Butterfly escrita por Aoiki Sama


Capítulo 1
Unic


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic terá uma outra de continuação, mas essa aqui, está finalizada.
Sou uma Autora do Social Spirit, e meu nome está do mesmo modo lá também - porém tem o hífen-. Se quiserem ler as outras fanfics, entre no meu perfil que lá está o link.
Boa leitura,
e bom verão - por conta da fanfic, não por ser verão-
Boa leitura



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Eu amo a praia.

O sol iluminando a branca areia, o som magnífico das ondas quebrando, os pássaros pintando o céu, os surfistas... Ah, os surfistas.

Exuberantes e sem vergonha, mostrando os corpos, balançando os fios de cabelo molhado contra a pele. Os braços batendo contra a água, o traseiro virado para o céu, completamente relaxados em suas coloridas pranchas que dançavam nas ondas calmas, esperando aquela “perfeita” onda para levantar-se e atacar.

E o bronzeado leve que ficavam depois de um dia cheio na água. Ah.

Eu amo a praia.

Era linda.

Nela, vivi minha infância e adolescência. E foi nela, que minha vida transformou-se completamente. Na verdade, foi por causa dela. Se eu não amasse tanto aquilo, eu não teria conhecido... Ele.

Ah, ainda me lembro do cheiro de protetor em meu corpo e o sol forte encher-me de suor após uma corrida até ali. Deitei em uma cadeira de praia, tirando a camisa e os sapatos, passando uma generosa parte de protetor em meu abdômen e relaxando, com os braços cruzados atrás de minha cabeça, sentindo o vento relaxar e esfriar meu corpo até eu poder entrar na água sem nenhum problema.

E não me envergonho de dizer que eu cochilei. Na verdade, eu dormi. Eu só acordei com uma risada alta, próxima a mim, escandalosa.

De primeiro, eu pensei que era meu pai na sala de estar vendo algum programa de comédia ridículo, mas, assim que a ardência na minha pele se fez presente, eu realmente me lembrei onde havia descansado.

Completamente exposto ao sol forte de meio dia.

Praguejei, abrindo os olhos lentamente, acostumando meus olhos ao ambiente extremamente claro. Havia uma cadeira de praia próximo a mim, à minha esquerda, um pouco mais acima, dando-me a oportunidade de ver apenas o os tornozelos brancos cruzados, e duas coisas completamente diferentes. Uma tatuagem de borboleta azul no pé direito, e uma tornozeleira no tornozelo esquerdo, completamente negra.

Eram pés grandes e delicados, que presumia ser de homem. E estavam com areia, demonstrando que estava ali fazia um tempo e eu não havia apenas cochilado. Mas a risada não viera dele, apenas para constar.

Podia ser loucura ficar obcecado por um pé e uma tatuagem, mas existia pessoas que se apaixonavam por menos. E aqueles pés, eram de surfistas.

Virei o rosto, não deixando óbvio que eu estava encarando. E na verdade, ele nem perceberia. Pois ele estava cochilando.

- Aoi! Acorde! Vamos, o tempo melhorou. – Alguém apareceu, provavelmente pegando algum tecido que provavelmente estava em seu rosto e o bateu forte, fazendo-o se mexer.

Os pés se mexeram. Era minha visão.

E após um tempo, ouvindo alguns resmungos dos dois, eu olhei disfarçadamente para frente, e os vi correndo, passando por mim, com suas pranchas. E o cara da tatuagem, era absolutamente gostoso. Não que eu estivesse visto o rosto, mas suas costas me diziam isso.

Não era uma costa musculosa ou larga. A pele clara mostrava um bronzeado recente, e os braços, com veias pulsantes e completamente chamativas, seguravam uma prancha azul grande e já com areia e água, o que presumi que já deviam estar ali enquanto eu dormia e perdia a cena.

O outro tinha cabelo colorido, e tatuagens pelo o corpo, mas sua pele era mais clara, e não parecia ter tanta frequência ali, apenas pelo fato de eu nunca tê-los visto ali.

