Mentiras, Viagens e Um Mapa de Mochilão escrita por MrCaioSathler


Capítulo 3
Terceiro | Um Passado Não-Tão-Passado Assim |


Notas iniciais do capítulo

Aos que até aqui chegaram, parabéns! Vocês já são campeões e merecem toda pompa e glória... Não, pera, não é Mortal Kombat. My bad. Bem, esse capítulo três faz introdução de um elemnto do qual eu gosto de fazer uso, que são os flashbacks! Espero que gostem, se divirtam e passema entender um pouquinho mais das coisas que estão propondo com o personagem! Ah, e deixem os Reviews, por favor!!!!!

Papai ama vocês

Música do capítulo
Kids - MGMT



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Duas trocas de direção com Petrova no caminho e Dimitri estava dormindo. Sua cabeça girava em mil pensamentos diferentes, mas com o motivo da viagem acabou por sonhar com os pais. O senhor e a senhora Ivanov mereciam um destaque à parte, afinal tudo que Dimitri julgava que mantinha sua mente sã era por causa deles. Lembrava-se de tempos infantis, brincando com os primos e a irmã. Sentia muitas saudades de Nyna, mas infelizmente haviam meses ela havia se casado e ido morar em Boston, nos EUA. As vezes trocavam emails, mas nada muito profundo. O passar do tempo havia tornado tudo mais frio entre Dimitri e os familiares, mas ele não ligava. Afinal escolhera isso após tanto tempo. Tinha 21 anos e não ligava se Nyna não telefonava muito, não mandava emails e nunca havia visitado-o em Budapeste. Uma saudade suportável. Então o sonho recaiu para onde ele menos queria.

Estava no mesmo ponto de sempre, após o trabalho. Dimitri esperava sentado no banco, um cigarro nos lábios e os cabelos caidos na face. À época os tinha na cor azul e aparentava mais serenidade, um semblante mais leve. Arriscava as vezes um sorriso de canto, fraco porém presente. Haviam passado-se horas, mas Dimitri não ligava, se divertia vendo as crianças passando com seus pais, bolas de futebol rolando e sendo chutadas. Alguns skatistas mais velhos passando e tentando manobras, cada queda fazendo o jovem rir. E então ele viu, ao longe, aquele mesmo guarda-chuva cor de arco-íris e sorriu, se levantando e caminhando enquanto a chuva começava...

Ao finalmente chegar, fora acordado por Petrova.

– Hey bonitão, café?? – a jovem já estava do lado de fora e Dimitri notou que estavam em um posto de gasolina de beira de estrada com um café simpático para caminhoneiros e viajantes inconsequentes como eles. O jovem saiu do carro e acendeu um cigarro.

– Expresso, sem açucar por favor. – Uma espessa fumaça saia de seus lábios suavemente enquanto Petrova caminhava em direção à lojinha de conveniências.

Não sabia direito aonde estavam, mas ligou o rádio enquanto soltava a fumaça sem pressa. Ouviu o final de um rap qualquer em Russo até que começou a tocar o riff de entrada da próxima música. O olhos do rapaz se arregalaram enquanto Petrova se aproximava com o café e gritava, começando a pular no ritmo da música que conhecia.

– Aumenta ai Dimi! – Por um segundo ela percebeu os olhos arregalados do rapaz, mas logo em seguida ele estava entrando no carro e ligando a ignição, falando do mesmo jeito de sempre.

– Vamos logo, Helga. E me dá meu café antes de derrubá-lo? – Um sorriso de leve antes de pegar o café das mãos da amiga e cantar pneu estrada adentro. O silencio perdurou por mais 30 minutos antes dela voltar a falar.

– O que você tem, Dimitri?

Ele estranhou a pergunta porém respondeu. – Nada, porquê? Eu acabei de acordar e não sou a pessoa mais linda do universo depois de horas de estrada, Petrova.

– Ainda assim... Você tá esquisito. É a música? Mas a gente foi no show do Arctic poucos dias atrás! E essa nem tocar toc... Caralho Dimitri!

O carro freiou bruscamente e Dimitri respirava ofegante. Petrova assustou-se e olhava com os belos olhos arregalados enquanto o rapaz ajeitava os cabelos atrás das orelhas e colocava outro cigarro nos lábios, acendendo com os dedos trêmulos. E quase deixando o isqueiro cair.

