Liga da Justiça - The Kids escrita por Araimi


Capítulo 17
Capítulo 17




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Ela não agia por impulso. Nunca.

Helena Wayne sempre tinha um plano.

Ela acordava de manhã cedo, comia suas frutas, cada dia da semana uma diferente porque a vida precisa de certa diversidade, ia para o trabalho e fazia tudo conforme o planejado, voltava para casa com a certeza de ter deixado a família Wayne alguns milhões mais rica, comia seu jantar, também diferente a cada dia da semana e ia dormir, para estar sempre disposta no outro dia. Ela não ia a festas, apenas quando extremamente necessário. Ela controlava cada pequeno detalhe porque sua sorte não era das maiores no mundo e sempre acontecia um desastre quando ela fugia do plano.

Quando tinha sete anos, Rex e Jason a convenceram a ter uma corrida de bicicletas usando apenas uma mão. Todos caíram na ladeira, mas o negócio era que os meninos sabiam voar e ela não. Acabou com seu primeiro braço quebrado e um dente arrancado antes da hora.

Aos catorze anos serviu de babá para Claire, Sam e Jack. O plano seria de que eles comeriam sua comida saudável, assistiriam um pouco de televisão e depois iriam dormir. Mas ela achou que eles haviam se comportado tão bem que mereciam um chocolate. Acabou sozinha com três crianças vomitando por todo canto da casa. O chocolate que ela havia achado na geladeira de Wally e Beatriz estava estragado.

Aos dezesseis anos perdeu a chance de entrar na faculdade porque estava especialmente alegre e decidiu ir por um caminho mais arborizado e não o que era de costume. No outro caminho, ela pegou um engarrafamento e, por mais que tenha corrido, não conseguiu chegar a tempo na entrevista.

Aos vinte e quatro anos, resolveu fazer mais do que vigiar seus amigos e os irmãos mais novos deles na casa de campo e foi festejar. Acabaram fazendo uma viajem temporal.

E, também ao vinte quatro anos, essa não era sua idade de ouro, não seguiu o plano e se afastou de seus amigos, passou por um buraco no chão mínimo e recusou ajuda para salvar seu amigo Jason de estar na situação na qual ela se encontrava agora. Presa em meio aos escombros com um bebê chorão no colo.

Bem, de qualquer maneira, era melhor do que estar morta.

Ela olhou redor, as paredes estavam muito próximas dela e o teto apenas alguns centímetros de sua cabeça, mas ela tinha que dar um jeito.

O bebê se agarrava a ela, então Helena teve um pouco de dificuldade de tirar a criança de seu colo e deixa-la sentada no chão.

– Um plano. – Ela disse, olhando para a menina, que parara de chorar e olhava para a mulher falando com ela. Helena colocou os cabelos curtos atrás da orelha e continuou: - Tudo do que nós precisamos para sair daqui é um plano.

Ela virou-se de costas para o bebê, já imaginando alguma coisa. Suas mãos passavam pelas paredes irregulares que a cercavam, de cima para baixo, da direta para a esquerda, até que encontrou algo. Acima da cabeça da menina, ela bateu com os nós dos dedos, como quem bate em uma porta e pareceu gostar do som que se formou ao redor de sua pequena caverna.

Helena sorriu.

– Acho que já sei.

Ela abaixou-se, pegou o bebê no colo e colocou-a na outra exterminada da caverna, logo voltando sua atenção para ponto onde havia batido. Ela procurou pela extremidade da pedra que estava ali e a puxou com toda a força que conseguiu obter. Demorou um pouco, mas a pedra começou a mover-se, a menina inclinou a cabeça, procurando ver melhor o que a mulher estava fazendo. Quando a pedra finalmente se deslocou, Helena baixou-a o mais cuidadosamente possível, para não machucar o bebê e voltou sua atenção para o buraco que havia se formado. Ela colocou as mãos na cintura e sorriu orgulhosa. Ela não era uma garota que espera sentada seu herói.

O buraco incrivelmente mostrava uma espécie de sala maior que dava para outra área comum do shopping. Ela estava próxima a saída, teria que retirar alguns destroços aqui e ali, mas logo estaria sã e salva junto a menina.

– Muito bem, menina. – Ela disse para o bebê. – Agora nós vamos fazer no estilo Selina Kyle. O que significa que você provavelmente não vai gostar, mas vai funcionar.

Ela sorriu e a menininha, pela primeira vez, mostrou seus dentinhos de leite para Helena.

–--*---*---

Jason ainda estava desolado. Helena poderia estar morta agora e seria tudo culpa dele. Ele deveria ter ficado e ajudado, mas o medo foi mais forte. Medo de morrer.

