Ao que parecia o lance da reconstrução de memórias estavam começando a convencer Dimitri sobre a vida incrível que tínhamos juntos, ele queria tudo aquilo de volta mais do que qualquer coisa no mundo e isso me enchia de esperança com relação ao que envolvia todo o nosso futuro juntos. Nossas filhas tinham o apoio do pai mesmo que esse não conseguisse lembrar de quando as tive ele estava cuidando delas de uma forma que nem mesmo eu fui capaz de fazer e eu não sabia dizer se me sentia mal ou não com isso. Era para eu ser a responsável dessa vez e havia falhado cruelmente com isso, outro deslize assim e não sei onde as coisas podem parar. Eu tinha que começar a agir com mais responsabilidade, pelo menos por mais algum tempinho até Dimitri pegar de volta suas memórias - Tudo bem que ele parecia disposto a criar novas, mas mesmo assim seria bom ele ter todos os ângulos da nossa história assim mesmo.
Uma das vantagens de finalmente ser uma Guardiã formada era o fato de não precisar mais viver dentro de uma bibliotecas entediantes procurando por respostas, engraçado que era a primeira vez na minha vida que ficava feliz em estar errada sobre alguma coisa, voltar a Academia São Vladimir poderia ser o ponto chave para trazer as memórias do amor da minha vida de volta e por isso eu leria cada livro daquela maldita biblioteca se isso fosse necessário. Fazia pelo menos quase 4 anos que eu não entrava naquele lugar cheio de estantes acumuladoras de poeira, mas ainda assim lembrava com clareza da ala que Christian Ozera havia pego os livros contendo algumas informações sobre Anna e o Vladimir. Eu tinha que encontrar respostas o mais rápido que eu pudesse. Era minha única chance de entender o que estava acontecendo e porque.
A bibliotecária era a mesma da minha época de aluna, devia estar perto de seus 50 anos ou uns 5 anos a mais que isso, era uma Dhampira gorducha incrivelmente rígida e simpática de óculos com armação de acrílico verde musgo, seus curtos cabelos negros tinham várias fileiras de fios brancos fazendo um contraste interessante, suas roupas eram todas formais e alinhadas, todas nas mesmas cores dos uniformes que os alunos costumavam usar, sem um amassado ou mancha. Impecável. Seus olhos verdes esmeralda ladeados por rugas de expressão me encaravam com curiosidade e também uma ponta de lembrança.
– Rosemarie Hathaway, ou melhor dizendo Guardiã Hathaway Mazur, a que devo a honra da sua visita após tanto tempo que parou de nos dar dor de cabeça? -Perguntou ela abrindo um pequeno sorriso lateral ao me reconhecer. - Entre todos os lugares do mundo esse era o que você mais repugnava, não esperava encontrar você aqui embaixo novamente.
– Preciso de respostas imediatamente Senhora Minerva, tudo o que você poder me mostrar sobre São Vladimir e sua esposa Anna será de muita ajuda, por favor. Agora. -Falei com a expressão séria, não estava com tempo e paciência para ser gentil com ninguém no momento.
Minerva ajeitou seus óculos e rapidamente praticamente me arrastou para o meio da imensa biblioteca cercada por estantes de pelo menos 15 metros, pegou uma série de caixas velhas cor de areia cobertas por camadas pavorosas de poeira e então as colocou numa mesa próximo dali.
– Não me lembro desses arquivos na minha época de Academia. De onde vieram todas essas... 7 caixas de arquivos? Isso é sério? Por quanto tempo eu dormi exatamente? -Perguntei encarando as caixas com a testa franzida.
– O Padre Andrew trouxe essas caixas para cá a pouco tempo, aqui certamente vai encontrar tudo que a Academia tem de informação sobre nosso grande fundador e primeiro mestre São Vladimir e sua amada esposa Anna. Estarei na minha mesa na entrada da biblioteca, vá até lá se precisar de alguma coisa. Pode tirar cópia do que precisar naquela máquina na sessão 23-A. -Disse ela com um sorriso gentil antes de se retirar.
– Obrigada pela ajuda Minerva, posso assumir daqui por minha conta agora. -Agradeci com um pequeno sorriso gentil quando ela aos poucos se afastou.
Coloquei todas as caixas no chão coberto por um tapete azul macio que me pareceu mais convidativo que as cadeiras, tirei os sapatos sem me importar com o fato de que alguns olhares de reprovação de voltaram para mim e me sentei ao lado delas, abrindo duas delas e começando a ler os primeiros arquivos que separei dali de dentro. Era um pouco estranho. Pareciam páginas de diários velhos, continham datas na maioria das folhas, mas não contagem do ano.