– Merda...

– Calma Dimitri. Deixa que eu levo o carro, não se estressa. Deve ser o sono ainda, você bateu os olhos, não é? – ela olhou-o com cautela enquanto ele assentia e eles trocavam de lugar. Dimitri nada disse e logo estava dormindo novamente, as mãos ainda tremendo. E ao cair no sono voltou ao lugar de onde mais corria: o passado. A cena, porém, era outra.

O Sol brilhava com tanta intensidade que podia cegá-lo. Dimitri se lembrava, pensando depois, daquele dia. Fora divertido, haviam ido ao parque e logo depois voltado para almoçar. Dimitri estava na cozinha preparando um almoço qualquer, sem muito requinte, enquanto o rádio tocava alto uma música. A música deles.

– Qual vai ser o acompanhamento? – Uma voz perguntava-lhe de algum lugar atrás enquanto o óleo estalava na frigideira.

– Não sei direito! Pode ser omelete? – o sorriso estava estampado e era até mesmo estranho a Dimitri. Fazia tanto tempo que mal se lembrava de ser assim e ter um sorriso tão frouxo.

– Pode sim mon amour! – fora a resposta, a voz agora facilmente identificada como feminina.

Dimitri assentiu para a resposta e logo estava preparando duas omeletes de queijo com alho-poró. Serviu-as em um prato grande e colocou sobre a mesa com as demais panelas e talheres. Pegou no pequeno freezer atrás de si uma garrafa de chá gelado feito previamente e então serviu enquanto observava pela janela. Fora tirado de seu devaneio por um barulho na porta do banheiro e de lá ela saiu, de costas para ele em direção ao quarto, nua com os cabelos pendendo molhados com altura média, escuros e em sintonia perfeita com a pele morena dela.

– Já estou vindo, okay? – Ela disse por fim, Dimitri assentindo mesmo sem ser visto antes de novamente ser arrancado com força e crueldade do passado por uma Petrova que o balançava insistentemente.

– Dimitri? Dimitri!! Acorda! – ela continuava a balançá-lo de um lado pro outro mesmo quando já estava com os olhos abertos. – Já chegamos, bocó! Você dormiu por quase dez horas direto. Sorte sua que eu amo dirigir. E que tinha café.

Dimitri demorou um pouco a focar a visão, mas logo percebeu que ela estava certa: estavam em Moscou.

– Bem vindo ao meu território, cowboy. E cuidado, aqui quem manda sou eu – disse por fim a menina enquanto Dimitri acendia outro cigarro nos lábios e sobrava a fumaça devagar, os cabelos arroxeados sendo soprados pela ventania da janela aberta. Ruas passavam como borrões enquando Petrova acelerava, virava, entrava em ruas nunca antes vistas. Apesar de ser naturalmente russo-brasileiro, Dimitri pouco conhecia Moscou uma vez que era de São Petersburgo. Logo os enormes prédios dava espaço para mansões igualmente enormes, porém mais espaçadas entre si. O rapaz começou a estranhar e logo perguntou para a amiga aonde estavam indo.

– Para minha casa, mané. Precisamos de um banho antes de sair para comemoração. – Ele a olhou como quem não entendeu muita coisa e por isso completou. – Minha prima me ligou enquanto você tinha seu momento de Bela Adormecida e decidiu comemorar meu retorno à Moscou. E ela já está nos esperando, por sinal. – Petrova apontou para um Range Rover branco com rosa em frente a uma mansão gigantesca. Dimitri quando deu por si estava com a boca aberta encarando.

– Cristo, Petrova! Olha o tamanho disso! – o rapaz estava ainda boquiaberto enquanto a amiga parava o carro nos limites da propriedade e descia.

– Anda logo mané, e fecha essa boca! – Petrova ria enquanto caminhava até a porta, Dimitri em seus calcanhares, e tocava a campainha. O que veio a seguir foi um tornado em forma de abraço.

– HEEEEEEEEEEEEEEEEEELGA! Não acredito que é você mesma! Quanto tempo menina! – A ruiva finalmente se soltou de Petrova e ela sorria meio encabulada, como que se sentindo fora do seu habitat natural.

– Fazem três anos, Karyna. Você foi pra Londres e um ano depois eu fui para Budapeste. Aliás, esse é o Dimitri, meu fiel escudeiro de Budapeste. E por coincidência também é russo. – ela apontou para Dimitri, que sorria com o cigarro apagado nos lábios.

