The Cursed Blood escrita por Dropcandy


Capítulo 2
Novos vizinhos?


Notas iniciais do capítulo

Mais um ><
Não deixem, no final, de dizer o que acharam.



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Tinha decidido que meu dia não estava tão ruim quanto eu pensava, que encontrar aquele garoto fora só uma situação inusitada da minha vida e que logo eu iria me esquecer tanto dela quanto daquele cara. Tinha coisas um pouco mais sérias para pensar, uma delas incluía tentar sair da tristeza constante.

–Ah, droga! – falei apoiando a testa no portão quando percebi que provavelmente havia perdido minhas chaves. De novo.

Toquei o interfone e esperei alguém atender e abrir para mim, até que desisti quando lembrei que não teria ninguém em casa hoje. JUSTO hoje.

Deixei o corpo cair na calçada e apoiei a cabeça nos joelhos, procurando algum lugar para ficar até as seis da tarde que seria quando minha mãe voltaria do emprego novo.

Nenhum parente na cidade, nenhum amigo naquele bairro. Ficar na praça lendo qualquer coisa até dar o horário? Nem pensar, todos os jovens que passavam o tempo ali ou me odiavam ou era eu quem os detestava. É, a calçada era minha única opção.

Encostei-me ao muro do prédio de casa, um prédio em estilo antigo: um armazém na “base” da estrutura, e apenas dois apartamentos em cima, um de minha família e o outro á venda há mais de três anos, pintado de bege e apenas uma garagem. Ah, e com cerca elétrica, por isso, sem chance de tentar pulá-lo.

Tirei a prancheta com o desenho inacabado e o estojo da bolsa, a apoiando na coxa para terminar o trabalho. Não era nada espetacular, mas desenhar com o pouco do talento que eu tinha para isso acabou se tornando meu passatempo favorito, se não o único. Apenas o rosto de uma menina rodeado por flores, sem nenhum significado profundo, apenas uma imagem feita por alguém que vi uma vez na internet e a gravei na memória.

Outra coisa que ficaria na minha memória foi o momento em que aquele caminhão de mudança parou á minha frente, bloqueando parte da luz e me fazendo levantar o olhar para sua cabine e o motorista de lá.

Minha confusão não foi pelo apartamento vizinho ter sido vendido sem minha família ficar sabendo ou pelo fato de que o carro que trazia os novos moradores era de uma cidade muito longe daqui (o que atraiu o olhar de todos que passavam, afinal, gente nova naquele bairro era algo raro, e os que viviam ali não viam a hora de se mudarem), mas sim pelo fato de o motorista do caminhão ser o novo professor de educação física.

Encarei-o boquiaberta, deixando o lápis cair com um ruído de minha mão.

–Hey! – ele cumprimentou quando desceu do caminhão e veio até mim, me obrigando a olhar para cima com os olhos semicerrados.

–O que está fazendo aqui? – perguntei me levantando certificando de que havia uma distancia de um metro entre nós, que ele eliminou com três passos e pôs a mão em meu queixo, fechando minha boca.

– Eu que pergunto o que uma dama faz sozinha no meio da rua.

A porta do carro foi fechada abruptamente e passos soam até nós.

–Dama eu garanto que ela não é. – falou o garoto de cabelo azul passando por nós sem nem olhar para mim.

O professor revirou o olho sem o tapa – olho, e precisei morder a língua para não perguntar como ele tinha machucado o outro.

–Vamos Nevra, tenho muita coisa pra fazer.

O Nevra jogou as chaves para ele, as mesmas chaves de que eu precisava para entrar também.

–Hey – ele chamou e eu ignorei, prestando atenção no outro, o Ezarel se não me engano, abrindo o portão. Sério que eu teria que olhar para ele todos os dias as seis da manhã?

–Estou falando com você – Nevra falou e colocou os braços ao meu redor na altura de minha cabeça e se aproximando mais, diminuindo a distância entre nós – Não preste tanta atenção nele.

Eu assenti.

–Tudo bem. – empurrei-o de leve pelos ombros para trás e peguei minhas coisas do chão, deixando o cabelo comprido e castanho cobrir a lateral do meu rosto agora vermelho.

Caminhei apressada e entrei no portão que Ezarel abriu para que as coisas da mudança pudessem passar. Ou tentei entrar, até ele se por na minha frente e impedir minha passagem.

–Onde pensa que está indo? – perguntou cruzando e dando um sorriso cínico.

Apertei mais a prancheta contra o peito.

–Pra casa. Se não percebeu, eu moro aqui também. – falei olhando para a porta atrás de seus ombros, querendo entrar logo no meu quarto.

Ele resmungou jogando a franja para trás, foi quando o encarei nos olhos, as íris de um verde azulado que eu nunca tinha visto antes e que simplesmente me prendeu ali.

–É brincadeira isso, né? – ele perguntou e eu apenas balancei a cabeça, ainda olhando para aquela cor tão linda.

Ele perdeu o sorriso e ergueu uma sobrancelha.

–O que foi? – ele se afastou alguns passos para trás me olhando como se eu fosse alguma aberração.

Pisquei algumas vezes e passei por ele sem dizer mais nada, indo para a porta do meu apartamento e pegando a chave reserva que ficava em baixo do tapete da entrada. Entrei rápido sem olhar para mais nenhum e corri para o quarto, ignorando o barulho de coisas caindo e as ocasionais discussões deles e fui terminar o dever de casa – coisa que não consegui fazer direito.

(Ezarel)

–É brincadeira isso né? – perguntei, imaginando o desastre se alguém tão desastrada fosse ficar esbarrando em mim toda manhã.

Ela apenas balançou a cabeça e continuou me encarando, e eu preferia quando falava comigo olhando para algum ponto distante, ao menos eu não me sentia tão desconfortável como estava me sentindo naquele momento.

–O que foi? – perguntei irritado, querendo saber se eu tinha algo no rosto ou coisa parecida.

Ela apenas retomou a compostura e entrou no apartamento sem dizer mais nada, me deixando parado sem uma resposta.

Voltei-me para... Bom, não sabia ao certo o que eu queria dela, mas ficar sem uma resposta mesmo que fosse tola era um tanto ofensivo.

–Anda, Ezarel, abre essa porta logo, isso aqui não é tão leve assim. – Valkyon reclamou com uma caixa grande nos braços.

Escutei Nevra rindo se aproximar.

–Não era você quem tinha mais o que fazer? Preferiu ficar parado até ela voltar? – ele apoiou um dos braços em meus ombros e tomou as chaves de mim.

Não o respondi, apenas passei na frente de Valkyon quando ele foi entrar e escolhi qual seria meu quarto, batendo a porta e sentando no chão mesmo.

Suspirei e apoiei a cabeça na parede. Tinha problemas maiores para me preocupar.

Tinha um mundo inteiro para salvar.

E tempo para uma garota humana e desastrada era algo que eu não tinha.


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Notas finais do capítulo

O comecinho não é tão bom assim, mas prometo que melhora mais pra frente ^-^



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