Razões de um mordomo escrita por Draco Michaelis


Capítulo 1
Capítulo único - Heterocromático.


Notas iniciais do capítulo

Olá.

O bônus da história "Diário da academia" Está sendo postado simultaneamente a esta história.

Sem delongas, boa leitura.

Obs.: Ciel possui 15 anos nesta história.



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Era uma manhã comum na mansão Phantomhive. Os servos faziam seus desastres digo tarefas, da melhor forma possível. Já estava tarde e o mordomo andava calmamente, carregando consigo o desjejum de seu mestre, até a suíte principal. Os cabelos negros caiam-lhe levemente sobre a face, fazendo-o rir com escárnio de sua forma humana.

Ele parou diante da porta, abriu-a sem emitir um único ruído e deslizou para dentro do aposento como um gato sorrateiro durante a noite.

Ao entrar na penumbra, o mordomo estreitou os olhos, mesmo sem necessidade, e depositou sobre uma mesinha a bandeja de prata que carregava.

— Bom dia Jovem Mestre... — disse o moreno puxando suavemente as cortinas pesadas que cobriam as janelas do quarto do conde.

— Nah... Se...bas...tian... me deixe dormir... — balbuciou o menino colocando as cobertas sobre sua cabeça para evitar a luz solar. O mordomo sorriu e foi até o lado da cama onde estava seu pequeno mestre.

— Perdão Jovem Mestre, mas já é tarde e o senhor possui tarefas que precisam ser realizadas ainda hoje. — disse Sebastian tocando o cobertor de seu mestre delicadamente. O conde remexeu-se nas cobertas tentando desviar do toque do maior.

— Deixe-me dormir, Sebastian... é uma... — murmurava o pequeno irritado com as mãos quentes afagando-o. Ele foi interrompido por um dedilhar acidental em sua barriga que lhe causou arrepios. O mordomo sorriu sinicamente e passou a aplicar cócegas na barriga do conde. — ... pare... Se...se...bastian.... pare... com... isso... se..seu... bastardo... é...é... uma... haha... ordem! — disse Ciel de forma pausada, entre os ofegos, tentando se livrar das mãos que o tocavam. Assim que a ordem foi proclamada, Sebastian foi obrigado a para com sua diversão.

A visão de como conde estava vermelho e ofegante foi o que o mordomo conseguiu presenciar ao retirar as cobertas de cima de seu mestre. O semblante do pequeno possuía uma expressão furiosa e assim que Ciel viu o rosto do akuma, ergueu sua mão e aplicou um tapa forte, como repreensão por suas ações.

— Não repita mais isso, é uma ordem — Mandou o pequeno com a expressão séria e um olhar intimidador. Sebastian fechou o sorriso e ajoelhou-se diante de seu mestre.

— Perdão Jovem Mestre. Não voltarei a fazer isto novamente. — pediu com a cabeça baixa e seus olhos vermelho-acastanhados encarando o chão. “Esse pivete testa os limites do meu ser... espero que me renda no mínimo uma boa refeição” pensava o akuma aguardando a resposta do mais jovem.

— Tsc. Você disse algo sobre estar tarde... o quão tarde você se refere? — disse Ciel sentando-se com as pernas para fora da cama, pendendo a cabeça para a direita, com um ar desinteressado.

— Sim, Jovem Mestre, são — Ele faz uma pausa para checar o horário no relógio de bolso — 15:45. O senhor possui contratos que devem ser analisados ainda hoje já que, por causa dos casos da rainha, deixou seu trabalho da companhia Funtom em segundo plano, além é claro de ter passado o dia de ontem de repouso, fato que causou um acumulo desse tipo de documentos. — disse Sebastian andando até a bandeja, servindo o chá e trazendo-o para seu mestre.

— isso é verdade... — murmurou o conde recebendo a porcelana e erguendo-a próxima aos lábios. — Blend, Sebastian? — disse examinando a cor e o aroma do liquido. O akuma sorri de maneira debochada.

— Sim. Vejo o quão apurados são os sentidos do Jovem Mestre. — alfinetou em resposta o mais velho. Ciel rolou os olhos, irritado com a petulância do mordomo e crispou os lábios na xícara.

— Akuma baka... — sussurrou sorvendo um pequeno gole do liquido fervente. Uma pontada atingiu a têmpora do pequeno, Ciel rangeu os dentes com os lábios fechados e ainda assim soltou um gemido baixo.

— Está tudo bem Jovem Mestre? — Perguntou Sebastian com seu tom de falsa preocupação. O menor entrega a xícara ao mordomo e massageia a lateral da face, tentando aliviar a dor.

— Apenas dor de cabeça, irá passar logo. — respondeu ríspido piscando longamente. Outra pontada, desta vez mais forte, o fez gemer mais alto. — Vamos, você já me acordou seu inútil. Agora, me vista para que eu possa trabalhar em paz. — ordenou.