" 19 de Abril,
Está acontecendo o que tanto temiamos, as trevas do inferno estão consumindo Vladimir por ele abusar de seus dons, agora ele não sai do quarto a dias, não come direito, não fala com ninguém sobre o que está sentindo. Não existe uma só reação desde a descoberta de seus poderes Espirituais e as coisas que ele fez com seus poderes. Ele está definhando aos poucos e não me deixa ajudá-lo a mudar isso. "
20 de Outubro,
Estive na cabeça dele finalmente e honestamente não sei se foi uma boa ideia, vi o quanto ele está machucado em seu íntimo, e pela primeira vez em meses consegui aliviar sua dor usando um dom que ganhei também, mas isso tem um preso par mim também. Sentir as emoções dele fundindo-se as minhas parece perigoso. É perigoso, mas eu não ligo, eu posso lidar com as emoções dele melhor do que qualquer outro, até melhor do que o próprio Vladimir e assim o farei.
17 de Fevereiro,
Vladimir está morrendo... O amor da minha vida está partindo e não havia nada que eu pudesse fazer para protegê-lo disso.
As trevas de seu dom felizmente não tiveram poder sobre ele, mas a idade sim. O legado do dom do Espírito agora está nas mãos de nossa Neta Angeline que espera sua primeira filha, que eu provavelmente não irei conhecer. Deixo então aqui registrado o quanto estou feliz. Seu nome é Janine Hathaway. Ela não pegou o gene Moroi ao que parece e tão pouco têm poderes como Vladimir... Mas isso... Sempre pula uma geração e passa para a seguinte e será para essa geração que os dons de Vladimir vão se prender. Eu sei. Consigo sentir. Não sei como, mas consigo. "
Ah meu Deus!
A neta da Anna "Beijada pelas Sombras" é ninguém menos que a minha desprezível mãe, por isso tudo isso vêm acontecendo desde que fugi da Academia pela primeira vez com a orientação-compulsão feita por Sônia Karp, porque era o início do ciclo para os meus poderes tomarem força, para que eu despertasse meu lado Moroi que aconteceria a qualquer momento na primeira coisa incrivelmente forte e abalativa o suficiente. Uma Dhampira e o gene pula uma geração por isso passou direto para mim e não para minha mãe como deveria ser ou algo assim. Mas isso não explica as minhas filhas serem Morois puras sem a parte Dhampira, explica? Claro que explica! A cronologia segundo Anna pula uma geração e pega a seguinte, agora gêmeas? Isso explica porque tive acesso a tanto poder de uma só vez de uma forma que não aconteceu com ninguém antes, porque controlo os cinco elementos que conhecemos (ar, fogo, terra, água e Espírito), porque como tudo em minha vida isso era algo raro e totalmente fora do meu controle.
Muito bem, chega de ler arquivos mega antigos abrigadores de mofo e outras coisas não muito agradáveis que eu não precisava mais encarar obrigatoriamente por ser uma Guardiã formada. Estava na hora de atualizar meu namorado gostoso desmemoriado sobre o que havia descoberto com relação a Anna e aos meus poderes fodasticamente anormais, talvez isso desse um estalo nele e ajudasse em algo. Ou talvez não, mas o fato era que de qualquer forma du precisava tentar.
Assim que cheguei na porta do quarto que nos fora disponibilizado na ala dos Guardiões onde pegamos o antigo quarto dele percebi que talvez Dimitri tivesse cansado de esperar por mim e com isso havia a grande possibilidade dele ter pego no sono. Suspirei tirando o tênis com cuidado para não cair de cara no chão antes de abrir a porta da forma mais silenciosa possível tendo uma visão linda do meu Camarada dormindo ainda completamente vestido, sorri ao encostar a porta com cuidado e então sentei no chão de frente para a cama o encarando.
Deus como ele era lindo quando estava daquele jeito onde não precisava assumir sua máscara rígida de Guardião, tão relaxado, totalmente entregue ao sono sem um pingo de tensão, esse era basicamente o único momento e as vezes nem isso onde ele realmente se encontrava de guarda baixa e mesmo assim o mínimo barulho produzido era capaz de acordá-lo imediatamente. Eu o amava tanto de uma forma que não podia ser explicada e não desistiria do nosso amor por nada nesse mundo, o destino não estava batendo de frente com uma pessoa qualquer, estava brigando com Rosemarie Hathaway Mazur e obviamente eu não iria entregar os pontos fácil. Eu não era assim.