As ondas começaram a ficar mais fortes e poderosas, o que indicava o início do espetáculo. Mas, como estava muito longe, não conseguira ver o rosto de quem eu realmente queria ver. O via deitado, usando os braços para ir cada vez mais fundo. Só via com nitidez o cabelo dos dois, mas, o tatuado colorido não chamava tanta atenção como o moreno, o que percebi no momento em que corria, que possuía duas tranças na raiz, na parte direita da cabeça.

E como era sexy.

Após alguns momentos, encarando o moreno completamente distante e maravilhoso esperando a onda aparecer, peguei meu celular, analisando o horário, um pouco assustado com o tempo que havia ficado ali.

Disquei o número, e esperei algum de meus pais atenderem. Não que eu morasse com eles. Apenas havia dito que almoçaria na casa deles, e eu estava extremamente atrasado. E precisava ver o rosto daquele cara.

Seria um pecado não ver.

- Onde você está, Takashima Kouyou? – Minha mãe ralhou no outro lado da linha, deixando-me desconfortável. Ela falava alto quando quisesse. Levantei da cadeira e peguei minha camisa e sapatos, andando até o pequeno bar coberto, onde tinha apenas naquela praia.

- Eu vou me atrasar um pouco, estou um pouco ocupado... – Menti, acenando para o barman, que atendia duas garotas, que encaravam-me com aquele ar de comédia. Eu estava um pouco vermelho, nada estranho.

- Hoje é seu dia de folga, seu idiota. – Brigou, fazendo-me sorrir. Abafei o celular com minha palma, e pedi ao barman uma tequila, tentando ignorar o sermão de minha adorada mãe terminar.

- Mãe, eu disse que eu vou. Guarde um pouco do almoço para mim, eu não vou morrer. – Praguejei, fazendo o garoto rir, entregando o copo de tequila, e antes dele se retirar, apontei para a garrafa, pedindo para deixa-la ali.

Acho que deveria pegar um Táxi para voltar. Minha disposição dizia que não voltaria a tempo se fosse caminhar na volta.

- Só quem está em casa ganha almoço, Kouyou. Odeio atrasos. – Revirei os olhos, servindo-me de mais um copo de tequila. As garotas, que me encaravam engraçadas, pareciam agora olhar para a água, um pouco confusas, fofocando. Provavelmente do cara. Mas se eu virasse, iria esquecer minha mãe.

- Ei, não faça isso comigo... Eu estou ocupado... Estava caminhando e parei para resolver uns problemas. Recebi uma ligação importante do trabalho...

- Hm... Venha agora para casa, vamos sair. – E desligou, deixando-me animado. Não pelo fato de sair com a família, e sim por ter a liberdade de virar para olhar o cara, que continuava virado. Mas ele estava indo embora, segurando o amigo pela cintura, que parecia ter torcido o tornozelo.

Droga.

Eles, ainda estavam um pouco próximos, na cadeira de praia. Se levantaram e arrumavam as pranchas no braço, de um modo que não machucasse mais o amigo, agora, mais obviamente, principiante. Peguei meu celular e abri a câmera descaradamente, dando zoom e tentando focar no moreno, a foto não ficaria com uma resolução boa, por causa do zoom máximo que havia dado, mas me lembraria muito bem dele. E assim que ajeitei o foco, o amigo virou o rosto, fazendo-me apertar rapidamente e abaixar a câmera.

- Cara, sério? – O Barman brincou, olhando-me divertido, como se meu sofrimento fosse realmente engraçado.

- Cara, vai se foder. – Respondi, fazendo-o dar de ombros e sair, atendendo mais algumas pessoas. Assim que os dois sumiram, deixei-me relaxar e abri a galeria do celular, praguejando em ódio. Novamente, só fiquei com os pés.

Dei zoom na foto, percebendo a falta de sua tornozeleira negra.

