Akuma No Riddle: Nove Anos Depois escrita por kalzcarvalho


Capítulo 12
Capítulo 12 - História de Um Enigma


Notas iniciais do capítulo

PESSOAS, ESSE É O ÚLTIMO CAPÍTULO ANTES DO EPÍLOGO ENTÃO VOU POSTAR OS DOIS JUNTOS
E DESCULPEM PELA DEMORA PRA POSTAR HJ, PROBLEMAS PESSOAIS



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***POV KAIBA***

Quando enviei Azuma Tokaku à Classe Negra, nove anos atrás, disse ter sido uma escolha ao azar. Não era totalmente mentira, nem totalmente verdade. Eu tinha, sim, curiosidade para saber como a assassina mais promissora da Academia 17 se comportaria em campo. A maioria dos que passam por aqui se tornam assassinos medianos ou ruins, incapazes de cumprir contratos um pouco mais complicados ou até mesmo, em alguns casos, de cumprir contratos. E aí ela chegou na Academia Myoujou, decidiu proteger o alvo e venceu a Classe Negra sem nunca matar ninguém. E depois de vencer a Classe Negra, não voltou à Academia 17. Mas não se escondeu, também. Não sei o que andou fazendo, mas só voltou depois de quase um ano para pegar sua graduação. Era óbvio que não tinha a menor intenção de seguir no ramo. Uma pena, pois ela teria sido excelente. Uma das melhores do nosso tempo. Exceto pelo pequeno detalhe de parar quando estava prestes a matar.

Azuma Tokaku é a última pessoa ainda viva de sua linhagem. Talvez tenha sido inocência minha, me deixar fascinar tanto por sua família, mas não parei de estudar a respeito. As informações das gerações mais recentes são praticamente inexistentes, mas existem, embora sejam vagas e imprecisas. No meio das minhas buscas, descobri que os Kuzunoha foram exterminados. Isso significa que os dois grandes clãs do passado provavelmente logo não existirão mais. Porquê eu me importo? Na verdade, não me importo. Mas, um dia, estudando alguns assassinos notáveis que passaram pela Academia 17, descobri algo interessante no que concerne um certo hacker anterior ao meu tempo, chamado Murayama Daigo; tive vontade de jogar mais uma vez com minha ex-aluna, só para relembrar dos velhos tempos.

***POV DAIGO***

Por causa do ferimento, estou preso através de correntes a uma das camas do pronto-socorro da cidade. Ainda dói um pouco, mas segundo a médica, a faca não chegou a tocar nenhum ponto importante, como a jugular.

O quarto é branco e limpo. A outra cama está desocupada. Há um armário e uma cortina aberta entre os dois leitos e uma televisão de umas 24 polegadas na parede, modelo bem antigo, ligada num canal aleatório. No teto, um ventilador com lustre.

Escuto o ranger de uma porta se abrindo. Uma enfermeira entra acompanhada por um policial magrelo, jovem, pele clara e sardas no rosto, cabelo vermelho.
– Vou esperar aqui – diz uma voz feminina, em japonês. Não é a voz de Azuma. Ichinose?
– Sr. Daigo – a enfermeira – você tem visitas – seu inglês tem um sotaque hispânico quase imperceptível. Se não estivéssemos no Chile, pensaria se tratar de uma estadunidense da região de Nova Iorque – este agente da lei vai ficar no quarto enquanto isso. Ok? – não respondo. Ela leva como um “sim” e sai. Na porta, vejo a imagem ruiva de Ichinose de mãos dadas com a garota Azuma. Elas se soltam, Azuma entra e fecha a porta.
– Azuma-sama, a que devo a honra? – pergunto, irônico.
– Ouvi dizer que você trabalhou com a minha mãe e minha avó – como ela descobriu? Enfim, não importa.
– E daí?
– Meu clã permaneceu inativo por quase um século antes disso. Eu gostaria de ouvir a sua história – apesar do que diz, sua expressão é de indiferença. Quase como se estivesse me ignorando. Apesar de não ser obrigado a nada, decido falar. Descrevo toda a missão, do começo ao fim, em cada detalhe que consigo lembrar. Chego até mesmo a recitar um dos meus diálogos com Karami.
– Eu disse, “ouvi você falando da sua mãe, outro dia”. Ela não respondeu. “Você tem uma irmã, não é?”. Ela continuou quieta. “O que há com ela?”. Ainda nada. “Karami-sama?”.
– Você parece ter uma certa tendência a tratar as pessoas com o título honorífico “sama”.
– Na verdade, era só ela – me arrependo de ter dito isso.
– Ah, é mesmo? E por qual motivo?

