O que diabos estava acontecendo com Tarasov pelo amor do cara lá de cima todo poderoso? Sério, era a minha quarta convocação para lá em 2 meses que droga, estava começando a ficar cansativo. Pelo menos dessa vez a convocação não estava me levando para a prisão em Tarasov e sim para uma Academia que ficava no limite da cidade que havia caído sob ataque de um grupo enorme de Strigois que surgiram de algum jeito que ninguém sabe.
Naquela manhã eu havia novamente sido convocada por Hans a comparecer no aeroporto particular da Corte para prestar auxílio em Tarasov, junto comigo iriam Eddie Castile e minha mãe que já estava lá esperado o reforço chegar, mas isso era o que menos estava me incomodando na situação toda, o que me pertubava era saber que hoje seria a volta de Dimitri e como eu sabia disso? Porque ele havia ligado para Rebekah no meio da madrugada do dia anterior avisando sobre sua volta para casa. Para mim.
Finalmente.
Dentro do avião Eddie Castile sentou de frente para mim já que as outras poltronas estavam ocupadas pela equipe de apoio que estava vindo sob as minhas ordens, inclinou o corpo e segurou minha mão pegando-me de surpresa já que ele em geral era sempre tão na dele quanto eu quando em serviço.
– Obrigada pela força Eddie, você realmente é um bom amigo. - Agredeci com um pequeno sorriso ao encará-lo com cuidado.
– Somos uma equipe de Guardiões e amigos antigos, é parte do nosso dever cuidar um do outro Rose. - Disse ele me olhando com cuidado também, então sua expressão tornou-se séria de repente me deixando em alerta. - Posso fazer uma pergunta pessoal?
– Somos amigos Eddie, pode me perguntar quase tudo. -Falei dando de ombros com um sorriso lateral pequeno.
– A volta do Belikov deveria ser no mínimo uma coisa boa depois de dois meses inteiros sofrendo com a ausência dele que se enfiou sabe Deus onde, mas você não parece exatamente feliz. -Disse ele com cuidado ao pronunciar cada palavra.
– É uma coisa boa ele estar voltando para a Corte Real e isso é fato que já sem ele as coisas por aqui claramente mal funcionam sem ele, mas... Droga, eu estou com medo ao mesmo tempo, ok? - Admiti suspirando ao encará-lo novamente dessa vez abandonando toda a postura de Guardiã por um momento. - Quer dizer, ele está voltando Eddie, mas porque não ligou pra mim também? Porque só notificou a Rebekah e não me deixou buscá-lo com ela? Ele mudou e eu estou com medo de que nessa mudança o novo Dimitri não tenha me incluído nos planos.
– Um amor que não se têm por vontade própria não merece ser vivido Rose, nunca se esqueça disso. Pelo menos eu não esqueço porque foi assim que meus pais se casaram. - Disse Eddie após alguns segundos em silêncio me encarando como se estivesse me analisando. - Esse com certeza não é o tipo de amor que o Belikov têm por você. Se eu viver com Dill a metade do amor que envolve você e o Belikov... Ah Deus... O paraíso após a morte não teria a menor graça. Ele te ama e isso que importa.
Finalmente chegamos em Tarasov onde imediatamente fomos recebidos por uma equipe de escolta especial de lá, comprimentei alguns Guardiões que timidamente estenderam a mão para mim e logo a situação me fora rapidamente reportada.
– A escola está sob ataque pesado e por isso pedimos reforço da Corte. Não sabemos como e nem quantos Strigois entraram lá, mas temos que tirar os alunos de lá. - Disse um Guardião de pelo menos 30 anos, alto como um poste, carrancudo, com cabelos louros que quase lhe chegavam a cintura e estavam amarrados por uma corda de couro. - O plano é entrar pela ala leste aqui e seguir procurando sobreviventes até o pátio por aqui. Guardiã Hathaway, pode fazer isso?
– São ângulos bem fechados, mas consigo ter acesso seguindo pelo telhado. Só preciso descobrir como entrar no prédio depois -Disse minha mãe analisando o mapa a nossa frente.
– Desculpe, acho que não fui específico com as instituições. Eu estava falando com a Hathaway filha. Ela tem a estrutura necessária que precisamos para essa missão. -Disse o Guardião me encarando com a mesma expressão séria de quando chegamos - Consegue entrar lá e encontrar os sobreviventes se é que temos algum?
– Posso, eu acho. Vou precisar do Castile e da Stevens comigo e mais três dos seus melhores para a cobertura de campo. - Falei de forma séria e firme colocando-me ao lado dele.
– Ótimo, eu também estarei lá bem atrás de todos para dar cobertura para sua equipe o tempo todo, mas não estou sob as suas ordens como eles. Boa sorte pessoal. -Disse ele me entregando uma mochila preta com estacas de prata, feixes de luz e uma arma e a mesma foi entregue para a minha equipe. - Aliás, pode me chamar de Robbis. Guardião Robbis. Vamos nessa pessoal, está uma linda tarde para salvar vidas.