— Entendido. — disse em resposta enquanto levava a porcelana de volta para seu conjunto.

O moreno foi até onde estavam guardados os trajes do conde e trouxe consigo um deles, de tom azul profundo. Ao retornar para o quarto Sebastian encontrou seu mestre, “pálido como uma vela”, em pé diante da cama.

— Jovem Mestre! — exclamou indo até o menor e impedindo sua queda. O pequeno tremia e agora estava com a pele em um tom “amarelado, esverdeado”. — Jovem Mestre, o que está sent- — sua frase foi interrompida quando Ciel inclinou-se para frente e vomitou em suas roupas, sujando a ambos. “Ora, ora, parece que a bebida excessiva causa esse tipo de ração aos humanos mesmo após 24 horas”

— Droga... — praguejou o menor sendo carregado até o banheiro da suíte pelo mordomo.

Sebastian parou diante da banheira larga e ajoelhou-se diante de Ciel e começou a desabotoar-lhe a camisa de dormir. O conde nada disse, apenas olhava atentamente para as mãos habilidosas do akuma enquanto este o despia. O maior retirou seu fraque e o colete, assim como os sapatos e depositou as roupas sujas no cesto de vime que se punha roupas sujas. Os olhos do garoto se encontraram com os do akuma que fechava a torneira.

— Está fria — sussurrou o conde com o tom arrogante de sempre. Sebastian sorriu e retirou uma de suas luvas, expondo suas unhas negras e levou-a até a água, acariciando sua superfície e em seguida mergulhando –a. Uma fumaçinha subia pelas correntes de ar, provando o aquecimento da água.

— Está boa agora? — perguntou o mais velho com um tom suave. Ciel levou sua destra até a água e testou-a, logo sentindo o contato morno.

— Sim. — o menino desviou os olhos dos do mordomo e aguardou até que ele o pusesse na banheira. Ciel, já não era tão pequeno quanto quando tinha 13 anos, mas ainda possuía uma baixa estatura para sua idade. Seu corpo magro e pequeno tremeu de leve ao sentir o contado da pele fria da palma da mão do mordomo.

O mais velho ergueu o seu pequeno mestre e o colocou dentro da banheira com cuidado, certificando-se que ele estava bem apoiado antes de soltá-lo. Ciel encolheu os ombros submergindo até a altura do queixo na água morna e olhou para o moreno. O cheiro terrível que vinha de suas vestes e pele era deveras desagradável para o conde, mas ele não poderia fazer nada alem de prender a respiração. O mordomo arregaçou as mangas da camisa e, com uma esponja, passou a limpar a pele do menor.

***

Assim que o banho foi terminado, Sebastian buscou a toalha e enrolou o garoto. Ciel manteve os olhos fechados para evitar a tontura e as pontadas mais fortes que vinham lhe acompanhando desde que despertara.

O mordomo prestativo, como sempre, decidiu deixar que o conde descansasse afinal ele obviamente estaria esgotado e segundo a quantidade alcoólica que o mesmo pode ver o mestre ingerir, sua indisposição e seu mau humor seriam enormes durante algum tempo.

Ambos permaneceram calados enquanto Sebastian vestia Ciel com outra camisa de dormir, também larga e comprida, até que fosse abotoado o ultimo botão e foi quando o menor se pronunciou.

— Sebastian... onde está o Esperança? — questionou o conde olhando para seu criado mudo (N.a.: Não, não são os triples) e em seguida para o servo a sua frente.

— Perdão Jovem Mestre, mas eu achei que estivesse com o senhor... Vejo que me equivoquei — murmurou o mordomo em resposta. Como já era esperado pelo o mais velho, Ciel desferiu outro tapa em seu rosto. (n.a.: esse pirralho está muito violento não?)

— Baka... Alem de insuportável e presunçoso ainda é desatento... — praguejava o pequeno furioso(n.a.: Vulgo p*to). — Sebastian, traga de volta o esperança, é uma ordem! — exclamou Ciel abrindo os olhos violentamente, tornado o símbolo do contrato mais vibrante que o normal. Sebastian sorriu de maneira sínica e fez uma mensura.

— Yes, My Lord. — respondeu o akuma exibindo seus orbes rosados e em seguida retirando-se do quarto, deixando para trás o mais novo.

Ciel acomodou-se na cama e subiu os cobertores até a altura dos olhos. Uma pequena risada nervosa escapa de seus finos lábios enquanto pequenas lembranças da noite de dois dias antes retornavam a sua mente.

Lembrança:

Vamos Sebastian! Termine logo isto! exclamou o jovem conde enquanto arfava. Seu rosto tinha uma coloração avermelhado e ele mordia o lábio inferior com os olhos fechados.