Era muito concreto, muita coisa, se caísse em cima dele, Jason poderia quebrar todos os ossos do corpo, na melhor das hipóteses. Ela havia feito aquilo para salvá-lo.

Helena deveria saber o que ela estava fazendo. Ela sempre via e entendia coisas que os outros não conseguiam. Ela era assim e deveria estar saindo daquele prédio por conta própria naquele exato momento.

Superman pousou onde eles estavam e disse, com uma cara série:

– Chegamos ao local onde Jason disse que ela estaria, mas não havia nada lá. Apenas um homem soterrado.

Ele olhou para a mulher de olhos avelãs que ainda procurava pelo marido e pela filha e achou melhor ir falar com ela, devido as características do homem que eles haviam encontrado.

Claire e Todd encontravam-se um pouco afastado do grupo, ela abraçava ele com força.

– Eles não encontraram ela, Todd. – Ela dizia em meio as lágrimas. – Mas tudo bem. – Claire afastou-se um pouco dele, limpando as bochechas com as costas da mão. – Ela vai achar a gente.

Todd beijou sua testa e ela voltou a enterrar seu rosto no meio dele, chorando novamente.

Shayera, Diana e Sam observavam a cena.

– Isso não vaio ser bom. – Disse Sam, olhando para a amiga e o garoto.

– Ela não disse que estava envolvida com um garoto desse tempo? – Perguntou Diana.

Sam negou com a cabeça.

– Ela tá jogando merda no ventilador. – Ela disse.

Shayera arqueou uma sobrancelha e disse:

– Você não parece preocupada com a Helena, Samantha.

Sam fitou seus olhos azuis claros na mulher ruiva e respondeu:

– Eu estou, mas ficaria mais ainda se tivessem encontrado ela machucada ou coisa pior. – Ela olhou para os destroços. – Se eles não a encontraram, significa que ela já saiu dali, se ela já saiu dali, daqui a pouco nós vamos vê-la novamente.

Bruce, John, Wally e Rex estava a poucos passos dali e escutaram o que a garota loira havia dito. Rex foi o primeiro a se pronunciar:

– É verdade. Se ela não estava lá, é porque está tentando sair. E a Helena sempre consegue quando ela que de verdade.

Bruce sorriu levemente e disse baixinho:

– Exatamente como alguém que eu conheço.

O membros fundadores da Liga da Justiça ainda não tinham comunicado aos jovens do futuro o que acontecera durante a madrugada, eles estavam esperando para comunica-los durante a manhã, mas o terremoto havia acontecido.

Entretanto, nenhum deles conseguia tirar a mensagem que eles haviam recebido. Uma mensagem do futuro. Nada muito extravagante, apenas um singelo post-it dizendo que tudo estava sobre controle e que logo alguém seria enviado para buscar os jovens do futuro. Um post-it nunca ficou tão próximo de causar uma revolução. Então, agora eles podiam se comunicar com pessoas de outros tempos?

Eles não sabiam quando exatamente o enviado chegaria, mas eles tinham a leve desconfiança de que aquele terremoto repentino era por causa dele.

Eles já iriam voltar para as buscas e não parariam até encontrar Helena Wayne, mas todos foram parados por um grito.

Da outra extremidade do shopping, caminhava uma jovem de cabelos negros curtos, que agora pareciam mais cinza, por conta de toda a poeira, ela tinha um corte na testa e havia um bebê em seus braços, um pouco sujo, mas não parecia machucado.

Os bombeiros chegaram em Helena antes que seus amigos, enchendo-a de perguntas, curativos e outras coisas, ela não soltou o bebê.

Uma mulher abriu caminho por entre as pessoas e parou de frente a ela, retirando o bebê de seus braços mais rapidamente do que ela poderia protestar, e abraçou a criança forte, beijando seus cabelos. Helena só relaxou quando viu a menina enroscar seus bracinhos ao redor do pescoço da mulher.

A mulher virou-se para Helena, seus olhos avelã como os da filha cheio de lágrimas.

– Obrigada, moça. – Ela disse. – Obrigada por salvar minha Bessie.

Helena gostou daquele sentimento em seu peito. Orgulho? Satisfação? Ela não sabia o que era, apenas que queria sentir de novo e de novo. Ela inclinou a cabeça e disse:

– Não foi nada. Eu tinha que salva-la.

A mulher a abraçou rapidamente e logo ela havia sumido com o bebê, provavelmente estavam em outro carro de bombeiros, recebendo o devido atendimento.

Antes que ela pudesse deixar o paramédico cuidar dela, um milhão de braços e pessoas caíram sobre ela, sufocando-a de uma maneira boa. Ela riu e percebeu que aqueles não eram apenas seus melhores amigos e os filhos dos amigos de seus pais. Eles eram seus companheiros, eram a sua família. Eram a sua matilha e ela era a líder deles.


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