Minha cabeça parecia girar perdida, confusa, a dor era intensa, não como anteriormente, mas sentia como se todo meu corpo houvesse sido agraciado com uma grande surra, sentia o sangue latejar em meus ouvidos, apenas aumentando minha tontura, meu estomago parecia praticar saltos e logo tornei a sentir o amargo gosto em minha boca, algo que havia se tornado comum desde a gravidez, gravidez, esse pensamento trouxe novamente toda a angustia e o medo que sentira a pouco, reuni todas as minhas forcas e me forcei a abrir meus olhos, sentindo a claridade os atingir de imediato, quase como um instinto os fechei, temendo o que poderia vir a encontrar, temendo encarar os fatos.

Tornei a abri-los ainda temerosa, senti uma forte pontada em minha testa e de imediato levei minhas mãos ao local, tocando cuidadosamente o leve corte e gemendo logo em seguida, fitei o ambiente desconhecido, buscando algo familiar, era um quarto limpo e muito claro, com uma única cama, onde eu me encontrava deitada sem minhas roupas de outrora, uma televisão presa a parede, alguns armários onde presumi estarem minhas coisas e uma confortável poltrona, uma mesinha ao meu lado revelava um lindo jarros de flores, com um cartão, cuja caligrafia não consegui reconhecer, devido a toda tontura, nada parecia familiar, a não ser é claro o loiro forte e de aparência angelical, que me fitava intensamente com seus intimidadores olhos azuis e uma expressão de preocupação em seu rosto, seus braços cruzados sob o peito logo pareceram relaxar quando percebeu que finalmente eu havia acordado.

–Oi. – ele falou somente, calmo, suave e tudo aquilo apenas aumentou minha angustia.

–Meu bebê... Steve, o que houve com o meu bebê? – tentei levantar, mas senti a tontura voltar com tudo e meu estomago praticar cambalhotas, fechei os olhos tentando reprimir o enjoou e logo percebi os braços de Steve a minha volta, me conduzindo novamente para a cama.

–Calma, ei calma, ele está bem. – senti as lágrimas de alívio tomarem meu rosto, assim como um sorriso bobo que brotou em meus lábios e nos seus. –Muito bem na verdade. – ele continuou. – Tem 4 semanas, ele e bem forte, não sofreu nenhuma alteração visível, mas você vai ter que descansar bastante, nada de esforço e nenhum estresse emocional.

Isso quase me fez rir, meu bebê era forte, sim, ele era forte, estávamos bem, todos bem.

–Então? – ele perguntou se sentando na ponta de minha cama. – O que aconteceu?

Mordi meus lábios e senti meus olhos queimarem, as lembranças logo voltaram com tudo, fazendo meu peito doer, meu coração bateu acelerado e pude ouvir os bipes da maquina ligada ao meu corpo se tornarem mais e mais intensos.

–Ei... Ei... – Tudo bem. – ele tocou meu rosto, sua mão quente emacia percorrendo minha face, imediatamente fechei meus olhos, apenas aproveitando seu toque, seu carinho., ele matou algumas gotas que desciam por minha face e tornei a abrir meu olhos.

–Não, tudo bem, você merece saber. – busquei fôlego e voltei a falar. – eu estou grávida, do seu irmão, descobri hoje e corri para ele, eu precisava contar, por que apesar de tudo é uma notícia maravilhosa não? – o indaguei, ele apenas assentiu. – Mas quando eu cheguei na sua casa, eu vi... – senti minha garganta se fechar, um súbito enjoou me tomou, percebi Steve se abaixando em busca de algo em que eu pudesse vomitar, ele segurou meu cabelo e afagou minhas costas com carinho, assim que terminei passei a mão por meus lábios, voltando em seguida a chorar, reencostei minha cabeça no travesseiro e o percebi me fitando. – Desculpa. – falei somente.

–Eu sou médico ou não? – ele me indagou risonho.

–Você acabou de se formar em medicina.

–Mas acho que aguento seus enjoos.

Sorri com seu comentário e isso o alegou.

–Então...? – ele me incentivou a continuar.

–Eu vi seu irmão e... E Sharon... Se beijando. – me senti péssima por aquilo, não queria que ele descobrisse assim, mas ele precisava saber, não seria justo de minha parte esconder tudo isso com toda a ajuda que ele está me dando.

–Mas... Eu até poderia esperar isso dela, mas dele. – ele socou a mesa me assustando. – Desculpe. – ele pediu.

–Você tá magoado, não tem por que se desculpar. – eu falei somente afagando minha barriga.

–Então? – ele me indagou – o que vamos fazer?

–Como assim?

–Não vou deixar você sozinha, porque você está grávida do meu sobrinho, não vai conseguir se virar sozinha agora e de jeito nenhum você vai voltar para os Estados Unidos, eu quero ver meu sobrinho crescer... E... Eu te atropelei, não seria justo te deixar agora.

Pensei um pouco, meu pai não aguentaria saber que a filha estava grávida e solteira, isso seria meu fim, poderia por em risco meu bebê.

–E o que você propõe? – perguntei.

–Vou te ajudar, com tudo que precisar, vamos dar um jeito nisso.