10 anos haviam se passado, eu não sei se a dor se comparava com a saudade, eu via Lucas correr pela sala, como se não soubesse de nada do que havia acontecido, meu filho tinha 9 anos, eu nem consigo acreditar que tudo havia acontecido comigo, foi um período difícil para mim, passar por tudo isso, cada vez que me lembrava de tudo o que houve era como levar um soco no estomago, meu grande e único amor se foi, Lucas era muito pequeno para lembrar, e Lisa? pobre Lisa, ela se trancou num mundo que é só dela, a anos ela não dorme direito, se rebelou contra todos, largou a musica, e vive trancada no quarto. eu nem sei como resisti a tudo isso.

– Mamãe.

– Fala Lucas.

– A Lis ta gritando de novo.

Subi correndo as escadas fazendo o mesmo caminho todas as noite.

–Lisa abre essa porta agora!

– Não mãe, não quero falar com ninguém.

– Assim não vai adiantar nada, filha fala comigo.

Ela abre a porta eu me abraça aos prantos e eu não me seguro e choro com ela.

– Por que mamãe? por que ele?

– Filha a gente não manda na vida, eu sinto a falta dele tanto quanto você.

– Mãe doí tanto.

– Eu sei que doí.

Pois é eu achei que morreria, mas estava bem enganada, minha gravidez foi tranquila, tive Lucas aos 8 meses ele nasceu bem, assim que ele nasceu eu comecei o tratamento e me curei do câncer, mas o pior estava por vir, Finn estava muito doente, como aneurisma, e ele nunca contou a ninguém, pelo que eu soube, ele já tinha essa doença desde quando nos conhecemos, eu nunca imaginei que pudesse levar tanta bordoada de uma só vez, assim que eu me revelou ter aneurisma eu quase surtei, eu estava passando por químio, meu cabelo havia caído todo, e ele era o único que me elogiava, era o único que estava comigo, não estava preparada para perde-lo, mas a vida não foi tão boa assim comigo, ele passou muito mal e foi levado as pressas para o hospital, eu me lembro de Lisa chorar muito por ver a cena do pai na UTI, eu nem se quer tinha forças pra nada, agradeço a Santana pela força que me deu, cuidando das crianças.

– Rachel, vai pra casa.

– Não vou a lugar algum.

– Amor você esta cansada das quimios.

– Finn bota uma coisa na sua cabeça, eu te amo e nada nem ninguém vai me tirar daqui.

– Nada além do amor.

– Nada, nada além do amor, do nosso amor.

Foi a ultima vez que ouvi sua voz, e vi seu sorriso, na manhã seguinte ele desistiu de lutar e nos deixou, foi o pior dia da minha vida, eu não pude nem me despedir dele, pois fiquei internada quando enlouqueci com a noticia, foi uma época muito difícil pra mim e pra Lisa, minha filha teve que ficar sem pai e se mãe por pelo menos uns 6 meses, quando retornei pra casa, não queria mais viver, não ia mais as sessões de quimio, não cuidava mais de mim, nem dos meus dois filhos. Até que ouvi ela cantando Faithfully e aquilo me lembrou do dia em que ele disse que me amava pela primeira vez. Tirei forças da onde não tinha para encarar a minha vida, nem tudo havia acabado, ele se foi mas eu sei que ele não ia querer que eu ficasse desse jeito, eu me lembrei do choro de alegria quando ele viu o Lucas pela primeira vez, eu me lembrei do sorriso quando disse ser o homem mais feliz da face da terra por ser pai, e eu havia lhe dado essa alegria. Eu havia o feito feliz assim como ele havia me feito feliz, e eu continuava o amando onde ele estivesse. E assim recomecei a minha vida. Hoje depois de 10 anos estou aqui com meu filhos visitando o tumulo onde o homem mais maravilhoso da face da terra se encontra, meu amor, o pai dos meus filhos.

– Mãe eu tenho tanta saudade dele.

– Eu também Lisa, mas sei que ele esta cuidado de nos.

– É ele está.

– Ele sabe o quanto o amamos.

– Simplesmente, nada além do amor.

– Nada.