– O que você está fazendo aqui, Davi? – pergunto começando a nadar para fora da piscina.

Ele não disse nada, não foi até que eu senti seu olhar sobre mim que me lembrei que eu estava apenas de lingerie. Me tornei autoconsciente no mesmo momento.

– Aqui. – ele disse, tirando a camisa xadrez e dando-a para mim.

– Obrigada. – digo, virando-me para colocá-la.

– Megan. – ele começou, e o senti chegando mais perto. – Sinto muito.

– Por quê? – questionou, voltando-me para onde eu não teria que enfrentá-lo. – Eu só... por quê? – pergunto, cada centímetro da minha determinação para não chorar diminuindo.

– Não é o que você pensa...

– Não diga isso. – digo me afastando. – Não se atreva a me insultar dizendo isso.

– Eu não estava! – ele tenta se aproximar. – Assim que eu ouvi ela sabia que não era você.

– Sério? – questionei irônica. – É uma viagem de mais de onze horas e isso é o melhor que você pode dizer?

– É a verdade! – ele diz encurtando o caminho entre a gente e me fazendo com que eu o encarasse. – Eu não amo Manuela. Eu amo...

– Não. – o interrompo, chorando. – Não diga isso.

Ele não pode me amar.

– Eu te amo. – ele choraminga, á beira das lágrimas. – Eu te amo. – continuou repetindo. – Eu nunca ia traí-la. Nunca!

– Eu sei o que eu vi. – tento me afastar dele.

– Ela tentou me prender Megan. – ele disse me agarrando mais apertado. – Ela tentou me prender, mas eu não iria deixá-la.

– Stop! - eu grito.

– Manuela está grávida. – ele disse.

– WHAT? – grito, tentando fazer ele me soltar. – Isso é o que você queria me dizer?

– Não é meu! – ele protesta. – Por favor, Megan. – diz, revirando os olhos.

Eu me acalmo tempo suficiente para saber, pelo menos, que ele está dizendo a verdade sobre isso. Acho que minha histeria inibiu temporariamente minhas habilidades matemáticas.

– Oh..

– Ela está grávida de Vander e tentou me seduzir para que eu achasse que era meu. – ele me informa.

Então ela tem uma boa razão para estar engordando.

Vadia!

Espere um minuto.

– Ela ainda estava de lingerie e te masturbando...

– Não... bem.. não realmente. – ele me segura forte novamente. – Meu corpo reagiu e por isso eu sinto muito. – ele diz. – Mas assim que eu percebi que ela não era você, eu a chutei para fora. – ele afirmou. – Você sempre vai ter essa imagem de mim e eu sinto muito. Você tem...

– Mas...

– Eu amo você. – diz depositando um beijo na minha testa. – Eu escolhi você, porque eu te amo. – diz depositando outro beijo. – Eu te amo mais do que eu a amava. – ele me agarra mais apertado. – O que Manuela e eu tínhamos foi baseado em seu controle sobre mim. Ela queria um Reis. Ela não me queria. – ele balança a cabeça. – Estou realmente feliz que ela quebrou meu coração, porque se ela não tivesse feito eu não saberia o que era realmente ser amado. – ele diz e uma lagrima desliza pelo seu rosto. – Megan, eu preciso de você. Sinto muito que o que você viu a machucou, mas eu nunca faria isso com você intencionalmente. Por favor, acredite em mim.

– Hum... – faço uma pausa, pela sobrecarga de informações. – Eu..

– Eu não vou embora até que você me perdoe. – ele avisa.

– Preciso...

– Eu vou te dar um minuto. – ele diz em voz baixa, me soltando.

– Okay. – murmuro, sentando na espreguiçadeira.

– Eu... eu te fiz uma coisa. – ele pega um pacote e coloca no meu colo.

– O quê? – pergunto... ainda em sobrecarga.

– Você pode abri-lo quando eu não estiver aqui? – perguntou, tímido. – Vou me sentir mais confortável assim.

– Hum... – concordo com a cabeça, olhando para o embrulho azul escuro.

– Eu vou estar no chuveiro. – ele diz, indo para dentro.

Que diabos?

Eu toco minha testa onde ele tinha beijado e eu sorrio através das minhas lágrimas. Eu não sei como eu deveria estar me sentindo. Confusa? Irritada? Tudo o que sei é que estou feliz.

‘Eu sinto muito’ é suficiente?

Eu sei, porque só de saber que ele está aqui, depois de tudo, me faz sorrir quando eu pensava que era impossível. Eu sei, porque mesmo que ele só tenha ido tomar banho eu estou sentindo a falta dele.

É suficiente!

Ele é suficiente.