– Prazer, Dimitri. E eu sou meio-russo, como a Petrova gosta de esquecer as vezes. – Um aceno de cabeça foi tudo que o rapaz deu em resposta enquanto era arrastado para dentro da mansão.

– Dimi e eu estamos indo até São Petersbrugo, Karyna. Mas decidimos dar uma passadinha aqui. Quero mostrar pra ele como se comemora ao estilo moscovita.

– Bacana! As opções são diversificadas, mas eu já sei exatamente o que faremos para seu amigo se sentir em casa. – Karyna piscara para Petrova na inocência de que Dimitri não veria, porém o jovem não só percebeu como decidiu entrar no jogo também.

– Okay, mas eu preciso tomar um banho meninas. Porquê eu estou no pior dos meus momentos depois de dez horas de sono em um carro, com uma motorista de habilidades duvidosas. – Dimitri já engatava a correr escada acima com Petrova em seus calcanhares gritando o quão babaca ele era até entrar em um quarto qualquer.

Ainda rindo ele entrou no banheiro e tomou uma longa ducha. Logo estava arrumado para a noite russa: Os cabelos roxos estavam caidos como sempre e o rapaz escolhera uma camisa branca de mangas longas e gola em “V” para acompanhar a calça jeans escura e o tênis também branco. Minutos depois ele já estava no térreo, a porta aberta para que a fumaça do cigarro que havia acendido não impregnasse a casa alheia. Apesar de fumante odiava impor seus vícios aos outros. Petrova chegara logo depois, acompanhada de sua prima.

Usando um vestido preto com detalhes em prata, a loira estava estonteante como costumava estar, com as curvas bem alinhadas pelo vestido e os belíssimos olhos destacados pela maquiagem e o corte de cabelo curto que lhe favorecia. Dimitri jamais negara que a achava bonita, mas aquela noite ela estava de matar. Assim como sua prima, que usava um vestido branco e tinha os longos cabelos em cascata nas costas.

– Vamos, meninas? Nem mesmo chegar de Range Rover Rosa em uma balada acaba comigo, com essas duas beldades do lado. – disse, rindo.

– Pode ficar tranquilo que você não vai de Range Rover rosa, bonitão. A Karyna vai para casa depois e ela mora do outro lado da cidade. Você vai comigo, vem. – Petrova acenou para ele em direção a uma porta lateral. Antes mesmo de chegar à tal porta Dimitri já ouvia o ronco do motor, abrindo um sarcástico sorriso. Ao abrir a porta viu um capacete ser arremessado em sua direção por uma Petrova montada em uma belíssima Kawasaki Ninja preta com detalhes em dourado, o que só acentuava mais a beleza de tudo.

– Você, definitivamente, tem estilo Petrova. – constatou Dimitri enquanto vestia o capacete e arrancavam da garagem a toda velocidade, seguindo a Range Rover por um tempo e posteriormente até ultrapassando-a.

Logo estavam em frente a um clube com a fila enorme, bem típico de bares famosos como se vê em filmes de Hollywood. Dimitri desmontou e ajeitou a camisa, acendendo em seguida mais um cigarro enquanto Petrova guardava os capacetes no carro da prima e voltava, sorridente. – Sem fila, né Karyna? Você é uma mentirosa de uma figa, isso sim! – Petrova estava gritando enquanto encarava a fila, aparentemente a procura de alguém. Dimitri fez o mesmo e em certo momento sorriu, puxando as meninas pela mão em direção à porta que aparentemente era para os VIP’s. Elas observavam ainda à certa distância enquanto Dimitri conversava com o rapaz, sério, e apontava para elas. Um momento mais e uma risada deixou tudo mais tranquilo e leve, Dimitri chamando-as para entrar por uma porta sem qualquer fila.

– Como diabos você conseguiu isso, Dimitri? – perguntaram as meninas enquanto entravam na boate e o som ia aumentando gradativamente.

– Ele é meu ex-cunhado, teve caso com minha irmã. Sempre foi um cara bacana e aparentemente não guarda ressentimentos do que aconteceu em São Petersburgo. – Dimitri ultrapassou um casal que se beijava intensamente e abriu a porta que dava direto no camarote da boate, com bar separado e toda pompa que um clube pode prover em sua área VIP. A música tocando alto, Dimitri logo reconheceu como sendo “Kids”, do grupo MGMT, e por amar a música começou logo a dançar. Petrova e Karyna logo seguiram seus passos e todos dançavam com centenas de pessoas desconhecidas.

