Liga da Justiça - The Kids escrita por Araimi


Capítulo 19
Capítulo 19




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– E foi assim que as coisas aconteceram.

Shayera recostou-se em sua cadeira e deu uma mordida em sua maçã, como se tivesse acabado de contar que dia era aquele, ao invés de contar tudo o que levou ela e os outros a jogarem seus filhos em uma viajem do tempo. Desde a decisão até o jogo dos palitos. Aliás, ela ficara muito orgulhosa em dizer que já sabia que seria ela, mas tentou criar um paradoxo ou algo do tipo.

Os membros fundadores da Liga da Justiça olhavam para ela abismados, querendo perguntas coisas que eles sabiam que ela não responderia.

– Puxa. – Flash foi o primeiro a se pronunciar.

Shayera sorriu para ele e concordou com a cabeça.

Diana jogou seu corpo para frente, chamando a atenção da viajante do tempo.

– Mas, vocês não se preocuparam com que poderia ter acontecido com seus filhos? – Ela perguntou, preocupada.

Shayera do futuro olhou-a com certa indignação e respondeu:

– É claro que sim. Mas eles são nossos filhos, nós confiamos neles. – Ela deu uma olhada nos rostos que a fitavam cheios de expectativas. – Eles se conhecem desde sempre, cresceram juntos. Nós confiamos neles, porque um protege o outro. Sempre foi assim.

Eles se entreolharam, pensando no futuro que os esperava e, como não houve mais perguntas, Shayera colocou seu cabelo vermelho curto atrás da orelha e disse:

– Bem, nós partiremos pela manhã. Então, acho que seria melhor vocês se despedirem. Eu já conversei com os meninos, por hoje, eles ficaram como estavam antes da minha chegada. Mas devem estar aqui amanhã cedo.

–--*---*---

Wally e Jack nunca tiveram nenhum tipo de conversa profunda, passavam o pouco tempo que eles tinham juntos jogando videogame e comendo junk food. Mas mesmo assim, enquanto eles jogavam o último videogame e comiam a última pizza do Pizza Hut juntos antes que Jack fosse embora para seu tempo, havia uma certa comoção no ar.

Jack até havia deixado Wally ganhar uma ou duas vezes.

Ao final da noite, quando Jack caminhou para seu quarto de hóspedes, onde estava dormindo nos últimos dias, Wally segurou seu braço e os dois se encararam por alguns momentos. Wally sorriu e Jack retribuiu. O homem mais rápido do mundo puxou o garoto para um abraço.

Eles ficaram assim por alguns segundos e depois se separaram como se nada tivesse acontecido.

– Então. – Disse Wally.

– É. – Jack rebateu.

Os dois riram e cada um foi para seu quarto.

–--*---*---

Clark e Jason não passavam muito tempo juntos, eles se davam bem quando isso acontecia, mas o Superman era um homem ocupado e Jason também estava passando aqueles dias ocupado em conquistar Claire. Uma batalha perdida.

Mas naquela noite, Clark havia tirado uma folga para passar um último momento com seu futuro filho.

Eles conversaram sobre várias banalidades, sobre a vida que Clark futuramente teria, sobre Lois e sobre sua futura filha, Julia. Jason contou para ele sobre sua paixonite por Claire e como ela havia lhe dado um belo pé na bunda e tinha escolhido ficar com um nerd antiquado.

Eles riram e dividiram uma bebida alcóolica qualquer, pouco é claro, Clark não queria embebedar seu filho.

Depois que Jason havia terminado uma piada e eles enxugavam uma lágrima dos olhos, Clark disse:

– Jason, foi bom te conhecer, garoto.

Jason, ainda sorrindo, fitou seus olhos azuis no pai.

– Também foi legal te conhecer, pai. Quero dizer, como você era antes de eu nascer.

Eles trocaram um olhar cheio de significado e ao mesmo tempo sem querer nada em troca. Jason riu, abaixando a cabeça levemente, quando levantou, Clark bagunçou seus cabelos e eles voltaram as conversas banais.

–--*---*---

– Então você não contou pra ele?

Samantha tinha aquele olhar séptico no rosto, um sorrisinho de canto. Diana observou a menina por alguns segundos, imaginando que ela era realmente parecida com Matt.

– Não. – Ela disse por fim. – Acho que seria demais para a cabeça dele. Quero dizer, Matt aceita essa coisa de herói, mas acho melhor não forçar a barra.