Olhei para as cadeiras de praia quem estávamos, encontrando o objeto esquecido na areia, próximo onde ele estava. Coloquei as notas no balcão pela bebida que tomara, e vesti minha camisa, andando até o objeto, um pouco apressado, e o peguei, analisando-o.

Estava encharcado e cheirava à sal.

Guardei-o em meu bolso, e fui embora, olhando por todo o percurso para ver se o encontrava.

E se eu fosse sortudo, havia dito animadamente que sim, havia o visto na estrada, pedira para o taxista parar o carro, desceria e correria até ele, que se apaixonaria a primeira vista por mim. Eu diria “Isso é seu”, e nos agarraríamos, esquecendo o amigo tatuado e burro no meio da estrada.

Mas, eu não tenho uma sorte agradável, e também não vivia um filme.

Apenas voltei para casa, recebi mais um sermão da minha mãe, apesar dela saber que eu tinha idade suficiente para não necessitar daquilo, e deitei no sofá, segurando aquela maldita tornozeleira.

E cheirei-a algumas vezes, é verdade. Quando o cheiro de sal começara a não ficar tão forte, comecei a sentir um leve adocicado, como se fosse o seu cheiro.

Seu cheiro era tão gay quanto sua tatuagem.

E eu era tão gay quanto sua tatuagem. Surfistas não deviam ter uma borboleta no pé. Ele era incomum.

E jornalistas não deviam ir à praias e cheirar tornozeleiras de surfistas desconhecidos. Eu era incomum.

Já tínhamos algo para conversar. Não que eu fosse falar que eu havia cheirado sua tornozeleira todos os dias antes de dormir quando o encontrasse. Se eu o encontrasse, na verdade.

Na verdade, o "quando" virou algo mais provável, para minha felicidade. Havia virado, assim que eu soube que haveria um torneio de surfe naquela praia, e, analisando tantos surfistas, por tanto tempo, eu sabia que haveria muitos.

E provavelmente ele iria.

E eu com certeza chegaria antes de qualquer um, para analisar qualquer pé possível.

A partir daquele anúncio, passei duas semanas, trabalhando arduamente para conseguir folga no dia do torneio que seria alguns dias antes do verão acabar.

Eu havia ficado completamente obcecado. Eu não havia visto seu rosto, ou seu abdômen – o que eu mais venero-. Apenas o pé e costas. E surpreendentemente, aquilo foi suficiente para atiçar-me de um modo nunca esperado por mim. Eu estava perplexo com minha atitude.

Claro que eu não iria me envergonhar depois daquilo tudo que estava fazendo, mas também não iria parar naquele momento.

Eu tinha uma oportunidade e uma desculpa completamente perfeita para falar com ele. E como bom jornalista, eu iria usar tudo que tinha.

Passou-se as semanas e não apenas meu receio aumentou, como minhas esperanças e felicidade. Estava quase saltitante. Queria ver o rosto que tanto havia sonhado, e cara, como eu precisava saciar meus desejos de ver aquilo. E talvez vê-lo seminu e molhado na água.

Quando chegara o dia do torneio, havia passado a madrugada com meu amigo de trabalho, e não houve tempo de colocar uma roupa típica para praia e areia, e apenas troquei os sapatos, colocando uma sandália de dedo, e correndo, com roupa social para uma praia.

Atípico, mas existiria uma atração melhor que meus dedos brancos e pouco fedidos à mostra. Liguei o carro e corri à direção da praia, chegando em menos de uma hora. Estava suando antes mesmo de sair do meu carro muito bem aromatizado, e certifiquei-me de levar meu celular e a tornozeleiras, enfiando ambos em meu bolso.

Tranquei o carro assim que bati a porta, e andei à praia, que estava a alguns metros de distância. Avistei uma arquibancada de madeira, grande, em direção à praia e muitas pessoas já ali, a maioria hippies, garotas e outros surfistas. E eu.

O único de blusa social e calça escura, com uma sandália de dedo.

