, a fantasma aproveitou aquele momento e fixou nos lábios do gato azul um caloroso e apaixonado beijo sob as frias pesadas gotas de chuva. Seus batimentos cardíacos ficaram sincronizados, a respiração acelerada de Gumball era resfriada pelo ar gelado que a fantasma respirava. Ao final do beijo excitante, ambos ainda com olhos fechados e com um sorriso, abraçaram-se novamente e finalmente se separaram.

– Tchau Carrie. - Disse Gumball em um sussurro. Respondido por um pisque sensual de olhos da fantasma.

Depois de ver Carrie sumir no horizonte da rua escura e chuvosa, Gumball entrou na casa, molhado pela chuva e cansado pelo trabalho. Apesar de adorar sentir o gosto de chocolate quente que o beijo conservou em sua boca. Mesmo molhado, ele se sentou descontraído no sofá, olhando o lápis que uniu os dois em um momento especial. Enquanto estava sentando, Nicole desceu vestida em um pequeno shorts e uma camiseta, procurando alguma coisa para beber.

– Gumball, o que está fazendo com as luzes apagas? - Perguntou ela enquanto pegava um copo de água na geladeira.

– Hu, desculpa mãe, eu estava fazendo minha lição e... bem, acho que não percebi o tempo passar. - Disse ele com um sorriso sem graça.

– Hmm... Parece que você e a Carrie se divertiram bastante por aqui não é verdade? - Disse Nicole com um olhar irônico.

– Que? Não... Quer dizer, a gente não fez nada demais e... - Gumball foi interrompido por Nicole.

– Calma filho, não precisa me contar detalhes. - Disse Nicole rindo. - Agora acenda essas luzes e vá se preparar pra dormir, afinal, não seria nada bom ver fantasmas, não é? - Disse Nicole brincando com Gumball enquanto subia as escadas.

Gumball ouviu o que sua mãe disse e olhou novamente mas as marcas de dedos gravadas no lápis.

– Você nem imagina. - Disse ele desviando seu olhar para fora em direção às águas da chuva que caíam lá fora.


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