Eu tinha admiração por Karami, uma admiração muito profunda, mesmo que só tenhamos duas semanas de convivência. Não sei de onde veio. Simplesmente eu a tratava de Karami-sama desde a nossa primeira conversa. E aí, um dia depois do trabalho, pouco antes dela voltar com a mãe para a tal vila, ela veio até a minha casa no meio da madrugada. Parecia meio nervosa. Falou que estava em dúvida sobre o que fazia. Parecia meio bêbada, e começou a falar sobre a sua infância, mas de uma forma tão confusa e sem sentido, sem nenhuma ordem nos fatos ou lógica na sequência das memórias, que eu não entendi quase nada. Entendi que havia uma irmã péssima para os trabalhos de assassinato, e que ambas tinham crescido numa vila secreta mantida pelos Azuma onde seus últimos membros tinham passado o século inteiro escondidos. Era final de 1997. Não parecia nem um pouco com a mulher quieta, sombria, ameaçadora e orgulhosa que eu conhecera. Parecia frágil como uma taça de cristal. De repente, um clique.
– Azuma-san, em que dia você nasceu? – pergunto. Sua expressão de indiferença muda ligeiramente para um desconforto irritado.
– Porque quer saber?
– Por favor, só me responda.
– 18 de agosto de 1998 – “oh, merda”, penso.
– Não estou me sentindo bem – murmuro. Minha pressão está baixa, tenho a impressão de que vou desmaiar.
– Você ainda não me respondeu porque chamava minha mãe por “Karami-sama” – sua voz parece ainda mais fria, agora.

***FLASHBACK ON / POV DAIGO***

Karami-sama parece totalmente fora de si. São quatro e meia da madrugada, uma hora desde que chegou. Enquanto recita memórias fora de ordem e sem sentido, solta reclamações de dores de cabeça. Tinha deixado ela no sofá da sala enquanto ia buscar um copo de água e remédios. Deposito na mesinha de vidro em frente da TV. Ela tá deitada meio de lado. Usa saia preta e camiseta de algodão branca. Suas sapatilhas estão jogadas uma em cada canto da sala. Moro numa cobertura no centro de Tóquio, uma casa bastante luxuosa e paga com o dinheiro dos assassinatos.
– Aqui, Karami-sama – seguro-a carinhosamente pelos ombros, ajudando-a a se erguer. Ela continua a recitar suas memórias, dessa vez misturando-as a impropérios.
– Caralho... filha da puta... Mako, sua idiota, vá se foder... – se não fosse um momento tão sério, eu teria vontade de rir. Ela toma os remédios como se comesse um banquete, e então me lança um olhar inesperadamente duro.
– Que foi? – me sinto intimidado.
– Você está me escutando?
– Claro que estou?
– Me ajuda.
– Como? – se ela própria não consegue se ajudar, uma Azuma, como eu poderia?
– Eu... não sei... não sei o que eu faço, não sei pra onde vou... você viveu na cidade a vida toda, deve saber de algo – ela parece mais focada, agora. Deita no sofá e volta a murmurar frases aleatórias – a missão só acaba quando o alvo para de respirar... atacar para matar, atacar para matar, atacar para matar, atacar para matar... Mako, sua inútil... não, não, você que é inútil, mãe, eu te odeio mãe, vá se foder e pare de me encher... merda, abelhas... cabra leiteira... – retiro o que disse. Ela continua totalmente fora de si, com alguns lampejos de sobriedade. Talvez eu deva deixá-la dormir aqui hoje. Ela parece bastante confortável no sofá, e estamos no verão, então ela não terá frio. Pensando nisso, me levanto, pronto para ir pro meu quarto e dormir. Ela me segura pelo braço.
– Que foi?
– Me fode – ela diz. Sou pego de surpresa. Karami me puxa com uma força surpreendente, me fazendo cair sobre seu corpo, e me prende com as pernas.
– Karami-sama, o que você está fazendo? – me sinto incomodado, mas ao mesmo tempo, é o que eu queria fazer desde que a vi.
– Sabia que a linhagem dos Azuma é composta majoritariamente por mulheres? – ela revela – houve pouquíssimos homens no clã.
– Hm... muito interessante, mas...
– Eu e minha irmã não conhecemos nossos pais, mas provavelmente somos filhas de homens diferentes. Não havia nenhum na vila onde eu cresci. Sabia que a primeira vez que eu vi um homem foi aos 14 anos?
– Sim, sim, muito interessante. Karami-sama, pode me soltar, por favor? – tento afastar o meu corpo do dela. Ela responde colocando em ação sua força surpreendente mais uma vez: suas mãos espalmadas nas minhas costas me forçam, num único movimento, a me colar ao seu corpo.
– Não, não posso – ela faz silêncio por alguns segundos. Não consigo me livrar do seu aperto. Um extra para a nota mental anterior: “É SÉRIO, NUNCA MEXA COM UM AZUMA, NUNCA MESMO”. Em negrito, sublinhado e caixa alta – me fode.
– Eu preciso respirar – ela me aperta ainda mais. Sinto seus seios comprimidos em mim. Meu subconsciente entra em ação: “Daigo-san, Daigo-san. Não era exatamente isso que você se via fazendo nas suas fantasias a cada noite? E agora que a chance se apresenta, você vai dar pra trás?”. Não, não vou. Mesmo no aperto de Karami, consigo achar espaço para começar a tirar as roupas debaixo. Ela suspira, satisfeita.
– Eu nunca fodi antes, sabia? – ela sussurra, com ar de confissão, no meu ouvido.

