POV Lucy

Não me surpreendi em nada quando Natsu disse que eu teria que lavar a louça, já que foi ele quem cozinhou.

Agora Natsu e eu estamos namorando oficialmente e nem posso contar isso pra Erza, já que meu celular continua sem chip já que meu outro foi atropelado por um carro. Eu também teria de avisar meus pais e logo depois apresenta-los a Natsu, e creio eu que meus pais gostariam dele, já que ele é um Dragneel e eles são ricos e influentes, o partido certo de acordo com meus pais.

Coloco o ultimo prato no escorredor, porque eu não iria secar a louça, não mesmo.

–Terminou? –me viro e vejo Natsu parado atrás de mim, com um shorts de jogo e uma regata branca, carregando numa das mãos um par de tênis. Será que ele fazia uma corrida matinal?

–Sim, e... –acabo de me lembrar que não usamos preservativos na nossa noite, mas isso não era problema algum pra mim já que nasci com alguns problemas no útero, só que Natsu não sabia disso e eu poderia me aproveitar para dar umas boas risadas- Natsu, sabe, não usamos preservativos e...

Faço uma cara séria e uma voz fina e preocupante, tentando ao máximo esconder risos.

Ao terminar de falar, não sei se é impressão minhas mas, ele ficou pálido e seus olhos se arregalaram, ele largou repentinamente os tênis da mão e colocou as mãos na cabeça.

–Ai meu Deus! –ele começou a gritar coisas sem sentido e a se movimentar pela cozinha, ainda com as mãos na cabeça e olhos arregalados.- O que foi que eu fiz?!

Começo a rir, ou melhor, a gargalhar. Ele fica olhando pra mim, com a face ainda preocupada. Paro de rir um pouco para recuperar o fôlego e seco as lágrimas dos meus olhos.

–Tá rindo de quê! –soou mais como uma exclamação do que como uma pergunta.

Respiro profundamente.

–Eu não posso engravidar, Natsu. –falo em meio a pequenos risos.

–Não? –sua expressão muda para algo mais calma.

–Não, Natsu.

Ele vem até mim e coloca as mãos em meus ombros.

–Quer dizer então que você nunca vai ter filhos? –agora ele estava triste, não consigo entender o porque.

–Não necessariamente, estamos em pleno século 21, ainda há muitas maneiras...

Ele me interrompe colocando a mão em minha boca.

–Não vamos falar disso. –ele da um sorriso, tentando mudar completamente o ar da conversa- Quer ir jogar basquete? Tem uma quadra aberta a uns dois quarteirões daqui.

–Eu não tenho roupas. –falo como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

–Eu te empresto um shorts, você pode usar essa camiseta e jogar descalça.

Dou um sorriso para ele.

*

Estamos quase chegando na tal quadra ao ar livre de acordo com Natsu. Ele ficou insistindo para poder andar segurando minha mão e depois de perder a paciência, acabei cedendo.

Antes acabei recebendo a ligação de um amigo e sócio de meu pai, que me pediu para ir até a casa de meus pais no próximo Sábado para resolvermos algumas poucas coisas sobre a empresa. Eu pude jurar que Natsu ficou morrendo de ciúmes quando vi a cara dele.

–Quer ir numa viajem comigo? –pergunto na lata, sem apresentações.

Ele faz um biquinho.

–Por que não chama se amigo? –ele falou sem olhar pra mim, com uma voz ríspida.

Em vez de começar uma discussão ou algo do tipo, eu apenas dou risada.

–Com ciúmes, amorzinho? –ele me olha e solta um “Humpf”- Olha, vai ser uma ótima oportunidade para conhecer meus pais.

–Mas já? –ele ficou boquiaberto.

*

Quando chegamos já tinham algumas pessoas lá jogando e Natsu já os conhecia. Eles ficaram conversando enquanto eu sentei num banco e fiquei no maior tédio.

Acabou que eles combinaram, sem nem ao mesmo me consultar, que iriamos fazer duplas e que poderíamos jogar com eles caso vencêssemos. Eu não me irritei nem nada, porque sozinha eu tinha chance de vencer, mas com Natsu a vitória já estava certa.

Natsu e eu iriamos contra um cara de cabelos alaranjados chamado Hibiki e um de cabelos loiros chamado Eve, que mais parecia uma criança de 13 anos.

Quando a partida começou, Hibiki e Eve saíram na frente com a bola, mas Natsu conseguiu alcança-los e roubou a bola e a atirou até o outro lado da quadra onde eu estava. Acabei pegando a bola e marcando o ponto.

O resto do jogo foi normal, sem contar as 7 vezes em que eu caí no chão e fiquei com os joelhos ralados e sangrando levemente.

Quando terminou eu me deitei no chão da quadra. Ainda bem que eu estava fazendo tratamento, porque senão agora eu estaria tendo um ataque ali mesmo, com a boca sangrando e falta de ar.

–Tudo bem? –Natsu se abaixa.

–Sim.

–Aguenta outra partida?

–Não. –ele parece desapontado- Mas talvez daqui alguns minutos.

Me levanto e vou até o banco e me sento, ofegante. O garoto chamado Hibiki se senta ao meu lado, ele também não estava aguentando muito já que das 7 vezes que eu cai, 5 foram em cima dele.

Ele coloca as mãos na cabeça e ri.

–Me pergunto como o idiota do Natsu foi conseguir uma garota como você. –ele se aproxima de mim. Que cara mais idiota, não imaginava que fosse assim.

–Me pergunto como o idiota do meu namorado –enfatizo a palavra namorado- foi conseguir um filho da puta como você.

Ele se ofende e se levanta rapidamente do banco, se colocando em minha frente com cada mão em um de meus lados no banco, ficando com o rosto próximo do meu.

–Olhe bem como fala comigo. –sem mais nem menos, ele me dá um beijo, mas a única coisa que faço é morder seu lábio. Não entendo como alguém consegue ser tão idiota e imaturo até esse ponto, é claro que tem a Lisanna mas ela já é outra história.

Ele passa uma das mãos pelo lábio que sangrava levemente, nada grave. Ele recebe uma bolada diretamente na cabeça e se vira, se corroendo de raiva.

Natsu havia jogado a bola pois vira o que aconteceu. Em sua face só se via raiva e nada mais.

Antes de Hibiki pensar em ir até Natsu e antes de Natsu começar a se movimentar até Hibiki, me levanto e cutuco Hibiki no ombro, fazendo-o se virar pra mim.

–Isso resolvo eu mesmo! –grito para Natsu, querendo dizer que eu podia acertar as coisas eu mesma.

–O que...

Dou um belo dum soco na cara de Hibiki e isso faz ele ir para trás, ficando com raiva. Antes de ele tentar fazer algo, dou-lhe outro soco só que dessa vez mais forte e ainda lhe dou uma rasteira, fazendo-o meter a bunda no chão.

Ele se vira pro lado e sem pensar duas vezes lhe dou um chute do abdômen, fazendo com que ele se contorça de dor no chão.

–Lucy. –era a voz de Natsu.

–O que foi? –falo friamente.

Ele apontou com a cabeça para as pessoas que estavam ao redor, olhando tudo. Elas me olhavam com um tom de medo.

Olho para minhas mãos. Elas estão sangrando um pouco e estão doloridas.