Liga da Justiça - The Kids escrita por Araimi


Capítulo 21
Epílogo




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Claire gostava de Nova York. Era barulhenta, fedida e as pessoas não eram muito educadas, mas Claire se sentia mais em casa lá do que em qualquer outro lugar, como se aquele fosse o lugar ao qual ela pertencia.

As vezes ela se sentia sozinha, batia uma saudade de casa e Claire sentia uma vontade enorme de voltar para sua casa, para sua vida antiga. Ao invés disso ela pegava chocolate e assistia E o vento levou chorando o tempo inteiro.

Todd não a procurou e ela estava quase superando isso. Bem, ela deveria esperar algo desse tipo. Foram duas décadas e meia, com certeza, em algum momento da vida dele, Todd achou uma garota legal, se casou com ela, teve vários adoráveis bebês olhos azuis e viveu feliz para sempre. Por que iria procura-la?

Sam e Claire se falavam todos os dias através de vídeo conferência, contando sobre seu dia, sobre como as coisas estavam indo. As aulas de Claire começariam naquele dia, mas havia tanta coisa nova em sua vida que ela queria compartilhar. Seus pais sempre estavam em contato e Rex ligava uma vez ou outra.

Ela estava feliz que suas aulas iriam começar, que ela finalmente seria oficialmente uma universitária. Então, naquele dia em particular, Claire Stewart acordou cedo, se arrumou toda e partiu para pegar o metrô. As pessoas de Nova York não sabiam que ela era a filha de grandes super heróis, ou pelo menos não davam a mínima, e ela gostava daquilo, de ser só mais um peixinho bonito na multidão.

Também não foi dada muita atenção para Claire no campus da universidade. Ainda era cedo para a primeira aula, então ela sentou-se em um dos bancos e observou as pessoas indo e vindo. Uma menina lhe chamou a atenção, principalmente porque ela deveria ter uns oito anos e com certeza não estava lá para estudar. Um homem a abordou, ele era alto, forte, com olhos azuis e cabelos ligeiramente grisalhos.

– Amber. – Ele disse, firmemente, segurando o braço da menina. – Eu disse para você ficar na secretaria.

Ela cruzou os braços, fazendo um biquinho. Seus cabelos negros cobrindo os olhos azuis.

– Mas, papai. Ficar com a Lucy é chato.

Em seu rosto quadrado apareceu um sorriso.

– É só por algumas horas, sua mãe já vem te buscar.

A menina revirou os olhos, descruzando os braços. O homem riu, pegou-a no colo e desapareceu na multidão novamente.

Claire continuou observando as pessoas, pensando em um tempo passado, em um cara de cabelos negros encaracolados e um sorriso amoroso de covinhas. Ah, com certeza, ela já tinha superado ele totalmente.

Ela passou algum tempo debatendo internamente se deveria ou não reparar nos outros garotos da faculdade, até mesmo dar bola para eles; quando viu, já era hora de se dirigir para sua primeira aula do ensino superior. Quer dizer, ainda faltava uma boa meia hora, mas ela já queria estar lá.

O professor já arrumava suas coisas quando ela entrou. Claire era a primeira aluna a chegar à classe.

– Bom dia, professor. – Ela disse, baixo, porque, de repente, sua voz parecia muito mais alta naquele local.

O homem não a olhou, ocupado demais com alguns papéis.

– Bom dia.

Ela pensou em se sentar de uma vez e esperar outros alunos, mas pensou que poderia fazer algum contato social com o professor.

– Meu nome é Claire Stewart, professor.

E estendeu a mãe, um sorriso brilhante estampado no rosto.

O professor pareceu congelar a menção de seu nome, os papéis em suas mãos alcançaram uma última vez a superfície da mesa de madeira e pararam lá. Durante alguns segundos de silencia constrangedor, nos quais o sorriso de Claire morreu e sua mão voltou ao lugar ao lado do corpo, o professor olhou para a mesa, sua respiração entrecortada. Claire percebeu que seu cabelo negro era ligeiramente grisalho.

Então ele levantou os olhos, no rosto uma expressão perplexa. Era o mesmo homem que havia corrido atrás da menininha Amber mais cedo. Eles se encararam, o azul fixo no verde.

Claire tentou sorrir novamente, mas o constrangimento a impediu.

O homem a sua frente abriu a boca, chocado, mas não conseguiu falar nada.

– Você é...

As palavras se perderam. Claire inclinou ligeiramente a cabeça, sua boca acompanhando os movimentos do homem sem querer. Ela colocou a mão sobre o peito.

– Claire Stewart. – Repetiu.

O professor congelou de novo. Depois riu. Gargalhou. A morena fechou a cara. O homem parou, o riso ainda em seus lábios e em seus olhos, fitando-a agora com curiosidade e até mesmo certo... carinho?

