Seleção Artificial. escrita por Lord


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/627376/chapter/1

Quando o Sol nasceu eu soube que meu pesadelo estava começando. Os guardas nunca entram de forma pacifica ou coisa parecida, eles apenas entram e tiram você da sua própria casa, sem precisar dar nenhuma explicação, afinal você já sabe que a sua hora de ir para o Programa. Todos os dias me pergunto se antigamente as pessoas ficavam felizes com a véspera do próprio aniversário.

Aguardei sentindo o frio na espinha, mal conseguia respirar quanto mais me mover. De qualquer modo eu voltaria para casa. Completamente mudado como minha irmã Kitty ou dentro de um caixão como meu irmão Lyu. Ninguém tinha permissão para falar sobre o Programa, mas vez ou outra algumas pessoas acabavam deixando passar alguma coisa, como os boatos de que os alimentos continham alguma substancia para deixar as pessoas com suas emoções e extintos alterados, para que assim mais brigas e mais mortes acontecessem. Uma vez, antes de ir embora Lyu disse que Kitty veio mudada porque precisou matar alguém para entrar em algum dos clãs, era isso ou morrer de fome. Não acreditei no inicio, mas quando fomos notificados de que meu irmão não chegou a completar dois meses no segundo teste eu passei a acreditar fielmente nisso.

Meu coração quase parou de bater quando a porta do meu quarto se abriu. Minha mãe e meu pai estavam acompanhados de mais duas pessoas, certamente guardas, como os que vieram buscar Lyu dois anos atrás. Lembro-me de ter entrado em pânico quando eu era pequeno e vi minha irmã sendo arrancada de casa.

- Dorian? Está na hora. – Minha mãe disse com a voz mais suave que eu já havia ouvido.

- Ok. – Respondi sério.

Levantei-me e fui em direção aos meus pais dei um abraço demorado nos dois. É claro que depois de ter dois filhos enviados para o Programa eles já haviam percebido que uma despedida longa só prolongaria a dor.

- Amamos você. – Ambos disseram ao mesmo tempo.

- Eu também. – Eu sussurrei. – Diga a Kitty que eu vou sentir falta dela.

- Também vou sentir sua falta. – A voz veio do fim do corredor.

Minha irmã estava parada em frente a porta do seu quarto. Seus cabelos escuros estavam presos em um rabo de cavalo, que deixavam suas feições da antiga Ásia (herdadas pelo lado do meu pai), ainda mais evidentes. A tatuagem em forma de raposa decorava o lado direito do pescoço e o uniforme do exército que ficava levemente mais largo do que devia cobria completamente a antiga e doce Kitty.

- Você pode levar alguma coisa de casa. – Kitty disse. – Leve isso.

Minha irmã colocou uma pequena moeda de bronze em minha mão. Em um lado havia uma raposa e no outro um G.

- Eu sou uma lenda, isso pode te manter vivo. – Kitty disse com algo parecido com um sorriso nos lábios. – Boa sorte.

***

Os guardas foram de certa forma gentis comigo. Talvez pelo fato de que a minha irmã fosse uma tenente ou talvez eles fossem simpáticos. É bem mais provável que a primeira opção seja a certa.

O carro do governo seguiu rápido e silencioso para o norte da cidade, a área norte era conhecida popularmente como ADCAP (Área de Desenvolvimento, Controle e Acompanhamento do Programa). Assim que passamos pelos portões da ADCAP o carro seguiu em direção a um prédio gigante feito de vidro e metal que se destacava entre os outros e ficava no fim da principal avenida.

- Você vai passar pela preparação e realização de exames. – Um dos guardas falou. - Depois te levaremos para as instruções e então você vai poder descansar.

- Duvido que o irmão da Genocide Fox precise de algum descanso. – Disse o outro.

- Quem?

- Sua irmã é uma lenda. – O primeiro guarda disse. – Ela conseguiu dizimar os Leões, restaram apenas alguns deles, que foram feitos de escravos pelas Raposas, sua irmã foi considerada uma das líderes mais épicas que já existiram na história do Programa.

- Mas genocídio não é uma coisa ruim? – Perguntei assustado. – Tipo, algo da segunda grande guerra do Antigo Mundo.

- Novos tempos, novos significados. – O guarda continuou. – Ela levou justiça para a maioria dos participantes do segundo teste.

- Continua sendo assassinato. – Retruquei.

Eu estava completamente pasmo, como Kitty, minha doce irmã poderia ter feito algo assim? Primeiro eu acreditaria que ela tivesse matado uma ou duas pessoas para se manter viva, assim como Lyu fez e eu terei que fazer. Mas nunca acreditaria que minha irmã era uma assassina sedenta de sangue.

- Chegamos. – O segundo guarda anunciou.

Uma mulher abriu a porta do carro assim que ele parou. Ela usava um terno cinzento e seu cabelo loiro era milimetricamente perfeito, cortado à altura dos ombros. Um dos olhos havia sido substituído por uma prótese robótica, provavelmente ela havia perdido o olho em algum momento do Programa. Porém mesmo sem o olho natural ela era de uma beleza incrível.

- Olá Dorian. – A voz dela era ácida e séria. – Sou Shannon e serei sua assistente particular durante sua estadia aqui na ADCAP, assim como eu fui a assistente de seu irmão.

- Olá. – Respondi sério. – Você conheceu meu irmão?

- Tanto Lyu quanto Kitty. – Ela sorriu. – Participei do Programa com sua irmã.

- Espero que não tenha sido ela que fez isso com você.

O sorriso nos lábios de Shannon se desfez, deixando uma expressão séria e profissional no lugar.

- Vou te levar para os primeiros testes. – Ela disse entrando no prédio.

Segui Shannon por um amplo salão até um grande elevador feito totalmente de vidro. Duas assistentes já estavam dentro do elevador, cada uma delas conversavam com seus respectivos participantes do Programa.

Uma assistente morena conversava com uma garota ruiva que parecia completamente calma com a situação. Enquanto a outra assistente, também morena conversava com um garoto loiro como eu.

- Esse que é o irmão da Genocide Fox? – A assistente que conversava com a garota desviou o olhar para mim.

- Sim. – Shannon respondeu de certa forma orgulhosa. – Esse é Dorian.

- Alisson. – A garota ruiva se apresentou sorridente.

- Rich. – O garoto disse com um aceno leve com a cabeça.

Ninguém disse nada até que o elevador chegasse ao seu destino. Uma ampla enfermaria repleta de equipamentos de ultima geração, todos eles cheios de botões e luzes piscando o tempo todo. Uma mulher negra com a cabeça completamente raspada comandava alguma das maquinas por um computador.

- Ceceli? – A assistente que acompanhava Rich chamou.

- Olá. – A enfermeira disse dando um pulo. – Ok, tenho mais dois grupo e isso tem que ser feito rápido. Então Olá eu sou Ceceli, a enfermeira e eu vou examinar os seus corpos, além de implantar o chip de localização. Então garotos, entrem nos biombos e tirem suas roupas.

Alisson deu uma risadinha.

- Está rindo por quê? Você é a próxima. – Ceceli disse.

Resolvi obedecer a enfermeira e me enfiem atrás do biombo e comecei a tirar minhas roupas, só então percebi que ainda estava vestido de pijama.

- Ok, vamos começar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!