Sam riu baixinho e enfiou sua colher na panela cheia de brigadeiro que as duas dividiam. Sim, elas haviam brigado, mas tente imaginar descobrir que sua mãe tinha uma queda pelo seu tio e havia pensando que Helena era sua filha com ele. No mínimo traumático.

Então seu pai havia aparecido na vida de sua mãe e elas começaram a se aproximar sem perceber. Seu pai normalmente fazia isso com elas.

Diana colocou uma colher de chocolate na boca, fitou Samantha por um momento e disse:

– Então, nós nunca realmente falamos sobre o futuro, não é?

Sam balançou a cabeça e disse:

– O que você quer saber?

Tudo. Diana teve vontade dizer, mas, ao invés disso, perguntou:

– Você é filha única?

Samantha deu uma risada.

– Quem dera. – Ela disse. – Mais velha de quatro.

Diana arregalou os olhos em surpresa.

– Quatro?

– É. Eu, Alex, Christine e Juno.

Samantha não disse mais nada e Diana ponderou se era melhor acabar com a conversa ou continuar.

– E vocês se dão bem?

A garota loira baixou os olhos e respondeu:

– Bem, eu me dou bem com Juno, mas ela tem seis anos e faz basicamente tudo o que mando. Já tive dias melhores com Christine, mas desde que ela entrou na adolescência e botou na cabeça umas ideias veganas a garota tá meio pirada, então é difícil conviver com ela. Alex e eu temos os nossos momentos. – Elas ficaram em silêncio. Sam riu sozinha e encolheu os ombros. – O importante é que no fim do dia nós somos uma família feliz e unida. É o que vocês sempre dizem.

Diana sorriu, mal conseguindo esperar para ter tudo isso.

–--*---*---

Sua mãe ainda estava fora de casa com sua eu bebê, então eram somente Helena e seu pai sentados à mesa. Bruce havia pedido que ela tomasse o lugar ao lado dele, mas, mesmo assim, ele era o Batman, não sabia direito como agir com ela ou o que dizer. Mas ela já estava acostumada com isso, na verdade até preferia, pois as vezes ela gostava de simplesmente ficar calada.

Wally uma vez havia lhe dito que ela era uma mistura de morcego com gato.

Bruce havia feito umas conversas casuais, nada muito profundo. Bem, até aquele momento, quando ele baixou os talheres e olhou diretamente nos olhos idênticos aos seus.

– Eu não queria perguntar isso, Helena. – Ela desviou os olhos do prato para o pai, dando-o sua total atenção. – Mas eu preciso saber o que fazer com a Selina. E se você não puder me contar o futuro, eu aceito qualquer conselho feminino.

Helena encarou-o antes de conter uma discreta risada.

– Paciência. – Ela disse. – Ela escolheu o gato porque é exatamente como ela é. O gato vai quando quer, não quando mandam. Então seja, paciente, espere até que ela venha até você, mas continue lembrando a ela constantemente que você está lá. Ela precisa ser bajulada, não ordenada.

Bruce assentiu rapidamente, logo voltando sua atenção para sua comida. Helena, porém, não conseguiu e logo acrescentou:

– Eu tinha três anos quando vocês voltaram a morar juntos. Tinha cinco quando ela foi diagnosticada por um médico de verdade com múltipla personalidade. Sete quando ela aceitou ir para uma clínica especializada para o tratamento. Eu tinha dezesseis quando ela ficou curada, ou pelo menos a Mulher-Gato não quis mais aparecer desde então. Minha mãe não era mesma, depois disso. Ela ficou melhor. Mais feliz, mais livre, mais solta. – Helena suspirou, ela levantou seus olhos para encarar o homem ao seu lado. – Irá demorar, muito. Mas no final, vai valar a pena.

Bruce soltou o que pareceu ser uma risada.

– Os finais explicam os meios. – Ele murmurou.

– As vezes até os inícios. – Disse Helena.

Ele sorriu para ela e inclinou a taça de vinho que tinha em mãos levemente, concordando. E eles voltaram para seu jantar confortavelmente silencioso.

–--*---*---

Era a primeira vez que Claire e Rex se reuniam com seus pais do passado. Os dois ao mesmo tempo.