Relaxe seu corpo Jovem Mestre. O senhor já passou por isto antes, relaxar seu corpo irá facilitar para que pare de sentir o desconforto murmurou em resposta o mordomo, soltando um pequeno suspiro.

Ne... acho que já está bom... se apertar de mais as pessoas vão notar. argumentou com a voz falhada. Sebastian sorriu sinicamente e parou o que estava fazendo.

Realmente, acho que terminei aqui. Agora resta o vestido. murmurou o mordomo deixando as amarras do espartilho em um laço na cintura esguia do mestre. Ciel bufou e deu algumas tossidinhas por causa do aperto incomodo em seus pulmões e demais órgãos.

Tsc. Ande logo... quero terminar isso aqui o quanto antes, para voltar para mansão. murmurou o menor alisando, inconscientemente, uma das mechas da peruca. Sebastian ri da reação do adolescente e sai pela porta do apertado banheiro onde estavam.

O mordomo negro atravessa a porta e se depara com uma figura vermelha. O shinigami carregava um vestido róseo com babados e detalhes em marrom. Um sorriso divertido surgiu na face de Grell ao entregar a peça para o akuma, que também sorriu, porém este ultimo, de forma maliciosa. Sebastian retornou ao banheiro e fechou a porta atrás de si, impedindo que o ruivo adentrasse no espaço, enquanto vestia o mestre. Minutos depois a porta branca foi reaberta e a figura “feminina” do cão de guarda da rainha, do famoso Conde Phantomhive, foi revelada.

Ciel Phantomhive, como está kawai! Se não te odiasse tanto poderia te apertar até ficar roxo. disse o shinigami com as bochechas infladas e seu sorriso macabro deixando aparentes seus dentes pontiagudos.

Baka... não deixaria que me apertasse nem que não te odiasse isso é tão... doentio! praguejou o adolescente afastando-se do ser escandaloso. Sebastian observava a cena com o mesmo sorriso malicioso nos lábios.

Senhor Grell... chamou e obteve a atenção de ambos que andavam em círculos a sua volta. preciso que termine de arrumar o Jovem Mestre, não receberá seu pagamento adequadamente se meu mestre atrasar-se para seu compromisso. argumentou com um tom libidinoso enquanto segurava os ombros do ruivo. Grell sentiu um arrepio percorrer seu corpo ao sentir o toque do akuma em si e apenas cogitar a ideia de perder o pagamento que lhe seria feito por aquele pequeno favor, foi o suficiente para convencer o shinigami a agir.

Ah, Ciel como você ficará uma “Lady” tão Kawai quando eu terminar de te maquiar. Murmurava Grell abrindo o guarda-roupa e tirando de lá um de seus inúmeros estojos de maquiagem. O mais novo revirou os olhos e cruzou os braços.

Não importa, apenas termine logo com isso... Aberração*. as palavras do conde pareceram ofender profundamente o shinigami, mas ele fez o que o menor disse.

- alguns minutos depois –

Jovem Mestre, se me permite dizer... Sebastian deu uma risadinha debochada o senhor está realmente uma adorável “Lady” complementou segurando a mão de Ciel, fazendo-o dar um giro. O mais novo bufou e fechou a cara em uma carranca. Grell jazia desmaiada no chão após receber seu pagamento, “um beijo de tirar o fôlego”, literalmente. Vamos Jovem lady, digo, Mestre. Não está tão mal assim. O akuma tentava “confortar” Ciel, mesmo que estivesse se divertindo com aquilo.

Sebastian, eu sou Conde, ultimo herdeiro dos Phantomhive, o cão de guarda da rainha, não acha que são motivos o suficiente para achar que ter que me vestir de mulher é vergonhoso? reclamava o pequeno deslocando-se em direção ao banheiro do apartamento do shinigami ruivo, onde poderia contemplar-se naquele estado novamente.

Jovem Mestre justamente por tu seres Conde, o ultimo herdeiro dos Phantomhive e cão de guarda da rainha. Acho que são motivos o suficiente para que o senhor compreenda a situação e haja como o adulto que diz ser, fazendo o que é necessário para cumprir a ordem de sua majestade. replicou o mordomo pondo-se atrás de seu mestre e tocando-lhe os ombros desnudos.

Que seja então. Sebastian, vamos investigar esse mal que aflige tanto o coração da rainha. disse o menor com o tom firme e imponente. “Mais que saborosa refeição” pensou o akuma passando a língua entre os lábios antes de responder.

Yes, My Lord

- 2 horas e alguns minutos depois –

Isso tudo é inútil, nenhum deles sabe nada sobre o incidente sussurrou o conde para o mordomo enquanto era conduzido pelo mesmo em meio a uma valsa. O maior sorriu de maneira encantadora, porém falsa, e sussurrou de volta.