Claire levantou uma sobrancelha.

– Desculpe. – Ele balançou a cabeça. Estendeu a mão, esperando que ela apertasse. – Muito prazer em vê-la, Claire Stewart. – Silêncio novamente. – Eu sou Prof. Todd Hardwicke.

Agora foi a vez da adolescente congelar, sua mão já estava na do sujeito e lá ficou.

Não poderia ser o seu Todd Hardwicke, poderia?

Se fosse, havia tanto que Claire gostaria de perguntar para ele. Por que ele não a procurou? O que aconteceu em sua vida nos últimos vinte e quatro anos? Se ele era casado? Por que ele tinha uma filha, como ela já havia visto. Mas ao invés de dizer qualquer uma de todas as milhões de perguntas que tinha em sua mente, ela disse:

– Gah...

Todd inclinou a cabeça.

– O que? – Ele disse.

Claire tomou sua mão de volta para si e deu dois passos para longe do homem desconhecido a sua frente.

– Por que? – Foi tudo o que ela conseguiu formar e pareceu cobrir todas as suas perguntas.

Todd deixou de sorrir, caminhando a até de ficar em frente da mesa, inclinando-se sobre a mesma e encarando Claire nos olhos.

– Me desculpe. – Ele disse. – Eu sei que eu prometi, Claire. Mas foram anos, muita coisa aconteceu. Coisas que nem pareciam possíveis quando eu tinha quinze anos.

Ela assentiu, abaixando a cabeça.

– Você se apaixonou.

Nenhum dos dois soube dizer se aquilo era uma pergunta ou uma afirmação.

– Sim. – Ele disse, simplesmente.

– Você é casado?

– Não. – Todd balançou a cabeça.

– Eu vi sua filha mais cedo.

Todd riu.

– A mãe da Amber e eu nos separamos há uns quatro anos.

Claire olhou ao redor, checando se alguém havia entrado de supetão. A sala continuava vazia.

– Olha. – Ela disse, decidida. – Eu entendo. Foi coisa de criança acreditar que você me esperaria por vinte e quatro anos.

Ele pareceu ligeiramente triste com isso, abaixou a cabeça e o silêncio voltou. Claire pensou em como aquele simples gesto fez com que ele parecesse com o rapaz por quem ela se apaixonou perdidamente à meses atrás, ou seria anos? Deus, ela ainda era apaixonada por ele. E muito mais agora, com aquele jeito de professor sexy.

– Você está bonitão, Todd. – Ela disse, antes que pudesse se refrear.

Todd riu, abrindo os braços no ar, como quem quer mostrar todo o seu corpo.

– Eu malho agora. – Ele disse.

Foi a vez de Claire rir e, quando o silêncio chegou mais uma vez, não foi tão constrangedor.

– Sabe de uma coisa. – Disse Todd. – Acho que estarei quebrando umas mil leis e posso estar jogando toda a minha carreira fora. – Ele parou, tomando ar e olhando bem no fundo dos olhos esmeralda da adolescente a sua frente. – Me desculpe por não ter te procurado, Claire. Mas, você não gostaria de começar tudo de novo? Posso te levar para jantar?

Ela sorriu docemente, colocando o cabelo avermelhado atrás da orelha. Ela não seria realmente capaz de dizer não a um encontro com Todd, nem era capaz de ficar brava com ele, pelo amor de Deus. Um aluno entrou, reduzindo o passo quando viu Claire e o professor, mas logo alcançou seu lugar.

A adolescente lembrou-se das circunstâncias em que eles se encontravam e não pode deixar de rir.

– O que foi? – Todd perguntou.

Ela riu mais um pouco antes de responder:

– Você é meu professor, Todd. – Ele pareceu desanimar diante das palavras da garota. Claire percebeu e logo adicionou. – Isso vai ser muito louco.

Um grupo de alunos falantes entrou. Claire se preparou para seguir com a pequena multidão, mas Todd disse em um sussurro alto.

– Você não me respondeu.

Claire sorriu, mas não disse nada, apenas seguiu o novo grupo que entrava.

Mais tarde, quando a aula já estava no ápice, quando todos estavam apresentados e ligeiramente enturmados, Claire escreveu algo em seu caderno e esperou o exato momento que Todd se virava para a turma e olhava exatamente em sua direção para levantar o caderno de maneira que ninguém mais visse a não ser ele.

A adolescente observou animada enquanto um sorriso surgia no rosto de Todd e ele se perdia nas palavras. Ele pediu desculpas e continuou a sala.

Claire voltou o caderno para si, observando contente a palavra escrita em letras maiúsculas na última página.

SIM.


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Notas finais do capítulo

E chegamos ao fim!
De novo.
Espero que tenham gostado e que tenha sido uma leitura agradável. Deixem reviews e até a próxima.



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