– DAVI! – o chamo, correndo para dentro de casa e pelas escadas. Eu não tive de ir muito longe, porque bati em suas costas e acabei caindo de bunda.

– O que? – ele diz olhando sem entender.

Enxugando minhas lágrimas, pela ultima vez, eu me levanto e envolvo meus braços em torno dele.

– Eu te amo. – digo-lhe ao ouvido. – Está tudo bem.

– Será que você...

– Não importa. Se você fez isso, eu ainda teria lhe perdoado. – o abraço mais apertado. – Eu te amo e eu não quero ficar sem você. – digo encostando meu rosto no pescoço dele. – Eu teria chutado você no saco, no entanto. – rio um pouco. – Não importa. Nunca importou.

– Megan. – ele sorri, me beijando. – Não me deixe de novo. – ele me pediu. – Por favor, não me deixe novamente. Você não tem ideia de qual assustador foi chegar ao hospital e saber que você tinha ido embora, isso quase me matou. – disse entre os beijos.

Eu olho em seus olhos e me sinto horrível. Posso imaginar como isso fez ele se sentir.

– Eu nunca tive alguém realmente cuidando de mim, como você fez. – digo olhando nos olhos dele. – Eu quase não queria acreditar. Eu estava com medo de acreditar. – digo. – Então, quando vi você e Manuela juntos foi mais fácil acreditar que você não me amava mais, do que acreditar que você me amou e ainda ama. – digo a ele.

– Você não me deixou explicar. – ele diz ainda me abraçando. – Você apenas foi embora.

– Sinto muito. – peço desculpas. – Eu estava sendo egoísta. – admito.

– Eu só... te amo. – ele me beija. – De novo não. Ok? – ele pergunta, puxando meu queixo para cima para que eu possa encontrar seus olhos.

– Eu prometo. – digo olhando em seus olhos.

Eu sentia falta dele.

– Não tome um banho ainda. – digo. – Eu quero ficar abraçada a você. – digo a ele.

– Tão exigente. – ele brinca me pegando no colo e eu o indico o quarto mais próximo.

– Cale a boca. – o puxo para cima da cama quando ele me deita.

– Suponho que você gostou do seu presente. – ele sorri, acariciando seu nariz no meu pescoço.

– Eu não o abri ainda.

– O quê? Você não...

– Não.. – nego com cabeça. – Eu tinha que te dizer...

– Já volto. – ele pula fora da cama e corre lá embaixo. – Você deveria abri-lo. – ele me repreende, entregando o embrulho.

– Isso por esperar. – sorrio, beijando-o.

– Agora. – ele afirma.

– Estraga prazeres. – digo a ele, rasgando o papel azul e encontrando uma caixa, quando a abro tem... envelopes ?

– Envelopes? – questiono confusa. O primeiro estava escrito. – Abra agora! – li em voz alta.

Olhei para Davi que me deu um sorriso tímido e se sentou na beira da cama.

– Você está ficando um pouco corado. – o provoco.

– Basta ler. - ele diz ainda sem graça.

– Tudo bem. – digo revirando os olhos e abrindo o envelope.

Megan,

Quando cheguei a Califórnia eu não pensava em um relacionamento, na verdade demorou cerca de um ano para me sentir eu mesmo devido o termino que já conversamos sobre. Eu acabei me refugiando no trabalho e nos estudos, evitando voltar ao Brasil pela vergonha que senti por de certo modo ter sido abandonado.

Então, um dia, eis que eu esbarro em um anjo... vou lhe confessar aqui algo que nunca lhe disse, mas naquele dia eu já tinha ficado hipnotizado por sua beleza. Bendita hora que eu estava distraído e esbarrei em você, não acho que teria tido coragem de puxar conversa... então de certo modo foi um acidente muito bem vindo.

O tempo foi passando e a gente foi se conhecendo aos poucos, eu já tinha me dado conta da sua beleza, mas naqueles pequenos momentos que compartilhamos fui me dando conta da sua inteligência, do seu jeito divertido, do seu lado sarcástico... mas ainda assim eu não ti via realmente, o sentimento que eu pensava sentir por Manuela bloqueava eu ver mais além.

Então um dia, recebo o convite de casamento do meu irmão. E percebendo como eu estava triste por ter que voltar sozinho para o Brasil, você me deu a ideia de voltar acompanhado... Nesse momento acho que foi quando eu comecei mesmo que sutilmente ti ver. Afinal, se eu voltasse com você como minha namorada, eu não teria que enfrentar toda a situação sozinho, mesmo você relutante no inicio, acabou aceitou me ajudar.

Quando chegamos ao Rio, toda a minha família estava feliz por nossa presença. E eu pude perceber o seu receio de não se adaptar ou que a minha família não gostasse de você, no entanto você não tinha com o que se preocupar, toda a minha família caiu de amores por você no primeiro dia.