Quem diabos era aquele Guardião afinal de contas? O cara conseguiu calar a minha mãe totalmente e me deixar extremamente irritada usando a mesma frase. E quem era maluco para usar arma de fogo contra os Strigois?
E eu definitivamente não confiava nele.
Apontei para as posições que cada um deveria assumir com cuidado uma vez que aparentemente eu estava no comando da missão toda ali, começamos a avançar cuidadosamente tendo em mente que ainda estávamos sujeitos a um ataque surpresa, olhei para o céu por uma das janelas gigantescas e praguejei coisas pesadas ao perceber que a coisa toda havia ficado mais grave quando notei que havia começado a escurecer lentamente lá fora. Estávamos ficando perigosamente sem tempo para agir e verdadeiramente mais sujeitos a um ataque surpresa.
A medida que avançavamos senti uma pressão estranha no peito crescendo. É claro!
– Todos para trás imediatamente, eu posso sentir a aproximação deles, estão em algum lugar acima de nós. -Avisei falando o mais baixo possível - Eddie quero você e a minha mãe comigo. O resto se espalha pelos andares de baixo. Eu pego os de cima.
Comecei a avançar bem devagar tentando manter todos os alarmes do meu corpo funcionando, então minha cabeça explodiu no exato momento em que todos os Strigois apareceram nos cercando rapidamente.
Ah que droga!
– Todos para fora imediatamente, é uma armadilha. -Falei pegando minha estaca na cintura, assumindo posição de ataque.
– Nada de saídas pessoal, estamos completamente cercados por eles. Vamos precisar lutar se quisermos uma chance de sair daqui com vida, não temos escolha. -Disse Eddie com as costas colada contra a minha assim como a da minha mãe.
Porque raios eu estava reclamando da situação mesmo? Eu praticamente havia pedido por um ataque Strigoi a meses... E havia conseguido um.
– Vamos nessa galera, hora de mandar todos eles para o inferno. - Falei sorrindo de lado avançando sobre os Strigois na minha frente.
Eu me sentia num filme de terror desses bem pesados que não se recomenda assistir sozinha, havia corpos caindo um após o outro e sangue para todo o lado numa confusão que parecia não ter um fim, quanto mais Strigois eu acertava com minhã estaca mais deles surgiam.
Em determinado momento houve um som estridente desagradável preenchendo o ambiente e um Strigoi praticamente explodiu ao meu lado fazendo seu sangue espirrar por todo meu corpo, olhei para o meu lado esquerdo e encontrei o Guardião Robbis em pé no topo de uma das escadas atirando com um rifle na cabeça dos Strigoi e isso parecia funcionar muito bem até uma Strigoi o pegar por trás e ambos rolarem escada abaixo, imediatamente corri e puxei a Strigoi a fazendo voar para o outro lado do cômodo com uma estaca no peito que havia no chão ao meu lado.
– Robbis levanta! Não vêm com essa de corpo mole pra cima de mim agora cara e levanta desse chão ou vamos acabar morrendo e eu não palnejei isso, além do faro de ter duas meninas de quase 7 meses em casa me esperando para abraçá-las prometendo ficar tudo bem! Anda! Eu não estou pedindo seu idiota! -Ordenei o ajudando a sair do chão e andar com ele apoiado em meu ombro.
– Como você chegou até mim tão rápido Guardiã Hathaway Mazur? -Ele perguntou quando o coloquei encostado numa das paredes de concreto sentado no chão e comece lutar logo em seguida.
– Sério que pensou ser uma boa hora para bater papo agora? Estamos a ponto de morrer seu grande imbecil e você vêm e... Mãe bem atrás de você do lado direito, abaixa! -Falei olhando por cima do ombro da antes de agir, girando o corpo e acertando o Strigoi no peito com uma voadora antes dele conseguir chegar na garganta da minha mãe. - A minha mãe é uma chata e fala as coisas muitas vezes desnecessárias, mas ainda é minhã mãe. Nela ninguém escosta. Idiota.
– Vou levar isso como aceitação ao meu pedido de desculpas. -Disse ela sorrindo ao me ajudar a sair do chão rapidamente.
– Você pode ir lá em casa conhecer as gêmeas quando voltarmos para a Corte. -Falei com um pequeno sorriso lateral ao abaixar para pegar novamente minha estaca de prata.
Mal havia levantado e outro Strigoi, pulou de algum lugar que não vi, me acertando a lateral do corpo, imediatamente me prendeu no chão embaixo de si batendo meu corpo com força contra o piso me fazendo cuspir sangue.