Mas quem disse que eu me importava, eu queria descobrir quem era o cara da tatuagem. Olhei para os concorrentes, com as pranchas fincadas na areia, alongando-se, ou conversando com algumas pessoas, esperando o torneio começar. O lugar havia uma pequena passarela no meio do ambiente, com tochas e luminárias.

O bar estava bem arrumado, e uma área fora marcada com tochas, postes falsos de madeira e luminárias, deixando bem evidente que haveria uma festa após tudo aquilo. Andei pela passarela até a arquibancada, pedindo educadamente até chegar ao topo da arquibancada, olhando para as costas de todos.

Olhei os pés de alguns homens ao meu lado, e praguejei ao perceber que a maioria estava com sapatos. O lugar estava limpo e sem areia, claro que estariam arrumados.

Concentrei-me no cabelo, procurando uma cabeleira negra com algumas maravilhosamente perfeitas tranças na lateral. O local começou a encher. Pessoas em pé, e nas laterais da arquibancada, no bar ou sentadas um pouco distante.

O mar começou a enfurecer-se, e os concorrentes – Nenhum era ele- começaram a se alongar, e mover os braços. Se eu não estivesse procurando uma pessoa, eu estaria percebendo o modo que os músculos cresciam a cada posição mais exposta.

Decidi descer da arquibancada e procurar nas pessoas em que não tinha alcance e procurar pela tatuagem. Passaram-se semanas, provavelmente havia cortado o cabelo.

Bom, eu estava querendo que fosse mesmo aquilo.

Abri a galeria do celular, e coloquei na foto, decidindo pagar um pouco mais de vergonha, e procurando todos os homens de cabelos negros por ali. Cutuquei dezenas de homens, mostrando a foto do pé e perguntando se aquilo o pertencia.

Muitos riram, outros nem responderam – o que recebi isso como um não- e alguns até fizeram cara de nojo, como se estivesse o chamando de homossexual apenas por mostrar uma tatuagem.

Malditos heterossexuais preconceituosos.

Comecei a perder as esperanças. Não que eu tivesse uma chance dele querer sair comigo, ou até ele ser gay. Talvez fosse um heterossexual que gostava muito de borboletas.

Andei ao bar, poucos minutos antes, e pedi ao barman uma dose de Vodka. Limpei o suor da minha testa com minha manga, e abanei-me com minha mão em uma velocidade exagerada, sentindo-me derreter naquele sol.

Olhei para os lados, ouvindo o anúncio de um dos jurados. Ele não devia aparecer ali.

Resmunguei, recebendo a dose e ingeri rapidamente, olhando para um pequeno grupo de pessoas que pareciam ter aparecido naquele momento. Três loiros, um moreno. De sapatos cobrindo qualquer tatuagem que estivesse ali, e cabelos médios e arrumados, com um chapéu bege graciosamente arrumado na cabeça. Sua bermuda bege saruel, vestido de uma camiseta branca e fina, quase mostrando seus mamilos, e grandes óculos escuros no rosto, cobrindo mais o seu rosto.

Suspirei, desbloqueando o celular e abrindo a foto mais uma vez. O grupo conversava animado, e o moreno, em um ato de sorte minha, andou até o bar, do lado oposto onde eu estava, esperando o barman o atender.

Andei até ele, já com poucas esperanças, e cutuquei seu ombro, ouvindo um resmungo baixo de desaprovação. Quase desisti na hora de falar qualquer coisa. Quase.

Mas ele se virou.

Ele havia tirado os óculos, e a luz havia dando-me uma visão completa de seu rosto. E que rosto. Seus lábios grandes fora a primeira coisa que chamara minha atenção. Um piercing negro jazia em seu lábio inferior, enfeitando e chamando ainda mais atenção. Seu rosto dava uma sensação de maciez absoluta, e seus olhos negros eram extremamente sedutores e brilhantes.

