Estávamos minha mãe e eu na área do subsolo da casa de Margareth, que eu - estupidamente - deduzir ser o porão.
Aquela era uma das nossas residências,que Margareth denomina ser sua casa. Estava realmente frio. O lugar era escuro apenas com uma lâmpada fraca,estampada ao teto. Do que se podia ver,as paredes já estavam desbotadas e gastas. Seu tom verde parecia laranja, ao centro havia uma mesa velha de de madeira levemente manchada com um líquido desconhecido,e era apenas isso. Há dois dias Margareth havia nos " convocado " a essa reunião á três,desde então minha mãe não me da respostas concretas e não fala mais de duas frases por dia.
O silêncio reinava intensamente na pequena área. Era irritante mente irritante. De um lado da sala estava Marge,minha mãe,distante. Estava escorada na parede,e parecendo não ligar para nada.
Logo Margareth abriu a porta - devo dizer brutalmente -adentrou na área sem,muita expressão, e a fechou. Apenas olhou em minha direção e acenou com a cabeça discretamente. Foi em direção de minha mãe, a mesma acenou e foi a seu encontro. Elas pareciam trocar palavras e logo foram para o outro lado do "porão" que era exatamente o contrário do meu. No antebraço de Margareth havia mapas velhos ,que até o momento haviam passados despercebidos por mim. A expressão de minha mãe era inconfundível, ela estava com uma certo medo. Perguntara - me o que de tão terrível estava acontecendo para que ela se sentisse assim. Bom... Havia muitas coisas terríveis acontecendo,mas,ela nunca ficaria com aquela expressão, não "aquela".
Fui interrompida dos meus pensamentos por um leve impacto sobre a mesa. Margareth estava deslizando a ponta dos dedos sobre um dos mapas. Ao seu lado estava minha mãe. A mesma parecia ouvir cada palavra atentamente, seus olhos corriam conforme a direção dos deslizantes dedos de Margareth. Aproximei - me delas. Perto o suficiente para ouvir:
- Morgana se juntou ao reino Strainberry - Minha mãe falou fitando uma extensa área avermelhada do mapa onde obviamente estava escrito " Reino Stainberry " -A cada 100 anos... - Margareth contou toda a lenda
– ...E o fim do mundo começará - Disse - Eu conheço essa lenda,mas o que isso tem haver?
- Eu não sei,aqui diz:"Conte a Lenda da Lua e o enigma aparecerá " - Disse Margareth lendo o pergaminho que estava em suas mão
- Então enquanto esse "enigma" não aparece,eu vou pra casa dormir - Disse e logo depois sai da casa de Margareth
Abri a porta de casa e a fechei lentamente. Corri pelos degraus do primeiro andar,que pareciam infinitos, com um pensamento "meu quarto"
...
Joguei - me na cama, aprofundando meu rosto no pequeno travesseiro. A chuva demorou um pouco para cair, mas logo já estava confrontando a janela
O quarto estava escuro e mais ainda,estava calado. Apenas o leve impacto da chuva batendo a janela dava o ar de sua graça, mas,logo cedeu, por um segundo, eu estava calma, sentia que não precisava de nada mais
Já estava, me acostumando com a escuridão, mas,de pouco em pouco a luz foi tomando conta dos meus olhos. Optei por colocar as mãos em frente do meus olhos,mas a luz era cegante, não parecia real,se intensificava a cada instante
- Deus?!
- Luna... Tu és uma alma - hesitou o ser magnífico - Muito gorda
- Kentin!
Ele ria incontrolavelmente e contornava sua barriga com seus braços,comecei a rir também
- Você é um idiota mesmo - Disse me deitando na cama
- Não fui eu que me chamei de Deus - Disse ele ainda rindo
- Boa noite,Kentin - Disse começando a pegar no sono
Acordei no meio da noite, não conseguia dormir,sonhei com Sirius, o que me fez pensar nele,ele tinha, mais não tinha, culpa pelo que aconteceu, levantei - me da cama,cheguei perto da janela, a chuva ainda caia lá fora, a Lua ainda brilhava no céu, como no dia em que conheci Sirius
- Eu sinto sua falta,Sirius, e eu ainda continuo sonhando que você estará comigo,e nunca irá embora - Sussurrei pra mim mesma

Sorri

Eu não acreditava em uma só palavra que dizia,mas ao mesmo tempo,queria que fosse verdade,como eu queria que ele estivesse aqui para me aconchegar em seus braços
Num instante senti meu corpo sendo puxado e levemente envolvido por braços calorosos. Moveu seu queixo sobre meu ombro, sussurrando em meu ouvido
- A Lua está tão linda,quanto a sua reencarnação

A - aquela voz...

- Sirius...
Me senti avermelhada, cada vez mais. O que ele está fazendo? Como ele chegou aqui? Por que? Muitas dúvidas adentraram minha mente, mas não havia uma com resposta
- O que diabos você...? Quer dizer... Como?! Por que?...você...
- L- Luna ,calma... - abaixou o olhar e fitou nossos pés entrelaçados - Eu te amo...e você não sabe o quanto, e por esse amor eu só lhe peço uma coisa ... Me esqueça

Acordei

Foi só um sonho

Parecia tão real. Mas será que o que ele quis dizer foi real ... Ou não? Será que eu devo acreditar? Eu já não sei mais nada
- Já acordou? Que milagre! - Disse Kentin me libertando de meus pensamentos e me dando um susto
- KENTIN! - Dei um grito
- Calma Luna - Disse ele entre risos, já levemente corado
- Você me deu um susto - Disse começando a rir
- Ninguém mandou você está pensando na morte da ovelha
- Seria Bezerra,não?
- O animal é meu e eu chamo ele como quiser - Deu de ombros,sorrindo
- Então tá - Disse me levantando da cama e indo em direção a porta
- Aonde você vai? - Perguntou Kentin
- Tomar café - Disse
- De madrugada? Nem o galo acordou ainda
- Madrugada? - Olhei pela janela, ele estava certo, ainda estava escuro
- Eu falei, ninguém mandou você está pensando na morte do pato - Disse ele
- Pato? O que aconteceu com a ovelha? - Perguntei
- Não te contei? Ela morreu
- Ah,sério? Que pena - disse sem interesse
- Sua falsa mentirosa, nem pra VC ter um pouco de respeito com meu ornitorrinco, mas quer saber,Boa Noite - Disse Kentin "bravo" e voltou a dormir, ele não bate muito bem da cabeça, deitei - me na cama e voltei a dormir
[...]
- Vamos,Luna - Disse Margareth me levando de volta para sua casa. Chegando lá, encontro um quadro quebrado no chão, e na parede,no lugar do quadro,estava:
"O Sol se isola sozinho,
Numa fortaleza de nuvens
Onde virou seu ninho".