Talvez eu consiga a informação que necessita... se recorrer a outros meios que não sejam... digamos... tão ortodoxos quanto os utilizados até agora. A expressão do menor se contorceu em uma careta, logo disfarçada com um sorriso forçado. A ideia de seu mordomo utilizar alguns “certos métodos” com a única pessoa que poderia lhe ceder à informação, no caso uma mulher, causava certo “rebuliço” no peito do mais jovem.

Use tudo o que puder, mentiras, tortura, persuasão, suborno, tudo! Exceto aquilo. disse com um tom especial a ultima palavra. A música suave que tocava ao fundo havia parado, assim como a dança dos outros pares naquele salão de bailes. Ciel puxou levemente a gravata borboleta do akuma, fazendo-o abaixar-se, para que pudesse lhe sussurrar uma ultima coisa é uma ordem. o tom aveludado usado na palavra “ordem” fez outro sorriso despontar nos lábios finos do mordomo que lhe respondeu a altura e em voz alta.

Yes, My Lady disse Sebastian beijando o dorso da mão do menor que corou levemente com o toque inesperado do outro.

O mordomo deixou Ciel em meio aquela confusão de pessoas da dita “alta sociedade” da Inglaterra e o menor passou algum tempo apenas observando enquanto os outros convidados embebedarem-se.

- Aproximadamente 00:03 da madrugada –

Ciel sorvia o liquido da terceira ou quarta, achava ele, taça de bebida que lhe era oferecida. O pequeno estava absorto de pensamentos, graças a inebriante bebida a qual foi convencido a consumir. Quando algum pensamento minimamente sóbrio vinha a sua mente logo ele fugia para longe, deixando o jovem mais a mercê da situação.

- mais alguns minutos mais tarde –

Leice** eu já disse Sebby-chan me mandou vir te buscar insistia o shinigami vermelho enquanto puxava o garoto mais novo pelos braços. O menor gemia alguma coisa sem nexo, pois estava em estado de semiconsciência. Se vier comigo eu te dou chocolates. murmurou Grell desesperado. O mais jovem ergueu a cabeça como se tivesse entendido do que o outro falava e o ruivo continuou naquele raciocínio É isso mesmo, Leice. Dar-te-ei todos os doces que quiser, apenas levante essas pernas e ande! As palavras levaram alguns instantes para surtirem efeito, mas assim que aquelas palavras foram “digeridas” o adolescente se pôs em pé, cambaleando já que seu senso de equilíbrio era nulo, e acompanhou Grell até onde ele o guiou.

- 40 minutos mais tarde, apartamento de Grell –

Assim que eles cruzaram a porta, o menor tropeçou em suas próprias pernas e foi de encontro ao chão. Como Grell estava lhe dando apoio o mesmo foi junto, caindo ao lado do corpo do pequeno conde.

Pirralho desatento! praguejou enquanto se sentava ao lado de onde o adolescente estava. Ciel, Ciel-kun... chamou e em seguida cutucou a bochecha avermelhada do menor. O pequeno não possuía reação, pois dormia profundamente. Ah... assim você fica tão kawai pequeno conde... murmurou erguendo o jovem em seu colo, como se segurasse um bebê.

O shinigami ruivo deitou o pequeno no sofá e o cobriu com uma manta vermelha. Um leve suspiro escapou de seus lábios. Talvez fosse por causa da vontade de fazer um corte na pele pálida, agora levemente avermelhada, do garoto apenas para ver seu fluido vermelho escorrer lentamente, ou talvez por o triste pensamento de que nunca teria uma criança a quem pudesse acalentar, prometer doces e cobrir na hora de dormir. Jamais teria um filho seu, já que era um homem.

A brisa fria que entrou pela janela, antes fechada, fez com que ele saísse de seus devaneios e lembranças do “doce” passado ao lado de Madame Red. A figura negra do mordomo surgiu junto com a brisa e este fato surpreendeu a ruiva, que deu um gritinho de susto.

Se-sebas-chan! exclamou, tendo sua boca logo tapada pela mão, estranhamente sem luva, do moreno. Este levou a outra mão aos lábios e com o indicador fez um sinal de silêncio. Um instante este silêncio foi mantido até que o akuma o quebrasse.

Não acorde o Jovem Mestre, se acordá-lo não poderei pagar a você pelo serviço extra que nos prestou... sussurrou novamente com o tom libidinoso. Fazendo com que Grell se arrepiasse outra vez.

As mãos habilidosas do moreno tocaram o peito coberto do shinigami e causaram novamente arrepios no ruivo. Porém estes últimos eram de medo.