Você roubou a cena em todos os lugares, não digo isso de uma forma ruim, simplesmente é difícil não notar sua beleza, inteligência e graça.

Você conquistou a todos, exceto Manuela e sua família. Eles não gostaram de perceber o quão realmente envolvido eu estava com você, muito mais do que um dia eu estive de Manuela.

Então eu finalmente me dei conta, do que provavelmente vinha acontecendo a um certo tempo como sua amiga Camila me disse... Eu amo você! Mas fiquei na duvida se o meu sentimento seria correspondido... confesso que fiquei com medo de rejeitado novamente.

Então, descobri quem eram seus pais... foi um choque para se dizer o minimo, eu não fiquei realmente com raiva apenas me senti um pouco traído por você não ter me contado quem eram seus pais... mas eu já te amava muito.

Então eu fiquei com raiva deles, por lhe deixarem tão triste daquele jeito... admito foi inquietante ti ver agir como um robô no dia seguinte... eu senti falta da minha Megan...e mais uma vez eu fiquei deslumbrando vendo você ressurgir aos poucos, por um simples passeio em um Parque Aquático. Então aconteceu....naquela noite eu tinha me sentido impotente por ter deixando aquele cara chegar perto de você e machucar seu pulso daquele jeito, mas ao mesmo tempo, foi quando não consegui, mais guarda meus sentimentos para mim e confessei que te amava.

Quando você não disse nada, eu pensei que não era correspondido. E naquele momento me senti mil vezes pior do que quando Manuela terminou comigo.

Entretanto você como sempre me surpreende, você retribuiu dizendo que me ama também! Ali naquele momento eu me senti o homem mais feliz desse mundo, apenas por ter ouvido você dizer que me amava.

Eu estava além de feliz, toda a minha família estava contente com a nossa relação... menos os Yanes.

Elas orquestraram um plano para tentar nos separa, para que assim Manuela pudesse ‘me reconquista’ – isso nunca aconteceria, pois eu amo você e apenas você. Elas na verdade queria ter acesso ao meu dinheiro.

Acho que vivenciei o pior momento da minha vida quando a vi presa nas ferragens daquele carro, desacordada... sangue escorrendo pelo seu rosto. Foi horrível ter que ficar sentando e esperar noticias... foi horrível ter que voltar para casa sem você, eu não consegui dormi durante aquelas noites... o quarto não é o mesmo sem você ao meu lado, sem seu corpo junto ao meu... então meu coração se partiu quando cheguei ao hospital e descubro que você não estava mais... que você tinha ido embora, sem ao menos me deixar explicar.

Sem saber o quanto você é importante para mim.

Pensando que eu não a amo.

Mesmo sabendo que o seu pai me odeia, eu sabia que ele era a única pessoa que sabia onde eu podia lhe encontrar, não me envergonho de dizer que praticamente implorei para ele me dizer onde você estava, afinal ele não se mostrou nem um pouco disposto a me ajudar em primeiro lugar. Contudo, acredito que ele percebeu que eu realmente amo você e me disse onde eu poderia encontra-la.

Depois de resolver algumas coisas e claro de uma ajuda do seu pai, eu estava em um jato para poder encontrar você.

No caminho pra cá decidir escrever essas cartas... Você merece muito mais do que isso! Você merece muito mais do que eu sou capaz de oferecer. Mas eu vou lhe provar todos os dias que sou digno do seu amor, tanto quanto você é digna do meu.

Cada dia que eu passei ao seu lado se tornou o melhor da minha vida, apenas por que sei que estou com você. Abrir os olhos e ver você ao meu lado é a melhor sensação do mundo.

Cada uma dessas cartas é para você abrir em um momento especial, do lado de fora de cada uma delas está dizendo a ocasião que você deve abri-las.

Mas por favor Megan...

Nunca

Nunca mais

Duvide novamente do quanto eu amo você!

Com amor, Davi.

Mal consegui terminar de ler a carta, as lagrimas começaram a atrapalhar minha visão.

Passei pelos envelopes para ver quando eu poderia abri-las quando: for dia dos namorados, tiver um pesadelo, pensar em mim, estiver triste, for seu aniversario, tiver sonhado comigo, estiver com medo, precisar sorrir, quiser se sentir especial, quiser saber o quanto eu te amo, achar que eu não te amo, eu ti pedir pedir em casamento, esquecer o quão forte você é... era apenas algumas delas.

– É perfeito.. – sussurrei, ainda folheando os envelopes. – Obrigada. – digo ainda chorando, de alegria dessa fez. – É incrível.