Eles já até imaginavam o motivo e, toda vez que eles pegavam Shayera e John trocando olhares longos demais, os dois davam risadinhas contidas. Mas ninguém na casa fez qualquer comentário sobre o atual relacionamento dos dois.

O jantar foi exatamente como costumava ser, ou como seria. Cheio de conversas animadas, risadas escandalosas e eventuais restos de comida espalhados pela mesa. Ninguém tocou em assuntos sobre o futuro, ninguém queria saber o amanhã, eles estavam felizes agora, era tudo o que importava.

Sua mãe, a do futuro, havia ficado na Torre da Liga e, apesar de ter sido convidada, preferiu ficar de fora daquele momento.

Claire olhou para seus pais, que riam, suas mãos claramente entrelaçadas debaixo da mesa, então olhou para seu irmão. Seus olhos verdes brilhavam enquanto ele contava um caso engraçado qualquer que havia vivido em seu tempo no passado, seu cabelo castanho estava grudado na testa pelo suor.

Ela sentia que eles estavam mais próximos agora. Eles nem haviam passado tanto tempo juntos, nem nada de muito significante havia sido dito entre eles, mas ela sentia que algo tinha mudado. Claire sempre teve um pouco de ciúmes de como Helena cuidava de Molly, Alex de Juno, Jason de Julia, até mesmo do companheirismo estranho de Jack e Dave. Rex nunca teve muita paciência com ela e Claire nunca entendeu porque ele tinha asas perfeitas e ela não; e, quando Claire superou essa raivinha infantil, eles já estavam distantes.

Mas nada era o mesmo agora.

– Pessoal. – Ela disse. – Será que eu posso sair? Eu tenho que ir a um lugar.

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, mas logo sua mãe assentiu e ela partiu para as ruas frias de Gothan.

Ainda havia uma pessoa da qual ela precisava se despedir, uma pessoa da qual ela realmente não sabia se seria capaz de dizer adeus.

Ela e Todd se conheciam a quase um mês e meio, quase todo o tempo que ela passou ali, só estavam naquele arranjo onde beijo na boca era permitido à algumas semanas, mas, mesmo assim, ele já significava tanto para ela.

A loja de CDs ainda estava aberta, Todd estava atrás do balcão, sorrindo para um cara forte e entregando uma sacola a ele. Seu sorriso cresceu ainda mais quando viu Claire e, assim que ela estava próxima o bastante, ele colocou seus rosto entre suas mãos e lhe beijou docemente.

– Oi, Claire. – Ele disse, sorrindo bobamente.

– Oi, Toddy.

Antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa, seus olhos marejaram e Todd segurou suas mãos firmemente, fitando-a.

– Claire, qual o problema?

– Eu... – Ela olhou-o. – Eu tenho que te falar uma coisa.

Ele assentiu, abriu a portinhola e permitiu que ela entrasse e se sentasse no pufe atrás do balcão enquanto trocava a placa na porta para fechado. Quando Todd sentou-se ao seu lado, Claire o envolveu com seus braços.

– Minha mãe está aqui. – Ela disse. – Eu vou voltar para o meu tempo.

Ela encostou a cabeça no peito dele e Todd apenas a abraçou mais forte quando ela começou a chorar. Ele não disse nada, sabia que aquilo iria acontecer mais cedo ou mais tarde, só esperava que não fosse tão cedo.

– Quanto tempo? – Ele perguntou. Claire levantou a cabeça, secando as lágrimas com as costas das mãos e fitando-o intrigada. – Você viajou quanto tempo para o passado?

Claire entendeu a pergunta, mas não conseguia acreditar que ele iria realmente sugerir isso.

– Vinte e quatro anos.

Todd passou as mãos nos seus cachos negros já muito bagunçados.

– Me diga o seu endereço. – Ele disse rapidamente. – O dia em que você viajou no tempo. Eu vou esperar por você. Vou te procurar, vou te achar e nós vamos continuar onde paramos.

Claire passou a perna pela barriga dele, sentando em cima de Todd, olhando no fundo de seus olhos procurando qualquer traço de ele estava brincando.

– Você tá falando sério? – Ela perguntou por fim.

Todd colocou uma mecha castanho avermelhada atrás da orelha de Claire ternamente e assentiu. Claire sorriu.

– Você é um maluco.

Ela não deixou que ele respondesse, com uma risada, Claire colou seus lábios nos dele e esperou que o futuro chegasse logo.


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