Apesar de todas as bobagens que dizia como: estar apaixonada por Sebastian e outras coisas sem um único pingo de pudor; Grell só queria entregar-se por inteiro a uma única pessoa, mesmo sendo este um baka que partiu seu coração em milhares de pedaços e o akuma sabia disso.

A sorte do shinigami foi que Ciel murmurou algo e impediu, mesmo que sem querer, aquele ato.

— Sim Jovem Mestre? — Sebastian mostrou-se o mordomo prestativo de sempre, disposto a fazer o possível e o impossível por seu mestre. Enquanto pequeno dizia coisas sem sentido, como: “Por que tem um unicórnio atrás de você?”. O ruivo saiu da sala para tentar se recompor e desacelerar seu coração que estava pulsando fervorosamente.

— Se-sebb...y... — sussurrou o pequeno com um tom carinhoso, ainda oscilando entre o mundo que o álcool criara, seus sonhos e a realidade.

— Estou aqui Jovem Mestre — disse em resposta o mais velho retirando uma mecha que cobria o olho azul de seu mestre. O adolescente tinha uma espécie de névoa em seus olhos, como se realmente achasse que estava sonhando.

Ciel ergueu a mão de encontro a que retirara a mecha da frente de seus olhos e a tocou despreocupadamente. Sebastian se surpreendeu com o que o menino fez, mas ele sabia que os humanos ficam extremamente vulneráveis e atrapalhados em situações como aquelas. O mordomo deixou que sua mão fosse conduzida pela do menor que pousou ambas em seu maxilar. Os olhos do menor procuraram os avermelhados do mais velho e quando os encontraram, um sorriso terno e até mesmo bobo apareceu em seus lábios rosados. Sebastian sentou na borda do sofá, ainda encarando o menor, ficando ao seu lado.

A respiração levemente ofegante do menor abaixo de si denunciou o que o menor pretendia, porém o akuma fingiu-se de desentendido enquanto o pequeno conde deslizou sua outra mão até a gravata do outro, puxando-a levemente e encurtando a distância entre seus corpos.

— Seb-bastian... — balbuciou o pequeno com as bochechas um pouco mais coradas do que antes. — beije-me... — sussurrou em um sôfrego. Sebastian riu ardilosamente do dito pelo menor.

— Isso é uma ordem? — questionou passando a língua entre os lábios, umedecendo-os um pouco. O adolescente cerra os olhos heterocrômicos e suspira antes de voltar a exibir seus orbes um azul e o outro violeta.

— Não... é um... pedido — murmurou tendo a face dominada completamente pelo rubor. Sebastian cansara daquele joguinho e decidiu fazer o que aquela criança, levando em conta todos os seus séculos de existência, lhe pedia. Afinal, que mal haveria de ter? Ele não se recordaria de nada no dia seguinte mesmo.

A mão de Sebastian que antes estava no queixo do pequeno deslizou para sua nuca, com o objetivo de dar mais sustento a aqueles lábios para a hora que fossem dominados por ele. Apesar de tudo, o mais velho hesitou um segundo antes de agir e esse segundo foi o bastante para que ele refletisse sobre o pedido. “Seria algo que seu mestre já desejava? Ou apenas efeito do álcool?” Foram as hipóteses que lhe vieram a mente. “Mas por que estou pensando nisso? Ele é apenas minha refeição” o mordomo se aproximou lentamente ainda perdido em seus pensamentos. “Minha melhor refeição. Mas eu não poderia desenvolver sentimentos humanos, principalmente com meu alimento. Poderia?” Questionava-se confuso o mais velho, agora tendo apenas milímetros entre os seus e os lábios pequenos do seu jovem mestre.

Ciel aguardava, curiosa e ansiosamente. Para ele, aquilo era um sonho. Em sua visão de mistas realidades, eles estavam na suíte da mansão Phantomhive e o garoto pretendia macular a honra de sua família com seu mordomo. Mesmo que fosse seu akuma, mesmo que fosse só um ósculo.

Finalmente a faísca aguardada. A faísca que surgiu do encontro entre os lábios rosados e quentes do menor com os lábios gélidos do mais velho, percorreu ambos os corpos causando reações diferentes, mas tão parecidas neles.

Sebastian se surpreendeu com a maneira como se sentiu a respeito do toque dos lábios inexperientes do mais novo. Ele achava que seria como foi com cada uma daquelas mulheres sujas que se deitaram com ele apenas por sua beleza (n.a.: e sedução natural), mas foi muito diferente. Era como se estivesse utilizando pela primeira vez uma droga que agora o deixara viciado, querendo mais e mais.

Para Ciel, como já dito, foi diferente. O contato que se iniciou casto e cuidadoso, para a surpresa dele, foi como se todas as lembranças boas de sua vida que havia esquecido retornassem. Uma avalanche de bons sentimentos, como carinho, proteção e... amor, invadiu o pequeno coração, antes congelado. Ele sentia a necessidade de ter aqueles lábios frios juntos aos seus, era tão forte que achou aquele contato mais importante do que respirar.