Merda, aquilo era um péssimo sinal e em algum momento senti dentes afiados sendo cravados em meu pescoço causando-me uma dor horrível, após poucos segundos lentamente minha consciência foi diminuindo, então do nada o Strigoi que havia me dominado simplesmente sumiu, uma sombra preta e alta começou a correr pelo local todo com uma velocidade incrível derrubando um Strigoi após o outro com algo brilhante nas mãos; provavelmente aquilo era uma estaca, parecia que havia mais Guardiões no local agora também e então um perfume invadiu o ambiente.
Era cheiro de colônia pós-barba... Colônia Russa! Quer dizer, com toda a certeza do mundo existiam milhares de pessoas espalhadas pelo mundo todo que usavam colônia Russa, mas nenhuma podia se fundir ao cheiro dele ao ponto de torná-la exatamente daquele jeito que estava se espalhando pelo ar!
Então sim, eu tinha certeza de que era ele. Dmitri estava ali de algum jeito!
– Dimi...-Tentei falar desesperada para romper com a escuridão que tentava me envolver, mas eu mal conseguia abrir os olhos para entender o que estava acontecendo, mas pelo silêncio que se formou parecia que tudo havia acabado.
Senti os braços macios de Dimitri me envolvendo de forma protetora, puxando-me do chão frio de encontro ao seu peito com cuidado provavelmente ao perceber que da mesma forma que eu imaginava, minhas lesões de luta eram muito piores do que deveriam, novamente aquela mesma sensação de vazio me atingiu e ao olhar a minha volta vi alguns fantasmas da outra dimensão me cercando lentamente com suas expressões mórbidas de dor, encontrei entre eles os pais e o irmão de Lissa, a Rainha Tatiana e Mason.
Algo começou a acontecer a minha volta no plano real, então rapidamente forcei meu corpo ferrado a continuar funcionando ao menos para ouvir o que ele estava fazendo, parecia estar tentando me fazer respirar.
Como assim? Eu havia parado de respirar?
– Guardião Belikov, eu sinto muito... Precisa levantar desse chão imediatamente, ela está morta. Sinto muito. A Guardiã Hathaway Mazur está morta. -Disse Robbis de algum lugar que eu não tinha a menor ideia.
– Não diga isso novamente nunca mais! Se afastem! Por favor! Se afastem.... Se afastem! Se afastem dela imediatamente... Por favor, só... Se afastem. -Implorou Dimitri aparentemente caindo de joelhos contra o chão de concreto ainda comigo nos braços, suas lágrimas começaram a molhar minha pele.
Eu queria poder fazer alguma coisa para acalmá-lo de toda aquela agonia horrível, queria ter forças o suficiente naquele momento para levantar a mão e acariciar os cabelos dele que eu nem havia conseguido reparar se já estavam grandes como eram antigamente, queria poder fazer uma infinidade de coisas, mas infelizmente ao que parecia dessa vez realmente não havia saída. Eu estava literalmente na porta do mundo dos mortos.
– Rose, amor. Sei que você está com dor. Mas eu quero que preste atenção. Fique acordada... E me ouve. Eu me lembro de tudo. Tudo voltou de repente enquanto eu estava na Rússia. - Disse ele com desespero crescendo em sua linda voz sempre fortemente carregada pelo sotaque russo a medida que as palavras saíam de seus lábios aparentemente trêmulos. - Eu me lembro. Eu me lembro das vezes que eu sentava no último banco da Igreja da Academia e te olhava... Imaginando nos dois entrando naquele lugar para nos casarmos um dia... Para que pudéssemos ter uma família. Por favor, volta para mim. Pot favor. Eu me lembro.
Senti como se todo meu peito estivesse começando a aquecer em segundos, não sabia dizer se isso era bom ou ruim então só me restava controlar o pânico que me envolvia e esperar para entender o que estava acontecendo. Em determinado momento senti como se duas forças invisíveis estivessem brincando de cabo de guerra com o meu corpo e ficavam cada uma me puxando para uma direção até que uma venceu...
– Se você morrer, eu morro. E não estou pronto ainda pra deixar esse lugar. Este momento ainda é nosso. Lembro de cada momento. Lembro de tudo. -Disse Dimitri encostando a cabeça em meu peito soluçando forte enquanto as lágrimas corriam.
Uma espécie de luz como um foco cegante me pegou e então consegui perceber que dessa vez não havia morrido.
De novo.
– Poxa, até que enfim! -Falei com um fraco e pequeno sorriso lateral levantando minha mao e tocando o rosto dele com cuidado e então o beijando.
– Porque não disse que as coisas eram tão intensa assim? - Questionou ele levantando cuidadosamente comigo aninhada em seu peito.
– Porque não pode contar pra alguém que ela te ama. -Falei sorrindo, sentindo as lágrimas fluírem rosto abaixo enquanto o puxava para um beijo.