Eu não conseguia pensar em outro homem no planeta que faria isso.

Ele se aproxima de mim, tirando os envelopes da minha mão e a carta ainda aberta, os colocando na mesa que tinha na cabeceira.

– Eu te amo. – ele disse olhando nos meus olhos, antes de me beijar. – Eu senti a sua falta. – suspira, enquanto abri os botões da blusa.

– Eu preciso de você. – digo o ajudando a se despir.

– Eu também. – ele suspira, retirando o restante das peças, finalmente empurrando para dentro de mim. – Eu senti falta disso. – prendo a respiração quando o sinto se mover dentro de mim..

– Tão bom... – gemo, arqueando as costas aproveitando as sensações. Quando abro meus olhos para vê-lo eu acabo arfando ao notar uma certa mancha em seu braço, tentei me concentrar e acabei gemendo alto.

– Porra, você tem uma tatuagem! – ele ri ofegante.

– Eu tenho.

– Isso é tão quente. – digo em meio a um gemido.

Ele é tão bom dentro de mim. Ele sempre é. Nós tomamos o nosso tempo um com o outro. Nossa respiração vai acelerando, quando nós dois alcançamos nosso pico gritando o nome um do outro.

Davi nos vira, dessa forma eu fico em cima dele. Ele passa as mãos de forma preguiçosa pelas minhas costas e cabelo e eu aproveito para admirar a sua tatuagem, ainda estava com o plástico por cima para protegê-la, ele tinha feito uma fênix, na verdade só estava o contorno dela que por sinal era rica em detalhes, a cabeça dela estava na clavícula dele, no braço tinha uma das assas e a calda dava uma volta no braço dele. Suspirei, ficou realmente bonita, tracei meus dedos levemente sobre as linhas, meus dedos pararam quando percebi duas iniciais na calda,você só perceberia se olhasse com atenção.

– Davi. – ofeguei.

– É significativa o suficiente? – engoli em seco o encarando.

– Por que fez isso? – ele pegou meu rosto entre suas mãos.

– Por que eu te amo Megan, e como alguém me disse uma vez, se for para fazer faça direito. – ri.

– Eu falei isso?

– Quase isso.

– Eu te amo também. – me inclinei para beijá-lo, apenas provando seu gosto, aproveitando sua boca, matando a saudade que estava dele, ele retribuiu parecendo querer sentir as mesmas coisas.

Quando me afastei deitei a cabeça em seu peito olhando a fênix e passando levemente meu dedo sobre minhas iniciais.

Ow, ele tatuou as minhas iniciais.

– Você ficou tão gostoso tatuado. – ele ri.

– Que bom que gostou. – suspirei. – Bela casa. – ele diz olhando em volta e para fora da janela.

– É sim. Mas honestamente não vejo grande coisa.

– Sério? – perguntou, me olhando.

– Sim, é que pra mim não faz sentido dad ter uma casa enorme assim sendo que ele mal usa, honestamente se ele veio aqui mais de cinco vezes depois que comprou é muito! Uma vez que ele tem outros retiros insular. – disse me aconchegando mais nele.

– Hum... – diz depositando um beijo na minha cabeça.

– Mas tenho que admitir que é um lugar agradável, embora. – digo, depois de um curto silêncio.

– Sim. – ele sorri.

– Nós podemos ficar aqui para sempre. – brinco o beijando.

– Sem sair de casa? – brinca.

– Você pode ir. – eu rio. – Eu só vou ficar dentro de casa.

– Perfeito.

– Você pode ser meu gigolo. – brinco, ainda passando meus dedos pela sua tatuagem, ele ficou realmente gostoso com ela.

– Não, obrigado. – ele diz, segurando minha mão. – Eu não tenho nenhum interesse em viver do dinheiro do seu pai.

– Sr. Reis. – o advirto, antes de fingir mágoa. – Já era para você saber que eu sou uma dama rica independente!

– Ah, é... – ele pergunta sorrindo.

– Bom, além do meu fundo de garantia, ambos, eu fiz alguns investimentos muito lucrativos. – lhe digo sorrindo, movendo as sobrancelhas. – E como gosto de trabalhar e do que eu faço, você sabe que tenho meu próprio escritório. Sou autossustentável.

– O quão autossustentável? – ele perguntou, depois de um curto silêncio.

– Suficiente. – respondo piscando.

– Megan.. – ele arrasta a voz. – Quanto?

– O suficiente. – sorrio, deslizando para fora da cama.

– Você realmente não vai me dizer? – ele pergunta, sem acreditar.

– Talvez. – riu. – Você ainda quer tomar aquele banho? – questiono, caminhando para o banheiro.

– Talvez. – ele sorri correndo atrás de mim.