A língua do mais velho pediu passagem e imediatamente ela foi concedida, dando a chance para que Sebastian aprofundasse o beijo. O êxtase da utilização daquela “droga” durou pouco pois segundos após a aprofundamento do contado, Ciel desfaleceu em seus braços.

Tsc. Humanos praguejou antes de iniciar uma respiração boca-a-boca no menor para devolver-lhe o ar que dele havia roubado.

Lembrança off

A mente do mordomo estava perdida naquela mesma lembrança enquanto ele percorria o caminho até o bloco de apartamentos próximo a sede britânica do Departamento Despachante dos Shinigamis.

As roupas do mestre ele havia levando no mesmo momento em que saiu de lá com ele, porém de alguma forma o “Esperança” a joia mais importante para o pequeno Phantomhive havia sido esquecida. Ele de certa forma martirizava-se por cometer um ato tão estúpido como esquecer-se da coisa mais preciosa de seu mestre na casa de um agente duplo, hora informante, hora inimigo.

Ao aproximar-se da janela por onde escapara com o mestre duas noites antes, uma pequena nostalgia o atingiu quando prendeu o olhar no sofá onde conhecera uma droga mais tentadora do que a alma de seu mestre. O calor invadiu seu peito e tentou se alojar onde deveria estar o coração da criatura, mas ele sabia que aquele calor jamais habitaria seu corpo permanentemente, já que não possuía mais o objeto pulsante onde aquele sentimento, e todos os demais, eram armazenados.

Deu um último suspiro e ele entrou.

Sebastian revirou o lugar silenciosamente, para passar despercebido pelo dono do apartamento e escondeu-se embaixo da pia quando ouviu as batidas na porta. Os passos de Grell até a porta e a pequena discussão que ele teve com seu subordinado deram ao akuma tempo o suficiente para olhar entre as panelas e os demais utensílios culinários, permitindo-o achar o que procurava. Porém a êxtase de sua pequena vitória foi cortada pela voz de Grell sussurrando para ele.

¹— O que faz aqui? — perguntou o ruivo num tom bem baixo tentando evitar que o subordinado escutasse.

— Estou aqui em ordem do Boc-chan. — murmurou o mordomo indiferente.

— Sei que sou uma das pessoas que você mais odeia e que não deveria confiar em mim, mas eu preciso que me faça um favor — pediu o ruivo agarrando a gola do fraque do mordomo que arregalou os olhos — eu te imploro Sebastian! Pode me pedir o que quiser depois, mas faça esse pequeno favor. — O moreno olhou para os olhos esverdeados suplicantes do shinigami vermelho com desprezo, mas depois pensou que poderia se livrar daquele inseto persistente e decidiu aceitar. Posso acabar me arrependendo, mas... o que seria um favor perto de a eternidade longe deste ser? pensou o mordomo voltando a encarar os olhos verdes.

— O que devo fazer senhor Grell? — perguntou Sebastian. Grell se estivesse em seu estado normal provavelmente surtaria e tentaria abraçar e beijar o mordomo, mas ele estava tão nervoso que apenas disse:

— Tire seu fraque e o colete. E também descase alguns botões, amasse sua blusa e bagunce mais seu cabelo. — o mordomo estava perplexo, mas acabou por fazer o que o ruivo pediu.

— Posso saber qual o objetivo de tudo isso? — perguntou o moreno já “amassado e bagunçado”.

— Uma pequena encenação... agora deite aqui no sofá e depois que eu abrir a porta comece a se vestir. Entendeu? — perguntou Grell estranhamente sério. O ruivo andou até a porta e a abriu. — O que foi o barulho? — perguntou Ronald que já estava impaciente.

— Bom... eu disse que estava ocupada... — murmurou Grell escancarando a porta e permitindo ao mais novo a visão de Sebastian vestindo suas roupas.— Sebby e eu estávamos... conversando — O loiro corou levemente e curvou-se.

— Desculpem-me por atrapalhar a “conversa” de vocês... eu volto outra hora... quando estiveres desacompanhado... — disse Ronald com os olhos arregalados já dando meia volta.

— Tchauzinho Ronald! — disse o ruivo acenando para o mais novo. Sebastian se levantou do sofá e surgiu atrás de Grell.

— Vamos continuar de onde paramos? — disse ele com um tom sedutor enquanto via o rapaz loiro desaparecendo pelo corredor. Grell trancou a porta e suspirou aliviado novamente. — Então é aqui que nos despedimos. — murmurou o mordomo voltando para sua pose fria e sádica.