Dimitri desligara a mente; dançava e aproveitava cada segundo daquela festa sem pensar em Alexia, Budapeste ou no passado. Pensava em aproveitar o máximo de Moscou, depois ir até São Petersburgo visitar os pais. Horas passaram-se, alguns cigarros e drinks coloridos até que Dimitri se sentasse na bancada com aquele sorriso sarcástico que sempre ornava os lábios do rapaz quando ele avistava algo interessante. Ou alguém.

Ela estava com uma camiseta preta com uma cruz de lantejoulas prateadas, um par de jeans claros e all-stars pretos clássicos. Nos lábios batom rosa claro e pouca maquiagem adornava seus olhos. Não precisava, afinal os cabelos laranja com mechas rosas já faziam o trabalho de chamar a atenção para si. Sentou-se ao lado de Dimitri, que sorrindo falou sem a maior cerimônia ou vergonha.

– Você está linda, sabia?

– Você também. Turista? Nunca te vi por essas bandas.

– Russo-brasileiro radicado em Budapeste. E você? – ele agora olhava para ela, que retribuia-lhe o olhar sem qualquer restrição.

– Não precisa saber disso agora. – ela não tirava os olhos dele e sorrindo pegou seu rosto, sussurrando ao pé de seu ouvido

– Qual o nome da sua amiguinha, eim bonitão? – Dimitri percebeu que ela apontava para Petrova e Karyna e não pode conter o sorriso, entrando no jogo.

– Depende, qual delas? – ele retrucou, não mais precisando sussurrar

– A ruiva, de cabelo cumprido.

– Karyna Petrova. E o seu nome, docinho? – o rapaz decidiu virar o jogo à seu favor.

– Yelena. Yelena Preticknokova, e sim eu sou de Moscou. – ela disse, já se levantando em direção à pista de dança e suas amigas. – Você não vem, bonitão? – uma ultima piscadinha antes de se afundar e dançar perto das amigas de Dimitri, que logo se juntou e começou a dançar com Petrova, deixando Karyna livre para Yelena.

– Espero que sua prima aprecie meninas, Petrova.

– Porquê? – indagou a menina, ambos sem parar de dançar um momento que fosse.

– A bonitinha aqui atrás veio saber o nome dela comigo, no bar – ele apontou com o polegar em direção à Yelena.

– Olha sua resposta ai atrás

Dimitri virou-se e viu Karyna e Yelena trocando beijos em meio a dança, sem qualquer menção à parar de dançar para dar mais atenção uma a outra. Ao voltar-se para Petrova percebeu nela um sorriso discreto porém velho conhecido; ele sabia o que ela queria. E por um segundo ponderou, chegando ao clássico “porquê não?” quando se tratava deles dois.

Não demorou muito e logo eles estavam se beijando, saindo da pista para o barzinho. Dimitri não queria pensar, só aproveitar o momento. Não captava o que passava-se a sua volta: Não havia notado Karyna e Yelena os chamando para pegar os capacetes no carro; percebeu que haviam ido embora e até a garagem da mansão de Petrova ele tinha ciência das coisas novamente. Mas ao descerem da moto não demoraram a voltar para o beijo e logo estavam no quarto aonde Dimitri estava hospedado, na cama. Roupas voavam e longas arfadas preenchiam o silencio do ambiente; beijos ardentes, mordidas, arranhões. Gemidos, arfadas, gritos, pedidos. Logo seria manhã e Dimitri acordaria com Petrova deitada em seu peito, aninhada em um suave ronco. Uma noite como várias outras que tiveram em Budapeste nos momentos aonde estava brigado com Alexia. Quente, intensa e gostosa, porém com um aditivo que deixou Dimitri com um sorriso nos lábios enquanto pegava em Petrova pelo braço e levantava devagar para não acordá-la e ir à janela fumar: não havia culpa.


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Notas finais do capítulo

E ai, e ai o que me dizem? Gostaram??? Vamos lá pessoal, quero meus reviews! Critiquem, opinem, digam que o autor é lindo, vamos lá!



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