***POV TOKAKU***


– Não estou me sentindo bem – ele fala, baixinho. “E eu não estou ligando para como você se sente”, retruco em pensamento.
– Você ainda não respondeu porque chamava minha mãe de Karami-sama.
– Azuma-san, você conhece o seu pai?
– E o que é que isso tem a ver?
– Conhece?
– Já vi que não vou conseguir nada, por aqui. Vou embora – dou-lhe as costas e caminho rápido na direção da porta.
– Azuma-san, por favor, responda – seu tom lembra um moribundo implorando pela vida.
– Não, não conheço – já estou girando a maçaneta.
– Eu... eu acho que sou eu – paro.
– Como é?
– Onde está Karami-sama? – não respondo. Apenas termino de girar a maçaneta e deixo o quarto.

***POV KAIBA***

Duas ligações para fazer, e meu “trabalho” estará definitivamente terminado. A primeira, para Murayama Daigo. A quantia de dinheiro que ele juntou ao longo da vida como hacker e assassino foi o suficiente para pagar uma excelente equipe de advogados e tirá-lo da prisão. Kobayashi Mitsuru aguarda o julgamento em liberdade, mas provavelmente será liberado também. É a lei mundial. Quem tem dinheiro nunca é punido, a não ser que entre em conflito com alguém que possua igual ou maior quantia de dinheiro. Não acho triste, acho que é uma realidade à qual posso me adaptar. E sim, isso é extremamente egoísta.
– Daigo-san – falo no momento em que ele atende. Não uso o programa de alteração de voz, agora.
– Hm, quem é?
– Eu só gostaria de fazer uma pergunta. O que achou de sua filha?
– Ah. Já sei. Você é a pessoa que me contratou, não é? Já te localizei. Identifiquei também o uso de programas para alteração de voz – sorrio, cínico com o que poderia parecer uma ameaça, mas seu tom é calmo – você não queria matar a garota, não é?
– Ora, você parece ser bem mais inteligente do que Tokaku-kun – suspiro – queria eu que ela tivesse herdado isso de você!
– Porque fez isso? – bom, essa pergunta sim, me lembra Tokaku.
– Sei lá. Eu estava entediado – respondo. E essa é exatamente a verdade. Não há nenhum motivo específico para eu ter me esforçado tanto pra botar Tokaku em contato com seu pai desconhecido num plano tão impreciso e imprevisível. Simplesmente me deu vontade e eu achei que poderia ser divertido, então fui lá e fiz. De qualquer forma, eu já sabia desde o início que aquele amador do Kobayashi nunca teria a menor chance contra Tokaku – se me dá licença, eu tenho outra ligação para fazer – e desligo.

A seguinte, é Azuma Tokaku-kun. O telefone toca por longos 3 minutos. Não adianta, Tokaku-kun. Eu sei que você está aí.

Ela finalmente atende.
– O que você quer? – ah, sua já conhecida amabilidade!
– Tokaku-kun. Tenho um último enigma pra você.
– Ok, tchau.
– O que uma pessoa deve fazer para ser feliz? – ela não desligou. Jogo os dados mais uma vez. 6 e 1. Hm... filosófico.
– O que você quer dizer?
– Até mais, Tokaku-kun! – e desligo.

***POV TOKAKU***

Maldito Kaiba. É mais uma dessas perguntas sem resposta, não é? Ele me mandou falar com o sniper. Ele sabia. Queria me provocar. Ainda não contei nada a Haru. É sábado de manhã, ela ainda dorme. Aproveita os fins de semana para dormir até tarde. Estou recostada na cama, ao seu lado. Talvez eu devesse simplesmente esquecer de tudo isso. Nunca tinha visto aquele homem na vida e ele não significa nada para mim, mas porque diabos Kaiba quis me obrigar a ouvir aquilo?

Me vem à mente a conversa que tivemos após o fim da Classe Negra. E entendo que ele não teve nenhum motivo além do impulso. E seu enigma... “os enigmas que eu venho te dando, Tokaku. Eles não têm resposta. Na verdade, se eles têm uma resposta, elas estão com você. Coe esse cérebro um pouco”. Deixo um ligeiro sorriso se apossar do meu rosto. É isso então, Kaiba-sensei?

Deito de novo, abraçando o corpo magro de Haru, fazendo-a despertar.
– Tokaku-san...
– Pode me chamar só de Tokaku – murmuro – eu te amo, sabia?
– Hmmmm... – talvez ela não esteja acordada, afinal. Droga, Haru. Não sei se vou conseguir repetir isso – também te amommmm... – então, ela abre os olhos repentinamente e se senta – Tokaku? Só Tokaku? Sério?

Abro um pouco mais o sorriso.
– Sério.


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Notas finais do capítulo

e qual é a resposta de Tokaku?





ok eu admito eu mesme esqueci :v porra Kalz porra vc é burre mew



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