— Muito obrigada Sebas-chan, nem sei como te agradecer! — disse o ruivo sentando em uma poltrona vermelha da sua sala.

— Trato é trato. Senhor Grell, nunca mais apareça na mansão ou em qualquer outro lugar onde eu ou o Boc-chan estivermos, entendeu? — disse ele com um tom autoritário. O ruivo assentiu e um sorriso surgiu nos lábios da figura sombria — Então... foi um enorme desprazer conhecê-lo Grell Sutcliff.²

Sebastian sabia que havia sido rude com o shinigami e sabia que não poderia evitar encontrar-se com ele, mas faria o possível para manter aquele trato.

- de volta a mansão –

Ciel tocava seus lábios, ele ainda podia senti-los sendo comprimidos pelos do mordomo. Aquela sensação era mais inebriante que qualquer bebida que já provara, era como um feitiço, uma magia que lhe roubava todos os sentidos em poucos segundos.

O Adolescente estava tão absorto em seus pensamentos que não notou quando bateram em sua porta e muito menos quando o mordomo adentrou no recinto.

— Peço perdão Jovem Mestre por entrar desta forma, mas o senhor não respondeu. — A voz do akuma foi notada antes de o garoto perceber que o mesmo estava a sua frente. O menor se sobressaltou e formou uma careta.

— Sebastian! — exclamou o pequeno com um evidente nervosismo no tom, ele sentou-se na borda da cama e cruzou os braços. O maior o fitou longamente, suspirando e sorrindo para o conde.

— Como já disse antes, perdão My Lord. — fez uma mensura que foi respondida por um aceno. Antes que o menor pudesse ter a chance de resmungar qualquer coisa, Sebastian ajoelhou-se diante dele e algo tirou do bolso. —Como mordomo dos Phantomhive cometi um erro terrível, imploro ao senhor que me aceite novamente e permanecerei ao seu lado por toda a minha eternidade — O maior lhe estendeu o anel com a pedra da cor do topázio, de nome “Esperança”. Os olhos do menor cintilaram e um arrepio breve lhe percorreu a espinha.

“Claro, novamente cairei em tua lábia” pensou o menor com ironia. “Mas eu o quero” tentou justificar a si mesmo o que faria.

No instante seguinte Ciel lhe estendeu a mão e o mordomo a tomou entre as sua com delicadeza. Os gestos suaves devolveram o anel ao polegar e, por um mero deslize seus lábios tocaram a pele alva, quando lhe beijou a pedra lapidada. O pequeno conde sentiu seu rosto ruborizar com o toque. “Este toque seria melhor se fosse em meus lábios” pensou, corando mais ainda. “que tipo de pensamentos é esses?” repreendeu-se mentalmente e sentiu o olhar do outro cair sobre si.

— Está tudo bem Jovem... — A frase do maior foi interrompida pelas mãos do menor, uma delas se ergueu em direção a seus lábios, cobrindo-os, e a outra se entrelaçou no nó da gravata negra.

— Com seus olhos, se pode ver tudo, menos o que está no coração das pessoas. Por isso eu vou ter que te mostrar o que está no meu coração. — disse Ciel, com os olhos mergulhados nos monocromáticos avermelhados do maior.

A mão na gravata se apertou ainda mais e deu um puxão, cortando quase que completamente a já curta distância entre eles. A respiração ofegante do pequeno fez brotar outro sorriso na face do maior, que ainda tinha seus lábios tapados pela pequena e delicada mão.

Ciel suspirou e retirou a mão que lhe bloqueava a visão dos pálidos lábios. “Hesitar, mesmo que por um segundo, pode ser fatal” pensou o conde antes de selar seus lábios.

Outra vez eles foram envolvidos por aquele sentimento viciante, aquele gosto viciante.

As mãos do pequeno deslizaram para a nuca do mordomo e o puxaram para aprofundar o contato. Sebastian, que estranhamente possuía seus batimentos acelerado, enlaçou a cintura do mestre com o mesmo objetivo que ele.

Logo os dedos longos percorriam o caminho pelas costas até o pescoço de Ciel. Sebastian afastou sua boca da do menor, dando-lhe segundos para respirar e em seguida a levou para o pescoço do menor, dando-lhe pequenos beijos em todo seu comprimento.

O conde sentia que a qualquer segundo seu coração pararia, mas era agradável sentir aquilo. O frio na barriga, as borboletas dançando no estômago e mais algo que ele não conseguia descrever em palavras. Que pensamento mais masoquista não?