Seu cenho estava franzido, e assim que vira minha roupa, e analisando as áreas já úmidas de suor, ele sorrira minimamente, caçoando da minha situação. Olhou para meus pés quase nus, rindo ainda mais.

E cara, que sorriso.

Havia até esquecido o que iria perguntar.

- Acho que o amarelo não combina com sua roupa. – Disse, apontando para meus pés, virando-se completamente, pegando o copo de bebida nas mãos. Sua voz era grossa, arrepiando minha cútis de certa forma.

- Oi, desculpe interromper... – Disse a frase que já havia repetido dezenas de vezes naquele dia, fazendo-o sorrir mais. Ele era lindo, mas estava me irritando um pouco com aquele maravilhoso sorriso. Seus dentes eram um pouquinho tortos, dando um ar mais descontraído e bagunçado para sua personalidade.

- Cara, isso parece ensaiado... – Riu, virando apenas a parte superior e pedindo para o outro barman encher seu copo mais uma vez. Dei de ombros, esperando-o virar para quase bater a tela do meu celular em seu rosto, vendo-o arquear as sobrancelhas e sorrir minimamente.

- Essa é sua tatuagem? – Perguntei, vendo-o olhar mais uma vez para a foto, voltando a atenção para mim, rindo. – Responda logo. Já perguntei para todos os homens dessa praia e ainda não recebi a resposta esperada e você é o último, até eu sumir daqui e ir dormir, pois, pelo que pôde ver, eu ainda não fui para minha casa depois do trabalho.

- Você está realmente obcecado por essa tatuagem... Quer fazer uma parecida é? – Perguntou brincalhão, sorrindo com meu sofrimento. Todos adoram rir do sofrimento alheio.

- Não te interessa, merda. Bom agora, se não se importa, diga logo não para eu ir embora. – Ele deu de ombros, sorrindo com os lábios grudados no vidro do copo e encarando-me divertido. Extremamente sexy.

- Eu conheço o cara com essa tatuagem. Me dê seu celular, e você telefona para ele. Diz que é meu amigo, e fale para ele vir para cá. – Olhei-o confuso, e ele revirou os olhos, puxando o celular de minha mão, e digitando o número, entregando-me o celular.

- É melhor não...

- Deixe de ser marica. Passou a manhã toda para amarelar agora? – Revirei os olhos, apertando para chamar, e coloquei o telefone no ouvido, ouvindo chamar. E após alguns segundos, esperando e olhando-o beber mais um copo de bebida, ouvi o toque de seu celular alto, e ele o pegou na mãos, atendendo-o. – Moshi Moshi...

E assim que percebi, ouvindo baixo sua voz na minha linha, eu percebi o que estava acontecendo. Era ele.

Cara, e ele era gostoso. E eu estava falando com ele rudemente.

Desliguei rapidamente, e o encarei, envergonhado. Ele sorria, guardando o celular no bolso, e pedindo mais uma dose. Como ele bebia. Não que eu fosse fraco. Eu provavelmente era muito mais forte para bebidas. Não que fosse relevante naquele momento.

Era ele.

E eu rapidamente, esqueci o que deveria fazer ou falar.

- Eaí? Como você tem a foto do meu pé? – Riu, olhando-me divertido. Abri a boca algumas vezes até a voz decidir sair junto, um pouco mais fraca.

- Não importa...

- Claro que importa. Você pode ser um assassino tentando se enturmar para levar meu dinheiro. E você não conseguiu muito bem, aliais. Deve se usar o disfarce completo. – Sorri envergonhado, ouvindo sua gargalhada baixa.

- Bom, eu queria descobrir pa-para... – Desviei meu olhar do seu, que me deixava extremamente mais nervoso e sem graça. Estava mais fácil com os caras mais feios e mal-humorado. – Devolver sua tornozeleira que você perdeu.

- Minha... Ah claro... Só para isso, com certeza... – Revirou os olhos, rindo da minha cara. Fiquei encarando-o aéreo enquanto ele sorria e bebia mais uma dose. Lambeu os lábios, passando a ponta pelo piercing, atiçando-me. Que cara filho da puta. – Cadê?