Porém parou. Os batimentos do menor pareciam um trem descarrilado e a única coisa que conseguiu pensar foi o que disse:

— Por que paraste? — Ciel ofegava com a cabeça acima dos ombros do maior. Sebastian nada disse, ele apenas afastou o menor um pouco de si e o olhou. Um misto de pensamentos e sensações invadia-lhe a mente. “como pode meu peito bater, se eu não tenho mais um coração” pensou o ser sombrio. O pequeno, sem nada entender levou as mãos em direção a face do mordomo, e fez com que o maior fitasse seu olhos. — Sebastian, o que há contigo? — questionou, mas não obteve resposta. Duvidas tornavam o ambiente, antes agradável, tenso e incomodo. O akuma tentou desviar a face da do menor, mas este não lhe permitiu tal ação. — responda akuma! O que há de errado? O que fiz de errado? — perguntava o menino, mais para si mesmo do que para o outro. Seu tom, que se iniciou alto e recriminador, foi se tornando baixo e sofrido, assim causando um mal estar no peito de Sebastian, levando-o de volta a situação que ocorria naquele instante. — Mas que droga! Sabia que isso aconteceria! — O menor soltou o rosto do outro e se desvencilhou dos braços que lhe circulavam a cintura.

Um sentimento de ira agora assolava a mente do menor. “Baka, você merece isso por ser tão imbecil!” Dizia a si mesmo encolhendo-se em seus ombros. “Por que foste tão cruel ó destino? Porque me fez apaixonar-me por esta vil criatura?” Lágrimas vieram a seus olhos, mas seu ego e orgulho não lhe permitiriam ter pena de si mesmo e de chorar. “Isso é a prova. A prova de que tais criaturas são mais cruéis que os humanos. Prova de que os sentimentos humanos são puro desperdício.” Frases como aquela já eram autopunição o suficiente para ele e por isso agora lhe restava descontar sua fúria naquele que a causara.

Porém, o toque gélido das mãos desnudas o tirou de seu devaneio onde traçava planos para tornar a existência do outro um verdadeiro inferno.

Os orbes heterocromáticos fitaram a face sombria do outro. Um arrepio percorreu-lhe a alma “Ele não seria capaz disso... seria?” pensou, temendo por não alcançar sua vingança.

Então seus pensamentos e especulações foram destroçados quando o outro caiu de joelhos a sua frente. Uma lágrima sanguinolenta lhe escorreu a face e os olhos rubros miraram o menor.

— Perdoe-me ... — foi o que disse. Ciel estava atônito. “O que esse akuma está fazendo? Desta maneira ele vai me enlouquecer!” dizia a si mesmo sem esboçar reação. — Perdoe-me Ciel... eu ... — as palavras lhe custavam a sair, seu orgulho e sua criatura estavam em conflito com o que o seu “eu” agora pensava. “Maldito anjo que veio a esta terra maldita. Malditos sentimentos humanos cujos voltam a atormentar-me” praguejava a si mesmo e aos céus e ao inferno. — tu... ó anjo de luz... sempre iluminado pela bela luz e eu nas malditas trevas, trilhamos o mesmo caminho sombrio no final de tudo... — seu tom embargado e carregado era com dardos para o menor, que se sentia entorpecido pelo que ocorria — quando vaguei para o obscuro... arranquei meu próprio coração na esperança de que mesmo se alguém, algum dia, despertasse em mim sentimentos humanos novamente... não sentiria aquele que é a destruição de todos... Mas como é o destino... mesmo depois disto, aquele maldito vem a me infortunar... — lágrimas mais rubras escorriam pela face enquanto proferia as palavras que agiam como socos nas paredes mal erguidas que se formaram poucos instantes antes no peito do conde. — Jovem Mestre, Ciel, dir-te-ei o que fez de errado. Seu erro foi apaixonar-te por um ser das trevas que, mesmo retribuindo a ti tal sentimento, não possui um coração para lhe dar em troca do seu.

A mente mandava que o menor esquecesse seu orgulho, já que aquele belo ser que vivia pelo seu próprio o havia esquecido, e aceitasse-o. “Estas lágrimas não são falsas e creio que as palavras também não, mas por que não consigo recebê-lo?” questionava-se observando a face de orgulho ferido do outro. Por impulso tocou-lhe as lágrimas, quentes. Aquilo foi a “gota d’agua” para Ciel e, com extrema delicadeza, uniu seus lábios os dele.

“Estou cansado da minha vida de antes… Apenas sabia comer. Eu apenas quero o meu jovem mestre.”

Sebastian Michaelis


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Notas finais do capítulo

* Pequena referencia a fanfic "Diário da academia", onde Grell sofre bulling na academia para shinigamis e é chamado de aberração durante um desses episódios.

** Ciel escrito ao contrário, com o acrecimo de um "e" no final para formar um nome.

¹[...]² Cena pertencente a um capitulo da fanfic "Diário da academia"

***

Bem então é isso.
Não é a melhor one-short de todas, mas já é alguma coisa.
Espero que tenham gostado.

Kissus.

Ass.: M. Michaelis



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