- O que? – Sorriu novamente, estendendo a mão esquerda.

– A tornozeleira.

- Ah! Claro... – Ri envergonhado, procurando em meu bolso e estendendo, sorrindo para si. Ele retribuiu o sorriso e fechou o punho, guardando no bolso e pedindo mais uma dose. Tossi forçadamente e antes de gaguejar mais uma vez, sorri forçadamente. – Bom, eu estou indo... Para casa, tomar um banho...

- Ah, vá mesmo. – Disse um pouco mais lento, estendendo o copo cheio, e sorrindo antes de beber. Virei-me, andando para sair dali. Mas, após dois passos, parei. Eu não cheguei ali para entregar aquilo.

Como ele disse. Pare de ser marica, Kouyou.

Virei-me novamente para sua direção, vendo já de costas. Cutuquei-o novamente, mais nervoso dessa vez. Antes mesmo dele virar com aquele sorriso nos lábios, eu forcei-me em falar. Se olhasse em seus olhos, eu acabaria desistindo.

- Na verdade, eu não queria apenas entregar, e acho que você tem uma leve noção disso. Eu já havia perdido completamente as esperanças de encontrar o surfista de prancha azul que vi semanas atrás, mas na verdade, vi apenas o seu pé. – Disse rápido, vendo seu sorriso crescer um pouco mais. – E foi apenas uma coincidência a foto, na verdade eu estava tentando tirar uma foto sua. Não que eu tire foto de todos os caras que vejo e acho extremamente atraentes, mas suas costas e pés foram suficientes para me deixar maluco e procurar a manhã toda pelo dono do pé e descobrir pelo menos o rosto, e aliais, você cortou o cabelo e ficou muito bom também. Por quê? – Tomei fôlego, percebendo a velocidade em que cuspia todas as palavras. Corei assim que percebi que havia o chamado de extremamente atraente. Que maravilha.

- Preguiça de pentear. – Sorriu, vendo-me assentir nervoso e estalar os dedos, para lembrar o que queria com tudo aquilo.

- Bom, a conclusão é que acabei felizmente ou, infelizmente, encontrando o dono dos pés e ele é muito melhor do que imaginei, e realmente irritante, pois não para de rir o tempo todo. Quer sair comigo?

- Você é engraçado. Ainda mais com a sandália que não combina com a roupa. – Sorriu, bebendo mais uma dose, lambendo o piercing, como uma mania idiotamente sexy.

- Você quer ou não? – Alterei a voz, irritado, envergonhando-me logo depois.

- Ah, claro... Você era o cara dormindo no sol. – Riu, fazendo-me corar intensamente. Estava rezando para que não tivesse dormido de boca aberta. Seria mais vergonhoso. - Agora vá para casa, está fedendo. – Revirei os olhos, não deixando de sorrir. – E vê se não usa sandálias amarelas, são ridículas. – Sorriu, estendendo o copo e bebendo, dando uma grande quantidade de dinheiro para o barman, passando por mim, o cheiro doce invadindo minhas narinas, deixando-me mais curioso e animado.

- Não quer meu número? – Perguntei, antes de distanciar-se mais. Ele negou, virando para mim, já de óculos escuros.

- Não, marica. Meu número está no seu celular. Vá embora daqui.

Concordei, vendo-o aproximar-se de seus amigos, acenando para mim mais uma vez.

Como era belo.

Os surfistas, a areia, a praia. Tudo, para mim, era sinônimo de felicidade.

Pois foi na praia, que eu descobri minha nova obsessão. Minha sorridente, sexy, bronzeada e sarcástica obsessão.


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Notas finais do capítulo

Quem gostou, espero suas opiniões nos comentários. E quem não gostou, espero também.
A fanfic de continuação está em processo, e não será one, aplaudamos.
Até o próximo, espero que tenha agradado



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